quinta-feira, dezembro 24, 2015

Polícias, ladrões, gestores, criminosos, vítimas. O capitalismo desregulado. Os riscos de se ter gente estúpida em lugares de decisão.


1. O Banif foi ao ar, ninguém agiu enquanto era tempo, apesar da troika aí estar a fazer testes de stress, a obrigar a reforçar capitais próprios e a provisionar tudo o que cheirasse a imparidade -- e agora têm que ser os contribuintes a pagar. E, como uma parte significativa dos cidadãos não paga impostos directos, terão que ser sobretudo os que os pagam que terão, cada um, que arcar com mais uns milhares de euros para que a confiança no sistema financeiro não desabe de vez. O orçamento rectificativo é para isto: para despejar mais uma pipa de massa lá para dentro, para que o Banif não estoure estrondososamente, causando um abalo que, à partida, seria difícil de estimar.

Tinha sido o BPN, o banco de PSDs (em particular dos da linha cavaquista), depois foi o BES, o banco do regime, agora é o Banif, o banco dos PSD Madeira e quejandos. Sorvedouros de dinheiro, de credibilidade, buracos negros que devoram dinheiro que não lhes pertence.

Nunca há dinheiro para nada: nem meia dúzia de euros para os pensionistas, nem mais uns meses de subsídio para os desempregados, nem mais apoios para o ensino artístico, nem tão pouco para os estudantes do ensino especial, para ter mais meios no Serviço Nacional de Saúde. Para nada. Uma penúria. Para tudo o que tenha a ver com pessoas, especialmente para quem mais precisa - aí é preciso ratear, que o dinheiro não chega para tudo e toda essa ladaínha que entoam os que gostam de ser enganados e papagueiam de gosto a reza que lhes encomendam. 

De facto o dinheiro não chega para tudo. De acordo com as regras monetárias e contabilísticas, o dinheiro é um recurso finito. Não chega, pois, para tudo. Mas chega sempre, e em primeiro lugar, para meter dinheiro nos bancos ou para pagar juros agiotas em contratos assinados com os pés.

O dinheiro das poupanças das pessoas em vez de ser aplicado na economia real (porque, dito de forma absolutamente simplista:  o dinheiro dos depósitos não está parado, fechado em caixas nos bancos: é emprestado a quem precisa e pode pagar juros), é usado para tapar buracos, pagar dívidas acumuladas - sei lá. 
É que, no caso do Banif, nem consigo perceber bem o que aconteceu pois, tendo já sido parcialmente 'resgatado' e estando supostamente debaixo de vigilância estatal (já para não falar no Banco de Portugal e demais instituições de regulação e/ou auditoria), é difícil perceber como atingiu este estado de depauperação.
Mas uma coisa é certa: acho que não se pode continuar a esmifrar continuadamente os contribuintes sem que ninguém seja punido.

Se um desgraçado qualquer assaltar uma carrinha com dinheiro, leva anos de prisão. Mas se forem uns quantos que -- uns por incúria, outros por má fé, outros por omissão e outros de oportunismo político -- provocam um assalto às poupanças dos contribuintes que, no conjunto ascendem a milhares de milhões, aí parece não haver problema de maior. E isto tem que ter um fim. Já chega. Espero que tenha sido a última vez que esta porcaria aconteceu, a última!
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Um vídeo sobre o BANIF com quase três anos mas cuja visualização se recomenda.


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2. Volto ao Banco de Portugal. Um Leitor, em comentário lá mais para baixo, trata-me como se eu fosse atrasada mental (e, repare o Leitor, não digo que não sou; mas, se for, se calhar isso tem efeitos diferentes do que esse Leitor julga) e, querendo isentar de culpas o Governador do Banco de Portugal, pergunta-me se a culpa é do ladrão ou do polícia que o deixa roubar.

Claro que a responsabilidade é sempre, em primeiro lugar, do ladrão. Está respondido.

Mas faço eu agora uma pergunta: para que servem, então, os polícias se deixarem os ladrões roubar? Pior, se assegurarem que está tudo bem e induzirem em erro os donos do dinheiro? E se deixarem, continuadamente, os ladrões roubarem, uma e outra vez e outra vez?

