Qual a vez em que foi mais feliz?
Mais ainda do que quando nasceram os meus filhos -- e foi uma felicidade imensa--, quando nasceu cada um dos meus netos.
Qual o seu maior medo?
Tudo o que se relacione com a saúde e/ou a felicidade dos meus filhos, dos meus netos, do meu marido e da minha mãe
Qual a pessoa viva que neste momento mais admira e porquê?
Zelensky. A coragem, a determinação e o respeito pelo voto que recebeu dos seus eleitores merece-me muito respeito e admiração
Qual a característica que mais deplora em si?
A impaciência
Qual a característica que mais deplora nos outros?
A desonestidade intelectual
À parte as casas, qual a coisa mais cara que já comprou?
Livros
Descreva-se em três palavras.
Optimista, determinada, curiosa
O que a torna infeliz?
Ver como o populismo, a hipocrisia e a estupidez são ilimitadas, omnipresentes e poderosas
O mais lhe desagrada na sua aparência?
Os quatro ou cinco quilos que tenho a mais. Para me ver livre deles terei que abdicar persistentemente de comer o que me apetece e, como abdicar do que gosto e ser disciplinada são coisas que não estão no meu ADN, é com pena que constato que, se calhar, nem tão cedo me livrarei deles.
Se pudesse dar vida a alguma coisa já extinta, o que escolheria?
Um pinheiro grande, lindo, plantado pelo meu pai, que tombou e se perdeu irremediavelmente num dia de ventania
Que livro se envergonha de não ter lido?
Não sou muito dada a vergonhas. No caso dos livros, se há livros que gostaria de ler, espero ainda lê-los.
Preferiria fama ou anonimato?
Anonimato, claro.
Qual o seu prazer mais pecaminoso?
Não sei o que são pecados. Actos reprováveis, sim. Todos os meus prazeres são altamente aprováveis.
O que deve aos seus pais?
Não sei se devo (no sentido de ser algo que tenho em dívida por regularizar). O que aprendi com eles e que tenho sempre muito presente é o valor do trabalho e, também, o valor da honestidade absoluta, seja sob que perspectiva for, seja em que circunstância for.
O que ou quem é o maior amor da sua vida?
Os meus filhos e os meus netos, o meu marido
Já alguma vez disse ‘amo-te’ sem que isso tivesse qualquer significado?
Não me dá jeito dizer 'amo-te'. Não me soa bem. Sílabas mudas não me parece que representem bem um sentimento que se quer bem forte. Também não sou muito de andar a dizer 'gosto de ti'. Acho desnecessário, uma redundância. A quem o digo de forma espontânea é aos meus netos mas isso é porque tudo com eles é novo, inocente, ainda não vulgarizado. Gosto de lhes dizer 'gosto muito de ti'. De resto, em geral, provo o meu amor em actos. De todas as vezes que o digo, sou totalmente sincera.
Qual o pior trabalho que já teve?
Quando era professora do ensino secundário, o período de mês e meio em que estava a fazer o estágio. O orientador era maluco, era preciso fazer planos, fichas e mais não sei o quê, coisas que me pareciam uma perda de tempo, uma macacada. Tudo aquilo me parecia uma banhada, uma absurda burocracia, um pesadelo. Mudei de trabalho sem pensar duas vezes.
Qual foi o seu maior desapontamento?
Na sequência de um processo de fusão, houve uma reorganização e uma redistribuição de funções e eu, que antes acumulava duas funções, perdi a função de que mais gostava porque o administrador que tinha o pelouro era do outro accionista e escolheu uma outra pessoa da sua confiança, por sinal incompetente e desonesta.
Conseguir ter uma vida profissional motivante e recompensadora mantendo sempre como primeira e inalienável prioridade a família.
Qual o seu contacto mais próximo com a lei?
Não terá sido o mais próximo mas, de todos, o que mais me tocou foi o primeiro: quando fui testemunha de um amigo cuja mulher lhe tinha movido um processo injusto e infame.
O que lhe tira o sono?
O cansaço extremo
Preferiria ter mais sexo, mais dinheiro ou mais fama?
Dinheiro, porque sexo tenho que baste e fama não quero.
Qual a lição mais importante que a vida lhe ensinou?
Que tudo é efémero e que os que se julgavam todo-poderosos, eternos e arrogantes, também adoecem, também ficam vulneráveis, também morrem
Como quer ser lembrada?
Gostava de ser lembrada com carinho. Mas, na realidade, como cá não estarei para o testemunhar, não penso nisso, não estou nem aí.
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As perguntas a que acima respondi são as que Rosanna Greenstreet colocou a Fran Lebowitz no Guardian.
Em alguns casos, gostei tanto das respostas que a minha vontade era papagueá-las. Mas não. Estas são mesmo as minhas. Sem pensar muito e, em alguns casos, francamente redutoras. Mas não vale a pena complicar. Noutro dia posso responder outra vez e, provavelmente, as respostas sairão diferentes, quiçá mais fiéis ao que sou. Mas, também, sei lá quem sou...
Cheguei à entrevista pela mão do João.
As fotografias foram feitas in heaven.
Era para ter escrito isto ontem mas, para mal dos meus pecados, não consegui pois, inesperadamente, foi dia e noite de juízo, uma directa das antigas. Cheguei a casa às sete da manhã, felizmente com notícias razoáveis e a minha mãe já em casa, sentindo-se bem e livre do susto que apanhámos. Pelo meio, de madrugada, enquanto esperava pelo resultado de exames e tentava espantar os receios, consegui escrever o post-ito a que dei o desinspirado nome de Vinham os dois ali mas só o mais alto se vê
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Desejo-vos uma boa semana a começar já por esta segunda-feira
Saúde. Confiança. Força. Paz.
2 comentários:
«Qual a lição mais importante que a vida lhe ensinou?
Que tudo é efémero e que os que se julgavam todo-poderosos, eternos e arrogantes, também adoecem, também ficam vulneráveis, também morrem»
Sinal de bom-pessoísmo.
:)
Obrigada, Diogo. Gostei.
Um abraço.
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