terça-feira, fevereiro 28, 2012

Paul Krugman: chega de austeridade! (... e, diz ele, os ordenados se calhar têm que baixar). E, claro, como sou opiniosa, a minha opinião.


Paul Krugman - um homem que fala com clareza
(... e, pasme-se: é economista...!)

Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia, chegou, foi homenageado, doutorado e disse. Sobretudo, disse que chega de austeridade, que austeridade a mais é contraproducente, que, se as medidas que estão a ser seguidas não resultarem, se deve evitar tentar resolvê-las com mais austeridade.

Disse que Portugal está numa armadilha, que não tem margem de manobra, que tem pena mas que é assim mesmo. Não tem moeda, não tem economia forte, não tem poder de decisão (acrescenta: quem o tem está em Berlim, em Munique, por aí)

E que o desemprego é um drama. E um grande problema.

E disse que os custos portugueses deveriam baixar face aos custos alemães. Que isso seria possível se a Alemanha aceitasse ter uma inflação razoável. Mas que como a Alemanha é férrea na contenção da inflação, o que resta aos portugueses é verem os seus custos depreciados.

E agora entro eu: do que conheço, o grande problema das empresas portuguesas não tem a ver com os ordenados mas com a produtividade e isto não tem a ver com o que se trabalha - porque se trabalha muito. Trabalha-se é mal. Má gestão. E maus empresários. E é sabido: grande parte dos empresários tem pouca formação académica, uma formação inferior à da formação média dos seus empregados.

E tanto assim é que, como sabemos, a Autoeuropa tem custos competitivos e com bons ordenados - mas é bem gerida...

O que acontece é que a realidade é o que é e não se consegue mudar por artes mágicas. E, assim sendo, a solução mais fácil (e mais injusta) será a de baixar os ordenados. Uma pena. Pior: não vai resolver nada, porque o défice de gestão vai muito para além disso. 

Governo que se prezasse e que fosse constituído por gente capaz, competente e conhecedor do mundo real dos negócios, o que devia fazer era investir em força na formação da classe empresarial (empresários e gestores). Aí reside o grande problema. 

A grande aposta deveria ser no ensino, na formação profissional. É a única saída para este país - que, um dia destes, volte a haver conhecimento e competência em abundância.

Desinvestir no ensino, na formação intermédia e profissional, e mandar embora jovens formados é estar a comprometer muito seriamente o futuro do País.

É que o grande problema deste País é este: as elites são fracas, tão fracas. Por todo o lado: na política, nas empresas, por todo o lado. E é aí e só aí que está o problema. A mediocridade foi alastrando como uma mancha que mata a vida que tenta sobreviver por debaixo. É isso que se tem que combater - não os ordenados de uma classe trabalhadora que já ganha tão pouco e que está sempre disponível para trabalhar e para sofrer mais.  
  

Sem comentários: