quarta-feira, agosto 15, 2012

O amola-tesouras, um fim de tarde chuvoso, o Passos Coelho no Pontal, o seu desgoverno e a consequente queda do PIB e aumento do número de desempregados. E, para aliviar o ambiente, um primeiro beijo e a tristeza meses depois de uma despedida demasiado fácil


As tardes em casa, numa casa de cidade, estando uma pessoa sozinha e não estando habituada a isso, são tardes aborrecidas. 

Quando estou a trabalhar, sem tempo para nada, penso, com uma certa nostalgia, como deve ser bom ter tempo para fazer as coisas com vagar. Penso, também, que, tendo tempo disponível, me poderia sentar à minha mesa de trabalho e, com calma, escrever - e, estando na cidade, sentar-me na mesa em que agora estou e da qual se vê o rio largo e belo e várias cidades à volta, e escrever, tranquila, o pensamento solto, o olhar lavado.

No entanto, não é de um mês para o outro que uma pessoa muda o seu biorritmo e, tendo tempo, desbarato-o numa indolência incompreensível. Leio, tenho lido muito mas, habituada que estou a ler aos bocados - no carro (quando não sou eu que conduzo...), à noite, nos interstícios de outras ocupações, ao fim de semana - agora que uso tardes e manhãs inteiras para ler, fico com a sensação que estou a mandriar. Coisa estúpida, isto.

Bom, mas estava eu hoje a ler o livro que comecei ontem, o Mapa e o Território do Houellebecq,  quando ouvi um som que me transportou aos tempos da infância. Fui a correr e comprovei, era um amolador de tesouras.



Hoje, de tarde, um representante de um ofício quase extinto: amolar tesouras, facas,
arranjar varetas de chapéus de chuva.
O pequeno segmento claro que se lhe vê na mão direita é a gaita de beiços
(acho que é este o nome daquele pequeno instrumento musical)


Ouçamos um amolador, por favor

Som agradável, nostálgico


Olhei o rio. Estava manchado de verde escuro, o céu estava a toldar-se. A minha avó, quando ouvia um amola-tesouras, dizia que ele anunciava chuva. 

Passado um bocado a chuva batia, de facto, nas minhas janelas, Lisboa estava envolta em neblina, o rio estava envolto numa névoa molhada e triste, todo ele cinzento esverdeado, escuro. Fechei a janela que estava aberta mas com pena pois senti aquele perfume maravilhoso da primeira chuva e eu gosto tanto desse perfume.

*


Passos Coelho e a Srª D. Laura a preparem-se para a rentrée do PSD no Pombal
 (uma perfeita inutilidade) e, mais do que certo, para mais uma demonstração
que fazia melhor se ficasse antes vender refrescos na Manta Rota


À noite, ainda vi na televisão que o Passos Coelho pregava no Pontal mas não consegui ouvir nada pois, quando viram quem era, de imediato várias mãos saltaram para o telecomando e vários gritos se ouviram Tirem-me esse gajo da frente!, Eh pá, esse gajo é que não!. Eu ainda tentei, quase a medo Mas se não me deixam ouvir o que o homem diz, como posso depois pronunciar-me...? mas fui liminarmente interceptada, Esse gajo? Mas já o ouviste alguma vez dizer alguma coisa que se aproveite?! Esquece!

Agora à noite ainda tentei ouvir alguns dos vários debates nos vários canais e, do que ouvi, parece que toda a gente o desanca mas, uma vez mais, não fui bem sucedida. Por estas bandas o homem está completamente descredibilizado e já não o conseguem nem ouvir, nem sequer falar dele. Uma espécie de brotoeja, acho.

O que sei e isso é bem claro e nem preciso de ouvir alguém opinar sobre isso é que o PIB mantém a acelerada trajectória descendente, que o desemprego mantém a acelerada trajectória ascendente e que o que, estupidamente, é referido como uma coisa boa, a queda das importações e a redução da dívida externa, revela, quando observado o contexto, que o investimento quebrou e que a economia está a colapsar. 

