sexta-feira, janeiro 08, 2016

Marcelo de Sousa, Professor, para Sampaio da Nóvoa, Reitor: passar de cabo raso a general é coisa pouca?. Vai bem, o Zelig, vai bem.




Mais umas quantas aparições destas, em que lhe ponham pela frente alguém que o desafie, e o nosso Zelig espalha-se, mas espalha-se mesmo ao comprido.

Aquela capinha camaleonicamente delicodoce que agora achou que era eficaz durante a campanha -- e que o leva a ser mais Marisa do que a Marisa Matias quando está ao pé dela, mais de Novais do que o Paulo Morais quando se senta em frente dele, mais Tino do que o próprio quando está ao pé do de Rans -- estala facilmente. 

De quando em quando, já se tinha percebido o incómodo: quando se sente contrariado, faz um sorrisinho amarelo de quem está enfastiado mas não o quer demonstrar e depois, seguindo as tácticas do comentador Marcelo, desdramatiza, e logo, ar entre o bajulador e o quase apalermado, diz que pensa o mesmo que o adversário, que sempre tal defendeu e que o outro é apenas uma pálida imagem dele próprio. 

Mas hoje, com o Sampaio da Nóvoa, mostrou o seu lado de maria-amélia, cheio de fricote, todo iradinho, o verniz a estalar-se à força toda. Armado em superior, pôs-se a desfazer no curriculum do outro. Claro que, como toda a gente sabe, ficciona a sua própria intervenção nos factos e, se passou um ano como ministro (de onde saíu depois de ter armado uma série de trapalhadas), fala como se tivesse nascido ministro e, daí para cá, tivesse estado em todas as pastas, se fez parte do Conselho de Estado fala como se tivesse sido Presidente da República.
E por aí fora: quem o ouça, diria que acumula a experiência de um Soares, de um Sá Carneiro, quiçá até de um Che Guevara ou de um Churchill, eu sei lá -- de todos menos de Cavaco e de outros que tais (já que, vendo-o a fugir deles como foge, quase se diria que, a seus olhos, são uns sarnentos de quem quer é guardar distância).

Mas daí até falar com Sampaio da Nóvoa como se tivesse o rei na barriga --  e essa indigesta situação fosse não um meio caminho para fortes cólicas abdominias mas, sim, uma via verde para suceder ao rei das cagarras -- vai uma grande distância. De forma um bocado descontrolada, destratou Sampaio da Nóvoa como se Sampaio da Nóvoa fosse um zero à esquerda, um zé ninguém que está nisto a ver se apanha um ascensor político para Belém, só para passar sem trabalho nenhum de cabo raso a general. Sampaio da Nóvoa mostrou-se chocado com os modos e a falta de tento de Marcelo Rebelo de Sousa. E eu também fiquei. Por outro lado, do que tenho visto, Sampaio da Nóvoa tem-se mostrado um homem preparado, culto, equilibrado, recto, honrado.


Tenho cá para mim que Marcelo deve andar sem dormir há vários dias, deve andar obsessivamente a construir cenários em cima de cenários, deve ver ad nauseam as suas intervenções para ver como pode melhorar, deve pôr-se ao espelho para ensaiar como há-de parecer mais empático, mais convincente. Mas não está a ter sorte. O stress nunca foi bom conselheiro e o que se está a ver é que o catavento político, o autor de factos políticos, o tal mentiroso que o ex-irrevogável amigo denunciou publicamente, está à beira de um ataque de nervos, mostrando aos votantes que não tem estaleca para ser Presidente da República.

Temos pena mas cada um é para o que nasce -- e o Marcelo Nuno nasceu para ser actor. Mas, enfim, também não estou totalmente certa disto: parece que o único papel que sabe fazer é o de comentador bacano.

[Como professor também deve ser bom, umas aulas divertidas à beça. Mas, até por isso, acho que não seria de bom tom privar os alunos de um prof. tão maneiro]

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Para quem não se lembra bem daquele momento brilhante da história do entretenimento em Portugal, aqui deixo, uma vez mais este hit onde o irrevogável Paulinho desmonta a celebérrima mentira da vichyssoise:

Paulo Portas assassina publicamente o carácter de Marcelo Rebelo de Sousa: de mentiroso até filho do diabo, passando por não-confiável, valeu tudo.



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Os dois últimos cartazes provêm do blog We Have Kaos in the Garden. O lá de cima fi-lo eu, a ver se dou uma ajudinha ao Rei da Vichyssoise. Claro que este meu contributo é pro bono, para não encarecer a campanhazinha baratinha do Rei da sopa fria de alho francês.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela e divertida sexta-feira. 

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6 comentários:

Carlos disse...

O Marcelo, enquanto académico, é brilhante.

Anónimo disse...