Mais: sabe das condições de excepção com que são remunerados os funcionários do BdP? Sabe das instalações excepcionais em que se instalam? Presumo que nem lhe passe pela cabeça. Têm, além do mais, um estatuto que os protege da austeridade. Pode o País estar a amargar, com o cinto apertado, que eles continuam a viver no paraíso. E para quê? O que é que eles estão ali a fazer, se os bancos caem como tordos e eles não conseguem agir atempadamente?

Não sei como pode uma instituição alcandorar-se acima do comum dos mortais, tornando os seus funcionários seres privilegiados a todos os títulos (benefícios, impunidade, etc). Nem sei como pode uma instituição provar, à saciedade, a sua irrelevância no desempenho das responsabilidades que lhe estão cometidas e escapar incólume. Ou seja, não sei como pode continuar impune o BdP se reiteradamente não consegue assegurar qualquer regulação.

(E isto independentemente de se julgarem os ladrões, bem entendido)

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3. Nos contratos de manutenção de instalações ou de equipamento, por exemplo, há uma modalidade que se designa por 24x7 e que custa, geralmente, um balúrdio: é quando se obriga a que haja assistência 24 horas por dia, sete dias por semana -- que será ainda mais cara se for imposto que o tempo de intervenção seja reduzido. As empresas fogem disso. Paga-se muito e pode não ser preciso. Em alternativa, é usual recorrer-se a modalidades mais em conta: pagar prevenção. Paga-se para que, em caso de necessidade, as pessoas em prevenção intervenham rapidamente. Pode também nem haver isso: se o que está em causa forem bens pouco críticos, espera-se por segunda-feira. Por exemplo, se estivermos a falar de manutenção de aparelhos de ar condicionado em locais em que não há pessoas ou bens perecíveis, pode não ser grave se não se reparar durante o fim-de-semana. 

Mas quando o que está em causa é a vida humana, aí toda esta conversa pura e simplesmente não se aplica. Uma vida perdida é uma perda irreparável.

Quem toma decisões levianas que assentam em poupanças como as que descrevi e que implicam o risco de perda de vidas é não só incompetente, nem só um gestor completamente estúpido: é alguém perigoso, é alguém de quem há que ter medo, muito medo.

E se alguém, aqui chegado a este ponto do texto, estiver a pensar 'era bom que houvesse... mas não há dinheiro para tudo', então volte à casa de partida e, se faz favor, recomece a leitura deste post.

Mas o que se passou com a morte inacreditável do jovem David Duarte é ainda pior que isso.


Não tinham ninguém no local, não tinham ninguém de prevenção. E, pelos vistos, não tinham também ninguém com um mínimo de sentido de responsabilidade.

Se na minha empresa, na minha área, houver um problema durante o fim-de-semana, apesar de não haver ninguém lá ou de prevenção, o mínimo que eu espero é que alguém me informe e, avaliando eu o impacto do problema, se achar crítico, logo arranjo maneira de que alguém o resolva atempadamente. Já aconteceu de madrugada, ao sábado, ao domingo, à hora que for. Não descanso enquanto a coisa não estiver resolvida. Se necessário for, vou para lá. E isto não estando eu a lidar com a vida de pessoas.

Ora o que eu pergunto é se, no caso do David, não houve uma única pessoa que se desse ao trabalho de tomar uma decisão capaz de salvar a vida daquele rapaz, ou convocando a equipa ou transferindo-o. Ninguém se incomodou, ninguém quis saber? Limitaram-se a esperar por segunda-feira, como se o David fosse uma máquina que, se se avariar de vez, avariou? Viram que o seu estado se estava a agravar, a agravar irremediavelmente, e não estiveram para se maçar? Ninguém esteve para se maçar? Foi isso?
No fim, quando vieram os médicos, não vieram para o tratar mas para lhe retirarem os órgãos. 
Digo isto e tenho vontade de chorar. De raiva; e de imaginar a dor imensa dos que o amavam; e de impotência; e de incompreensão; e de pena. Tanta pena, tanta, tanta.

Como se pode aceitar isto?