O estado económico e financeiro de um país afere-se através de um conjunto de indicadores e a observação deve ser conjunta, articulada e integrada em séries (longas, de preferência). 

Pegar em dois ou três indicadores isolados e cantar de galo quando os restantes são uma desgraça e quando os próprios indicadores referidos, lidos contextualizadamente, revelam o mesmo que os restantes, só revela falta de conhecimentos ou falta de seriedade.

O que está a ser feito é, em parte, o que a troika determina. Mas a responsabilidade não é (só) da troika. O que se está a passar é a mesma coisa que um palerma qualquer pegar numa canção de um compositor, adaptá-la, deturpá-la e fazer-lhe uma coreografia manhosa, e depois, quando criticado, dizer que a composição é de outro.

O programa da troika era um programa de reestruturação, não era um programa de governo. Tomá-lo como o único guião já revelou uma falha grave pois o programa de reestruturação deveria ser complementado com um programa de crescimento. Depois, não apenas esquecer a componente económica, e ainda por cima, querer ir mais longe do que a troika determinava, já revela uma preocupante cegueira.

Agora, em cima disto, e estando à vista, desde há tempos, o lindo serviço que andam a fazer, vendo o mal que está a ser causado ao país de forma quase irremediável, ainda não conseguiram perceber que estão a fazer tudo errado, revela uma total impreparação e incapacidade para estarem à frente dos destinos do País. É que, oh senhores, ainda não conseguiram perceber...! 

Pode haver quem pense que gerir um país é a mesma coisa, tal e qual, que gerir uma casa e que a boa gestão é a de só gastar, com os tostões contados, o que se tem. E que, se agora não se tem dinheiro para ter uma casa, não se pode comprar a casa.

Ora é sabido que se pode comprar a casa a crédito, desde que os rendimentos expectáveis mostrem que se são suficientes para ir amortizando uma dívida que se contraia agora, permitindo, desta forma, usufruir da casa ao longo da vida e não apenas quando já se for velho. 

A larga escala é assim que funcionam as empresas e os países. Ou seja, vive-se a crédito e, por isso, tinha razão o Sócrates quando disse que há sempre dívidas e que as dívidas vão sendo geridas ao longo do tempo. Isto é gestão. 

Que o país ao longo de anos e anos se endividou para além das suas possibilidades, é um facto.  E isso é mau e isso não devia ter acontecido. Mas fê-lo não porque fossemos todos uns esbanjadores mas porque as políticas europeias e os fracos líderes que temos tido (lá e cá) destruíram a economia portuguesa. Ora, como destruíram a economia mas não dizimaram os portugueses, tem havido necessidade de importar para que os portugueses tenham o que comer, o que vestir, o que calçar, o que equipar a casa, etc. E para que os portugueses pudessem consumir e importar, os países com excedentes não se cansaram de emprestar dinheiro, colhendo daí resultados através dos juros cobrados. E quem vende a quem não tem alternativa pode impor condições. Os portugueses têm sido, ao longo de muitos anos, vítimas passivas destas políticas. 

Uma economia fraca é a raiz de todos os males. E a passividade de um povo é outra raiz de todos os males.

Mas, em cima disso, existe uma outra raiz para todos os males: é uma demografia definhada. As tendências demográficas deste país associadas à exangue economia portuguesa e à abulia bovina do povo português, são facas que atravessam o peito, as costas e o coração de Portugal.

Por isso, culpar os hábitos dos portugueses ou centrar as culpas em José Sócrates ou andar a destruir ainda mais a economia ou andar a enxotar os jovens portugueses para o estrangeiro ou mil outras parvoíces são tudo faces da mesma política estúpida, ignorante, mal intencionada, fatal.

*

Bom... Começo a falar nisto e fico toda arreliada. Esta gente tira-me do sério. O país está a ser vendido a preço de saldo, uma humilhação, mais de 20% de desempregados, quem trabalha com cada vez menos direitos, uma ofensiva inqualificável a todos os níveis... revoltante.