Concordo inteiramente com o que aqui diz, UJM. Vi o debate e sorri-me. Sampaio da Nóvoa conseguiu o que até agora ninguém tinha conseguido: fazer cair a máscara de Marcelo. O pantomineiro não é consensual, nem aceita ser confrontado. Aliás, confrontado com um oponente bem preprado e capaz de usar as suas contradições como arma de arremesso, Marcelo transfigura-se e mostra afinal a sua verdadeira imagem, aquilo que ele é: arrogante, armado em superior, incapaz de aceitar uma crítica, impreparado, desleal no confronto, malcriado, mentalmente pequeno, uma triste figura. No fundo, Marcelo revelou-se aquilo que sempre foi (mesmo que o patético Ricardo Costa do Expresso e da SIC pense o contrário, naquelas elocubrações de que gosta de fazer), um comentador de pacotilha, um manipulador de opinião, um aldrabão político. Mas, o debate provou que se Marcelo até ao momento ainda não tinha mostrado a máscara foi porque nunca receou os anteriores oponentes, adversários. Ele sabia ao que vinha, ou seja, que Sampaio da Nóvoa é aquele que mais o incomoda, é o candidato que ele mais receia. Duvido que tenha o mesmo comportamento como Maria de Belém (sobretudo depois daquela sua, dela, “boutade” dos Presidentes estrangeiros, visitantes ao nosso país, irem “gramar” uma qualquer refeição num lar de idosos). A ver vamos no que isto vai dar até ao dia 24. Mas, começo a acreditar que o caminho até Belém de Marcelo poderá afinal vir a ser uma encruzilhada mais difícil do que o marau imaginava.
P.Rufino
PS: por falar em SIC, que é feito da excelente jornalista Ana Lourenço? Evaporou-se? Foi dispensada? Mudou de vida? Tenho saudades da sua presença jornalística, confesso.

FIRME disse...

Afinal tudo parece caminhar para um "FINAL"empolgante...Os acólitos de Marcelo esperando no cais das colunas,que o dito regresse da "banhada"...Henrique Neto ,disfarçado de "capeta" rindo e pulando de raiva.Mariazinha Roseira,de lençol de banho na mão com cheiro intenso a "NAFTALINA",para disfarçar o intenso cheiro a MOFO...Finalmente o Tino de Rans,com um "Sapo"na mão ,para ele engolir...Mas ele não vinha!!! Nadou,nadou,nadou falando sozinho:vou até Alcácer que vir...Regresso numa manhã nevoeiro ! Nós,cá te esperamos !!!QUE ASSIM SEJA...

Anónimo disse...

Viva, UJM!

Também achei que o Marcelo esteve muito mal (e tenho vindo a gostar mais do Nóvoa nas suas últimas aparições, parece-me que está muito melhor, se bem que aquela história de ser um "presidente de causas" é uma coisa que não cabe na cabeça de ninguém... não se está a candidatar para ser órgão executivo ou legislativo, o que o Presidente pode fazer, coitadito, é chamar a atenção para causas, mas isso é o que têm feito todos, pense-se no Cavaco e nas suas Cagarras ou no papel comercial do BES que tanto quis que os portugueses comprassem).
De facto, correu-lhe muito mal o debate, até porque ele só tem de aparecer, falar sem dizer nada (como o Nóvoa o acusou de fazer, mas que me parece ser comum aos dois) e mostrar-se simpático... aqueles esgares que ele fez quando o Nóvoa lhe dizia qualquer coisa, aquele sorriso amarelo... é dar tiros nos pés sem necessidade nenhuma (bom, ficamos, pelo menos, a saber com o que contamos, o que é bom para quem achava que ele era só o professor/comentador boa onda amigo da Judite). O Nóvoa teve toda a razão quando disse que pessoas como o Marcelo que andam anos e anos a dizer que a política se tem de abrir a pessoas novas, vindas de fora, da sociedade civil, não podem vir criticar alguém com argumentos do tipo "o senhor quer passar de cabo raso a general" quando aparece alguém que, de facto, vem de fora.
Caíram ainda pior as considerações do Marcelo, que é um homem rico, sobre o facto de o Nódoa receber donativos, que são até uma expressão democrática da participação dos cidadãos que acreditam num projeto, numa candidatura política e querem ajudá-la, querem assumir esse seu apoio. Foi um daqueles comentários maldosos e mesquinhos, como o Marcelo sabe fazer como ninguém.
E aquela mania de negar as evidências, quando o Nódoa lhe leu algumas das suas afirmações, também é outra difícil de engolir... Mas qual era o mal em assumir aquela afirmação sobre privilegiar demasiado a escola pública sobre a privada: ele é de direita, é normal que seja mais favorável a uma maior abertura do ensino aos privados, o que, em teoria, e na prática (se for bem feito, dando subsídios às privadas equivalentes apenas ao custo da escola pública com cada aluno, sujeitando as privadas a frequente fiscalização), não tem mal nenhum, pelo menos na minha opinião (acho que nunca pode é deixar de haver um sistema público forte, abrangente, suscetível de acolher todo e qualquer aluno que queira nele ingressar em condições de igualdade, dentro do possível e razoável).

Boa 6ª feira!
JV

Um Jeito Manso disse...

Grande comentário JV! De vez em quando desaparece mas quando 'dá as caras' é em grande estilo! Fico sempre contente quando a revejo.

Espero que esteja tudo bem consigo e os estudos prossigam bem! Vai ser uma jurista de mão cheia, é o que lhe digo.

Um abraço!

Um Jeito Manso disse...

Olá Firme,

Gostei de ver reaparecer o seu bom humor e a sua opinião implacável. Sempre pronto para a luta!

Um abraço.