É que, aqui, não são só as decisões criminosas de rapar os custos até ao limite da morte: é também um desmazelo, um desinteresse pelos outros, uma negligência impensável, imperdoável.

De notar que, sem saber o que se passou, não estou a apontar o dedo a ninguém. Uma colega minha é mãe de filhas enfermeiras. Conta-me dos horários que as miúdas fazem: horas e horas a fio, turnos, bancos, horas e horas sem dormir. Uma violência. Sujeitam-se a tudo. Estão a recibo verde há anos e têm medo de até isso perder. Devem trabalhar no limite da exaustão. Por isso, não posso, sem saber o que se passou, dizer: os enfermeiros não foram capazes de agarrar num telefone e ligar para os médicos? Ou para a administração? Se calhar estão cansados, se calhar têm medo de ficar mal vistos, de perder o emprego. Não sei.

Mas sei que alguém deve ser responsabilizado: ou o anterior ministro, ou o anterior primeiro-ministro, ou a administração do S. José, ou várias administrações, ou a pessoa A ou a pessoa B -- desde que as pessoas A ou B não sejam, elas próprias, também vítimas desta máquina infernal.

Mas que os inquéritos, de forma expedita e séria, apurem responsabilidades porque, certamente, há responsáveis de vária ordem na morte do David - e eu, se fosse da família dele (e reparem que nem fui capaz de dizer 'se fosse a mãe dele'), não descansava enquanto não fossem todos condenados. Todos.

E acabo de ler que, antes de David, quatro outras pessoas morreram pelas mesmas razões. Apetece-me gritar, tal a angústia que sinto. Como é isto possível? Como toleramos isto? Como?

Eu não tolero. E, se agora me aparecesse à frente uma das várias pessoas que, por terem decidido ou por se terem calado ou por terem deixado andar, foram corresponsáveis pela perda destas vidas, acho que lhe ia à cara.
Mas, desgraçadamente, isso apenas atenuaria a minha raiva. Não traria de volta os que, indefesos, morreram à mão dos criminosos.
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[Dada a natureza desde texto, especialmente no que se refere ao último ponto - que me tem feito muita, mas mesmo muita, impressão -, este post, excepcionalmente não tem ilustrações nem música. Vai rodeado de sombra e de silêncio.]

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9 comentários:

Anónimo disse...

Cara UJM,
Pensei em juntar um comentário ao que aqui diz neste seu Post, mas depois de o reler achei que não valia a pena. O que diz faz todo o sentido e assim sendo está dito. Nem mais!
P.Rufino

Pata Negra disse...

venho aqui, em nome da velha amizade blogosférica, desejar-te Boa Noite e uma ano novo cheio de propriedades..

Luis disse...

diz tudo ,a que junto a minha indignação ,como e possível acontecer esta tragédia ?
feliz Natal.

Anónimo disse...

"2. Volto ao Banco de Portugal. Um Leitor, em comentário lá mais para baixo, trata-me como se eu fosse atrasada mental (e, repare o Leitor, não digo que não sou; mas, se for, se calhar isso tem efeitos diferentes do que esse Leitor julga) e, querendo isentar de culpas o Governador do Banco de Portugal, pergunta-me se a culpa é do ladrão ou do polícia que o deixa roubar.

Claro que a responsabilidade é sempre, em primeiro lugar, do ladrão. Está respondido.

Mas faço eu agora uma pergunta: para que servem, então, os polícias se deixarem os ladrões roubar? Pior, se assegurarem que está tudo bem e induzirem em erro os donos do dinheiro? E se deixarem, continuadamente, os ladrões roubarem, uma e outra vez e outra vez?

Mais: sabe das condições de excepção com que são remunerados os funcionários do BdP? Sabe das instalações excepcionais em que se instalam? Presumo que nem lhe passe pela cabeça. Têm, além do mais, um estatuto que os protege da austeridade. Pode o País estar a amargar, com o cinto apertado, que eles continuam a viver no paraíso. E para quê? O que é que eles estão ali a fazer, se os bancos caem como tordos e eles não conseguem agir atempadamente?

Não sei como pode uma instituição alcandorar-se acima do comum dos mortais, tornando os seus funcionários seres privilegiados a todos os títulos (benefícios, impunidade, etc). Nem sei como pode uma instituição provar, à saciedade, a sua irrelevância no desempenho das responsabilidades que lhe estão cometidas e escapar incólume. Ou seja, não sei como pode continuar impune o BdP se reiteradamente não consegue assegurar qualquer regulação.

(E isto independentemente de se julgarem os ladrões, bem entendido)"

Fico muito feliz que não se tenha esquecido de mim...
No entanto, nunca a tratei por atrasada mental apenas expus o que penso da sua forma de pensar e do seu olhar sobre as coisas. Sei que é uma chatice não a bajular nem elogiar com floreados os seus textos (dizer que escreve como Balzac e outras coisas) mas o meu espírito crítico não mo permite.

Eu não disse nunca que a responsabilidade dos polícias não deva ser apurada...
Estranhei a ferocidade com que atacou o (anterior claro está) Estado.
Estranhei a rapidez com que o seu adorado PS (partido que bajula de uma forma absurda de cada vez que tecla sobre política) decidiu resolver o caso e disparar balas no bolso dos contribuintes para resolver o assunto...

Estranho que você ataque tanto o Banco de Portugal quando este a partir de 2002 pouco poder tem face ao Banco Central Europeu.
Estranho que achincalhe tanto os trabalhadores do Banco do Portugal quando lá trabalhou tantos e tantos e tantos anos um senhor chamado Mário Centeno, conhece?
Aquele que você diz que não há pai para ele...
Aquele que escreveu um paper a dizer que é uma burrice (porque o é) aumentar o salário mínimo porque se traduzia num aumento de precariedade para esses trabalhadores e que quando sentou o rabinho no cargo de ministro das Finanças fez exactamente o que criticava...

E podia dissecar mais o assunto mas como disse o Bruno Nogueira à Margarida Rebelo Pinto "você cansa-me muito"...Vou abster-me de comentar e de ler o espaço pois a sua ideologia de palas nos olhos de seguir como uma ovelha o PS tolhe-lhe o espírito crítico de conseguir ver mais além...
Até já li que a Ana Gomes não deixaria sair Paulo Portas inteiro do estúdio...
A sério? A Ana Gomes? A pessoa que diz que é necessário indigitar um governo rapidamente por causa do terrorismo? Haja limites para a decência...Era com argumentos deste calibre que ela o destruía?

Credo...
O que me choca não são as conclusões erradas que tira, é haver tanta gente a dar-lhe palmadinhas pelo que escreve...

Um Jeito Manso disse...

Ora bem, Caro Anónimo,

De tudo o que diz apenas acho que vale a pena referir que nunca achincalhei os trabalhadores do Banco de Portugal. Apenas digo que a liderança de Carlos Costa é lastimável. É aquilo de 'um fraco rei faz fraca a forte gente' -- que não sei se foi a Margarida Rebelo Pinto que disse numa entrevista ou se foi o Camões.

De resto, se não gosta do que por aqui lê tem bom remédio, é não voltar cá. Mas se gosta e lhe apetece fazer de conta que não gosta, também está bem, não levo a mal. E se ainda não gosta porque estranha, então vá insistindo para ver se se lhe entranha.

De resto, se me permite, apenas um conselho: vá tratando de arranjar um cão. Ou um gato. Para lhe fazerem companhia, quero eu dizer. É que os apoiantes do Paulo Portas ou do Carlos Costa vão rareando e, não tarda, vai ver-se sozinho.

E sorria... esse ar sisudo é completamente maçador. "Credo..."

Anónimo disse...

Você não achincalhou os trabalhadores?

Bom...Há formas mais directas ou indirectas mais agressivas ou passivo-agressivas de o dizer...Mas indagar sobre as condições de trabalho que os protege da austeridade e deixar no ar a pergunta de que não fazem nenhum eu diria que tende para o achincalho mas isto sou eu que sou só parvo e solitário a precisar de um cão ou um gato...

