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O Henrique Raposo segundo o António Guerreiro
Nos tempos em que eu devia estar parva e que contrariava o meu marido, comprando o Expresso -- ele a achar que aquilo se tinha tornado um pasquim e eu, por inércia, ainda a manter o hábito de comprar o saco -- não conseguia ler aquele sujeitinho que gosta de se armar em MEC do subúrbio, escrevendo porcarias como se estivesse a escrever coisas engraçadas. Pensava: 'Este Expresso, de facto, só pode estar a virar um pasquim, para descer ao ponto de dar coluna em página de relevo a uma coisa como este Raposo'. E não lia. Por vezes tentava, forçava-me, aferia se não seria preconceito meu. Não era.
Nada do que escreve se aproveita: é um palerma encartado que, cá para mim, apenas agrada às sopeiras mentais que, para se armarem em pafiosas, se devotam a ler o Expresso.
No outro fim de semana, para ler a entrevista com a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, voltei a arreliar o meu marido. Ele nem lhe toca (refiro-me ao jornal). Eu não, vou de cabo a raso. Contudo, por higiene intelectual, saltei algumas coisas. E, lá está, deitei o olho à coluna do dito Henrique Raposo. Mas a indigência argumentativa, o desinteresse daquela prosa rasteira, a estupidez metodológica de trazer as teorias para o beco em que a sua mente se move, avacalhando todas as ideias em que toca, tudo isso me faz fugir a sete pés. Aquela prosa agonia.
Foi, pois, com gáudio que hoje vi nos blogs que aqui tenho ao lado referência ao belo artigo de António Guerreiro no Público que, com a sua arte e acutilância, deu o nome aos bois. Como se reconhece um fascista, ensina ele.
A partir de agora não deve haver quem se dê ao trabalho de ler aquelas porcarias que o Raposo babuja sem que, de imediato, se recorde: 'Olha, cá está o fascistazinho'.
Só uma observação. Segundo António Guerreiro, os fascistas gostam de mostrar que têm -- e passo a citar -- colhões. Diz ele: O fascista “tem colhões” e gosta de os mostrar. Isto é suficiente para definir um pequeno fascista. Pois, lamento que aí António Guerreiro tenha sido um pouco ligeiro. Eles gostam de exibir o que, de facto, não têm. Pelo menos no plural. Explico. Sabe-se que, por exemplo, Hitler só tinha um testículo (para além de um pequeno pénis retorcido). Franco também só tinha um, embora aí não fosse de nascença, parece que o perdeu. Por rigor taxonómico não devo incluir o Napoleão neste naipe mas também só tinha um. Portanto, isto de se pensar que todos os que gostam de se armar em machos-alfas são muito bem fornecidos pode ser mero empolamento auto-publicitário.
Estávamos aqui num desentendimento. Nada de jeito na televisão, eu a cirandar na net, ele a ouvir comentários de futebol. Mas a dormir. Subrepticiamente, eu esticava o braço e sacava-lhe o comando. Mal sentia, acordava e agarrava o comando. E ali ficava ele a dormir e eu a ouvir os comentários de futebol. E, meus Caros, aqueles comentários são do mais surreal que se possa imaginar. Riem, zangam-se, insinuam, repetem-se. Uma coisa do além. Até que impus a minha vontade. Pus-me a fazer zapping e deixei ficar no debate. E ele, instantaneamente acordado, todo mandão, que isso é que não. E eu também sem vontade de debate mas a não querer sair derrotada. Pus-me, então, a fazer mais zapping. Se lhe parecia ver o Láparo, a Cristas ou qualquer outro desses, logo: 'Eh pá, isso é que não'. Até que passei pela SIC Caras e estava a dar um programa chamado Passadeira Vermelha. Decretei: 'Pronto. Fica aqui.'. Ele não reagiu. Pensei: 'Agora vais ver a pastilha que eu tenho que gramar...' Ficou mesmo ali. Estava o Cláudio Ramos, uma Liliana qualquer coisa, uma de quem não me lembro o nome mas que tem uma voz meio abrutalhada e cabelo cor-de-laranja e a Luisa Castel-Branco. Pelo cartaz que aqui coloquei, vejo que faltava a Ana Marques, apresentadora por quem tenho simpatia, até pela sua querida mãe. Falavam nem se sabe bem de quê. Pois bem. Dei por mim a olhar para aquilo, estupefacta. E, para meu espanto, o meu marido também acordadinho e a olhar atentamente para aquilo. Gozei: 'Olha, olha... Quem havia de dizer... Olha a atenção dele...'. Assentiu: 'Eh pá, ainda não percebi o que é isto'. Fui eu que não percebi: 'Não percebeste o quê?'. E ele: 'Eh pá, não percebo nada: não sei de que é que elas estão a falar, não percebo nada do que dizem'. E eu: 'Mas olha, vi-te todo acordado a olhar para elas. E ele: 'Eh pá, a ver se consigo perceber alguma coisa'.