Mas, para não me ir deitar toda aborrecida, vou tentar aligeirar o ambiente. Vou transcrever aqui um bocadinho do livro que ando a ler.

Aqui a primeira vez que Olga vai a casa de Jed.


- Sim, é um apartamento de rapaz... - disse Olga com leveza - e depois avançou pela sala e agachou-se para examinar uma prova; a minissaia subiu-lhe largamente pelas coxas, as pernas dela eram incrivelmente compridas e esguias, como é que se podia ter umas pernas tão compridas e tão esguias? Jed nunca tivera uma erecção como aquela, era francamente incómodo, tremia todo e tinha a impressão de que não tardaria a desmaiar.



Kate Moss por Mario Testino


- Eu... - pronunciou ele num grasnido irreconhecível. Olga virou-se e viu que aquilo era sério, reconheceu imediatamente aquele olhar cego, pânico, do homem que não pode mais de desejo, caminhou na sua direcção alguns passos, envolveu-o no seu corpo voluptuoso e beijou-o na boca.

*

Depois, muito tempo da separação, uma separação muito fácil, uma inesperada quebra:

Joe Dassin, salut les amoureux



Numa tarde do princípio de Novembro, pelas dezassete horas, deu consigo diante do apartamento onde Olga vivia na rue de Guynemer. Tinha de acontecer, pensou: caído no laço dos automatismos, tomara, mais ou menos à mesma hora, o caminho que seguira todos os dias durante meses. Sufocado, arrepiou caminho, direito ao Jardim do Luxemburgo, e deixou-se cair no primeiro banco que lhe apareceu. (...)

Ao longe, o sol poente iluminava os castanheiros com uma extraordinária tonalidade alaranjada, quente - quase um amarelo indiano, pensou Jed; e involuntariamente veio-lhe à memória a letra do Jardin du Luxembourg:

                                  Mais um dia
                                  sem amor
                                  mais um dia
                                  na minha vida

                                  O Luxemburgo
                                  envelheceu
                                  Será que é ele?
                                  Será que sou eu? Não sei, não sei.

Como muitos russos, Olga adorava Joe Dassin, e sobretudo as canções do seu último disco, a sua melancolia resignada, lúcida. Jed estremecia, sentia-se assaltado por uma crise irreprimível, e quando lhe vieram à memória as palavras de Salut les amoureux, desatou a chorar:

                                   Amámo-nos como quem se afasta
                                   tão simplesmente, sem pensar no amanhã
                                   no amanhã que chega sempre tão depressa,
                                   nas despedidas que às vezes correm bem demais.



'Proud to be a man',
mais uma das realistas pinturas de Fabian Perez, esta com este curioso nome


No café da esquina da rue Vavin pediu um bourbon e deu logo pelo seu erro. Passado o reconforto do ardor foi de novo submergido pela tristeza, e as lágrimas escorreram-lhe pela cara abaixo.

*

Olha, afinal este bocado também acaba mal... 

Mas, enfim, como se já não bastassem os desmandos do Passos Coelho e Companhia, para que não fiquem preocupados também com isto, levanto a ponta do véu: passados dez anos, Jed e Olga voltam a encontrar-se.

*

E, com isto, já é quarta feira, dia feriado, e o meu vai ser recheado como um ovo. Que o vosso seja um dia muito bom é o que muito sinceramente vos desejo.

12 comentários:

Isabel disse...

Há imenso tempo que não ouço o amola-tesouras. Mas de vez em quando ainda se ouve.

Depois de uma séria reflexão sobre o estado do país, o inesperado de uma cena escolhida a dedo. Sempre nos surpreende.
A sua imaginação é tão fértil, que às vezes até acho que a UJM ultrapassa as páginas do livro e continua a escrever por si. Era possível, não era?

Gostei de ouvir o Joe Dassin que não ouvia há muito tempo.

Gostei do post, claro!

Um beijinho e um bom feriado.

