quinta-feira, março 12, 2020

Em dia de pandemia declarada, algumas boas notícias sobre o cisne negro* que dá pelo nome de Covid-19


Muitos dos que me lêem não trabalham em empresas ou não vivem e não trabalham em cidades grandes como Lisboa. Para esses a vida pode estar mais facilitada. Trabalhando numa grande empresa em que muitos dos seus colaboradores se deslocam frequentemente não apenas dentro do País mas ao estrangeiro, em contexto que proporciona muitos contactos com gente de muitas outras empresas, nomeadamente estrangeiras, os sarilhos podem ser muitos. E já há trabalhadores em quarentena voluntária, há casos suspeitos, há higienizações suplementares necessárias, há que encontrar meios para acomodar todas as situações, há reuniões necessárias mas que já não se sabe bem se devem ser suspensas, há que preparar decisões e comunicá-las. E, no meio disto, há o business as usual. A vida tem que continuar, as empresas têm que funcionar. Se a malha social e económica começa a quebrar o descalabro será pior. 

Portanto, é um jogo de equilíbrio, de tentativa de manter o bom senso com uns a quererem entrar em pânico, outros a não perceberem bem o que está a passar-se, e, ao mesmo tempo, a continuar com a agenda do dia a dia.

E ao mesmo tempo preoupações pessoais com filhos, netos e... pais. 

Os meus últimos dias têm sido obra. Um colega meu costuma usar a palavra felga. Os meus dias têm sido uma verdadeira felga. Tempos difíceis. Balançamos entre o receio de tomarmos medidas desproporcionadas e prejudicarmos a actividade da empresa -- e não o devemos fazer pois temos responsabilidades sociais -- e, ao mesmo tempo, o medo de, se não agirmos acertadamente, não contermos a propagação e ainda virmos a enfrentar danos maiores.

Portanto, à noite, chego aqui e ponho-me a escrever para me distrair. Não tenho conseguido responder aos vossos mails e comentários (que leio atentamente mas para os quais não tenho tido cabeça fresca para poder responder). Hoje, por exemplo, pode parecer que não mas ainda estou a trabalhar. Com uma mão comandada por metade da cabeça leio planos de contingência e propostas e respondo a mails de trabalho e, com esta que aqui vos escreve comandada pela metade da cabeça que mais facilmente se tresmalha, vou aliviando a pressão e comunicando convosco, sem saber quem sois. Neste preciso instante estão 141 pessoas a ler-me, grande parte em Portugal mas também cinco no Brasil, quatro na Argentina, dois nos Estados Unidos, outro no Reino Unido, outro no Canadá. O que gostariam de aqui encontrar? Não sei e não sei como encontrar inspiração para escrever outra coisa que não estas preocupações que enchem os meus dias e que, mesmo sem eu querer, acabam por transbordar para estas páginas.

Enquanto não chegava a resposta a umas dúvidas que coloquei, pus-me a ver vídeos e partilho convosco um deles:



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Acho que já não consigo energia para alguma coisa melhor, quiçá um poema, quiçá um bailado, quiçá alguma coisa mais animada. A ver se amanhã isto está mais tranquilo aqui para o meu lado.

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6 comentários:

Maria disse...

Eu trabalho numa grande unidade de saúde em cuidados continuados e demências. Acredite que terem sido proibidas as visitas é do mais doloroso que pide haver. De ambos os lados há os que aceitam e o seu oposto. Difícil de gerir estas quase 100 pessoas mais os respetivos funcionários que estão a escassear para ficarem em casa com os filhos.
GG

Paulo B disse...

Já que se fala tanto do, como diz a CMTV, "vírus da China" (filhos da mãe, se coisa boa o vírus poderia trazer era a Cofina falir!), olhemos para duas belas peças do cancioneiro popular - erudito chinês para descomprimir: https://youtu.be/Rq_IIvzuF5Y

A malta que confie mais no SNS que tantos querem destruir e naqueles que o comandam, cumprindo as orientações ao invés de andar para aí tudo ou a desvalorizar (as cenas nas praias da linha eram escusadas..) ou a pensar no seu umbigo e em pânico (hj, aqui na província, parece que já foi o caos nos supermercados...) Ou a disseminar boatos falsos ao ponto de pressionarem a que sejam tomadas medidas não por decisão técnica mas por "alarme social" (decisões que vão consumir recursos que depois vão fazer falta). Enfim.

