segunda-feira, setembro 26, 2016

Que desassossego em Lisboa...


Começo as fotografias deste domingo pelo desassossego. Lisboa está desassossegada. Se percorrermos os caminhos ribeirinhos, as obras são omnipresentes. Lisboa, entre o Cais Sodré e Alcântara, está virada do avesso. O perfil da cidade ao longo deste eixo vai mudar radicalmente. Os passeios, que já começam a estar prontos, vão ser larguíssimos, arborizados, vai haver também uma linha de árvores a separar as faixas, as vias estão a ser estreitadas, os jardins e largos estão a ser redesenhados. Tal como o percurso entre o Terreiro do Paço e o Cais Sodré foi mudado de uma forma que trouxe instantaneamente as pessoas para a beira do rio, também estas novas alterações vão, certamente, tornar a 24 de Julho deliciosamente degustável.

As pessoas que por aqui passam todos os dias inquietam-se (para já têm razão: chegar a qualquer lado, passando por aqui, é um calvário!). Mas eu acho que, à parte estas dores de parto, uma vez as obras concluídas, vai ficar uma maravilha. A cidade está um desassossego, sim, mas cada vez mais bela, mais desfrutável. 

É certo que o preço dos edifícios por estas bandas está ao rubro, esta passou a ser uma zona premium. Por acaso, li há pouco no DN uma notícia que o confirma. Vejo isto pelo lado positivo: há cada vez mais turismo, há cada vez mais apetência pela reabilitação destes belos edifícios virados ao rio e o País precisa de tudo isto como de pão para a boca. E há a nova arquitectura que valoriza e moderniza ainda mais a baixa de Lisboa (e digo baixa porque Manuel Salgado, que tem feito em Lisboa um notável trabalho a nivel urbanístico, tem alargado a baixa, espraiando-a para a beira do rio).

De seguida, se o tempo me render, mostrarei uma série de fotografias que tentam mostrar a beleza de Lisboa neste suave domingo outonal.

Começo, pois, pelo desassossego. E, se pensam que vos vou mostrar obras, enganam-se. Mostro o desassossego mesmo. A bem dizer quase uma orgia. Vejamos.


Um prédio desocupado, grafitado.


E agora com olhos de ver, letra a letra:





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Este desenho cheio de graça passa-se na Rua do Alecrim, quase em frente da pensão do Amor e mesmo por cima da Rua Cor-de-Rosa, outra das ruas trendy desta zona da cidade -- o que ainda mais graça tem.



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E, não é por nada mas, já agora, que se achegue aqui Fernando Pessoa com o Livro do Desassossego



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Para as Linhas do Tempo queiram, por favor, descer até ao post a seguir.

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1 comentário:

bea disse...

Pois, não sei. Lisboa pode ter mudado imenso. Mas a mim que a conheço mal - mesmo só de vista -, passam-me as novidades. Gosto dela, acho que tem um ar moderno insuflado por dentro da velhice que a caracteriza.