quarta-feira, junho 11, 2014

Cavaco Silva está doente? Aquele desmaio significará que está mal do coração? Ou terá sido apenas uma baixa de tensão? Ou foi mesmo uma reacção vagal? Um chilique nervoso? - Vejo nas perguntas que me aparecem nas estatísticas que as pessoas se inquietam. Pois bem. Não sei. Gostava é que ele não fosse meramente o avalista do desGoverno de Passos Coelho porque, quanto ao resto, não sou médica, não posso opinar.


Vi de manhã, na televisão, e já a posteriori, o presidencial desfalecimento de Cavaco. Depois saí e não vi televisão durante o dia pelo que não sei o que os comentadores ou os partidos acharam do discurso ou da cerimónia. Como também apenas vi o momento do apagamento e, depois, o bocado em esperavam por ele, não sei se foi bom ou mau. No excerto que passaram depois pareceu-me que estava a falar da I Guerra. Não sei a que propósito ou se fui eu que não captei bem.


Durante o dia andei a laurear, como de costume, e, no intervalo, estive a ler. Depois saí para jantar em casa do meu filho e só agora, quase às onze da noite, estou a começar o meu turno.

Fui ver as estatísticas relativas às palavras que as pessoas colocaram hoje nos motores de busca e que as trouxeram até aqui, ao Um Jeito Manso. O que me espanta não é a curiosidade das pessoas, que é natural: o que me espanta é que o google os encaminhe para aqui pois, que me lembre, nunca falei de desmaios, reacções vagais, chiliques ou, que me lembre, nunca os associei ao Cavaco. Mas o google lá sabe e, portanto, para que quem aqui chega, não sinta que chegou totalmente em vão, vou falar de reacções vagais.

Aqui há umas semanas, a minha filha ligou-me em pânico, a chorar, quase sem voz, que não conseguia contactar o marido e que o mais pequeno não estava bem, que tinha ficado quase inconsciente, que agora estava branco, com suores, muito estranho, que tinha chamado o INEM. Perguntei-lhe se tinha caído, batido com a cabeça. Que não, que se tinha levantado de manhã, tinha ido à casa de banho com dores de barriga, e que tinha ficado assim, a desmaiar, sem dizer nada, todo sem forças. Eu estava no trabalho, larguei tudo, fui nas horas de estalar, sentindo-me exangue, apavorada, nem sei.

Agora que escrevo isto e que penso nos sustos que volta e meia apanho, lembro-me da expressão filhos criados, trabalhos dobrados. Bem verdade. Filhos e cadilhos. 

Quando cheguei à rua dela, já lá estava a ambulância à porta do prédio. Larguei o carro de qualquer maneira e fui a correr, com medo que a ambulância arrancasse. Estava a minha filha sentada dentro da ambulância com ele ao colo. Sempre que me vê, ele faz uma festa, mas naquele dia não teve qualquer reacção. Falei com ele, disse-lhe que ele estava num ti-nó-ni, que sorte, que agora já sabia como era um ti-nó-ni por dentro, coisa que para ele, que vibra com carros de bombeiros e ti-nó-nis em geral, deveria ser o máximo. Branco, sem pio, não apenas não me respondeu como parecia que estava noutra. A minha filha perguntou-lhe: quem é? mas ele não disse nada, era como se nem me estivesse a ver. Que medo uma pessoa sente em momentos assim. Mas estava consciente.

Perguntei aos do INEM o que era e disseram-me que não sabiam, que me afastasse, que iam levá-lo para o hospital. A minha filha estava assustadíssima e eu também preocupada. A ambulância partiu em grande velocidade, a apitar, e eu fiquei cheia, cheia de medo.

Pois bem. Resultado? Nada de mais. Depois de exames vários para despistar alguma coisa de mais preocupante, a conclusão foi que era uma coisa normal em geral e também nas crianças, que tinha sido uma reacção vagal. À hora de almoço já estava em casa e estava como se nada se tivesse passado, a brincar, feliz e contente. 

