Foi desde que me levantei até depois da meia-noite, com intervalo para almoço que foi na praia, seguido de passeio à beira-mar e visita aos meus pais. Mas de tal forma a minha cabeça está nisto que que nem me lembrei de levar a máquina. O mar lindo, prateado, alteroso, as gaivotas em grupo, saracoteando e cavaqueando no areal ou em dançantes voos baixos e eu, com os olhos incompletos, sem poder capturar o momento.
Mas, tirando esse pouco tempo de intervalo, o resto foi aqui de roda dos livros. O meu marido resolveu ajudar e deu um bom avanço. Mas invectivou-me, esconjurou-me, diz que eu nos meto sem trabalhos esforçados, que não havia necessidade nenhuma disto. Mas havia, sim. Agora está tudo na sequência certa, tudo bem acondicionado.
Ainda há uns quantos por aí, daqueles que uma pessoa nem sabe bem em que género encaixam ou em que companhia melhor se sentirão acolhidos.
E há os de gestão, de política, ensaios sobre diversos temas da actualidade -- Chomsky e nessa base. Penso que esses deverão ir para a estante da televisão que, não sei porquê, talvez por ser muito funda e eu aproveitar para pôr as 'peças de museu' -- como o mais crescido um dia se referiu a elas -- acaba por não dar muito jeito.
Mas estou um bocado desiludida pois queria que os livros estivessem mais à larga. A estante das biografias, autobiografias, diários, correspondências, crónicas e entrevistas está a rebentar pelas costuras. E é uma estante enorme. Mas penso que, para esta tenho escapatória. Há três prateleiras que estão ocupadas com colóquios/letras, 'egoístas'e 'ler' e que, quando o meu filho levar os livros dele, podem ir para essa estante. Mas a estante dos de língua espanhola também já está no limite. E mesmo a estante nova dos portugueses, com os que apareceram hoje, está quase sem margem. Isto deixa-me arreliada e com a firme determinação de nem tão cedo voltar a comprar livros. Não dá.
Tenho ainda que dizer que o meu marido, que acabou a faina antes de mim, chegou à noite a queixar-se das costas mas, vá lá, não especialmente furioso. Talvez por reconhecer que eu é que tenho razões para estar furiosa com ele... e não estou. Eu gosto de fazer as coisas com cuidado: tiro todas as bugigangas que estão nas prateleiras, ponho-as em lugar seguro, faço as coisas com calma. Ele não, quer fazer tudo a despachar. Resumindo, pôs uma peça de vidro no chão e, às tantas, distraíu-se e pôs-lhe um joelho em cima. Pimbas, já foste. Pior: partíu uma porta de vidro do móvel do hall dos quartos e isso, sim, é, não apenas prejuízo como uma complicação para mandar fazer uma igual. Diz que eu não a deveria ter deixado aberta. Mas juraria que não deixei. Deve é ter ficado mal fechada e com a velocidade a que anda e sem acender a luz, deve ter roçado nela e, ao abrir-se, nem sei bem como, arrancou-a das dobradiças e pimbas, já foste. Não se percebe a que velocidade teria que ir para aquilo acontecer mas também a mim, estando parada, veio o outro, que estava atrás de mim e que também estava parado, julgou que o semáforo tinha aberto para nós, e pimbas, amachucou-me o carro e partiu-me o guarda-lamas. Acontece. Paciência.
São praticamente duas da manhã, amanhã tenho que me levantar cedo --- e, upsss..., agora é que estou a sentir os músculos das pernas um bocado doridos. A ver se amanhã consigo andar direitinha.
O que concluo da jorna é que esta chatice de as estantes terem prateleiras até abaixo não dá jeito nenhum. Quem tenha casarões e possa ter estantes com fartura, pois que os livros estejam a não menos que a uns setenta e cinco centímetros do chão. É por causa das prateleiras de baixo que me doem os músculos posteriores e superiores das pernas e ao meu marido as costas. Outra coisa que concluo é que livros com formatos esquisitos, em especial, grandes formatos, são um desastre para arrumar. Por exemplo, tenho ali uns livros da Maria Gabriela Llansol com umas dimensões estapafúrdios que nem sei como arrumá-los. Outro que também vai pernoitar fora da mãe é a Obscénica. Uma bananona de um tamanhão obsceno que não cabe em lado nenhum.
Bem, vou retirar-me para os meus aposentos. Deixem ainda que refira que, à hora a que aqui me vêem, a sala está melhor do que estava quando a fotografei: há menos livros no chão ou em cima de tudo o que é sítio e as estante já estão sem interstícios livres.
Amanhã vou almoçar a um sítio onde há livrarias e faz parte dos meus hábitos de higiene (mental) ir ver o que há de novo. Mas não me aproximarei. A partir de agora vou fugir de livrarias. Os livros que descobri, com surpresa, e dos quais não me lembrava de todo deixam-me firmemente decidida a dedicar-me a eles e não a novos. Vou mas é pedir para me porem uma pulseira electrónica para, se eu entrar numa livraria, tocar uma sirene na polícia.
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A ver se amanhã acabo a arrumação e se não há novo PdS (leia-se: Ponto de Situação) pois acredito que isto seja, para vocês, uma seca à antiga. Mas, depois de tão absorvida nisto ao longo de todo o dia, percebam, por favor, que não me ocorrem outros assuntos. Sorry.
3 comentários:
É caso para dizer: Depressa e bem não há quem!
Um abraço.
Olá Francisco,
Isso mesmo. Mas não apenas para ficar uma obra asseada mas também para não se extingir depressa um prazer que é bom que dure.
Um belo domingo para si, Francisco!
PS: E o seu consultório já está pronto? E bonito?
Precisava ganhar coragem e fazer o mesmo que fez a UJM: tirar os livros todos e arrumar tudo de novo, com ordem. Vou comprando e misturando ao acaso , onde há algum espacinho, e depois não sei onde tenho nada:))
Já vi por aí alguns livros, que também tenho:))
Beijinhos e bom domingo:))
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