Anónimo disse...

Jeitinho, adoro sempre os seus comentários políticos. Mais um muito bom, obrigada.
Beijinho Ana

jrd disse...

Confesso que tive um estremecimento, mas o entre parênteses -quando não sou eu que conduzo...- devolveu-me a tranquilidade necessária para comentar um poste tão abrangente, que vai do amolador de tesouras (de todas as Avós) da minha infância ao governante que vai embotado os dias cinzentos de um país cabisbaixo e vítima do passado, que, por pouco se importar, prefere exportar a possibilidade de ter futuro.
E depois que dizer da ambiência da primeira visita de Olga a Ted e imaginar um close up da sensualidade do primeiro beijo e antecipar a nostalgia e o vazio que lhe sucedem.

E Joe Dassin que dizer!? Sempre que venho ao meu refúgio, é o caso, recupero o vinil e oiço-o com o encantamento de há 30 anos.
Já agora, uma sugestão para Jed.

http://www.youtube.com/watch?v=CfGoJ2K4zSI

Boas leituras

Anónimo disse...

Olá!
Como vai? Ao que vejo, ainda em recuperação. Tardes em casa – por vezes sabem bem. A questão é como vamos saber organizar as nossas vidas um dia reformados. Como reinventar o tempo que vai passando. Tenho para mim que se nos impusermos, para nosso bem estar mental, uma certa disciplina, conseguiremos alguma qualidade no que respeita ao “dolce far niente”desses dias que virão mais cedo ou mais tarde. Ler ajuda e muito, mas alguma actividade extra que nos ocupe contribuirá para melhorar o nosso dia-a-dia. Mas, para já, no seu caso, é sol de pouca dura, assim sendo, goze...descansando, lendo e “blogando” (adorei este seu Post!). E, porque não, também...escrevendo um livro? Tenho igualmente uma opinião saudosa e boa dos “amolas-tesouras”, que meus pais, avós, tios já mencionavam. Sabe, aqui por onde vivo, voltou a aparecer um deles! E, como manda a tradição, com ele, algum tempo depois, veio a chuva. É uma figura que voltou a reaparecer, pois já a julgava extinta. Ainda bem! Soube-me bem esta chuvinha! Esse livro que está a ler vou procurar na Bertrand e Fnac. Quanto à Festa do Pontal e o que dali se ouviu e ao que se assiste no país, só me resta subscrever tudo o que aqui exprime e diz! Tirem-me esses gajos de vista! Passos de calças bejes claras, a resvalar da cadeira, Laura a sorrir (de quê?), Aguiar a fingir que está ali por gosto (mas gosta de ser MDN, ainda que com o fantasma dos submarinos a pairar), Alvarito a estrear-se em pantominices do género e a escapulir-se “vagarzinho” depois do último pastel de nata, sem conseguir evitar a imprensa “cruel” (e o aumento da taxa do desemprego, oh Alvaro?) e no meio disto, desta foleirissíma festa “PSDê” ainda tivemos direito a uma provocação demagógica, de que a dita Crise zarparia já em 2013! E entre bifanas, carapaus, e uns pimentos á mistura, Passos (mas nem mesmo ele acredita na mentirola), passa a mensagem! E recebe aplausos dos comensais. Entretanto, no silêncio da noite, apesar do “estrilho” do Pontal, o PIB desce, o Desemprego cresce, o Investimento baixa, o Consumo decresce, a Economia estagna, o crescimento cai, os jovens emigram (meus filhos incluídos), os Pensionistas amargam! A Classe Média extingue-se (e sem ela e sem o seu Consumo não há Economia de Mercado que resista), a Miséria e Pobreza aumentam, a Receita Fiscal cai, as Exportações não conseguem salvar o País, as Falências sucedem-se, enfim, o País, sem Futuro, afunda-se. Todavia, quem ouve o “patusco” e demagógico Passos, até pensa que tudo isto não é verdade. Vivemos, quem sabe, num País governado por avestruzes, quer-me parecer. No meio disto, Portas pisga-se para os Açores, como quem nada tem a ver com isto e Gaspar, sim para onde foi o artista? Aquele que arquitectou estas medidas de alfaiate para a nossa situação?
Cordialidade e continuação de boa recuperação,
P.Rufino

Olinda Melo disse...