Quando contei esta peripécia a um colega meu, ele disse-me que, há tempos, em casa, estava deitado a ver televisão quando sentiu uma cãibra horrível. Quando se soergueu para agarrar o pé e tentar atenuar a dor da cãibra, começou a ver tudo a andar à roda, faltaram-lhe as forças, suores frios, sentiu-se a ficar inconsciente. A mulher ficou para morrer, pensou que lhe tinha dado uma coisinha má. Quando veio a ele, estava frio, branco, com suores, admirado e, depois, assustado com o que se teria passado. Foi ao hospital a pensar que tinha tido mesmo alguma coisa de coração mas, depois de exames, o mesmo veredicto: reacção vagal.

Ou seja, às tantas é mesmo coisa frequente. 

Quanto a Cavaco Silva, espero que não tenha mesmo sido nada de especial. De qualquer forma, dado que já não é a primeira vez, talvez fosse boa ideia os médicos amestrarem melhor o nervo vago do Senhor Presidente para ver se não volta a passar pela sensação desagradável de voltar a ter uma reacção vagal em público. Ter uma síncope não deve ser uma coisa boa mas agora tê-la em frente de meio mundo, com as televisões presentes, deve ser mesmo muito desagradável. Não é coisa que lhe deseje nem a ele nem a ninguém.


Acho-o um péssimo presidente, acho que um presidente assim em coincidência com um governo destrambelhado é mesmo uma desgraça que Portugal não mereceria. Estou desejando de os ver pelas costas e estou certa que, quer o Cavaco quer o Passos, se ficarem na História, o ficarão pelos piores motivos. Mas uma coisa é o plano político e outro é o plano pessoal.

Como pessoa o que desejo é que, assim que possível, vá para casa e tenha saúde e uma vida feliz na companhia da sua Maria, que formam um belo casal e me parece que estão bem um para o outro. E que, terminado este mandato, nunca mais lhe passe pela cabeça intervir na vida pública do País. Já fez demais e não tem de que se gabar.

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A imagem lá de cima provém do inesgotável blogue We Have Kaos in the Garden.


3 comentários:

Anónimo disse...

Cara UJM, estive o tempo suficiente no Brasil para aprender um ditado que eles tinham e que já utilizava a palavra "vagal", mas os brasileiros, surpreendem-nos, porque conservam genuínas palavras que perdemos no nosso vocabulário, Aliás, por vezes, fico admirada com a maneira como se expressam, e bem, pessoas, que vivem nas favelas, que podiam dar lições aos Ronaldos, e a muita gente, de Portugal...E o ditado brasileiro , significa qualquer coisa como, " Se és vagal, torna-te concreto". Faz-te a vida, vai trabalhar, e como acrescentaria um brasileiro... (Malandro)... Também passei por um estado vagal dum neto por volta dos seus 8 meses. Estava sozinha com ele, e ele não dava acordo de si. Medi a febre, que não tinha, mas estava como morto. Não acordava para comer., para rir, para chorar. Fui para a rua com ele para que acordasse daquele torpor, e apenas deitava a cabeça no meu ombro. Apanhei um susto de morte, era o meu dia de tomar conta dele. Telefonei 100 vezes a minha filha, ao meu marido, ao meu genro. Quando finalmente chegaram o miúdo estava normal, a rir e cheio de fome....E agora que penso nisto, eu própria, me dou ao luxo de entrar em fase vagal a maior partido tempo...
T BM

lidiasantos almeida sousa disse...

Quem sabe tudo é o António Maria Cerveira, Se ler no Blog António MARIA, FICA A SABER que o escavacado anda de mão dada com a Dona MARIA, PORQUE O parkinson JÁ LHE FAZ TREMER A MÃO ESQUERDA E OS DESMAIOS DEVEM-SE A ELE SOFRER DE HIPILEPSIA LATERAL. António Maria dixit e eu acredito. Acha que peça "um empechement" por ele não dizer ao País que está doente?

FIRME disse...

A manha,técnica,dos manhosos,tem os seus desmaios.Ciclicamente lá vem um ...Q.bem q. fica!!! Outrora valentes militares,servem agora de prévia maca de amortecimento duma queda fatal ! Dum nobre palácio,daqui a uns tempos,só restam silvas e cavacos!BÁLHA-ME 1 Deus!