Sabe qual é a vantagem de ser apartidário e estar resolvido no que toca a ideologias e informado no que a Economia toca? É que eu defendo ideias e não defendo o político A ou B como você. Eu "adoro" a vossa (dos partidários) faca aguçada para um lado e a vassalagem patética (a ponto de dizer que o Costa é um homem inteligente se bem que a inteligência tem várias formas e até Hitler era inteligente) para o lado que vos convém...

Mas há-de dizer-me em que altura é que eu falei bem do Carlos Costa ou do Paulo Portas...

Se gosta tanto de socialismo talvez deva olhar para exemplos tão belos como a Venezuela, Rússia ou China e ver que aquilo não resulta bem (sendo que a Rússia e a China já desistiram)...Se olhar para a Finlândia verá que financeiramente estão a dar o estoiro, se olha para a Suécia verá um baby boom e uma bomba-relógio de muçulmanos a florescer naquele país completamente desprovidos de cultura e identidade europeia e as consequências sociais que isso acarreta.

Noruega? Aconselho-a a ver este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=8YOFJRhCgBc

A Dinamarca vai-se aguentado e tem neste momento uma mudança de paradigma para um governo mais conservador.

Mas se estes exemplos práticos não lhe chegam leia o 1984 e o Animal Farm para ver o paraíso orwelliano da imposição da igualdade e do poder da propaganda socialista...

Mas calculo que isso não entre na sua cabeça de classe média forte, de achar que a Catarina Martins sem franja já é inteligente, de ter colaboradores que ganham 1800 brutos e não têm a mesma responsabilidade dos coitadinhos dos médicos...

Enfim olhe, o governo anterior era mau é verdade...Passos Coelho e Portas eram fortes com os fracos (portugueses para não serem piegas) e eram tolhidos e cãezinhos com os fortes (vassalagem a Merkel e Banco Central Europeu) mas não tenho saudades dos governos socialistas...Sei bem o que se passou no caso Lena...Conheço os cantos à casa bem demais...Conheço a hipocrisia de um partido que tem como bandeira o socialismo e o Estado Social e depois utiliza o lobby e cria constantemente vacas sagradas do Estado com pesadíssimos ordenados e pensões...

Como todos em Portugal: "Este governo não cairá porque não é um edifício, sairá com benzina porque é uma nódoa." o grande e sempre actual Eça.

Ah, aconselho-a a conhecer melhor as realidades de Portugal e sair do seu pedestal para compreender o que se passa à sua volta...Nem faço ideia mas deduzo que seja daquelas pessoas com a "sorte" de viver de Coimbra para baixo nomeadamente perto da capital onde o interior e o Norte são vistos como partes esquecidas de Portugal que a ninguém interessam...

Vou embora, mais nada tenho a acrescentar e não se preocupe que mesmo com a vida dando-me limões ou chocolates eu sorrio sempre :)

Um Jeito Manso disse...

Pois é, Caro Anónimo, bolo de chocolate merengado com um toque de limão é uma bela iguaria. E Orwell é cá um dos mês, amplamente citado por estas bandas. O Triunfo dos Porcos (ou A Quinta dos animais) foi várias vezes aqui referido, contextualizando-o eu no ambiente do governo lapariano.

De resto, aqui um novo conselho: deixe de ser tão literal, aprenda a cultivar e a apreciar a ironia. Vejo-o ensimesmado. Olhe que a vida assim deve ser uma canseira. Ria-se mesmo, ria-se com gosto, essa coisa dos parêntesis precedidos dos dois pontos não chega. Da próxima, escreva com um sorriso nas palavras. Tanta agressividade para quê? Aborrece-o que eu veja o mundo de uma maneira diferente da sua? Mas então que é da tolerância para com as diferenças? Faça um esforço, vá lá, o ano está quase a acabar, tente que 2016 seja para si um ano mais feliz, tente ser generoso para com os pobres de espírito como eu. Vá lá...

E tenha um belo dia, cheio de sorrisos.

Anónimo disse...

"Pois é, Caro Anónimo, bolo de chocolate merengado com um toque de limão é uma bela iguaria. E Orwell é cá um dos mês, amplamente citado por estas bandas. O Triunfo dos Porcos (ou A Quinta dos animais) foi várias vezes aqui referido, contextualizando-o eu no ambiente do governo lapariano."