Boa quinta feira!

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

É nestas alturas que ne lembro das maravilhosas aulas de motivação e comportamento humano à luz das teorias etológicas do meu querido Prof. Rodrigo de Sá Nogueira Saraiva (sim, filho do Prof. Hermano Saraiva), aliás, recomendo vivamente a leitura do seu livro "Mundos Animais, Universos Humanos".

Um dia bom na medida do possível, rica UJM

P. disse...

Ficou-me a impressão de que essa declaração de Pandemia por parte da OMS se teria ficado a dever ao facto de alguns países não estarem a tomar as necessárias precauções com vista à prevenção da propagação do Covid-19. Se assim foi, é pedagógico e oxalá esses países comecem a ter consciência da potencial gravidade da situação.
Por cá, quer o Governo (sobretudo o PM e a Ministra da Saúde), quer as Autoridades Sanitárias, DGS, Ordem dos Médicos, Hospitais (públicos), etc, estão a agir bem, sem dramas e sem alarmismos, mas com responsabilidade, proporcionando informação e dando condições ao SNS, por forma a que o mesmo possa responder às exigências que a situação viral implica.
Ontem, gostei de ver a Ministra da Saúde (que aqui já critiquei) e a DGS a responderem às diversas questões que lhes foram colocadas, bem como aos esclarecimentos que nos deram. É assim que o Estado, ou seja, quem exerce funções de grande responsabilidade no aparelho do Estado se deve comportar. Não induziram as pessoas ao pânico (como aliás o PM já o tem feito e bem), mas deixaram os alertas e chamadas de atenção que se requerem no caso vertente. E não houve precipitações no que respeita à tomada de decisões mais radicais, como o fecho de estabelecimentos de ensino, etc. Qualquer decisão deste tipo, ou de outro, por exemplo no que respeita às empresas, viagens, etc, etc, tem implicações que devem ser devidamente ponderadas por forma a evitar que, não se morrendo da doença, se venha a morrer da cura. O impacto económico que uma decisão política neste caso pode vir a ter, terá consequências que devem ser bem pesadas e pensadas.
Como cidadão, devo dizer que confio quer no Governo, quer nas diversas autoridades e agentes sanitários. E, nesse sentido, estou tranquilo. Já temo, isso sim, é alguma desresponsabilização por parte de alguns cidadãos menos atentos à questão.
Conviria, talvez, era que as autoridades chamassem à atenção para os actos de açambarcamento que já se começam a registar – eu próprio pude assistir a isso ontem ao fim da tarde, quando regressei a Cascais e tive de ir ao supermercado – e que é absurdo e irresponsável. Para além de induzir ao tal pânico que deve ser evitado.
Entretanto, há sempre uns cabotinos, como esse escriba, o João Miguel Tavares, que se põe a bolsar umas porcarias, como por exemplo dizer que esta questão será uma “prova de algodão para o PM/Costa” e outras tantas imbecilidades. Se calhar o que ele gostava era que tudo corresse mal para a tal Direita “vir salvar o País”.
Por fim, espero que o Governo, sobretudo o PM, MF e M/Saúde percebam que o SNS tem de estar melhor apetrechado, equipado, com mais recursos humanos e que tenha uma maior folga financeira, pelo menos superior àquela que o OE determinou. E apreciei ver a resposta de cerca de mil médicos (ao que ouvi), reformados, ou a trabalhar no sector privado da saúde a disponibilizarem-se para dar o seu contributo no combate e prevenção do Covid-19.

João disse...

Um gráfico (modelo) interessante para quem ainda está relutante em evitar grandes grupos de pessoas

https://pbs.twimg.com/media/ES5tza9XQAUG1L2?format=jpg&name=small

P.S., Aparentemente a fonte do modelo é idónea.

João

Anónimo disse...

...E se o pangolim chinês gosta de azeite com paratião ? Maldade de azeiteiros, olarila. Cheira-me a azeites marados. Vamos ver … SOON