terça-feira, julho 04, 2023

Pesadelos e situações assustadoras da vida real.
[E, para não acreditar no que se vê, os difíceis caminhos nas montanhas nómadas do Irão]

 

Já aqui contei que, por vezes, acordo a rir à gargalhada. E, mesmo acordada, continuo a rir, divertida com a situação em que me vi envolvida.

Mas depois há os pesadelos. E os pesadelos mais recorrentes são aqueles em que tenho que ir ter a algum lado e já estou atrasada e vou carregada e levo comigo os miúdos. E os miúdos distraem-se, ficam para trás, querem colo. E eu, cansada, com sacos e mochilas, não consigo pegar neles e transportá-los. Acresce que na maior parte das vezes não encontro o carro, não faço ideia da rua em que o deixei, dou voltas e voltas, já quase sem conseguir dar passo e não encontro o raio do carro. Mas o pior é que, muitas vezes, tenho que andar por estradas esburacadas, estreitas, ravinas, tenho que saltar de um rochedo para outro e sofro imenso, porque sofre horrores com vertigens e porque, naquela situação, tenho pavor a perder algum miúdo, como medo de não conseguir fazê-los atravessar aqueles quase intransponíveis obstáculos.

Felizmente, quando estou nessa aflição, acordo. Vou à casa de banho para ver se acordo e percebo que é um sonho, tentando depois adormecer já sem aquele sobressalto dentro de mim.

Não sei porque é isto. Se calhar é pelos anos em que, sendo os meus filhos pequenos, e estando a trabalhar, frequentemente em reuniões que duravam horas, dirigidas por homens completamente insensíveis em relação ao facto de eu ser mãe e querer estar em casa a horas decentes, eu ver o tempo a passar, numa aflição, fazendo contas às horas a que ia chegar a casa.  E depois, quando finalmente me via livre do trabalho, enfiava-me no trânsito e, numa agonia, via que não andava e eu, que queria tanto estar cedo em casa, por vezes não o conseguia.

Penso que tenha sido que fico gravado na minha carne e me faz ainda ter pesadelos. Isso misturado com as vertigens de que padeço e com a preocupação agora com os netos, quando estamos em espaços públicos com muita gente, sempre a contá-los a ver se ainda estão todos, não vá algum perder-se.

E agora, depois de um dia de intenso labor, quase de sol a sol, ao ver o extraordinário vídeo abaixo, penso que isto, sim, é pesadelo a sério...

Não sei como conseguem. Sem dúvida vêem paisagens únicas, sem dúvida testam os seus limites até à vertigem, sem dúvida desafiam a atracção dos abismos. Mas, depois, no fim, aparecem estradas e vê-se um carro. Ora se se chega lá pelas vias convencionais, porque andam eles assim, ali, arriscando a vida deles e das crianças que os acompanham?

Acredito que haja explicação. Mas eu não sei qual é. Vejam e digam-me o que vos parece.

A difficult path in the nomadic mountains of Iran


Um dia bom
Saúde. Serenidade. Paz.

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