sábado, fevereiro 18, 2023

Se é para macacadas, peço desculpa para prefiro a companhia dos de verdade

 


Na quinta-feira o dia foi mais longo que o habitual e, em vez de poder desforrar-me dormindo até mais tarde, não senhor. Esta sexta-feira estava a dormir no meu segundo sono, e quem diz segundo diz terceiro, a sonhar descansadamente, quando ouvi o som que durante tanto tempo me despertou. O meu sonho ainda fez por assimilar o ruído, como se fizesse parte do argumento, mas logo abri os olhos e percebi que era realidade.

O dia tinha que começar cedo. Não teria que ser tão cedo mas, como sou inflexivelmente pontual, gosto de antecipar possíveis contratempos. Além disso queria ter a certeza que, sendo das primeiras a chegar, teria o serviço cumprido de certeza a tempo e horas.

Afinal, não me serviu de nada. Não ficou pronto. Impediu-me de repor o sono e obrigou-me a telefonemas e manobras complicadas e... tudo para nada. Não sou de me stressar mas, mesmo assim, irrito-me.

Há uma coisa nesta deriva em que anda o mundo que me faz muita espécie. Há tecnologias para tudo e para mais algumas coisas, tudo em tempo real, tudo online, tudo à distância de um clique. E depois, vá lá a gente perceber porquê, grande parte das coisas que antes eram fáceis, nas calminhas, agora são uma medonha trabalheira. Há apps para tudo, cada vez mais tudo converge na realidade virtual, mas depois as apps pedem códigos e depois os códigos não funcionam e, quando depois de mil esforços, lá se consegue pôr a funcionar, são as instruções que não são claras, é a rede ali que não é boa. Há sempre qualquer coisa que atrapalha. Um mundo que se vai estreitando.

E depois, para o que tem que ser físico, horas para marcar qualquer porcaria, horas para ser atendido, horas no trânsito. E, para uma coisa de nada, tudo tem que vir da central e vem através de uma transportadora, e os da transportadora ficam presos no trânsito e as peças não chegam a tempo e horas e ninguém sabe quando chegam porque é tudo contratado, subcontratado, sub-subcontratado e ninguém é responsável pela totalidade do processo.

E uma pessoa fica pendurada, sem saber de nada, e ligamos e o telefona toca, toca, toca e ouvimos música, recomendações e o diabo a sete e, quando por fim aparece uma alma, essa alma também não sabe de nada e também lamenta e também compreende, mas também não pode fazer nada porque agora é assim.

Tudo isto me cansa de uma maneira... Nestas alturas só me apetece hibernar.

No interstício, num destes compassos de espera, resolvi ir ao supermercado. Quando fui pagar não percebi. Não tinha comprado nada que se visse e, no entanto, a conta era upa-upa. Olhei para o ticket. Os ovos, o arroz, o pão tudo a preços absurdos. Não há justificação económica razoável para aumentos que levam os preços nestes básicos para cerca do dobro.

E agora, enquanto escrevo, vejo o Expresso da Meia-Noite. 

Chego à conclusão que este pacote de medidas para a habitação foi feito em circuito fechado. sem envolver os representantes das partes envolvidas. 

[Pode acontecer que o Leitor Ccastanho e o Leitor Corvo Negro tenham razão, que tudo isto não passe de uma manobra de diversão ou uma forma de testar os agentes e de auscultar a sociedade. Pode ser. Mas, seja como for, foi um mau passo.] 

Continuo a achar que, se houver eleições, dificilmente haverá melhor candidato que o Costa e partido com melhor programa que o PS. Mas...

Mas isso não chega. Têm que se esmerar, têm que trabalhar mais e melhor, tem que arranjar maneira de ter gente sénior e experiente a trabalhar, a avaliar impactos, a medir consequências, a conseguir ver por outras perspectivas. Se continuar neste registo de maltinha trainee, só miudagem a dar tiros nos pés, não conseguirá ir longe.

Provavelmente este pacote agora foi obra da catraia promovida a Ministra da Habitação mais da catraia que aqui está na SIC Notícias, Maria Begonha de seu nome, a dizer generalidades e/ou infantilidades, se calhar também da outra catraia que andou a dizer que a Decathlon podia fornecer tendas para as pessoas acamparem em cima da ponte até se resolver os problemas da habitação. Só pode.

O PS esteve muito mal, muito, muito mal, no dossier da habitação. 

Penso que, para se limparem, deveriam entregar o assunto a um ministro capaz, com uma equipa capaz, gente experiente, inteligente, com mundo, com uma visão holística das coisas. Enquanto um tema tão relevante estiver entregue a miudagem sem noção do que é a confiança e do que é necessário para a obter e para a conservar, vamos estar mal.

