quarta-feira, março 15, 2017

Enquanto o sector financeiro se afundava, Passos Coelho defecou para o tema.
E quando o presciente e intelectualmente veloz Carlos Costa resolveu rebentar com o BES, os ministros resolveram dar o ok por mail, também defecando para os riscos do que aí vinha.
Esta é a gentinha que desgovernou Portugal durante 4 anos.



Tantas vezes, ao longo do desgoverno de Passos Coelho, quando eu via que tudo o que faziam estava errado -- e não apenas errado do ponto de vista social mas também tecnicamente errado -- eu me interrogava se aquilo era má fé, coisa intencional para sacanear os portugueses, ou se era sobretudo ignorância, estupidez em estado puro, burrice pura e dura.

Quem por aqui me acompanha desde essa altura, sabe desta minha dúvida. Por um lado, aqueles desalmados faziam o jogo do capitalismo desregulado, vendendo as melhores empresas ao estrangeiro, vulnerabilizando os direitos dos trabalhadores, favorecendo as fugas de capitais a par do êxodo dos jovens melhor preparados, ofendendo a classe média e os idosos, etc, etc, como, ao mesmo tempo, davam mostras de não perceber nada do que se estava a passar, verdadeiros desmiolados.

Pois bem. A entrevista de Assunção Cristas -- a herdeira do saudoso ex-Irrevogável Portas e confiável líder do CDS -- ao Público é muito esclarecedora.


A conversa da Madame Cristas da Coxa Grossa revela que provavelmente o que tivemos foi mesmo um governo de burros, de gente completamente impreparada, de gente do mais medíocre que há, que não percebiam nada nem do contexto, nem de como lidar com ele.

Com a banca a estilhaçar-se por todo o lado, vem a Madame Cristas dizer que isso era coisa que não assistia ao láparo. Nem BES, nem Banif, nem CGD: “O Conselho de Ministros nunca foi envolvido nas questões da banca”. Como se a banca não fosse o indispensável pilar financeiro de qualquer economia, aqueles irresponsáveis continuaram a dançar no convés enquanto o navio se afundava. E fossem também eles lídimos descendentes do brioso almirante, tio-avô do Bruno, eram até moços para vociferar: 'bardamerda para o banquismo'.


E mesmo perante uma decisão absurda, gravíssima, insensata como a que foi a de rebentar com o BES, aquele gentinha assinou de cruz, sem equacionar alternativas, tudo na base 'ó miga, põe lá aí o bacalhau no tiro ao fundo ao BES, que é como quem diz, dá lá aí o ok ao mail'. E a miga Assunção não quis cá saber de nada, estava a banhos, e se a pinóquia Albuquerque dizia para ela dar o ok, ela dava e a malta lá do banco e do escambau que se catasse.


Tudo assim, mais coisa menos coisa, na maior ligeireza.

Podiam ter decidido vender o país à República Popular da China, também assim na mesma base, na base do 'olha, tou-me a cagar, se o amigo lá das 3 Gargantas do Mexia diz que é para vender, a malta vende e bora lá malta, assinem lá de cruz que já tá mas é na hora de calçar a havaiana e ir curtir um bronze para a manta rota'. Ainda tivemos foi sorte.

E foi esta gentinha que deu cabo do País durante 4 anos para, depois de tantos sacrifícios impostos aos portugueses, não ter conseguido resolver um único problema e, pelo contrário, ter deixado rebentar parte do sector financeiro e de mais uma série de grandes e pequenas empresas, para além de ter deixado sem casa muitos portugueses... e sei lá que mais.

E é esta mesma gentinha que ainda por aí anda desfilando pelas ruas a sua estupidez e falta de tino (de tininho, diria a Madame Cristas que gosta de pôr diminutivos nas coisinhas, até quando critica qualquer coisa é só um bocadinho e quando espeta alfinetes envenenados nos ex-sócios de governo é devagarinho).
Ah, sim, e mais outra: a Madame Cristas recebe mais sms de apoio quando se arma em varina na Assembleia, insultando a torto e a direito...? Ok, calma aí ó pessoal, que ela já aí vem cheia de força na goela que o que ela gosta é de sms de apoio -- e o decorozinho que se lixe.
E agora, se me é permitido, pergunto eu: a malta do PSD e do CDS aguenta tão incapazes e anedóticas lideranças?
Mas é uma pergunta retórica. Sei bem qual a resposta: Ai aguenta, aguenta...
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E, portanto, resumindo e baralhando, os Conselhos de Ministros da altura de Passos Coelho deveriam ser mais ou menos uma coisa esperta, assim como abaixo se vê, impostos, impostos e mais impostos e sem perceberem um boi do que estavam a falar  -- só que não falavam em inglês, que aqueles lá, sabido é, arranhavam o português e olha lá.


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Mas pronto, como sou caridosa, aqui deixo o meu conselho aos PàFs:
desçam até ao post seguinte e vão passear o cão, ok?

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4 comentários:

Anónimo disse...

Sou leitor regular, aprecio a sua ironia e frontalidade.
Desta vez estou em desacordo: mais do que ignorância e incompetência, houve intenção deliberada de destruir este modelo de organização económica, o "quase" estado social" existente.
Queriam privatizar tudo, bancos, saúde, segurança social, energia, telecomunicações, água, etc.!
Eles queriam uma "americazinha" neo-liberal.

outeiro

Corvo Negro disse...

Subscrevo o seu magistral texto.
Só acrescento que além de burros eram paus mandados, porque se fossem só burros não teriam "competência" para fazerem tanto mal.

Anónimo disse...

Nem mais! Subscrevo o que aqui diz sem dificuldade. Espantoso que ainda haja descaramento e irresponsabilidade (e falta de vergonha e de senso) para vir dizer o que Cristas disse, impávida e serena! Que seria deste país se aquela cambada PSD/CDS/Passos/Portas, ainda hoje estivesse no Poder!!! Quanto ao “Regulador”, não tem um pingo de dignidade ao insistir em se manter no lugar que ocupa, apesar do cerco que o Governo lhe está a fazer e da sua desvalorização gradual.
P.Rufino

Anónimo disse...

Gente pestilenta esta que esteve à frente do país esses quatro anos.Mas tanto aqui como no Brasil gente que foi tirada da pobreza tanto pelo Sócrates e Lula são agora os mais fervorosos apoiantes desta direita rasca.pensam que tem o respeito dessa gente mas estão muito enganados.São tão descartáveis como o saco do lixo.Alguns já perceberam mas continuam bafientos e rancorosos atribuído a culpa ao Sócrates e au Lula pois assim é mais fácil viverem das aparências.