Não me interessa muito esta chicana do orçamento. Todos os anos é isto. Um filme pouco inspirado que se repete ano após ano.
O PCP tem outra atitude, são gente crescida, gente confiável. O problema deles é outro. Ainda vivem num outro mundo. Confundem os sindicatos que ainda controlam -- e que representam cada vez menos gente -- com as reais preocupações do mundo laboral. Mantêm-se agarrados a causas que interessam cada vez a menos gente. Muito do que era o seu eleitorado típico está agora a marimbar-se para o que ainda são as causas comunistas.
Muitos que integram o anteriormente designado proletariado, nomeadamente o operariado ligado a empresas industriais, estão-se nas tintas para a precariedade e para as carreiras. Querem é andar de empresa em empresa, consoante lhes paguem melhor. Por exemplo, quando alguma empresa os quer contratar, dizem: quero ganhar mil e quinhentos líquido. Ou mil e oitocentos, o que for. Tanto se lhes dá se recebem metade por baixo da mesa ou por fora, tanto se lhes dá se o que é descontado para a segurança social é o mínimo dos mínimos. E se lhes oferecem mais para irem trabalhar lá para fora, nem pensam duas vezes, vão. E se puderem fazer carradas de horas de extraordinárias, melhor. Na minha terra também se diz sobre atitudes assim: tudo o que vem à rede é peixe. E é nessa que estão muitos dos actuais operários. Preferem empresas de vão de escada, que fogem a responsabilidades, ao fisco, às recomendações da ACT mas que lhes garantem o 'líquido' que eles pedem. Ora, nestas águas, o PCP já está fora.
No PSD devoram-se uns aos outros. A galinha cacarejante continua a ser levada ao colo pela comunicação social, mostrando-se entusiasmada com o que imagina ser uma onda laranja que, na realidade, não existe. E o desagradável mangas de alpaca que, volta e meia, quer dar um ar da sua graça mas apenas consegue que o olhem com algum espanto e comiseração, anunciou que vai outra vez a jogo. Entre uma galinha cacarejante e meio careca e um carapau de corrida venha o diabo e escolha. Não vão longe.
Depois há o PAN com a sua moçoila simpática e o IL com um líder que tem a vantagem de ser um peralvilho com alguma pinta. Conteúdo em qualquer dos casos: zero.
Enfim. Adiante.
Tirando isso, só se for para falar da minha vidinha, do meu pequeno dia.
Depois estendemos a roupa. Estava sol e ventinho, bom para secar.
A seguir fomos ao supermercado para entregar a carne malcheirosa e receber o dinheiro de volta, o que aconteceu sem piarem ou sequer confirmarem a veracidade da queixa. Dizem que as pessoas, por vezes, deixam as arcas frigoríficas abertas. Não sei.
Dali fomos à minha mãe o que deixou o little baby bear doido de alegria. Abraçou-a, quis mordiscá-la, agarrou-a, correu e saltou em volta dela. Pelo meio tentou tirar a mantinha que estava no cadeirão e roubou-lhe um chinelo. A minha mãe só lhe chamava 'seu maluco'. No fim, para nossa surpresa e alegria da minha mãe, queria lá ficar. Só saiu de casa quando a minha mãe também saiu. Penso que é o espírito de pastor. Só sai quando todas as ovelhas saem.
Também estivemos com o meu tio, irmão do meu pai.A seguir, fomos a uma clínica levar um aparelho de um exame cardiológico que a minha mãe tinha feito.
Quando chegámos a casa, apanhámos e dobrámos a roupa. E arrumámos coisas. E tomámos banho. E fomos jantar mais comidinha nepalesa.
E estivemos na sala da televisão, o peluche animado a tentar mordiscar-nos, a tentar arrancar o galão de uma banqueta, a tentar roubar-nos almofadas, a tentar arrancar a franja de uma coberta, a tentar roer as pernas de uma mesinha. O dono tenta educá-lo mas ele à educação diz nada, quer é brincar. É uma graça.
Agora ambos dormem, o pequeno urso peludo e o dono.
E eu estou aqui, escrevendo como se estivesse a conversar convosco. Só que não vos ouço.
Não sei como foi o vosso dia, não sei se já vestiram uma camisola mais quente ou se ainda andam com roupa de verão, não sei se preferem o ruído ou o silêncio, a confusão ou a solidão, não sei se gostam mais de ler ou de ver televisão.
Mas, apesar de não saber nada de vocês, continuo a gostar de conversar convosco.
29 comentários:
É isso mesmo! O meu aplauso e um forte e saudoso abraço virtual.
Até agora os homens formaram sempre ideias falsas sobre si
mesmos, sobre aquilo que são ou deveriam ser. Organizaram as suas
relações mútuas em função das representações de Deus, do homem
normal, etc., que aceitavam. Estes produtos do seu cérebro acabaram
por os dominar; apesar de criadores, inclinaram-se perante as suas
próprias criações. Libertemo-nos portanto das quimeras, das ideias,
dos dogmas, dos seres imaginários cujo jugo os faz degenerar.