Prefiro Petit gâteau de chocolate negro com sopa de frutos vermelhos mas obrigado pela dica!

É dos "sês"? Desconhecia as suas raízes alentejanas xD
Mas isto se calhar sou eu que sou demasiado "literali" :P

Bem apanhada essa do Animal Farm para o governo do PPC e do PP já que o Animal Farm visa a crítica ao (rufar dos tambores).....Socialismo!

Pena tenho que a autora não reconheça as fragilidades do partido que tanto, orgulhosamente defende...Que só veja os socialismos errados de laranja mas não de rosa.

"De resto, aqui um novo conselho: deixe de ser tão literal, aprenda a cultivar e a apreciar a ironia. Vejo-o ensimesmado. Olhe que a vida assim deve ser uma canseira. Ria-se mesmo, ria-se com gosto, essa coisa dos parêntesis precedidos dos dois pontos não chega."

Cultivar e apreciar ironia? Bom, eu até sou acusado várias vezes de ser sarcástico em demasia...Gosto de Monty Python, Gato Fedorento e outras coisas. Mas adapto as minhas características ao meio sabe? Se me nota ensimesmado penso que é natural quando existem assuntos que requerem a minha reflexão será normal eu adoptar um tom mais neutro.

Eu peço desculpa se o meu smile não lhe chegou. Não sou muito de transcrever os risos com interjeições estilo: ihihih ou ehehehe ou ahahaha ou à brasileira rsrsrsr. Podia no extremo colocar um ficheiro áudio numa hiperligação do meu riso e partilhar o link com a autora mas às tantas, digo eu, que isso seria ser demasiado "literali" :)

"Da próxima, escreva com um sorriso nas palavras. Tanta agressividade para quê? Aborrece-o que eu veja o mundo de uma maneira diferente da sua? Mas então que é da tolerância para com as diferenças?"

Agressivo? Bom, eu acho que nunca fui propriamente rude no sentido de má educação mas sou capaz de reconhecer que se calhar às vezes excedo-me para demonstrar a minha posição e para tirar gatos de uma árvore em vez de subir à árvore para tirar o gato uso bazucas para deitar a árvore abaixo. Mas olhe perdoe-me por não usar palavras mais cor-de-rosa e não ser dos "sês" :)

Não me aborrece que veja o mundo de forma diferente do meu mas aborrece-me a arrogância e prepotência patente nas pessoas socialistas (e em especial nas partidárias) tratando quem pensa de forma diferente como estúpidos ou desonestos. Repare, eu critiquei a sua forma de analisar as coisas e você extrapolou logo a dizer que eu gosto do Carlos Costa e do Paulo Portas. É a forma socialista de ver o mundo: ou são todos igualmente bons ou todos igualmente maus porque não pensam como eles.

Eu serei tolerante pelas diferenças dos outros quanto a tolerância que eles tenham para comigo. Eu só acho que a autora se acha demasiado bem informada e resolvida no que toca a ideologias (mas se calhar é mal universal e não só seu) e embandeira por uma linha de raciocínio ( na minha humilde opinião) muito floreada e musical mas pouco coerente. E gosta de alfinetar de "quasi" acéfalo quem não é dos "sês" :)

"Faça um esforço, vá lá, o ano está quase a acabar, tente que 2016 seja para si um ano mais feliz, tente ser generoso para com os pobres de espírito como eu. Vá lá...

E tenha um belo dia, cheio de sorrisos."

Aqui tenho de reconhecer que foi muito inteligente na forma como terminou. Deixa em aberto de forma ambígua se você é que é pobre de espírito ou se você é que é generosa com os pobres de espírito. Gostei! Mesmo não sendo dos "sês".

Bom ano de 2016 para si também e desculpe se fui demasiado "literali" nalguma coisinha :) (lá estou eu com os parêntesis e os dois pontos. Que besta...!)

Claudia Sousa Dias disse...

O quê? Só vieram para lhe retirar os órgãos? Mas que raio de espécie de matadouro é que se transformou o país?