Querida UJM

Madrugada chuvosa, o tempo parece do avesso. Acordei ao som deste destempero, onde já se viu, chuva em Agosto? É o sinal dos tempos... Queria ir hoje a Lisboa, andar pela baixa, pelo Chiado, etc, mas afinal o receio da chuva cerceou este meu desejo. O mais engraçado é que depois pôs-se um sol bonito.

Também 'tenho' um amolador de tesouras na minha zona, de vez em quando ouço-o, já uma vez fui atrás dele, pus isso num post, há já algum tempo...Há dias tirei-lhe uma fotografia, mas como não tenho muito jeito e com medo que ele não gostasse, a foto ficou-me um pouco desfocada... :)

A situação política, económica e social do país, realmente, vai se resvalando para um precipício cada vez mais fundo. Ainda não se convenceram de que não podem continuar a cortar onde não há...
Sem o crescimento da economia não poderá haver hipóteses de sobrevivência.

Obrigada pelo excerto do livro que anda a ler. É um prazer ouvir Joe Dassin, aliás, adoro ouvi-lo.

Continuação de boa recuperação.Às vezes o tempo não passar, nessas circunstâncias, mas também não durante muito tempo, não é?

Beijinhos

Olinda

Pôr do Sol disse...

Querida Jeitinho,
Não sei que se passa mas já duas vezes que o meu comentario depois de pronto desaparece, espero que este seja a excepção à regra.

Uma das noites fiquei tão surpreendida com o look outonal que julguei o Verão já passado e ainda nem o tinha saboreado. Não é que não goste do Outono, pelo contrario, o silencio das suas tardes mornas, o ar manso, o cheiro a terra lavada a cor das arvores.

Mas agora voltou de novo o Verão, e Lisboa que estava tão bem com a classe politica de férias...

Ainda não chegaram e já os mandava de novo para bem longe. Já começaram as incongruencias, o falar barato, o dar o dito pelo não dito.

Concordo sempre com a sua análise politica e penso se será assim tão dificil os politicos a entenderem.

Mas é mais fácil gerir aumentando a carga fiscal às empresas, tirar à saude e à educação do que acabar com as dezenas de fundações e organismos em duplicado onde se colocaram compadres e amigos, enfim, com as criticas que têm não percebo porque não se demitem.

Compreendo-a perfeitamente, quando se sente a mandriar. Trabalhei muitos anos em stress, em corridas contra o tempo, a hora de almoço, muitas vezes, era o tempo de uma bica e um nata ou um pastel de massa tenra e ainda passava os olhos pelo jornal. Dava conta de tudo e tinha controlada a casa e a familia.

Não sabia ser de outra maneira. Hoje sabe-se que doenças como cancros, leucemias etc têm origem nesse tipo de vida e alimentação.

As coisas boas da vida devem ser vividas de-va-ga-ri-nho e só se aprende isto por volta dos 55, 60.

Comigo foi assim e agora todas as manhãs penso mais um dia, vamos vivê-lo o melhor possivel.

Já vai tardia a hora e amanhã quero fazer uma manhã de praia com a minha sereiazinha.

A partir de Maio, quando não apetecem as golas e echarpes, deixo crescer o cabelo e na praia segurei-o em rabo-de-cavalo.
Um destes dias olhou-me com aquele olhar critico e pergunta-me:vovó posso dizer uma coisa? claro, respondi temendo o que dali viria.
As velhotas não devem usar rabo-de-cavalo. Mas eu sou velhota?
Não, não só muito crescida para usar rabo de cavalo.

Que tenha tido um bom dia de Nª.Sª. da Conceição e até amanhã.

Um Jeito Manso disse...