Revoltemo-nos contra o império dessas ideias. Ensinamos os homens
a substituir essas ilusões por pensamentos que correspondam à
essência do homem, afirma um; a ter perante elas uma atitude crítica,
afirma outro; a tirá-las da cabeça, diz um terceiro e a realidade
existente desaparecerá.(Marx)
Riqueza,
Tem toda a razão, isto parece uma Ópera Buffa, sempre o mesmo lamiré, armem-se em espertos e depois queixem-se que a direita fica com o caminho livre.
Tenho andado em trabalhos académicos, por isso esta baldice total ao comentário.
Um belo serão e uma 2.ª feira condizente.
UJM - Desejo-vos um belo dia de domingo. DM - Desejo-lhe uma bela semana.
Olá Luísa,
Tudo bem consigo? Gostei de vê-la! Para si também um abraço amigo.
Dias felizes!
Olá Monteiro,
Sempre, sempre ao lado do Povo!
Muito do que Marx nos deixou é intemporal e inquestionável. Quem tem boa cabeça, consegue descrever a essência das coisas de uma forma que escapa a 'ismos'. Isso passou-se com Marx que está para além do marxismo que é usado para enroupar tudo e o seu contrário.
Uma boa semana!
Olá Francisco,
Ainda bem que a sua ausência tem a ver com trabalhos e não com alguma doença ou problema. Estava até para lhe escrever por outra via para saber de si. Espero que esteja tudo a correr bem e que esteja inspirado nos trabalhos académicos.
Saúde e alegria. E dias felizes!
Olá Unknown
Obrigada pelos votos que me são destinados.
Já agora: a quem se destinam os outros votos? Quem é o (ou a) DM?
UJM - E eu estou aqui, escrevendo... DM - Eu cá estou lendo-a... ouvindo-a... e vendo-a!!!
DANIEL MACHADO - Mensagem: "UJM, desejo-lhe uma bela semana!"
UJM - "Não sei como foi o vosso dia..." DM - "O meu dia foi normal e já vesti uma camisola. Prefiro o silêncio e a solidão e gosto mais de ler."
Olá Daniel,
Obrigada pela explicação. Entendido.
Eu hoje também vesti um casaquinho à noite. Esfriou. Presumo que leia os meus posts em silêncio, sem querer saber das músicas que eu partilho. Mas, se às vezes as ouve, gosta delas?
E que livros gosta de ler? Pode dizer alguns géneros ou autores ou títulos?
Olhe, Daniel, se não lhe apetecer responder também não responda. Ficaremos amigos na mesma.
E uma bela terça-feira para si.
UJM - "Olá Daniel". DM - "Olá Um Jeito Manso".
UJM - "Obrigada pela explicação..." DM - "Obrigado pelo entendimento."
UJM - "Mas, se às vezes as ouve, gosta delas?" DM - "Sim, geralmente. Eu gosto de música mas não gosto de ruído."
UJM - "E que livros gosta de ler?..." DM - "Eu gosto de vários mas ocupo mais tempo com os de damas. Não lhe disse ainda mas digo-lhe agora: sou grande-mestre nacional e editor de um pequeno magazine (desde 1989)."
UJM - "E uma bela terça-feira para si." DM - "E para si... uma quarta-feira bela!"
DM - "Eu cá estou lendo-a (texto), ouvindo-a (vídeo) e vendo-a (foto)!"
DM - "Prefiro a solidão (mais vale só que mal acompanhado)."
Olá Daniel,
Com as suas respostas, fico até com vontade de continuar a fazer perguntas. Mas responda apenas se isso o deixar bem disposto:
. E prefere o mar ou as serras?
. E prefere conversar falando ou conversar escrevendo?
. E prefere os dias de sol ou os dias de chuva?
. E é grande-mestre de quê? Xadrez?
. Pequeno magazine? Quer dizer qual?
Desejo-lhe uma boa quinta-feira.
UJM - "E é grande-mestre de quê?..." DM - "Sou grande-mestre de Damas."
UJM - "Pequeno magazine? Quer dizer qual?" DM - "Sim. Damas Magazine."
DM - "A Federação Portuguesa de Damas atribui os títulos de mestre e de grande-mestre. Eu sou mestre desde 1982 e grande-mestre desde 1989."
DM - "A Federação foi fundada em 1980 e organiza os campeonatos nacionais desde 1981. Eu fui dez vezes campeão nacional."
DM - "Eu joguei Damas em sete países: Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Polónia, Portugal e União Soviética."
UJM - "E prefere o mar ou as serras?..." DM - "Responder-lhe-ei depois."
UJM - "Só que não vos ouço." DM - "Eu ouço-a (Passeio in Heaven)."
UJM - "Mas, apesar de não saber nada de vocês..." DM - "Sabe já algo de mim."
Pois sei, Daniel, já sei muita coisa de si. E tiro-lhe o chapéu. Parabéns por todas as vitórias e pelo muito que tem vivido nessas suas lutas de damas.
Muito obrigada.
E um bom fim de semana para si, Daniel!
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