segunda-feira, agosto 11, 2014

'Especial JOSÉ GUILHERME' - a Gente do Expresso revela algumas das 'dangerous liaisons' do Zé Grande, o benemérito que ofereceu 14 milhões a Ricardo Salgado [14 milhões que a gente saiba...]


Ora bem. No post abaixo já vos contei como cozinhei o meu almoço de sábado e de domingo. Não falei do jantar de sábado porque foi restos (massa e carne assada para o meu marido, tosta de carne, tomate e rúcula para mim). 

Só agora me ocorre uma coisa em relação às receitas: uso temperos que vou ao campo apanhar ou que trago de lá (orégãos, louro, alecrim). Talvez nem todos os arranjem frescos mas talvez os haja no supermercado, talvez secos. Mas se não forem os que referi, podem usar outros ou talvez até nenhuns.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra (embora o tema também inclua bastas almoçaradas).


Vou falar do que aprendi com o Especial José Guilherme da rubrica Gente do Expresso desta semana.



Quem é o Zé Guilherme?, é bem capaz de ser a pergunta que os distraídos farão.


Penso que toda a gente sabe quem é o misterioso José Guilherme mas, aos distraídos e incautos, informo que é o tal generoso amigo de Ricardo Salgado, aquele que, tanto quanto sabemos, lhe ofereceu uma pequena lembrança, um recuerdozitouma atenção (digamos assim): 14 milhões de euros depositados numa offshore

[Que mal tem?, terá pensado Ricardo Salgado. Uma insignificante liberalidade destas qualquer um recebe. E o mesmo digo eu: qual de vós, Caros Leitores, não está fartésimo de receber cadeaux assim? Todos. Todos recebem. Não venham agora armar-se em santinhos e dizer que não. Olhem, eu confesso: a mim, dia sim, dia sim, caem-me uns trocos destes nas minhas contas das Caimão. E que mal tem isso, ora essa? Amigos que são amigos dos seus amigos é o que toda a gente deve ter, e se não os tem, azarinho. Aqui, no caso da amizade entre o Ricardo Salgado e o Zé Guilherme, a chatice foi que entrou uma areia na engrenagem. Por um azar dos Távoras, neste caso a coisa não correu muito bem e os suiços, por onde os 14 milhões terão deixado algum rasto, acabaram por dar com a língua nos dentes e as autoridades portuguesas não puderam fingir que não sabiam de nada. Daí aquela piquena correcção que Ricardo Salgado teve que fazer no IRS (digo piquena porque é assim que os Espíritos desta vida pronunciam a palavra 'pequena'; às tantas pensam que é assim mesmo que se escreve)].

O José Guilherme, antes apenas construtor civil da Amadora, é agora um grande construtor civil em Angola e tudo graças às portas que Ricardo Salgado lhe abriu. José Guilherme e o filho, Paulo Guilherme, entretanto já se entrosaram com o regime e dizem que já não dependem apenas do crédito do BESA mas, claro, amigos que são dos seus amigos, não esquecem a amizade que os une a tão distinta família.

Sendo pessoa discreta, de José Guilherme não se sabe muito. Conhecido por Zé Grande ou Zé Construtor, quem o conhece diz ter um coração grande.


Para suprir essa lacuna de conhecimento, a GENTE do Expresso dedicou, esta semana, uma atenção especial ao filantropo da Amadora para que melhor possamos perceber quão grande o seu coração é. Aliás, já na outra semana tinham explicado um bocado o percurso deste homem generoso (é conhecido pelos donativos, onde se inclui o piano que comprou para o jovem Domingos António, na altura protegido de Duarte Lima, aparentemente para agradar a este último de quem, consta, era bastante próximo. Consta também que é amigo de José Luís Arnaut mas, enfim, dessas coisas eu só sei aquilo que ouço).


Pois fiquei esta semana a saber que o Zé Construtor tem uma herdade na Amareleja, a Herdade dos Arrochais, com 2.700 hectares. Ora bem. E fiquei também a saber que a herdade tem adega topo de gama, vinho do bom a cargo de enólogos de renome e que é do melhor que há para caça que é um gosto: perdizes, lebres, javalis, veados.

E fiquei ainda a saber que o Zé Grande organizava grandes caçadas, em que uns caçavam e outros iam só pela companhia, e que se juntava lá toda a fina flor. Grandes almoçaradas, sãos convívios.

