Há pouco vi na televisão algumas notícias. De vez em quando, aqui em casa, há alguém que se enfurece e faz zapping e, portanto, raramente consigo ver uma notícia do princípio ao fim. Por isso, se calhar fico com uma percepção errada da realidade. Mas passo a relatar o que vi.
Primeiro vi dois tristes numa mesa - quase uma cena de filme mudo. Presumo que falavam da apreciação da troika. O Vítor Gaspar falava mui-to mais len-ta-men-te do que é costume e, olheirento e ar vagamente apalermado (mas talvez fosse apenas sono), dizia coisas re-don-das mui-to de-va-ga-ri-nho. Que aus-te-ri-da-de ti-nha que ser e que tal-vez não hou-ves-se mais, ex-cep-to se fos-se ne-ces-sá-rio. E que esta é das boas, das domesticadas, pior era se fosse austeridade selvagem. Ai este Vitinho...
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A fotografia é de outro momento mas os dois artistas são os mesmos |
Ao lado um pequenito sorria embevecido. Era o Carlitos Moedas, engenheiro civil promovido a fiscalista. Não o ouvi falar, apenas sorrir.
Zapping
A seguir vejo o Alvarito, sorridente, lustroso; a vida de ministro está a fazer-lhe bem, anda com melhores cores, bem alimentado, e então, desde que prescindiu dos óculos, dá gosto ver este Alvarito com ar tão saudável, bem melhor do que era quando apenas era um professor numa escola do Canadá.
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Outro pândego, este Álvaro |
Pois lá andava, rindo, metendo conversa com as pessoas que trabalhavam, distraindo aquela gente responsável. Ali andava ele, saltitão, folião e eu sem perceber por onde é que ele andava - não era numa fábrica de padres, não era numa fábrica de pastéis de nata, muito menos numa fábrica de nando's, os frangos; então onde seria?
Eis senão quando o jornalista desvenda o mistério. Estava numa fábrica de autoclismos. Juro.
... Neste momento alguém carregou no botão e lá se foi o Álvaro...
SIC Notícias agora. O brincalhão Crespo entrevista uma senhora, Rita Santos, do Fórum Macau.
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Rita Santos do Fórum Macau |
Crespo perguntava-lhe como era vista lá longe, na China, a crise aqui em Portugal. Sempre com uma segurança extraordinária e uma franqueza estonteante, Rita Santos explicou que os chineses têm uma maneira diferente de ver as coisas, que, para eles, um país em crise é um país bom para se fazerem compras. Que agora trouxe cá uma série de empresários para verem onde poderiam investir e que há tanta coisa. Imobiliário era uma boa. Adegas também, que compravam o terreno, a vivenda e a actividade dos vinhos - e assim foi continuando neste registo. Pragmática, directa.
Portugal, um bom sítio para os chineses virem comprar barato. Claro.
E explicava qual o papel estratégico de Macau como uma plataforma chinesa para os países de língua portuguesa; e ali, de seguida, desfiou todo um cardápio de actividades concretas. E explicou ainda, com aquele sentido prático que caracteriza as mulheres, que queria ainda dizer que os chineses não querem apenas comprar por comprar barato, não: querem ajudar a desenvolver os países que estão com dificuldades. Claro.
Conclusão?
Os portugueses continuam os totós de sempre. Colonizaram, foram uns valentões, e vieram-se embora, não sabendo tirar partido de coisa nenhuma, nem aprendendo nada. Macau podia agora ser usado como plataforma de Portugal para a China (já que, pelo que Rita Santos diz, estão disponíveis para isso) mas está a ser usado ao contrário, como plataforma da China para vir por aí fora comprando tudo o que houver para comprar (aqui onde há tanta coisa barata e tanta gente a precisar de ajuda, em Angola, no Brasil, Cavo Verde, Timor, etc - Rita Santos citou os países um por um).
Na minha rua, grande parte das lojas já são chinesas, no meu prédio, como já aqui o disse, dois andares já foram comprados por chineses, avenida acima há restaurantes de sushi que são chineses e lojas que parecem de moda e que são chinesas e assim poderia continuar percorrendo o País de lés a lés - até chegar à cherry on the cake, a electricidade e a sua distribuição que já estão nas mãos de chineses.
Tem isto algum mal?
Pois já nem sei o que vos diga. Entre, de um lado, o Vi-ti-nho, o Álvaro dos autoclismos, o Relvas que manda cartas para os jornais dirigidas às Autarquias, o Passos que é um dos espécimes amestrados pela Merkel e, do outro, uns quantos chineses, venha alguém mais esperto que eu e escolha.
Olhem, pelo menos os meus vizinhos aqui do prédio são uns queridos, amorosos, as crianças uma doçura, todos de uma educação e de uma simpatia que me deixam enternecida. E que bem que já falam português.
我的中國朋友,都非常歡迎這個博客名馴服單程
(Queria eu dizer na minha: 'Sejam, meus Amigos Chineses, bem vindos a este blogue de seu nome Um Jeito Manso' - mas agora, para me certificar, ao fazer a retroversão no tradutor do Google, saíu-me isto: 'Meus amigos chineses são muito bem-vindo a este blog para domar uma forma' - portanto tomara que amanhã um destes meus novos vizinhos não se vire a mim de chicote a tentar domar-me....)
美麗的中國音樂
Beautiful Chinese Music
(:)
E tenham, meus Caros, uma bela Quarta feira. Divirtam-se à grande que a vida é curta e o tempo foge!
Traduzindo para chinês: 和有一個美麗的星期天今天,我親愛的。享受高壽命是短期和長期的!
Traduzindo em sentido inverso para me certificar que a coisa fez sentido: E hoje um belo domingo, minha querida. Aproveite a vida elevado é curto e longo prazo!
Está certo. Mas divirtam-se na mesma.
Beautiful Chinese Music
[Pois, Caros Leitores, dado o adiantado da hora, e dado que estou perdida de sono, peço-vos de novo as minhas desculpas mas vou deixar o resto da cena que descrevi ontem para amanhã. Vinha muito bem intencionada, a sério que vinha, decidida a fazê-lo, mas as notícias que vi foram responsáveis por esta mudança de rota. Mas amanhã será. E, olhem, não querem ir ali à minha outra casa, ao Ginjal e Lisboa, a love affair, ver o textozito de hoje feito a propósito de um poema muito bonito de um autor que eu desconhecia, José Alexandre Caldas Ribeiro?]
E tenham, meus Caros, uma bela Quarta feira. Divirtam-se à grande que a vida é curta e o tempo foge!
Traduzindo para chinês: 和有一個美麗的星期天今天,我親愛的。享受高壽命是短期和長期的!
Traduzindo em sentido inverso para me certificar que a coisa fez sentido: E hoje um belo domingo, minha querida. Aproveite a vida elevado é curto e longo prazo!
Está certo. Mas divirtam-se na mesma.