Olá Isabel,

Só hoje consigo responder aos comentários.

Achei um piadão a essa ideia de começar uma transcrição e, depois, embalar, e ir por aí fora, continuando eu a história. Podia fazê-lo, é certo e fá-lo-ia de gosto. Mas, claro, se o fizesse avisaria para não estar a vender gato por lebre...

Nunca gostei especialmente do Joe Dassin, sempre me pareceu muito 'bom rapaz', muito melodioso, para o meu gosto. Gosto de franceses com um grão na voz, mais malandros. Mas desta vez gostei de ouvi-lo aqui, tanto mais que era justamente para esta canção dele que o texto remetia.

Um beijinho, Isabel!

PS: O feriado foi óptimo, feliz, rodeada de gente (mas, tenho que confessar aqui onde ninguém nos ouve..., um pouco cansativo. Cheguei à noite cansada, cansada. Por isso nem consegui responder aos comentários, apenas lê-los)

Um Jeito Manso disse...

Olá Ana,

Tenho andada com pouca disposição para mergulhar os pés em águas pouco límpidas pelo que tenho evitado falar desta política que molda os nossos dias.

Mas de vez em quando é mais forte que eu. De cada vez que são divulgados os indicadores que atestam, preto no branco, o descalabro que é esta política, fico 'passada'. E aí, santa paciência, deixo os lagos da minha imaginação onde se pode nadar e flutuar na maior das tranquilidades, e atiro-me a estes 'peixes pouco frescos' que por aí andam a dar cabo da vida de (quase) toda a gente.

No entanto, no fim, depois de escrever, fico com a sensação que fiquei ainda mais mal disposta e que, se calhar, vou indispor quem me lê e lá tento amenizar...

Um beijinho, Ana, muito obrigada pelas suas palavras e tenha um belo dia!

Um Jeito Manso disse...

Caríssimo jrd,

Gosto da forma como escreve. Esse arco temporal que percorre de uma penada entre um passado que marcou a nossa 'sina' e um futuro que está a ser exportado, está bem visto (e bem escrito). É isso mesmo. Ainda sonhando com glórias de séculos atrás e sem ter sido capazes de nos afirmarmos com pujança, assistimos cabisbaixos (é isso mesmo) a este afundamento, provocado por entidades gananciosas (entidades que congregam o lado mais perverso da raça humana) que têm pela frente a permissividade de dirigentes cada vez mais medíocres. E não é só por cá, embora talvez sejamos dos mais 'bem comportadinhos' de todos.

Agora uma pequena nota: posso ler enquanto conduzo mas apenas quando estou naqueles horríveis pára-arranca e já me aconteceu estar tão entusiasmada com a leitura que maldigo os momentos em que aquilo anda.

Quanto ao Joe Dassin já estive a ouvir a bela e melancólica canção. Seria, sem dúvida, uma música de fundo bem adequada ao estado de espírito de Jed, o pintor, que deixou ir-se embora a bela russa.

Eu, contudo, já o escrevi acima, tendo a gostar mais de canções e vozes menos 'bem comportadas'. Gostos...

Uma boa tarde para si, jrd!

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

É verdade, ainda recuperando. Quando me 'meti' nisto nem me ocorreu informar-me devidamente sobre o tempo expectável de recuperação e como estava habituada a ser saudável não me passou pela cabeça que esta coisa tivesse um pós-operatório tão lento. Acho que estou francamente melhor mas, mal abuso, a reacção é logo visível e aborrecida. Por isso, o médico tem-me imposto algum repouso e alguns cuidados. Mas, para quem não está habituada a tanto sossego, isto é um bocado uma 'seca'... Enfim, há coisas piores, não é?

Gostei imenso de ler o que escreveu, sempre com um estilo pictórico que permite, a quem o lê, visualizar o que escreve. Concordo com o que diz, claro. Quanto a este desgoverno que eu sempre previ, o que me preocupa ainda mais é a falta de discernimento. É que há gente que só aprende quando dá com a cabeça na parede mas estes nem isso. A parede já foi quase abaixo com tanta cabeçada que já lá deram, sempre a estamparem-se a cada medida que tomam e não aprendem. E isso é que é mesmo preocupante.

