Não é a primeira vez que falo da Praia do Castelejo. Mas volto a ela na esperança de que os que já leram sobre esta praia me absolvam e, sobretudo, de que os que não a conhecem, tentem ir um dia até lá.
Ao escrever isto, lembrei-me de um amigo meu que uma vez me disse que tinha conhecido um lugar lindo, deserto, um bocado de paraíso, mas que não dizia qual era para continuar a ir para lá sem correr o risco de não ser o único. Assim quase tenho eu vontade de me manter em segredo... (estou a brincar...)
Relembro praias em França, a de Saint-Malo, por exemplo, a que tenho muita vontade de voltar porque é um lugar muito especial, ou a de San Sebastián, outra cidade que trago sempre na memória como uma daquelas onde poderia viver, ou as praias de Itália, daquela costa em que o mar é verde e em que as casas de um colorido dourado descem suavemente até à costa, ou mesmo as praias junto dos Picos da Europa, carregadas de iodo, de limos, de frio. Ou outras, tantas outras.
Por exemplo, Tróia. E o Portinho da Arrábida. E mesmo as vastas praias da Costa. E as de Lagos, a da Meia-Praia, Porto Mós, belíssimas. Ou todas aquelas praias até Sagres. Mas, de todas, todas, é o Castelejo que elejo como a melhor praia que até hoje conheci, a mais bela, aquela onde me sinto melhor, onde o mar, o cheiro, as arribas, a natureza em estado puro, tudo, tudo, me arrebata.
Já uma vez descrevi a melhor forma de ir para esta praia e gostar dela. Não se deve ir com maré cheia, por exemplo. E há um lugar que é melhor do que o outro. Está aqui, caso queiram ver.
Não há praticamente ninguém na parte da praia para a qual vamos. De vez em quando lá passa alguém caminhando pela beira de água e que logo desaparece de vista. A vista é deslumbrante. O mar é batido, a água de uma transparência absoluta, das rochas vem um cheiro a mar, a algas, a limos. Atrás de nós há um volume imponente, rochoso, belíssimo. Não há vento, apenas há o som do mar. Somos nós e a natureza na sua forma selvagem, intocada. Nós, como se tivéssemos todo o tempo do mundo, como se toda esta beleza estivesse reservada para os nossos sentidos.
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Tomás Galindo diz, de Pablo Neruda, Oda al mar
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A música é Sirènes, de Nocturnes, composto em 1898 - 1899 por Claude Debussy, interpretada pela Orchestre National de France e pelos Chœurs de Radio-France conduzidos por Jean Martinon.
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