quinta-feira, dezembro 05, 2019

Presentes úteis para o Natal





Nem vou falar do que foi o meu dia. Começou bem cedo e teve de tudo. E nem enumero a dimensão do que é este tudo não vá alguém ler isto e dizer: olha, mas querem lá ver...? será que a gaja também lá esteve...? Será que era aquela...?.
E não, não é paranóia minha, não senhor. Então não repararam que, no outro dia, ao contar que vi um homem lindo, alto e com um deslizar felino, conhecido de o ver na televisão, e que a namorada chegou, o beijou e mais não sei o quê... não é que apareceu um comentário a dizer que não era namorada, não senhora, era casada com ele e dava pelo nome de tal e tal...? Ou eu escrever que tinha trabalhado em tempos com um homem superior, com um sentido de humor delicioso e etc. e receber um mail a dizer: era assim, tal e qual, trabalhei com ele noutra empresa e era assim sem tirar nem pôr. E eu: puxa? fui tão explícita? caneco...
Portanto, não vou falar de como acabou o sacripanta do meu dia até porque foi coisa pública e a última coisa que quero é que alguém diga que também lá esteve e que confirme que foi como relatei excepto que a coisa não acabou ali. É que, de facto, pirei-me à papo-seco. Com um certo sentimento de culpa mas pirei-me. Arrastada pelos meus acompanhantes. Seja como for, por via das dúvidas, não relato coisa alguma. 

Bem. Com tantas horas em cima, daqui a nada quase vinte e quatro, e com tão variado programa de festas, estou como estou. Obviamente cansada, os olhos a quererem-se-me adormecer. Acresce que ando com uma em mente que me ocupa todo o tempo livre. E também não quero aqui falar disso, sorry. Cheguei ao sofá às dez e tal da noite e até agora, e já passa bem da meia noite, tenho estado de volta disso. E não quero falar porque não deve dar em nada. O meu marido é contra, não me dá o mínimo de bola e é daquelas coisas em que ou querem os dois ou chapéu. Devia era ir para a cama e deixar-me de conversetas. E sei bem, L., sei bem que este meu regime de dormir pouco não é bom. Mas é assim que o meu corpo funciona. Devia compensar, dormindo até às dez da manhã mas isso ainda não é para já. Por isso acumulo défices e isso, sabido é, traduz-se num aumento de dívida. Eu a dever muitas horas de sono ao meu corpo Sei bem. Mas pode alguém ser quem não é?

Adiante antes que caia para o lado: passo já ao que interessa. Sugestão para presentes de Natal.  Coisas úteis que darão muito jeito a quem os receber. A época é de consumo puro e duro mas podemos aliar a utilidade à gracinha.

Ora bem:

1. Esponjinhas para chorões. 

E quem diz chorões diz também choronas (como aquilo de dizer portugueses e portuguesas). Para quem anda numa onda emotiva e desata a chorar ao ler certos blogs ou a ver certos programas de televisão, antes coloca estes óculos e está a coisa resolvida.

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2. Mãozinha para aparar o sol quando se vai de passeio. 

Uma mãozinha dá sempre jeito. Pode ser para isto, para fazer a sombra, mas pode servir também para fazer um cutchi-cutchi na axila do vizinho na mesa de reuniões, para ver se tem cócegas, ou para fazer uma investida indecente -- e nem entro em pormenores, só digo que é perna acima -- no vizinho ou na vizinha no restaurante ou no cinema,  mesmo que não o/a conheça. Caso o destinatário se mostre incomodado/a é só dizer: 'não fui eu, foi ela' e mostrar a santa mãozinha.

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3. Chapéu de chuva para telemóveis.

Do mais útil que há quando se quer telefonar à chuva. Claro que no meu caso deveria usar também um para a cabeça pois andar à chuva dá-me um ar pouco civilizado, em especial porque me dá mais volume e ondulação ao cabelo. Mas os carecas -- que não têm problema com chuva no cabelo -- só precisarão mesmo de proteger o telemóvel. 

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4. Coleira para os dedos para prevenir que os do meio se arrebitem quando contrariados. 

Assim, quando se tem vontade de mandar alguém para um sítio daqueles, a gente já está segura. Aliás, corrijo: o dedo do meio até está esticado mas os do lado não conseguem agachar-se para se fingirem de saquinhos de arroz ou ajoelhar-se para prestarem vassalagem ao dedo-pirilau. Portanto, é um presente bué cristão.

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5. Espelho retrovisor para uma pessoa poder andar e, ao mesmo tempo, ir a ver-se ao espelho ou, consoante a inclinação, a ver o que se passa na rectaguarda. 

