Em dia de canseira, e depois de já ter dado de beber aos outros blogues, estou com pouca energia para escrever muito.
Tendo estado a falar de uma fantástica Sylvie (no post abaixo e em Músicas no Ginjal), lembrei-me de partilhar convosco um pouco de uma entrevista que li no outro dia (a ver se tenho tempo de voltar a referir-me a ela, com o vagar que merece) não com uma Sylvie mas com uma Sylvia.
Sylvia Nasar, de 64 anos, além de jovial e bonita e de ter um sorriso bem disposto, é economista, investigou durante 4 anos com Wassily Leontiev, prémio Nobel, é autora da biografia, para além de ter vendido que nem pipocas e de ter recebido vários prémios, A Beautiful Mind: A Biography of John Forbes Nash, Jr., Winner of the Nobel Prize in Economics, que foi adaptado com sucesso a filme, e que contou com a brilhante interpretação de Russell Crowe, é actualmente professora universitária, responsável pela área de Business Journalism e escreve para a Fortune e para o New York Times.
Recentemente publicou um novo livro, Grand Pursuit: the story of economic genius.
A entrevista a que me refiro, foi feita por Rob Norton numa altura em que, sobre os economistas, toda a gente se interroga ‘se sabem tanto, porque não foram capazes de prever esta crise financeira?’.
No seu livro um dos aspectos em que incide tem a ver com a ligação das decisões de gestão ao desenvolvimento do país, em contraponto à ideia de que tem que ver com recursos naturais.
Sylvia exemplifica com o caso da Venezuela que tem das maiores reservas mundiais de petróleo e que em tempos já foi uma das mais prósperas nações da região e que agora, nos últimos doze anos, tem visto o seu nível de vida decrescer. Em contrapartida, o Chile, também um grande produtor de commodities e que apesar de ter problemas, detém um nível de vida consistentemente crescente desde 1970. Segundo ela, é a diferença entre um país em que o sector empresarial vai aumentando e a produtividade subindo, não descurando aspectos como a justiça e a redução da pobreza, e um que vive à beira do colapso.
Antes da Revolução Industrial a população não saía do mesmo sítio, não lia, não usava muta roupa, comia mal e morria cedo. Hoje isso acontece em algumas partes do planeta mas, na maioria, as diferenças são significativas.
E o que se conclui quando se analisam as curvas de progresso? Pois bem, conclui-se que não tem a ver com reservas de petróleo, com a dimensão da população ou do território, nem com a dimensão dos órgãos de estado (vidé, a este respeito, a comparação entre a Suécia e os Estados Unidos, que, neste aspecto, estão em polos opostos e que são ambas nações desenvolvidas).
O que é relevante é que exista um bom ambiente para o desenvolvimento estável e continuado de negócios.
Os negócios puxam pela produtividade e a produtividade permite ganhos no nível de vida.
Isto foi claramente entendido por Alfred Marshall (Londres, 1842 - Cambridge, 1924) que visitou muitas fábricas, falou com patrões e sindicalistas, observou métodos de tarbalho e percebeu que os países se desenvolvem quando as pessoas saem da pobreza.
Uma das coisas em que Marshall mais se focava (e talvez não por acaso tinha sido, em tempos, estudioso de ética), era na pobreza. Apoiava sindicatos, apoiava medidas contra a pobreza, apoiava a escola pública – e tudo isso era muito novo, na época.
Estava convencido de que as medidas contra a pobreza não afectariam os mecanismos de estímulo à produtividade, o que era uma coisa em que as pessoas acreditavam na altura. Algumas pessoas ainda pensam assim.
'A maior causa da pobreza é a pobreza', li.
E eu acredito nisto, profundamente. A pobreza gera pobreza. Permitir que as pessoas saiam da pobreza, não é só permitir que saibam o que é a dignidade, o orgulho, a motivação, o gosto pela vida, mas, neste contexto, é também permitir que consumam, que, consumindo, alimentem a economia, que façam descontos (em vez de consumirem subsídios), descontos com os quais se pode ter um estado social, equilibrado, sustentado, estado social este que ajudará a que ninguém viva na pobreza. Um ciclo virtuoso.
Não foi este o caminho seguido por Lula no Brasil? Na China? No fundo, pelos BRICs? Eliminando a pobreza (na medida do possível), promove-se o desenvolvimento.
E é este o caminho que eu acho que deveríamos seguir para desenvolver Portugal.
[Sigam agora, por favor, até ao post abaixo para verem a Sylvie francesa, bailarina]
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2 comentários:
O parecer do sr Marshall é uma obsolescência do pensamento económico e daquilo que devia ser a (esquecida) ideia de política económica, um ancronismo.
A menina Sylvia...
who is she?
Essa agora, ó Pirata. Então já lhe vou falar do Karl.
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