De facto. Uma maluqueira sem explicação. Não se aproveita nada.
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Passadeira Vermelha na SIC Caras
Estávamos aqui num desentendimento. Nada de jeito na televisão, eu a cirandar na net, ele a ouvir comentários de futebol. Mas a dormir. Subrepticiamente, eu esticava o braço e sacava-lhe o comando. Mal sentia, acordava e agarrava o comando. E ali ficava ele a dormir e eu a ouvir os comentários de futebol. E, meus Caros, aqueles comentários são do mais surreal que se possa imaginar. Riem, zangam-se, insinuam, repetem-se. Uma coisa do além. Até que impus a minha vontade. Pus-me a fazer zapping e deixei ficar no debate. E ele, instantaneamente acordado, todo mandão, que isso é que não. E eu também sem vontade de debate mas a não querer sair derrotada. Pus-me, então, a fazer mais zapping. Se lhe parecia ver o Láparo, a Cristas ou qualquer outro desses, logo: 'Eh pá, isso é que não'. Até que passei pela SIC Caras e estava a dar um programa chamado Passadeira Vermelha. Decretei: 'Pronto. Fica aqui.'. Ele não reagiu. Pensei: 'Agora vais ver a pastilha que eu tenho que gramar...' Ficou mesmo ali. Estava o Cláudio Ramos, uma Liliana qualquer coisa, uma de quem não me lembro o nome mas que tem uma voz meio abrutalhada e cabelo cor-de-laranja e a Luisa Castel-Branco. Pelo cartaz que aqui coloquei, vejo que faltava a Ana Marques, apresentadora por quem tenho simpatia, até pela sua querida mãe. Falavam nem se sabe bem de quê. Pois bem. Dei por mim a olhar para aquilo, estupefacta. E, para meu espanto, o meu marido também acordadinho e a olhar atentamente para aquilo. Gozei: 'Olha, olha... Quem havia de dizer... Olha a atenção dele...'. Assentiu: 'Eh pá, ainda não percebi o que é isto'. Fui eu que não percebi: 'Não percebeste o quê?'. E ele: 'Eh pá, não percebo nada: não sei de que é que elas estão a falar, não percebo nada do que dizem'. E eu: 'Mas olha, vi-te todo acordado a olhar para elas. E ele: 'Eh pá, a ver se consigo perceber alguma coisa'.
De facto. Uma maluqueira sem explicação. Não se aproveita nada.
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Momento publicitário: Moda unisexo.
Roupa cor de rosa para meninas que gostam de ser meninas e roupa azul para meninas que gostavam de ser meninos
Models walk the runway at the Pam Hogg show during London Fashion Week (The Guardian) |
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Um gato no telhado
📞 - Alô, é dos Bombeiros?
🚒 - É sim!
📞 - Ouço um miar debaixo do telhado. O que devo fazer?
🚒 - É só você tirar a telha que o bichano sai.
📞 - Tá bom, obrigadinho.
(E olha o que aconteceu...)
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Jorge Jesus, the only and only, explica que isso de ganhar sempre ou de haver sempre goleadas (não percebi bem) não existe, só na PlayStation. E não se preocupa em dizê-lo com sotaque shakespeareano
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Publicidade politicamente incorrecta
Van Heusen, 1952. ‘The world’s smartest shirts’ -- Life (Hoje completamente impensável) ----------------------------------------------------------------------------------- |
Hit the road, Jack -- pelas pouco convencionais Sweet Sisters
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E, para já, é isto.
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