Não sei como se consegue viver sem isto. Já viu a gente ir a andar e, atrás de nós, ir um gato fogoso e a gente nem dar por isso...? Já viu o desperdício? 

Ou -- o que me acontece tantas vezes -- chegar a um lugar e estar precisada de me ver ao espelho e não dar jeito, no meio de cavalheiros que não desgrudam e que só querem falar de assuntos sérios, abrir a carteira, tirar um espelhito e rever a situação. Este espelho ao ombro resolve essa e muitas outras situações.

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6. Respirador para almofadas. 

Imprescindível. Sempre que é necessário dormir a sesta em pleno dia e uma almofadinha a tapar-nos a cara é a solução, um respirador é indispensável para evitar o sufoco e para oxigenar a beleza por debaixo. Um ovo de colombo.

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7. Rodinhas para aprender a andar de saltos altos.

Como se fossem rodinhas para aprender a andar de bicicleta, este presente é ouro sobre azul. Acresce que impede que os tacões se introduzam nos interstícios da calçada o que é uma mais-valia não negligenciável. Há é que desmistificar: não é a isto que se chama 'levar um par de patins'. Um par de patins foi o que os portugueses puseram à Cristas e é vê-la, calada e sonsa, na bancada, assistindo à extinção da espécie centrista. 

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8. Colher para quem está de dieta

E nem preciso de explicar porque é self-explaining. Os gulosos e, lá está, as gulosas, não precisam de se fustigar para ingerir menos calorias. Bastará usar esta colher que só leva metade das coisas à boca. Claro que deverá complementar a toilette com um babete ou, então, esquecer as regras de etiqueta e colocar a boca bem na direcção do prato. 

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Há muito mais ideias aqui, todas saídas da cabecinha pensadora do Matty Benedetto que conta com a colaboração de Violeta Draseikaitė. Ele, em especial, gosta de criar objectos que resolvem problemas inexistentes e isso parece-me do mais meritório que há.

A ruiva lá de cima é da perigosa raça das sedutoras e quem a fotografou foi Roeselien Raimond.

A Astanova, como qualquer Lola que se preze, atira-se ao Natal com ímpetos que não se podem confessar e dá-lhe com o Carol of the Bells num arranjo muito próprio e não sei se totalmente recomendável. É o que temos. 

Mas lindos os dois lobos brancos (embora não tanto como os do J).
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E sem conseguir agradecer comentários ou responder a mails, vou, pela segunda vez no prazo de poucas horas, sair de fininho. É que ou é isto ou daqui a nada nem consigo chegar à cama.

E um bom dia a todos, está bem?

4 comentários:

Gato Aurélio disse...

as rodas nos sapatos são um must! e muito úteis para mim que nunca consegui utilizá-los para grande desgosto da minha mãe :-)

Anónimo disse...

Toda a mulher em cima de saltos pontiaguados é um Shakespeare em procissão, suspirando uma e outra vez "How heavy do I journey on the way"... Venham as rodinhas!

Abraço,
JV

Um Jeito Manso disse...

Olá Gata,

Tudo uma questão de hábito e de ocasião. Eu tenho ambos e, portanto, geralmente uso saltos altos. Ultimamente já não tenho usado os excessivamente altos e de tipo agulha pois uma vez fiquei com um tacão preso no tapete debaixo dos pedais (o tapete não andava grande coisa, tendia a enrolar-se um pouco) e quis travar e não consegui soltar o salto a tempo... e pimbas, um toque no carro da frente. Felizmente estávamos em pára-arranca e foi coisa quase de nada.

Ao fim de semana uso ténis ou coisa do género, sem saltos. E em casa ando geralmente descalça, agora no inverno com meias.

Mas acho que uns saltos altos dão graça a uma mulher.

Agora se não se conseguiu ainda habituar, já sabe: rodinhas! O sucesso que haveria de fazer, já viu...?

:)

Abraço, Gata.

Um Jeito Manso disse...

Olá JV,

Tenho para mim que não há mulheres mais elegantes, mais coquettes, mais chiquérrimas do que as advogadas. Não sei se competem entre si, se faz parte do CV. Mas todas as que conheço são exemplares. Vestem bem, com originalidade, com muita pinta. E claro que nem sempre os sapatos altos são um must. Muitas toilettes, em algumas mulheres, pedem sapatos baixos.

Mas espero que a menina, quando desfila em grande estilo, de vez em quando o faça em cima de uns sapatinhos altos. E, claro, para complementar, pode recitar Shakespeare enquanto faz um cat walk que aí, sim, se distinguirá das suas vaidosas colegas... 😉

Abraço, JV!