Em férias, pouco tenho a dizer. Por isso, com vossa licença, a palavra aos chefes dos espiões
Estou num daqueles dias. Adormeço por dá cá aquela palha. Os dias a sul têm estado quentes, difíceis de estar ao sol. Não têm sido férias iguais a outras. Desde que os meus filhos eram adolescentes que não saíamos para férias em família. Além disso, mesmo nós dois, há dois anos, com a pandemia, que não saíamos. Agora parece que os tempos da sarna acabaram. Ninguém usa máscara, há gente por todo o lado, parece que nada aconteceu pelo meio. O meu marido ainda anda com o frasquinho de álcool gel mas eu, salvo situações mesmo merecedoras, já me deixei disso.
De tarde, fui saber se ainda havia hora de massagem para hoje. A menina devia ter tido uma desistência e disse, toda animada, que só se fosse naquele preciso momento. Respondi que por mim poderia ser mas que não tinha trazido nenhuma máscara. Uma salinha fechada e ela em cima de mim pareceu-me proximidade e risco a mais. Diz ela, continuando animada: 'Ah, não faz mal... não é preciso...!'. Temendo desiludi-la, arrisquei: 'Mas é por mim... eu é que prefiro. Será que me arranja uma?'. E ela arranjou-me e eu pus-me nas mãos dela. Difícil foi escolher o tipo. Todas com nomes artilhados, cada um sugerindo milagres. Optei pela mais simples. Uma hora para me rebalancear, seja lá o que isso for. No fim estava tranquila, zen, tão balanceada como antes.
De manhã, fomos passear pelo centro da cidade não só porque estava com saudades como a minha mãe estava com uma certa carência de andar a ver montras. Com o sol que estava, um chapéu novo veio-lhe mesmo a calhar. E eu, que juro a pés juntos que não preciso de roupa até aos últimos dias da minha vida (mesmo que dure até aos 200) cedi à tentação de um vestido verde escuro com umas flores azuis. A vendedora era muda mas entendemo-nos gestualmente. Uma simpatia. Quinze euros. Vesti-o por cima do macaco que trazia vestido e ela segurou um espelho grande. Depois, semicerrando os olhos, fechou os dedos da mão direita, levou-os aos lábios como se soltasse um beijo de apreço. Também gostei. Enquanto isso, o meu marido fazia tempo passeando o cão. Quando cheguei ao carro, disse com aquele seu ar jocoso: 'Vieste de Lisboa de propósito para comprar um vestido nas barracas de Lagos'. Não são barracas, são umas tendinhas em que os vendedores são uns ciganos e ciganas que são uma simpatia. E têm vestidos giríssimos e muito em conta.
E, portanto, com estes calores, tem sido uma semana à maneira. Trouxe um livro mas não me sobra tempo. Termos trazido o nosso urso cabeludo tem sido uma experiência e tanto. O balanço, ao fim de uma semana, é que penso que não é lá grande ideia nem para ele nem para a família. O hotel é dog friendly (e o dog paga diária), temos ido a restaurantes dog friendly, a praias dog friendly. Mas o animal não descansa, quando alguém se aproxima fica num stress e nós também estamos condicionados. Acho que, para a próxima, vamos apostar no hotel para cães
Quase não tenho feito fotografias. Há sempre tanta coisa que nem me dá tempo.
Claro que não sei de notícias ou fofocas. Estou completamente out. Não sei de nadica de nada. Antes de abrir o blog espreitei o Guardian e vi alguns vídeos. Não sei se é bom, se é mau andar alienada mas é assim que me sinto, fora deste nosso mundinho. Preocupada com ele mas a gostar de estar fora.
Por isso, não estranhem se, na ausência de conversa própria, me dedique a partilhar este vídeo que versa aquele tema que me tem consumido. Quero perceber, ver sob diferentes ângulos.
Former spy bosses discuss Ukraine and Putin's invasion - BBC Newsnight
The former heads of MI6 and the CIA gathered at Bletchley Park for a book launch and wanted to talk Ukraine and Russia.
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As pinturas de Yue Minjun estão aqui apenas para não me esquecer que em qualquer circunstância é bom arranjar um espaço para a gente se rir
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