quarta-feira, outubro 28, 2020

Nem Trump, nem manas Mortágua, nem OE 2021, nem covid --- apenas o espírito do novo natal encarnado em frasco de Nº 5
['encarnado' do verbo encarnar, bem entendido]

 


Agora, aqui, não vou falar do Trump. Já o fiz no post abaixo e, ao ver o pequeno vídeo que ali partilho tal como de cada vez que observo aquele psicopata, fico irritada. Portanto, por hoje já chega. Quanto muito vou acender uma velinha a ver se todos os santinhos intercedem junto da Suprema Autoridade Divina no sentido de os americanos darem uma valente corrida em osso ao palhaço Donald.

Também não vou falar do modo de actuar do BE nesta coisa da votação do OE2021. Não me apetece. É mais do mesmo. São, uma vez mais, iguais a elas próprias. Por petulância, vendem a alma ao diabo se necessário for. Não digo que por vezes não tenham razão. Mal fora se nunca a tivessem. Digo é que não olham a meios para atingir os fins e, nessa demanda, esquecem-se dos interesses do País para defenderem os interesses do partido. Como meninas birrentas, metem uma na cabeça e ficam a fazer finca-pé enquanto não lhes fazem a vontade. Agarram-se com unhas e dentes a uma árvore sem quererem saber se o resto da floresta está a arder. Querendo fazer-nos crer que têm uma visão moralmente superior aos comuns mortais, a verdade é que passam a vida a mostrar à saciedade que têm uma visão pequenina e medíocre do que é a política. 
O que elas defendem parece simpático? Claro que parece. Céu azul todos os dias? Claro que quero, é bom, levanta a moral, toda a gente deve ter direito a isso. Ir à praia todos os dias? Claro que é bom, claro que todos devem ter direito a isso. Pôr o carteiro a deixar um envelope com mil euros todas as semanas na caixa do correio de toda a gente? Claro que é bom, claro que toda a gente deveria ser contemplada. Mas, se não conseguirem isso, faz sentido fazerem birra? Ah... não me parece. Mas sei lá. E do que não sei não falo. Nem me apetece falar das manas Mortágua, em especial da arrogante Mariana, nem da artista encartada Catarina. São apenas, em permanência, um desnecessário e desagradável déjà-vu.

E muito menos vou falar dos merdinhas dos totós cor-de-rosa que por aí andam em vara, destravados, escoiceando, empinados, indomáveis. Apesar de invisíveis, conseguem fazer ajoelhar o mundo. Pelo andar da carruagem, talvez o verão do ano que vem não traga o pesadelo que este trouxe. Pode ser que, até ao próximo outono, haja vacina para todos (mas quem vai pagá-la? a segurança social, cada vez mais a tender para a descapitalização...? -- melhor nem pensar nisso), quiçá tratamento. Isto se passado algum tempo não aparecer outro corona e a história voltar a repetir-se. O futuro não será radioso. Se não forem os coronas, será a falta de insectos, a falta de polinização. Se não for isso, será o degelo. Se não for o degelo serão os microplásticos. Se não for...

Portanto, afigura-se-me que é muito bem capaz que o melhor que temos a fazer seja manter esses pensamentos racionais bem sossegados atrás de uma cortina que, de vez em quando, corremos. Olhos que não vêem, coração que não sente. Portanto, com os assuntos reais e concretos bem escondidos, a gente pode divagar e alienar-se à vontade como se o mundo fosse perfeito, céu azul todos os dias, praia ao dispor para todos, gaivotas dançando e inspirando lindas canções, velhinhos saudáveis e eternos, crianças felizes e sempre com boas notas, casais sempre amantíssimos até ao fim dos tempos. E perfumes maravilhosos. E, de entre eles, o meu preferido: o Nº5, claro. Está a fazer 100 anos e é como se ainda fosse um jovem. 

O Natal -- que provavelmente este ano também vai ser o novo Natal (para rimar com o novo-normal) -- está a aproximar-se e, com ele, os bons sentimentos transformados em cadeaux. E, portanto, já aí está na calha a publicidade de qualidade. Perfumes, claro. Chanel, obviamente. 

Marion Cotillard é a diva que dá corpo ao que se idealiza como sendo o espírito Nº 5. Vejamos. E deixai-nos sonhar, Senhor.



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As fotografias são da autoria de Annie Leibovitz e a fotografada é Cate Blanchett

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E tenham, meus Caros, um dia feliz.

7 comentários:

Anónimo disse...

Uma adepta do PS a bolsar disparates!

Um Jeito Manso disse...

Olá Leitor Bloquista,

a) Quer definir 'disparate'?

b) E quer concretizar, em concreto, ao que se refere:

1. Ao que eu disse sobre o Trump? Não concorda, é?
2. Ao que eu disse sobre as alterações climatéricas? Não acredita que estão a acontecer, é? É mais pela teoria da terra plana e etc, é isso? Conte-me tudo.
3. Ao Covid? Acha que é tudo invenção? É mais pela linha Trump e Bolsonaro, é? Quer expor a sua teoria?
4. Ou refere-se à mediocridade e futilidade crescentemente expostas pelo trio 'Manas Mortágua+Catarina' (que no fundo é quem parece ter voz activa na agremiação que dá pelo nome de Bloco de Esquerda)?

c) Já agora, se não for pedir muito, pode também dizer o que entende por 'bolsar'? Refere-se à terminologia geral (=formar bolsa) ou à terminologia náutica (=formar bojo)? É que, no contexto, não estou a ver bem qual a ideia.

