Por aqui há casas bonitas, umas de arquitectura tradicional e, cada vez mais, casas de traça moderna, linear, grandes planos de vidro.
Sempre gostei muito de casas e, como tenho dito sobejamente, sou muito sensível a uma boa arquitectura.
Era jovem e já comprava revistas de arquitectura e de decoração. Há quem veja a decoração como uma arte menor. E pode ser. Mas quando a arquitectura e a decoração andam de mãos juntas e se compreendem e complementam é arte e da boa.
Esta é a quarta casa em que vivo (em ambiente urbano) e nunca tivemos vontade de construir uma casa de raiz. Não será opção fácil de explicar mas sempre foi uma decisão muito clara. Não sei bem qual a motivação do meu marido, em especial ele, mas a minha deve ter a ver com a humildade que sinto de que poderíamos falhar. Assim, só tivémos que escolher o produto acabado.
Mas sempre procurámos casas especiais. Tinham que ter luz, ser amplas (ou dar essa ideia), tinham que estar bem situadas, num lugar agradável.
A primeira casa era no cimo de uma torre, com janelas para vários lados, permitindo uma visão extraordinária sobre as cidades, sobre as serras, sobre o rio.
A segunda era normal. Tinha apenas a característica de ser central, ao lado de um jardim, no meio de todas as comodidades, incluindo as escolas dos miúdos.
A terceira era fantástica. O construtor chorou no dia da escritura. Era a sua casa. Mas divorciou-se e a nova mulher não quis lá ficar. Tinha uma vista maravilhosa, era central, tinha jardins ao pé, tinha uma luz que entrava por todas as janelas, era ampla.
E depois, quando nada nem ninguém (muito menos nós) julgaria que voltaríamos a mudar de casa, mudámos.
Se fossem as pessoas da família ligadas ao sector ou se fossem ideias minhas, leiga, ou se fossem materiais escolhidos por mim não seria melhor que esta casa. Não estou a dizer que é majestosa, extraordinária, espectacular. Não, nada disso. É simples, maneira, equilibrada. Tem recantos. Tem espaços. Tem muita luz. Não é grande de mais. É tudo o que eu sempre quis.
No entanto, quando por aqui caminhamos, vou vendo estas casas novas que são recticulares, grandes, com tanto vidro (ou mais) que betão.
Vê-se muitas vezes o interior a partir do exterior.
Por vezes, vejo os sites das imobiliárias só para ver as casas. Não para comprar. Apenas para ver. Há decorações elegantes, arejadas, inteligentes. E depois há outras meio atravancadas, móveis escuros, sofás de pele escura, tapetes escuros, muita tralha, candeeiros muito arrebicados. Só de ver as fotografias penso que as pessoas devem sentir-se deprimidas lá dentro.
isto da internet tem coisas. Dantes comprava revistas. Agora vejo vídeos. E o meu amigo algoritmo do YouTube tem sempre coisa especial para mostrar.
A casa de hoje é qualquer coisa do além. Nunca tinha visto coisa assim. Creio que eu não queria viver numa casa assim. parece-me imponente demais para uma alma simples como eu. Mas é extraordinária, extraordinária.
Não deixem de ver pois uma casa assim acontece poucas vezes na vida de uma pessoa.
Inside a Breathtaking Desert Mansion That Looks Like A Fossil
| Unique Spaces | Architectural Digest
Hoje, no Architectural Digest, visitamos Joshua Tree, na Califórnia, para conhecer a imponente Kellogg Doolittle Residence. A sensacional construção foi projetada pelo arquiteto orgânico Kendrick Bangs Kellogg e pelo seu protegido John Vugrin na década de 1980, levando mais de 20 anos para ser concluída. À primeira vista, você seria perdoado por pensar que esta propriedade era uma criatura viva; a magnífica estrutura parece esquelética com 26 peças de betão fundido espalhadas em forma de vértebras. Uma obra de arte por si só, não é de admirar que este espaço único seja considerado uma das maiores obras-primas da Kellogg.
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