terça-feira, setembro 26, 2017

Tatuagens muito lindas
[E outras coisas do género]


Lá está. Pode ser que seja eu que esteja já fora de prazo. Não curto. fazer o quê? Não curto, não curto.

Quando ninguém usava tatuagens e não havia onde as fazer, queria eu ter um botão de rosa carmim sobre um seio. Depois, temendo que fosse complicado, já admitia que fosse mais acima, algures sobre o coração. Quiçá, até, entre o coração e o ombro. Depois, como já aqui o referi, temendo que, com o passar do tempo, a pele enrugasse e a rosa perdesse o viço, imaginei-a nas costas, sobre uma omoplata. Mas não sabia onde concretizar. O tempo foi passando. A minha filha ia perguntando pela rosa tatuada. O meu marido incentivava. O mais que me aventurei foi a pôr um piercing. Só um. Ainda o uso. Coisa feita em condições, tipo seringa à pressão, numa ourivesaria. Depois começaram a aparecer uns lugares para as tatuagens, uma espécie de lojecas, coisa que me parecia manhosa, pouco asseada. Agulhas, tintas... tudo aplicado por um cabeludo mal amanhado...? Ná... E o tempo sempre passando. Até que veio a moda. Tattoos para todos os gostos. Programas na televisão. Uma praga. E agora não há cão nem gato que não se pinte de alto a baixo, flausinas cheias de caveiras, letras chinesas, mensagens cifradas, malandrecos com carros de corrida, serpentes, bichos suspeitos. Ná... agora é que não é mesmo para mim.

No outro dia cruzei-me com uma mulher gorda, meia idade, vestida de garina, tshirt surreal, saia curta e justa, ténis de fantasia meio brilhantes, cabelos com madeixas cor de rosa e, claro, com uma hera com bicharada trepando-lhe pelo anafado pernão. Intuí que se achasse o máximo e, se calhar, até estava melhor assim do que antes. Tudo depende do ponto de partida. Enfim. E no outro dia descobri que um colaborador meu que costumo ver de camisa e casaco tem uns bíceps de impor respeito e, para alegrar, cobertos por artísticos desenhos. Ao deparar com tão insólita descoberta, ia comentar mas não consegui imaginar nada politicamente correcto para verbalizar. Depois ouvi outras a dizerem-lhe que tem que ir assim para o trabalho. Ele sorriu, orgulhoso do impacto que tinha causado. Pudera.

Esta imagem não tem nada a ver e eu, se tivesse juízo,
não a colocaria aqui.
(Mas hoje estou assim. Não me recomendo)

-- Um parêntesis: sigam o link porque é extraordinário --
Sobre um outro avisaram-me: 'quando estiver com ele, veja lá... controle-se...' Parece que anda apaixonado por uma colega e não se sabe se para lhe agradar ou se já é imposição dela, sendo ele careca de longa data, coisa que notoriamente lhe está no ADN, apareceu agora com um triângulo cabeludo, em preto, no alto da cabeça. Acontece que o de origem, que já está ralo, é grisalho. Parece que a coisa se faz por lotes. A urbanização, digamos assim, começa da testa para cima, e, ainda assim, deixando uns triângulos de lado. Parte da cabeça, em cima, ainda está a descoberto. A quem ficou de boca aberta a olhar para ele, consta que contou que os implantes são com cabelo dele. O meu marido, que não é bom da cabeça, quando lhe contei, disse que se calhar lhe tiram pelos do rabo e que o cuidado que ele tem que ter é que a cabeça não lhe passe a cheirar mal. Só visto. Disse-lhe 'cala-te, não digas parvoíces'. Respondeu perguntando-me: 'dizes que ele apareceu com um triângulo cabeludo no alto da cabeça e a mim é que acusas de ser parvo?'. Pois a verdade é que venho engarrafada no trânsito e perdida de riso, a rir à gargalhada, sozinha, só de pensar nisto. Se me vejo de frente para ele, não conseguirei suster o riso. Vai ser bonito.

Mas, enfim, não era sobre plantações capilares que estava a falar. Tatuagens. Tatuagens artísticas.

Estas que aqui vos mostro apareceram no 13º International London Tattoo Convention.





Muito lindos, sim senhor.

Mas eu, mal por mal, antes os das pinturas corporais que, mal tomem banho, voltam ao normal. Vide, por exemplo, estes aqui abaixo que usam o corpo como uma tela para reproduzir pinturas célebres. Também em Londres, of course.


Ia agora fazer um comentário, sugerir uma pintura (até inspirada num post de um blog aqui da galeria lateral) mas abstenho-me. Estou com o meu nível de censura interna muito baixo, ainda ia ferir algumas susceptibilidades. Parecendo que não ainda há umas virgens putativamente ofendidas que por aqui resistem e que, volta e meia, quando alegadamente piso o risco, se zangam comigo e, bolas, bolas, bolas, eu isso não quero. Portanto, calo-me já.

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Só mais uma coisa:
uma musiquinha dos meus amigos OK Go que me está apetecer entra e sair de paredes

OK Go - The Writing's On the Wall



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E pronto. É isto. E agora vou pregar para outra freguesia. Vinha para falar dos edifícios que visitei no domingo naquilo do Open House mas pus-me a falar da Melania e do doido varrido do Trump e da mão misteriosa do ex-Dirty Harry desviei-me dos meus bons propósitos. Acontece. Mas desçam que também tem graça. Kind of.