Agradecida.

Anónimo disse...

A propósito dos comentários anteriores, aqui deixo o meu.
O Governo Conservador de Boris Johnson decidiu, aqui há tempos, investir no seu NHS (o nosso SNS) o equivalente a 38 mil milhões de EUR (ou seja, metade daquilo que a Troika nos emprestou em 2011). Em termos de PIB é muito superior proporcionalmente àquilo que o nosso Governo PS/Costa se propõe investir na Saúde e no SNS. Compreende-se, quando se vê um PM (como Costa) a prestar-se fazer parte da Comissão de Honra de Luís Filipe Vieira, um dos grandes devedores privados à Banca (NB) que os contribuintes vão, à pala das dotações dos diversos OGE, pagando (imperdoável e um desrespeito para os contribuintes!). No Reino Unido (tenho lá vários familiares e amigos), o número de hospitais privados é diminuto, já por cá crescem como cogumelos (veja-se mais um, agora em Alcântara, da CUF) e o Estado prefere fazer PPP com os hospitais públicos, na administração, ou contratos com os privados para receber doentes com a ADSE, ou vindos do SNS (com o Covid, por exemlo) do que investir mais nos hospitais públicos, centros de saúde, em equipamento, pessoal médico, enfermeiros/as, pessoal técnico e auxiliar.
Daí que fez muito bem o BE em não apoiar desta vez este OGE. Foram fretes a mais nestes últimos anos, que mereceram por parte de Costa Benfiquista e Vieirista apenas arrogância e pesporrência.
O OGE foi aprovado e para já apenas na generalidade, por arames. Pode ser que venha ser novamente aprovado na especialidade pelos mesmos arames. Mas Costa sabe bem que 2021 será diferente. Terá que rever prioridades. Entre outras o aeroporto do Montijo, uma birra imbecil que mantém, e irresponsável hoje, tendo em conta a Pandemia que se vive e o sufoco de milhares de empresas (micro, pequenas e médias, sobretudo).
E depois, Costa e este fraco OGE não tem um programa que se veja de apoio ao sector empresarial privado, sobretudo como atrás referi, para as micro, pequenas e médias empresas (que empregam a esmagadora maioria de pessoas neste país). Não há descida de IRC, uma política de empréstimos a juros baixos, de incentivos de todo o tipo. Nada que se veja!
Assim como não se viu uma linha sobre como combater a eterna assimetria entre o Litoral e a Província, ou Cidade e Interior/Campo.
É um Orçamento muito coxo, sem visão e que não irá responder à situação difícil que o País hoje enfrenta. Um OGE sem ambição, ou condicionado por outras prioridades e interesses?
Costa é hoje – quem diria! – um político em fim de festa, cansado, sem horizonte, sem chama. Gere o País a velocidade de cruzeiro e incapaz de ser visionário, corajoso e audaz.
O PS está como o Benfica (que Costa sem vergonha foi dar o seu apoio a Vieira). Em estado de semi-coma, à espera que alguém, daqui a algum tempo o venha recuperar.
Faço uma ressalva no que respeita às moratórias, ideia brilhante de Centeno, que muito ajuda pequenas empresas e algumas pessoas singulares.
P.Rufino

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

Lamento que, numa altura destas, com uma crise de dimensões incalculáveis a entrar-nos portas adentro se junte às oportunistas do BE que, para terem mais tempo de antena, não se importam de se juntar à direita. Cada vez mais elas se afastam das reais preocupações da população. Já ninguém aguenta tanta estupidez envolta em pretensa superioridade.

Quanto a Costa, apenas me importo com o que ele faz enquanto primeiro-ministro, não na sua vida pessoal.

Um bom fim-de-semana.

Anónimo disse...

o BE não se juntou à Direita. Como você e o seu PS bem sabem. O facto de ter votado contra o Orçamento não quer dizer que se tenha juntado à Direita. É uma crítica pateta que Costa e o PS inventaram para desacreditarem o BE e que você subscreve. O facto de concordar com aquela posição do BE não quer dizer que concorde com tudo o que defendem.
A questão da posição de Costa em ser parte da Comissão de Honra do Vieira do Benfica não é uma questão de vida pessoal. Você de tão fanática do PS acaba por não querer perceber o efeito que aquele gesto teve. Sendo Vieira arguido e suspeito de vários crimes graves de carácter económico e acima de tudo um dos grandes devedores do BN, mandaria o bem senso político e não só que o PM Costa não tivesse tomado aquela atitude. Subscrever um patife como o Vieira e um devedor de alto coturno é um desrespeito a todos os contribuintes e portugueses. Tão simples como isso! Lamentável você aceitar um comportamento daquele tipo. E foi tão desadequado que Costa foi obrigado a recuar. Uma vergonha!
Quanto ao que no anterior comentário referi, você não contestou, preferindo fazer acusações ridículas quer ao BE, quer a mim. É-me indiferente. Registo apenas a sua capacidade de tudo perdoar e apoiar ao rapaz Costa. Esse seu fundamentalismo socialista acaba por lhe retirar alguma razão e sentido crítico.
Bom fim de semana.

Anónimo disse...

Esqueci-me de assinar o anterior comentário
P.Rufino

Um Jeito Manso disse...

P. Rufino,

Não contestei por uma única razão: não me apeteceu.

Um bom domingo