sexta-feira, janeiro 01, 2021

Um feliz 2021!

 

Que me lembre, deve ter sido a primeira véspera de Ano Novo em que não tive produção a preceito para o réveillon e toilette a estrear no dia, geralmente na base do branco. Não me lembro de noite em que não tenha usado vestido com brilhos, salto alto, jóias a condizer. Acho que faz parte. Não se recebe o Ano Novo na base da informalidade. Contudo, desta vez não houve festejos, idas para a rua para ver o fogo de artifício. Estamos apenas os dois. Estivemos a jantar, uma ceia cheia de belos petiscos, quase tudo presentes de Natal, na mesa junto à lareira. Temos é trocado mensagens entre o grupo de família. 

Mas hoje não estou grande coisa, aliás estou assim desde ontem,  penso que dei para aqui algum jeito ao carregar pesados sacos de laranjas e tangerinas. Na noite passada tive febre e, há pouco, não me sentindo bem, fui confirmar. 37,2º o que para mim é muito pois tenho sempre 36 ou um pouco menos. De tarde, sentia-me tão enregelada que fui pôr os pés de molho em água bem quente. Fiquei melhor. Claro que se levanta logo a questão 'não será covid?'. A minha mãe, então, fica logo num stress, insiste que eu ligue para a Saúde 24. Mas espero bem que não, que seja apenas algum vulgar estado inflamatório. Mas estou em baixo e enroupada -- ao contrário dos outros anos em que ando de alças, decote, sem frio e com a alma em festa.

À hora de almoço, forcei-me a ir fazer a caminhada do costume mas foi um sacrifício, cheia de dores nas costas, a sentir-me doente e com muito frio. Daqui a nada vou tomar um paracetamol, a ver se amanhã estou melhor. 

À meia noite comi as passas e as uvas, brindei ao novo ano, formulei votos para os meus e para mim, fui para a porta da rua bater tampas para fazer o ano velho ir para bem longe. Curiosamente havia fogo de artificio por todo o lado e creio que deve ter sido de uma das casas ao lado ou em frente que atiraram umas morteiradas valentes pois, não apenas foram uns big estrondos como, quando voltei ao jardim, cheirava imenso a pólvora.

No último dia do ano recebi mails, mensagens e telefonemas a desejarem-me um bom ano e eu fiz o mesmo. A nossa esperança leva-nos a pensar que, se o formularmos, a coisa se dará. São rituais e todos, de um maneira ou de outra, gostamos de ter rituais a que nos possamos agarrar como âncoras.

Digo isto mas, ao dizê-lo, lembro-me que nem todos. Uns amigos nossos faziam questão de passar o ano a dormir para nem darem pela mudança. Enquanto na minha casa havia festa, na deles era como se nada se passasse. 'E nada se passa, de facto', dizia-me ele. 

Somos diferentes, o que é relevante para uns, é treta para outros. Por isso, é bom que tenhamos a humildade de não nos acharmos nem melhores do que os outros nem especiais. 

Talvez por não estar grande coisa, não consigo dizer muito mais que estas banalidades. Digo apenas que em cada pequeno bom momento vive uma memória eterna. Saibamos, pois, dar valor a esses instantes e guardá-los dentro de nós para que sempre nos acompanhem. 

Mesmo num ano tão cruel, que tanta gente tem matado e em que tanta gente viu a vida a esvair-se, em que deixámos de nos cumprimentar com beijos e abraços, em que tanta gente está no desemprego ou num desespero por não conseguir fazer face às despesas, conseguiremos encontrar momentos em que a graça de existirmos ou de amarmos e sentirmo-nos amados ou a bênção de presenciarmos belas paisagens, uma flor ou o sorriso de uma criança valeram a pena.

Continuo a querer acreditar que talvez estejamos num momento de viragem para melhores tempos. Seria bom.

Desejo-vos saúde, em especial aos que estão doentes, aos que apanharam sustos e estão a fazer tratamentos (estou a torcer por si, estimado Joaquim), desejo-vos motivação, ânimo. Desejo-vos alegria, afecto, desejo-vos força para tomarem as decisões que se impõem na vossa vida, desejo-vos que se sintam abraçados por quem vos quer bem.

Um feliz 2021!

14 comentários:

Pôr do Sol disse...

FELIZ ANO NOVO Um Jeito Manso,

Que este novo ano nos compense um pouco do velho que se finou.

Tambem por aqui entrámos no novo ano só os dois. Tivémos de tarde a visita das meninas, cada vez mais encantadoras o que nos ajuda muito. Vemos que lhes fazemos falta e nós percisamos delas. Que tenhamos saude para as acompanhar.

A saude é há quase um ano a nossa preocupação maior. Por ela sacrificámos tudo os afectos, a convivencia e liberdade. O estupor do virus é traiçoeiro e nós por vezes achamo-nos superiores e capazes de ultrapassá-lo.

No seu caso, o ano foi intenso, desgastante e o físico ressente-se. Como dizia há dias, não vamos para novos e eu, que tenho talvez, mais uns vinte anos, penso que se me tivesse poupado um pouco, estaria agora melhor.

