sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Eduardo Lourenço lança alerta no Correntes d'Escritas: 'Parece que fomos invadidos por vampiros'. Acrescento eu: cuidado com eles... eles andem aí.





Transcrevo:

Durante a primeira mesa da 15.ª edição do Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim, Eduardo Lourenço disse: «Dá a impressão de que, de repente, fomos invadidos, não por uns castelhanos arcaicos nossos vizinhos e que são nossos irmãos e primos, mas por uma espécie de vampiros como aqueles que o cinema de Hollywood ilustra. Não é por acaso que o tema dos vampiros se tornou um tema da moda, os vampiros são emissários da morte, é como se estivéssemos a viver uma espécie de apocalipse indireto».


O autor, que disse não acreditar que o tempo desta «espécie de submissão mansa» vá perdurar, ressalvou não querer contribuir para algo como uma «depressão de segundo grau, por conta dos outros».

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«Os vampiros não são tão vampiros como isso, são pessoas reais. São as pessoas que controlam o sistema que a modernidade foi inventando pouco a pouco, com os seus novos meios de produção, que aumentaram efetivamente de maneira fantástica a possibilidade que os homens têm de aceder a um certo número de coisas que são importantes», disse Eduardo Lourenço, já em resposta a questões do público.

O autor declarou que a televisão é hoje «o objeto mais importante», tendo o «espaço público desaparecido», o que deu origem a um momento em que «tudo se passa na televisão, as intervenções dos comentadores na televisão são mais importantes do que a realidade».

Eduardo Lourenço lamentou que a política já não seja uma «política real».
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Assim, o ensaísta, que constatou saber o que é estar «à beira do abismo» por estar próximo do seu próprio, apelou a que se tenha paciência, antes de entrar «enfim na terra da promissão».



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A música é Dark Vampiric Music - The Last Vampire, de Peter Gundry.

As imagens provêm do blogue We Have Kaos in the Garden.


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