E eu estou cansada. 

Hoje de tarde, vi que um dos mails que tinha recebido era de uma certa marca, anunciando os últimos descontos. Fui ver a roupa de mulher. Descontos de 70%. Coisas bem bonitas a preços bem bons. Comecei a seleccionar. O carrinho a compor-se. Depois pensei: Para quê? Apaguei tudo. Não vou comprar coisas de que não preciso. 

Toda a minha vida está em reset. Quero mudar tudo. Até o cabelo já foi. No outro dia voltei à cabeleireira a que não ia há cerca de três anos. Levei uma fotografia que a minha filha me tinha enviado, de alguém que tinha um corte compatível com a minha trunfa e com o que queria. Cheguei lá e disse: Qualquer coisa como isto. A meio, o chão já pejado de cabelo, olhei-me ao espelho e interceptei-a: ainda assim, não será que ainda poderia ir mais? Cortar é aquilo de que ela mais gosta. Mas vi que ela própria temia a ousadia do corte. Incentivei-a: Força

Saí de lá outra.

E muito mais teria a dizer. Tudo coisas assim, irrelevantes, coisas desta minha vidinha. Mas ando com tanto sono, tanto, tão improdutiva, tão a precisar de passar dias a dormir...

Depois do Expresso da Meia-Noite pus-me a espreitar vídeos. Descansa-me ver imagens boas, gente boa, animais bons, natureza, gente e animais em harmonia.

Este aqui abaixo é um doçura. A forma como o gorila recebe a mulher de Damian Aspinall é uma coisa extraordinária. Quanta ternura.


E aqui abaixo outras imagens incríveis: Attenborough observa de perto como uma mãe orangotango manipula instrumentos como um humano. Imagens que me impressionam. Imagens que penso que posso dizer que são belas. Como ela aí anda com o filho ao colo...


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Desejo-vos um bom sábado
Saúde. Bons pensamentos. Paz.

4 comentários:

ccastanho disse...

Viva, UJM

Um bom carnaval,

Ana Moura, em grande nível,

https://www.youtube.com/watch?v=UaaBIzSqi8A

Um Jeito Manso disse...

Olá Ccastanho,

Isto do Carnaval... Até dos meus netos apenas o mais novo (que já fez 6 anos!) é que se mascarou. Os outros já se sentem muito acima disso... E hoje saí para uma zona central da cidade e ao fim da tarde para um centro comercial dos grandes. Algumas crianças mascaradas mas tudo na maior ausência de festividade alegre. Nem parecia Carnaval. Na volta estão todos a guardar-se para 3ª feira...

A Ana Moura, como sempre, cheia de alma fadista.

Muito obrigada, Ccastanho. Um bom domingo!

Pôr do Sol disse...

Viva Um Jeito Manso!

Parabéns.

Parabéns, pela coragem do reset. Por vezes è necessario uma verdadeira mudança para que a vida continue com interesse e motivação. Mudar quadros, cacaréus e almofadas não chega.

Deu-me ideia que já fez uma mudança a nivel profissional, agora a nivel de cabelo é coragem. Ando há anos a querer deixar de pintar o meu, mas depois não me reconheço.

Há um ditado popular que diz "Quem muda Deus ajuda".

Resto de bom fim de semana, ía dizer Carnaval, mas já vi que tambem não faz o seu genero.

Embora nunca tivesse gostado muito desta época ainda recordo os "assaltos" que se faziam na minha juventude. Acabava sempre em alegres bailes em casa de amigos e dava-se inicio às bebidas com alcool, o cup, a que agora se chama sangria.

As escolas ainda tentam manter essa tradição mas os miudos já não se entusiasmam.

Um beijinho, bom descanso.

Bom descanso, divirta-

Um Jeito Manso disse...

OLá querida Pôr-de-Sol,

Mudar é começar de novo. Quando mudo não sinto falta do que fica para trás pois estou é entusiasmada com o que tenho pela frente.

Também fiz algumas mudanças cá em casa. Quero vida nova.

No cabelo, tenho vontade de me pôr com uma cor mais clara que a minha. Não sei se terei coragem para ousar fazer coloridos. Cor de rosa ou azul claro. Talvez. Acho que isso seria o máximo.

E finalmente vou poder deixar-me de ralações profissionais. E isso é um tremendo peso que me sai de cima.

Quanto ao carnaval, gostava de me mascarar com roupas da minha mãe, isto quando era pequena e íamos para a rua, um bando de miúdos entronchados ao calhas. Mais tarde já eram os 'assaltos' que acabavam em baile e festa.

De resto, ver desfiles de samba ou coisa do género não é comigo...

Beijinhos e obrigada por tudo, Sol Nascente.