De sombra nos olhos em violeta eu gosto. Mas talvez a cor de violeta com que às vezes sombreio as minhas pálpebras não seja exactamente veri peri. Dizem os entendidos que, quando se ousa com o very peri, tem que se ousar em grande, a bold, uma mancha compacta. Eu, que não sigo tutoriais e gosto de ir de improviso, arrisco na suavidade. Acho que contrasta bem com a cor dos meus olhos, assim, ao de levezinho. No entanto, segundo agora me informo, uma passagem de cor na base da aguarela arrisca a que se fique como umas olheiras mal dormidas. Se calhar. Mas não quero saber.
Era smoky violet. Agora terá que passar a ser sfumato very peri.
Acontece que ultimamente não tenho encontrado a minha sombra violeta. A minha menina mais linda, que, tal como eu, se pela por maquilhagens e adereços, mal cá chega vai buscar a caixinha e a cestinha com os pós e cremes e cores e usa e faz de tudo e, portanto, volta e meia há coisas que caem ou que mudam de sítio. Um dia que volte à loja a ver se trago outra.
Parece que verniz para as unhas também fará sentido em very peri. Aí já não sei. Aí ainda não me libertei. Mantenho-me convencional: ou rouge-rouge ou, mais provavelmente nude. Mas é uma questão de me autodesafiar até porque, quando saio da minha zona de conforto, é quando verdadeiramente chego à minha praia.
E, depois, há o cabelo. Leio que umas nuances, umas luzes em very peri, trazem movimento e uma graça especial a qualquer espírito. Mas não sei. Não me imagino assim tão ousada. Pode ser que na Tiger ou na Claire's encontre uma fantasia, daquela espécie de cabelo irisado que, a baixo custo, possa servir para eu tentar que o meu espírito se anime na maior transgressão.
Também gosto de blusinhas em very peri embora pouco disso tenha. Talvez uma túnica em transparências, talvez, talvez me ficasse lindamente. Mas é cor que nunca se encontra muito no vestuário. Se calhar agora vai haver mais e, se assim for, terei que quebrar a minha abstinência consumista.
Para mim é uma cor que é a um tempo luminosa e misteriosa, uma mistura de luz e calor e de sombra e profundidade. Está-lhe nos genes: encarnado e azul em osmose total.
É uma cor que pede um esguichinho de perfume no regaço, na curva do pescoço, na zona mais íntima do pulso. Perfume de violeta, perfume dos que mais aprecio -- desde que não seja doce ou meloso. Uma nota suave de violeta com um quelque chose de cítrico e de mistério, dão fragâncias que embelezam a alma de quem as usa.
Naturalmente também haverá carteiras -- e vejo já uma, Chanel -- e cintos, luvas, sapatos, écharpes e tudo isso será naturalmente uma beleza. No entanto, como nestas coisas aposto na discrição (discrição, discrição, discrição -- depois de fazer cópias de dez palavras por linha, já aprendi, Mr. Plúvio), ficar-me-ei pelas écharpes.
Love, love, love écharpes. A mesma coisa: se alguém descobrir uma écharpe linda, suave, elegante, toda ela subtileza, toda ela um poema que me afague a nuca, que se me deslize e toda ela esvoace pelo peito, cá estarei para a receber no maior agradecimento.
A nível de decoração tenho que ser do contra: not for me, pelo menos na onda que agora surfo. Ando na neutralidade, na claridade, na evidência.
Gosto das flores de alfazema mas a essas não creio que se aplique a irreverência very peri. A lavanda é mais soft, mais fresca, não tem segredos nem liberta energias pulsantes. O veri peri tem isso: esconde sussurros, insinua sorrisos e malícias. E acolhe pensamentos profundos.
Se eu fosse solteira, divorciada ou viúva, se quisesse reunir tertúlias em que a piedade ou a beatice não tivessem lugar, se quisesse festa rija e gargalhada solta e louca até que as brumas frias da madrugada entrassem pela janela, aí talvez pintasse uma tela gigante em veri peri e a pendurasse sobre um sofá largo, largo como uma acolhedora cama, talvez pendurasse umas cortinas em transparência veri petri para esvoaçarem ao sabor do movimento das danças.
Mas não é o caso.
No entanto, uma mantinha suave em very peri, se a tivesse, seria um must. Mas não creio que a encontre. Se alguém descobrir alguma e quiser presentear-me pois que faça o favor: não me farei rogada. Aveludada ao tacto, etérea no densidade seria, certamente, uma segunda pele.
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A cor do ano 2022 é PANTONE 17-3938 também designada por Very Peri e, dizem, é uma cor inventiva e transformativa.
Uma nova cor Pantone cuja presença corajosa estimula a criatividade e a inventividade pessoais.
Exibindo uma confiança despreocupada e uma curiosidade ousada que anima nosso espírito criativo, o curioso e intrigante PANTONE 17-3938 Very Peri nos ajuda a abraçar esta paisagem alterada de possibilidades, abrindo-nos para uma nova visão enquanto reescrevemos nossas vidas. Reavivando a gratidão por algumas das qualidades que o azul representa, complementadas por uma nova perspectiva que ressoa hoje, PANTONE 17-3938 Very Peri coloca o futuro à frente sob uma nova luz.Estamos vivendo em tempos de transformação. PANTONE 17-3938 Very Peri é um símbolo do zeitgeist global do momento e da transição pela qual estamos passando. À medida que emergimos de um período de intenso isolamento, nossas noções e padrões estão mudando, e nossas vidas física e digital se fundem de novas maneiras. O design digital nos ajuda a expandir os limites da realidade, abrindo as portas para um mundo virtual dinâmico onde podemos explorar e criar novas possibilidades de cores. Com as tendências nos jogos, a crescente popularidade do metaverso e a crescente comunidade artística no espaço digital PANTONE 17-3938 Very Peri ilustra a fusão da vida moderna e como as tendências das cores no mundo digital estão se manifestando no mundo físico e vice-versa.
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