Ou não aprendem ou estão aqui mesmo para dar cabo disto tudo e permitir que seja tudo vendido a preço de saldo. Isso é que eu ainda não percebi. Sempre achei que o caso era sobretudo de falta de inteligência e de preparação mas agora já começo a ter algumas dúvidas.

Os mais inteligentes são o Gaspar e o Portas.

O Gaspar é um 'cromo', um teórico, um homem de gabinete de bancos centrais, de estudos, não faz ideia do que é a gestão financeira de um país e das implicações que as medidas têm na economia e na sociedade em geral. Mas tem a habilidade de se furtar à exposição pública.

O Portas é o verdadeiro artista. Inteligente, arguto, rápido no raciocínio, habilidoso. Em pequeno devia ser daqueles que preparava as maroscas mas que conseguia escapar-se sempre impune. Em pequeno e em grande.

De resto, desejo-lhe uma bela tarde, bons passeios, bons petiscos!

Um Jeito Manso disse...

Olá Olinda,

Tranquilas palavras as suas. Falou em ir passaer pela Baixa e isso deu-me umas saudades... A ver se não tarda também lá vou.

espero, de facto, que esta recuperação tenha um fim. Pensei que fosse questão de dias, depois percebi que seria semanas e já já lá vão umas 6 semanas. No entanto, vejo na internet que, em média, uma coisa destas leva 8 a 10 semanas a recuperar. Eu ainda por cima fiz duas e não uma. Mas, enfim, espero que esteja quase pois começo a ver o meu estado a normalizar-se.

Aproveito para ler (embora sempre a achar que devia fazer outras coisas e não apenas limitar-me a ler) e para estar muito mais tempo com os meus amorzinhos pequeninos.

Gostei de ler o seu post sobre os bancos.

Um beijinho e um bom dia, Olinda!

Um Jeito Manso disse...

Olá Querida Pôr do Sol,

Que gostoso comentário o seu, li-o com enorme agrado.

Sabe que isto de vivermos sempre a correr, fazendo várias coisas em simultâneo, ou fazendo uma e, ao mesmo tempo, pensando nas que se seguem, é uma coisa que se infiltra na nossa maneira de ser. Haverá explicação para que eu só me dê jeito fazer coisas à pressa e fique indolente sem vontade de fazer o que quer que seja quando tenho todo o tempo para mim? Mas é isso que acontece. Eu sei que é burrice, que a vida é curta e que deve ser vivida com inteligência. mas, enfim, a gente leva tempo a aprender.

Essa da sua sereiazinha foi boa mas não leve muito a sério, ela ainda não sabe tudo da vida, pensa que só as meninas é que o podem usar. É bom usar rabo de cavalo, refresca o pescoço e eleva-nos o moral. E fica bem em qualquer idade. Neste momento estou com um, preso por um elástico azul turquesa. Tenho o cabelo pelos ombros mas, com este calor, não suporto o calor no pescoço, na nuca.

Quanto a estes políticos, ou melhor, aprendizes de fraca política, só espero é que não tarde muito em que haja uma viragem (no bom sentido!) porque não é possível que quase um quarto da população activa esteja sem trabalho. isto não é apenas uma desgraça do ponto de vista social: é também do ponto de vista fiscal e financeiro e, pior ainda, do ponto de vista económico pois, sem crescimento, não é Serviço de Saúde Pública, Educação Pública, Reformas, etc, que resistam.

Mas, enfim, não pensemos apenas em desgraças.

O meu dia de ontem foi óptimo, rodeada de todos os meus (ascendentes, descendentes e laterais) ao longo de todo o dia. À noite estava que nem podia... mas feliz e contente.

Um beijinho para si, Sol Nascente, e para a sua sereiazinha linda!