quinta-feira, março 02, 2023

A vontade de dar respostas tortas...

 


Na farmácia a que agora vou apareceu um novo funcionário que, na minha modesta opinião, é burro que nem uma porta. 

Na última vez desatinei por completo e acabei por trazer uma coisa que não queria. 

Eu estava um bocado constipada, com a garganta levemente arranhada e, tendo lá ido para comprar uma coisa qualquer, aproveitei para lhe pedir uns rebuçados ou pastilhas que funcionassem como um desinfectante para a coisa não progredir e que me aliviasse a sensação de garganta arranhada. Olhou para mim sem perceber. Repeti sem perceber o que é que ele não tinha percebido. Começou, então, a fazer uma bateria de perguntas em que eu via que ele estava a leste. 

Eu dizia: qualquer coisa serve, mel, eucalipto, qualquer coisa. 

Mas ele não largou: tem muita expectoração? 

E eu: não, não, acho que estou a começar a constipar-me, se calhar, se isto progredir, acabarei por ficar. 

E ele: Então está é a queixar-se de tosse seca. 

E eu: Não. ´É um resfriado ou constipação, sinto que estou a ficar apanhada. 

Ele: Assim, sem dizer bem o que quer, é muito vago.

Eu: Olhe, umas pastilhas quaisquer. 

E ele: Mas com antibiótico? 

E eu: Acho que não, podem ser rebuçados desses banais. 

Respondeu: Assim não percebo, não sei como posso ajudar. 

E eu: Então deixe, não importa. 

Pelo meio, depois de cada resposta minha, punha-se a olhar para as prateleiras atrás dele cheias de pastilhas e rebuçados, pegava numas, lia a embalagem, encolhia os ombros, um tempo infinito. Eu completamente doida com aquilo e sem conseguir libertar-me sem perder a compostura. 

Por fim, quando eu já estava a descompensar, foi buscar uma embalagem: Estas são boas, recomendava-lhe estas, mas são para tosse seca. 

E eu, vencida: Pronto, levo essas. 

12€ para nada.

Hoje tive que lá voltar. Há uma meia dúzia ou mais de balcões. Tirei a senha e fiquei a implorar a todos os santinhos que não me saísse ele. Saiu.  

Começou por me perguntar se eu tinha cartão da farmácia. Disse que sim mas que a receita era para o meu marido. Fez um ar desorientado. Então como é que sei quais os que o senhor costuma levar?

Eu, desconcertada: Mas ele praticamente nunca leva nada...

E ele: Mesmo assim, tenho que saber.

E eu, sem perceber a razão da cisma: Não se preocupe, não é tema.

E ele, com de censura: Dizem isso e depois quando vou buscar o medicamento dizem: 'ah, as caixas que costumo levar não são essas'. E eu é que tenho que adivinhar'

E eu já a ver que a coisa estava outra vez com tudo para descarrilar: Ele nunca levou isto.

E ele: Não? É que, sem ver a ficha, como é que eu sei isso?.

Eu, à beira de um ataque de nervos, expliquei-lhe qual o mal do meu marido, coisa pontual, para ver se o convencia. E rematei: Portanto, como vê, sei eu. Nunca levou nada disto. Dê-me uma marca qualquer ou genérico, se houver. 

Contrariado lá o fez. 

A seguir pedi Ben-u-Ron. Perguntou se podia ser genérico. Respondi que sim. E ele: Não se pode vender de 1gr mas, para aquilo que é, abro uma excepção e vendo-lhe.

E eu: Mas eu até prefiro de 500mg pois é mais flexível.

E ele: E o senhor vai tomar 1 comprimido de 500mg?!?!

E eu: Toma 2.

E ele, a olhar para mim com ar de dúvida: Ai é?

E eu: É. 

Fez um trejeito mostrando um estranho cepticismo.

E assim foi até ao fim. Não há explicação. Quando passou à fase do registo para pagar foi o bom e o bonito. Passou o leitor de código de barras no mínimo três vezes em cada embalagem. Quando me parecia que haveria de sair o talão, ele voltava ao início.

Saí de lá exausta. Cansa-me imenso aturar gente pouco inteligente. E não sei como lidar com estas situações. Não posso dizer que cedo a vez ao cliente seguinte, demonstrando que não quero ser atendida por ele. Nem posso dizer-lhe que atine pois poderá ofender-se.

Não sei. Penso que tenho que descobrir outra farmácia para não voltar a correr o risco de me sair outra vez aquela malfadada fava.

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Isto de que estou a falar não tem a ver com o que se vê no vídeo. Mas revejo-me na impaciência dos actores quando estão sujeitos a entrevistas parvas, em que os entrevistadores fazem perguntas parvas, inconvenientes, despropositadas

Times Celebs Gave Unexpectedly Honest Answers To Interview Questions


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Pinturas de Joseph Stella na companhia de Benjamin Clementine com Atonement

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Um dia bom
Saúde. Paciência. Paz.

2 comentários:

ccastanho disse...

UJM

A meio de ler o texto, já me apetecia meter-me no carro, chegar ao pé do imbecil estafermo, e mandá-lo bardamerda pela incompetência.

Eu já não tenho pachorra para gente desta. Quando acontece situações dessas, e vou com a minha mulher, a primeira coisa que me faz, é pisar o pé para sossegar.

Um Jeito Manso disse...


Olá Ccastanho

No meu caso, o meu marido estava no carro à minha espera, a desesperar por eu nunca mais aparecer. E ainda bem que estava no carro, senão haveria de ficar exasperado. Aquele homem é inenarrável...

Uma boa sexta-feira para si, Ccstanho.