Tem razão. Existe há muito uma estima, o que me sensibiliza. Permita-me, tenha cuidado, não descure o nosso bem mais precioso.

Boas e rápidas melhoras. Saude para toda a familia.

Alice Alfazema disse...

Olá UJM,

Desejo-lhe um Excelente 2021 e que continue assim com essa garra que tem demonstrado ao longo destes anos.

(queria também partilhar, que quando estive com COVID-19, os meus sintomas foram as dores nas costas, não tive outros, apenas um dia com dor de cabeça e nunca tive febre, quanto às dores: conseguia sentir todos os ossinhos como se estivesse a ser comprimida por uma mão gigante, não quero alarmá-la, é só para estar atenta, duraram dois dias, depois repentinamente tudo passou)

Beijinhos e as rápidas melhoras.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Riqueza,

Os meus votos de um maravilhoso ano 2021, propulsionado pela virtude da Esperança.

As suas melhoras!

Um abraço e um ciberbrinde ao novo ano.

Tiago Gonçalves disse...

Para a cultura e a música portuguesas,infelizmente, não começou bem o ano... :(

As melhoras UJM e bom 2021!

Estevão disse...

Um bom ano e rápidas melhoras.

Anónimo disse...

Desejos de rápidas melhoras, UJM e muita força e coragem para diariamente nos acompanhar com os seus tão lúcidos e interessantes posts.
Que o que aprendemos todos no ano de 2020 possamos aplicar, cada um de nós, no presente ano de 2021. Será um contributo para tornar este Mundo num lugar um pouco melhor.
Um abraço
Filo

Um Jeito Manso disse...

Querida Pôr do Sol,

Revejo-me muito nas suas palavras e encontro na sua simpatia sempre um incentivo a continuar mesmo quando o corpo, como hoje, me pede uma interrupção (mas sossegue, querida Pôr do Sol, estou a ter cuidado, estou sossegada, agasalhada). Há uma estima que vem de há muito tempo e sempre me identifiquei com as suas preocupações e com o seu modo de encarar a vida.

Muito obrigada.

Muita saúde, muita sorte, muita motivação e boa disposição para si, para o seu marido, para a sua filha e para as suas netas e para quem mais queira que beneficie de uma boa sorte durante este 2021 e seguintes.

Um abraço amigo, Sol Nascente.

Um Jeito Manso disse...

Olá Alice rodeada de Alfazema,

Então teve Covid? Bolas... Mas, pelo menos, agora já pode estar mais descansada pois, pelo menos, nos próximos meses, não o apanhará de novo... (pelo menos é o que se pensa, não é?. E menos mal que passou rápido e sem deixar danos. A mim não me doem os ossos, é mais os músculos, como se estivesse com contracturas, com inflamações, sei lá.

Mas, sim, se isto se prolongar por mais um ou dois dias, ligarei para a Saúde 24 ou irei ao médico. Só que também não está nada a apetecer-me, dorida como estou, ir para as urgências de um hospital... Enfim, acho que isto vai passar. Com mais uma noite de som e mais um ben u ron 1000, isto talvez vá ao sítio.

E obrigada pelo testemunho, pelo cuidado e pela simpatia. E bons passeios pela Arrábida, a serra mais linda do mundo.

Um feliz 2021, Alice cercada de Alfazema.

Um Jeito Manso disse...

Obrigada, Estimado Francisco,

As suas palavras revelam sempre um carinho que me toca. Agradeço-as e gostava que sentisse que retribuo a simpatia, desejando-lhe um ano bom, haja o que houver. Saúde e muitas felicidades, Francisco.

E ricos dias, claro!

Um Jeito Manso disse...

Olá Tiago,

Pois não, a ceifa não olha a quem, vai levando tudo à frente. Desta vez, logo no primeiro dia do ano, não fez por menos, lembrando-nos que nada de grandes ilusões, o ano se calhar não vai ser fantástico.

Mas tenhamos força para continuarmos a ter esperança em melhores dias.

Saúde, Tiago, tudo de bom para si e para os seus. Um bom 2021.

E obrigada pelo seu cuidado.

Um Jeito Manso disse...

Olá Amofinado,

Agradeço o seu cuidado e os seus votos. E agradeço também a sua companhia, aí desse lado.

Tudo de bom para si e para os seus, Amofinado. E que, haja o que houver, a boa disposição nunca nos abandone, não é?

Um Jeito Manso disse...

Olá Filo,

Por vezes, aqui sozinha na sala (desde que me lembro, só me dá jeito escrever já tarde, à hora a que sou a única acordada cá em casa), com pouca luz, não sabendo quem me lê, é como se escrevesse para um espaço vasto, impessoal. Depois, quando recebo comentários simpáticos como o seu e o dos restantes estimados comentadores, constato o óbvio: escrevo para pessoas concretas. E fico contente por perceber a simpatia com que me recebem em suas casas.

Obrigada pelo seu cuidado e pelos seus votos.

Para si também, Filo, um ano bem melhor do que o que passou, em que consigamos transformar a aprendizagem em actos para um mundo melhor.

Saúde e felicidade para si e para os seus.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Retribui sem qualquer dúvida.

Um belo fim de semana.

Paulo B disse...

Um excelente 2021 UJM!

Abraço