sábado, abril 16, 2016

A fixação que o BE tem no sexo indefinido.
Depois de quererem mudar o sexo do cidadão no cartão, agora querem facilitar a mudança no próprio corpo.
Sobre a macacada do cartão já disse abaixo o que tinha a dizer mas, sobre isto de legislar para facilitar a mudança no corpo, não sei se é coisa para ser feita assim na ligeireza nem se é a coisa mais importante no país.
Se fosse à Catarina, pensava bem nesta deriva que ainda leva o Bloco uns anos para trás.


Bom. Agora que já tinha falado dos ataques de fúria que a Catarina Martins tem quando está com o TPM e daquela cena marada dos bloquistas quererem mudar o nome do Cartão de Cidadão, deixei-me estar na maior preguiça, a passear por alguns blogues, a ouvir a música deles. Boa música que descubro. Este mundo tem coisas surpreendentes, e esta das descobertas ao alcance da mão é uma delas. Depois resolvi partir para a rêverie, pôr-me para aqui a efabular, coisa entre o brejeiro e o bucólico. Estava já a ver mentalmente o filme e já me preparava para arranjar uma banda sonora e umas fotografias a preceito, estava lançada na prosa, sorrindo enquanto escrevia, em estado de fluxo, uma animação.

Mas eis senão quando ouço nas notícias que o Bloco agora quer legislar no sentido de facilitar a mudança de sexo. Parei, parei com tudo.

No meio da crise dos bancos, dos offshores, da crise em Angola e das nossas exportações para lá a caírem a pique e os emigrantes a regressarem, e de mil problemas e de mil coisas que afectam meio mundo, será que facilitar a mudança de sexo é coisa assim tão prioritária? Pergunto.

Ouvi: querem que seja possível a partir dos 16 anos e mesmo sem consentimento médico. Caraças. Uma coisa na base do levezinho. O jovem quer e toma, muda lá de sexo e não se fala mais nisso.

Um dos casos mais mediáticos dos últimos tempos
Bruce virou Caitlyn


Caraças, não é que o assunto, em si, não mereça atenção. Imagino que quem padeça do mal da indefinição ou do desajustamento do sexo sofra perdidamente mas, bolas, o que não falta é gente com problemas tão ou mais graves: os que estão acamados e sem dinheiro para pagar a cuidadores, os cuidadores que ficam quase escravos daqueles a quem cuidam, o drama dos deficientes em cidades, vilas ou aldeias sem condições de mobilidade, as pessoas que precisam de fisioterapia e não têm como pagar deslocações ou que não têm quem as acompanhe ou os prepare para irem sozinhos, as mães trabalhadoras (pior ainda se forem solteiras, divorciadas ou viúvas)  que não têm com quem deixar os filhos quando estão doentes, os desempregados sem subsídio de desemprego e sem perspectivas de arranjarem trabalho... sei lá, mil, mil problemas, mil, a carecerem de solução.

Porquê, então, esta fixação nestas questões do género? 

Uma história perturbante
Call me Caitlyn, diz o ex-atleta olímpico Bruce Jenner

Numa rápida pesquisa pela internet, vejo que a questão não deve ser vista de uma forma simplista como se estivéssemos perante uma causa fracturante, mas sim como uma patologia que carece de tratamento e cuidado acompanhamento psicológico. Veja-se, por exemplo, o vídeo abaixo para se perceber de que se está a falar, um caso em que dinheiro para lidar com o problema nunca terá faltado.


“Call Me Caitlyn” - Documentário




Não tenho conhecimentos sobre o assunto nem nunca pensei o suficiente nele para sentir vontade de me informar melhor.

O que sei, assim de repente, ao ouvir a Catarina desembestada a atacar o António Costa, ao mesmo tempo que a paródia do Cartão de Cidadão que elas querem que seja de Cartão de Cidadania por uma questão de género, imagine-se!, e logo a seguir, esta de legislar para facilitar a mudança de sexo -- o que penso é que há aqui uma questão de agendamento de temas que, a continuar neste comprimento de onda, ainda leva o Bloco para o ponto em que estava há uns anos atrás.

