Na farmácia a que agora vou apareceu um novo funcionário que, na minha modesta opinião, é burro que nem uma porta.
Na última vez desatinei por completo e acabei por trazer uma coisa que não queria.
Eu dizia: qualquer coisa serve, mel, eucalipto, qualquer coisa.
Mas ele não largou: tem muita expectoração?
E eu: não, não, acho que estou a começar a constipar-me, se calhar, se isto progredir, acabarei por ficar.
E ele: Então está é a queixar-se de tosse seca.
E eu: Não. ´É um resfriado ou constipação, sinto que estou a ficar apanhada.
Ele: Assim, sem dizer bem o que quer, é muito vago.
Eu: Olhe, umas pastilhas quaisquer.E ele: Mas com antibiótico?
E eu: Acho que não, podem ser rebuçados desses banais.
Respondeu: Assim não percebo, não sei como posso ajudar.
E eu: Então deixe, não importa.
Pelo meio, depois de cada resposta minha, punha-se a olhar para as prateleiras atrás dele cheias de pastilhas e rebuçados, pegava numas, lia a embalagem, encolhia os ombros, um tempo infinito. Eu completamente doida com aquilo e sem conseguir libertar-me sem perder a compostura.
Por fim, quando eu já estava a descompensar, foi buscar uma embalagem: Estas são boas, recomendava-lhe estas, mas são para tosse seca.
E eu, vencida: Pronto, levo essas.
12€ para nada.
Começou por me perguntar se eu tinha cartão da farmácia. Disse que sim mas que a receita era para o meu marido. Fez um ar desorientado. Então como é que sei quais os que o senhor costuma levar?
Eu, desconcertada: Mas ele praticamente nunca leva nada...
E ele: Mesmo assim, tenho que saber.
E eu, sem perceber a razão da cisma: Não se preocupe, não é tema.
E ele, com de censura: Dizem isso e depois quando vou buscar o medicamento dizem: 'ah, as caixas que costumo levar não são essas'. E eu é que tenho que adivinhar'
E ele: Não? É que, sem ver a ficha, como é que eu sei isso?.
Eu, à beira de um ataque de nervos, expliquei-lhe qual o mal do meu marido, coisa pontual, para ver se o convencia. E rematei: Portanto, como vê, sei eu. Nunca levou nada disto. Dê-me uma marca qualquer ou genérico, se houver.
Contrariado lá o fez.
A seguir pedi Ben-u-Ron. Perguntou se podia ser genérico. Respondi que sim. E ele: Não se pode vender de 1gr mas, para aquilo que é, abro uma excepção e vendo-lhe.
E eu: Mas eu até prefiro de 500mg pois é mais flexível.
E ele: E o senhor vai tomar 1 comprimido de 500mg?!?!
E eu: Toma 2.
E ele, a olhar para mim com ar de dúvida: Ai é?
E eu: É.
E assim foi até ao fim. Não há explicação. Quando passou à fase do registo para pagar foi o bom e o bonito. Passou o leitor de código de barras no mínimo três vezes em cada embalagem. Quando me parecia que haveria de sair o talão, ele voltava ao início.
Saí de lá exausta. Cansa-me imenso aturar gente pouco inteligente. E não sei como lidar com estas situações. Não posso dizer que cedo a vez ao cliente seguinte, demonstrando que não quero ser atendida por ele. Nem posso dizer-lhe que atine pois poderá ofender-se.
Não sei. Penso que tenho que descobrir outra farmácia para não voltar a correr o risco de me sair outra vez aquela malfadada fava.
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2 comentários:
UJM
A meio de ler o texto, já me apetecia meter-me no carro, chegar ao pé do imbecil estafermo, e mandá-lo bardamerda pela incompetência.
Eu já não tenho pachorra para gente desta. Quando acontece situações dessas, e vou com a minha mulher, a primeira coisa que me faz, é pisar o pé para sossegar.
Olá Ccastanho
No meu caso, o meu marido estava no carro à minha espera, a desesperar por eu nunca mais aparecer. E ainda bem que estava no carro, senão haveria de ficar exasperado. Aquele homem é inenarrável...
Uma boa sexta-feira para si, Ccstanho.
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