quarta-feira, abril 26, 2023

As televisões, as rádios e os jornais podem fazer o favor de parar de dar palco ao Ventura, ao Chega e aos grunhos que odeiam a democracia?

 


Estive ocupada todo o dia e ainda não ouvi os discursos do 25 de Abril nem sei em que consistiram as comemorações oficiais. Mas vi imagens tristes de uns grunhos (em que gente acéfala ou ainda mais grunha que eles votou e que, por isso, agora estão na Assembleia da República). E ouvi o Santos Silva a dar-lhes uma merecida desanda. E vi o Lula a mostrar que já virou muitos frangos e já viu muitos destes arruaceiros armados em espertos.

Vi também imagens do chefe dos grunhos, o grunho-mor, cá fora a falar para as televisões.

E pensei aquilo que penso sempre que vejo estes atrasos de vida: mais do que a opinião livremente formada a partir do conhecimento dos programas eleitorais é a televisão que decide eleições, colocando a jeito, em destaque, aqueles em que o eleitorado mais influenciável vai votar.

E as televisões bem como as rádios andam sempre atrás do Ventura, dão-lhe palco de forma ininterrupta. Sabem que ele tem sem sempre bocas, tem sempre alguém para denegrir, tem acusações ou insidiosas insinuações para fazer, tem sempre pedras para atirar, tem sempre um vómito prestes a sair-lhe da boca. E a comunicação social aposta nisso, acredita que é isso que dá shares. E o drama é que dá shares e dá votos.

E esta comunicação social tem também esta característica: alimenta-se e alimenta a maledicência. Haja alguém a dizer mal de alguém e aí estão eles a pôr-lhes um microfone à frente das beiças e uma câmara apontada às trombas para lhes alimentar o ego. E, com um microfone e uma câmara a gravar-lhes as perfídias, esta malta sente-se importante. Vão aparecer na televisão a dizer mal, a deitar abaixo. Sentem-se os maiores. Bolsam ainda com mais entusiasmo. 

E a nossa comunicação social vive disto.

E, com esta informação, a comunicação social estimula o rebanho de grunhos que não sabe do que fala nem tem uma ideia sobre como fazer melhor mas que sabe enlamear os governantes, os deputados honestos, os políticos em geral. É uma cambada que só sabe dizer mal, uma cambada que vive de tentar minar a confiança  nas instituições democráticas.

É para estes que o Ventura fala, para os burros que gostam de deitar abaixo, que gostam de intriga, de injúria, de insultos. 

E é de toda esta tropa fandanga que a comunicação social se alimenta.

Se durante um ou dois meses de seguida a comunicação social não desse palco ao Ventura, ele cairia a pique nas sondagens. Porque o Ventura é um saco que lá dentro só tem ar e porcaria. Propostas construtivas zero. Tirem-no do ar e todo o bluff Ventura e Chega se esvaziará num ápice.

Marcelo faria bem em reunir as estações de rádio e televisão e os jornais e pô-los a discutir o seu papelinho (ou 'papelão, na expressão de Lula) no fomento do populismo e na ascenção de um partido de broncos, mal educados, populistas despudorados. E que eles pusessem a mão na consciência. E que decidam: ou vão continuar a alimentar a serpente que pode minar a saúde da democracia ou vão procurar informação e entretenimento com cabeça, com ética, com amor ao país e deixam de propagandear o Ventura e o Chega.

E, para já, é o que me apetece dizer.

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Entretanto estou a ver na RTP 3 (num programa que se chama Tudo é Economia) uma grande intervenção da ministra Mariana Vieira da Silva -- uma inteligente, lúcida, sóbria e competentíssima governante. Uma lufada de ar fresco. 

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A imagem lá em cima é Red Carnation As In A Stage da autoria de Eversofine

O Vitorino está aqui porque não quero pôr o vídeo com um dos meus netos a cantar a Queda do Império com uma voz e uma musicalidade que me emocionam 

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Um dia bom

Saúde. Paz.

Viva a democracia e viva o meu País

7 comentários:

Anónimo disse...

Subscrevo!

JOAQUIM CASTILHO disse...

Excelente! Um abraço!

ccastanho disse...

A TVI foi buscar tudo o que não presta do Observador para opinar formatando o pensamento da direita.
Aliás, ao fim de semana, há dois opinadores de direita com agenda própria , secundados com os pés de microfone correspondentes na cic e tvi.

O PS quando perder o poder, os médias afastam o partido durante vinte anos do poder.

Um Jeito Manso disse...

Car@ Anónimo@

Muito obrigada.

Dias felizes.

Um Jeito Manso disse...

Olá Estimado Joaquim,

Muito obrigada.

Saúde e dias felizes!

Um Jeito Manso disse...

Olá Ccastanho

Seria interessante que os Centros de Estudos Sociológicos se debruçassem sobre o papel das televisões (e órgãos de comunicação adjacentes -- porque cada um destes grupos 'racionaliza' os recursos, dispersando as notícias e os comentários também por rádios, jornais e revistas) na evolução do sentido de voto dos portugueses e na qualidade da democracia.

Com Correios da Manhã a mostrarem em permanência um país de faca e alguidar, de arruaceiros e golpes baixos, com outros a mostrarem burlas e desfalques e outros a porem o Ventura a dizerem que o país é só isto, é natural que os mais desinformados tomem a nuvem por Juno e exerçam um voto pretensamente punitivo quando vão votar.

E, claro, o PS é muito vítima disto. Por isso o PS deveria fazer de tudo para não se pôr a jeito... até porque concordo consigo, no dia em que o PS caia vai custar muito a levantar-se pois terá sempre um pé a calcá-lo para baixo.

Um abraço. E dias felizes.

U

Lucília Costa disse...

Uma pouca vergonha. Pouco se aproveita nesta comunicação social.