É que podem ser temas importantes mas tal a inoportunidade e a simultaneidade com que se lançam em assuntos deste género que a coisa tenderá, naturalmente, para a paródia. 

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Acabemos com dança: meninas para o palco, please.

Ballet Trocadero - Pas de Quatre do Lago dos Cisnes



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E queiram, por favor, descer para saberem como era eu quando estava com a TPM e, por isso, compreendendo bem o que se passou com a Catarina que ia saltando da bancada para despedaçado o António Costa à dentada. E, também, o Cartão de Cidadão, essa causa também tão razoável.


1 comentário:

P. disse...

Um Leitor mencionou a Drª Teresa Pizarro Beleza e fui ver e ela, Teresa Beleza, tem toda a razão no que respeita ao tal cartão. Porque Diabo há-de ser “Cartão de Cidadão” e pelo contrário, em vez disso, de “Cidadania” (portuguesa)? As razões invocadas por Teresa Beleza são absolutamente compreensíveis e aceitáveis. Concordo com ela e nesse sentido compreendo a proposta do BE. Fui colega de Teresa Beleza, embora estando um ano (ou 2?) atrás dela, ao que me recordo. Quanto à mudança de sexo e às questões que aqui se relevam, o que pergunto é o seguinte: “se um tipo, ou uma mulher, mudam de sexo – definitivamente – porque Diabo não hão-de passar a ser, juridicamente, mulher, ou homem, no Registo Civil? Qual é o problema? Antes os casamentos eram entre homem e mulher, hoje a questão está ultrapassada, como bem sabemos, assim sendo haverá que nos adaptarmos a estes novos tempos e se alguém muda de sexo, passa a assumir esse seu novo sexo. Deve ter esse direito. Ponto. Isto, aliás, já acontece noutros países e não oferece problemas nenhuns. Se o BE quer ir por aí, não vejo qualquer problema.
Já agora, colocaria à consideração de muitos (incluindo o BE) o seguinte: já que se mudou a interpretação, por razões de combate à discriminação de orientação sexual, no que deve consistir o casamento, porque não passar também a aceitar o casamento polígamo? Ou seja, porque Diabo uma mulher não pode casar com mais do que um homem, ou um homem não pode casar com mais do que uma mulher?
Conheço um caso em que duas mulheres se apaixonaram por um homem e ele por elas duas e ainda hoje vivem a três, com filhos de ambas e são muito felizes, lá na Província profunda, numa casa, aliás, de encantar. Ora, se àqueles lhes é negado a possibilidade de casarem, mas se aceita viverem a três, partilhando filhos, pergunto: porque não podem também eles casar? – Pelas razões que sabemos: o casamento, seja entre pessoas de sexo diferente, ou do mesmo sexo, é, sempre, monogâmico. Pois bem, dada a evolução que o conceito “matrimónio” teve, de “entre pessoas de sexo diferente”, para o que hoje foi consagrado, sem definir o sexo dos nubentes, com base no respeito da tal orientação sexual, porque não continuarmos a inovar e a ser mais “abrangentes”, irmos mais além? Choca a abolição da monogamia? E não chocou muitas mentes o casamento entre pessoas do mesmo sexo? Fica a pergunta.
P.Rufino
PS: Cara UJM, já quanto à posição da Catarina Martins sobre o Supervisor, estou – inteiramente – do lado dela. O Governador do BdP deveria ser demitido! Pura e simples! Ela e o BE têm legítimas e fundadas razões para pedirem a cabeça dele. E A. Costa terá de ter a coragem de confrontar o BCE sobre esta questão, com vista à sua demissão. É o mínimo que se pede ao PM! Daí que não acho excessiva a posição do BE, mas já acho titubeante a do Governo. É pena, pois já gosto (cada vez mais) de António Costa.