Consta também que agora já ninguém quer dar a cara em defesa desses encontros. O nome José Guilherme queima. Pudera.

Claro que nos Arrochais se encontravam pessoas da família Espírito Santo, gente amiga, mas também Dias Loureiro  (of course!) e, pelo que fiquei a saber, Isaltino Morais (a quem Zé Grande já tinha oferecido um almocito de aniversário no valor de 3.400 euros e outras piquenas atenções). Mas não só. E digo este 'não só' com um picantezinho porque a Gente lembra aquela vez em que Luís Montez, o genro, foi ferido por um ricochete de chumbo. Lá foi para o Centro de Saúde e, claro, o sogro, Cavaco Silva, também lá foi ter. Consta que eram carros e mais carros, parecia um casamento, diz-se ali. Diz-se também que o Zé Grande, sempre mãos largas, deu de gorjeta 250 euros em notas aos dois bombeiros.


A uns 250 em notas, a outros milhões em offshores. Muito dinheiro - daquele que não deixa rasto (excepto quando alguma coisa corre mal) - a rolar por ali, é o que é. Leio também que um político que pediu o anonimato disse: O Zé Guilherme sabia receber em grande. A caça é como o golfe. Um evento muito restrito em que alguns aproveitam para estabelecer e fortalecer contactos. Era o que se passava nos Arrochais.

Ora bem, digo de novo enquanto faço um estalo com a língua. É que o assunto é mesmo de estalo.

Poderia pôr-me para aqui a especular que não devia ser o Zé Guilherme a bancar aquelas festanças, cá para mim deveria ser um custo ('despesas de representação', talvez) de uma das suas empresas. Também poderia especular que essas empresas eram financiadas pelo BES e, se fosse ainda mais picuinhas, poderia ainda especular que, face ao que hoje se sabe, que esse dinheiro talvez tivesse origem nos depósitos dos clientes do BES, talvez das economias de pequenos depositantes, talvez até daqueles de quem depois os Salgados desta vida diziam que 'viviam acima das suas possibilidades'.

Mas não digo nada disso, digo apenas que gostei de saber qual era a entourage que se movia em volta do benemérito Zé Grande.

Novidade, isto? Tenho que confessar que não. É como nas telenovelas portuguesas, parece que os artistas são sempre os mesmos.


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As imagens mostram a Herdade dos Arrochais e o Monograma do seu dono.

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Estava com vontade de falar de outras ligações perigosas, desta feita envolvendo outra casta, a dos administradores excelentíssimos, daqueles que recebem todos os prémios de gestão aquém e além mar, os que apadrinham cursos, que sponsorizam seminários, os que ensinam o que é uma governance de truz. Desta vez centrar-me-ia naqueles que, porque a areia começou a entrar na engrenagem, deixaram a descoberto o climinha de promiscuidade e o aparente transvase de dinheiro de um lado para o outro - e que, uma vez mais, mostraram o profundo desprezo pelos accionistas, pelos trabalhadores e pela lei, pela regulação, pela ética. 

Referir-me-ia, em concreto, a um que já um dia se confessou encornado e que agora, pelo que dá a entender, se sente de novo como tal. (Meu filho, corno uma vez, corno para todo o sempre - não sabia?). Henrique Granadeiro. E o amigo Ricardo Salgado, claro. Mas também Zeinal Bava. E outros. Todos os que geriam a PT, a jóia da Coroa, todos os que a destruíram. Todos os que destroem a economia e o nome de Portugal.


Quanto valor e quantos empregos (directos e indirectos) vão desaparecer por conta desta forma de agir por parte de quem acha que está acima da carne seca? Não sei quanto nem quantos, respectivamente. Mas sei que muito, muitos. 


Mas hoje já tenho sono, já não dá para desenvolver o triste tema. Fica para depois.


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Se quiserem comer como se come in heaven então permito-me relembrar: descendo até ao post já seguir, poderão encontrar duas receitas, uma de salmão e outra de bacalhau.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa semana a começar já por esta segunda-feira.
Saúde, sorte, afecto e alegria é o que vos desejo.


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1 comentário:

bob marley disse...

definição de amor em imagens - https://www.youtube.com/watch?v=BqXYpZM57-4#t=141