domingo, outubro 12, 2014

A coragem das mulheres curdas quando tudo arde. Kobane pode cair mas o sorriso de Amir e de tantas outras perdurará para sempre.


No post abaixo falo de mais uma maratona de coxos, marrecos, manetas e ceguetas. Não me refiro a portadores de deficiências físicas que isso não seria grave mas mentais (o que é grave porque, não conscientes das suas limitações, se armam em ministros). Reunidos desde manhã até às tantas da noite, pensam que governar o país é sinónimo de andar às marteladas, à maluca, nos números. Assim se está a fazer o OE 2015. Junto uma piada que um Leitor me enviou para a coisa ficar mais composta. E termino em beleza, com um vídeo recheado de situações desastrosas, quase de gargalhada.

Mas isso é a seguir a este post. Aqui, agora, a conversa é séria. E eu, confesso, evito falar de coisas que me assustam ou que me doem. Receio desvirtuar a gravidade do assunto com a minha imperícia literária. Mas, às vezes, corro o risco pois não falar parece-me cobardia.

E é também de cobardia que aqui quero falar.






A política externa dominante neste mundo tem andado de calamidade em calamidade.

O mundo tantas vezes nas mãos de gente canhestra, mentirosa, estúpida, gananciosa. Provas forjadas, cobardias, uns a fecharem os olhos, outros a lavarem as mãos.
Pela vil ganância de alguns, quase invariavelmente com as mãos sujas de petróleo ou de armas, muita gente indefesa tem morrido, muitas cidades têm sucumbido, muitos países têm sido arrasados.

Não sou a pessoa mais indicada para desfiar a imensa lista de invasões, ataques, destruições, assassinatos, infames massacres feitos nos últimos anos em nome de motivos falsos que escondem interesses sujos.

O mundo parece caminhar para a sua implosão. 

Enquanto uns destroem o mundo com jogadas financeiras que atiram com as poupanças de muitas vidas para o buraco, que arrasam vidas e futuros e minam as democracias, outros vão fazendo o mesmo mas com armas, violência, barbárie. 

E agora percebe-se que os senhores do mundo andaram a criar uma serpente mortífera. Deu-se-lhe armas, dinheiro e já tem também petróleo. E tem sede de sangue. Dizem que há psicopatia, alienação total. Sabíamos que ela andava por lá, longe, matando gente que não nos dizia nada. A morte em cenário de guerra e devastação é um déjà vu e nós queremos novidades, não cenas de guerra, de pó, de miséria e dor. Mudamos de canal, viramos a página do jornal, que morram em silêncio, que não nos incomodem.

Até que nos começaram a chegar vídeos de gente igual a nós, gente ajoelhada, vestida como os prisioneiros de Guantánamo, gente com uma faca apontada ao pescoço, gente que sabíamos ter sido, a seguir, degolada.

E então percebemos que a serpente está às portas da Europa e que, por onde passa, gosta de violar, perseguir, assassinar, decapitar. Tudo com uma crueldade inumana, forçando as vítimas, antes de chegar a sua vez, a assistir à infeliz sorte de outros. As vedações têm cabeças espetadas, o horror ao vivo.

E, como se o resto fosse pouco, sabemos também que a serpente diabólica tem recrutado jovens por todo o mundo, jovens que vão praticar jogos de guerra depois de terem feito todos os níveis nos jogos da consolas domésticas. E esses jovens conhecedores dos hábitos dos nossos países, transformados em monstros, vão chamando mais jovens. Chegam-nos notícias de que, para eles, o terror é uma ocupação que os diverte e motiva, querem sempre provar que estão aptos a passar ao nível seguinte.





Abro um parêntesis para chamar a atenção para o que se passa com o Expresso. Desde há algumas semanas que, na barra lateral direita, figuram fotografias que mais parecem de anúncios de contratação de novos membros para a seita: o que se percebe ser um rapaz ao volante com uma arma na mão (FÁBIO, O JIHADISTA QUE QUERIA SER ESTRELA DA BOLA) e a noiva com a burka (A NOIVA PORTUGUESA DA JIHAD). Sabendo-se como é fácil aliciar jovens que vagueiam pela vida sem um objectivo, parece-me irresponsável ter em permanência aquelas fotografias que mais parecem um chamariz.

A serpente maldita reproduziu-se, pois, e avança para onde nunca se imaginou que tal fosse possível. Está agora às portas da Turquia. 

E a Turquia, assiste passivamente aos apelos de ajuda e nada faz para defender Kobane, tal como ninguém faz nada de efectivo para travar o avanço de tais criminosos.

Kobane resiste quase sozinha. Metade da região está já nas mãos dos facínoras e teme-se o pior já que a vingança anunciada será o mar de humilhações, violações, mortes que tão bem já se lhes conhece. 

E é de Kobane que nos chega também notícia de que as mulheres estão a ser umas heroínas. 





Mariam Al Mansouri

Lutam ao lado dos homens, resistem, estão de armas nas mãos. Leio no Expresso que, nos ares, a major Mariam Al Mansouri tem vindo a participar nos bombardeamentos sobre Kobane aos comandos de um F-16 dos Emiratos Árabes Unidos e, no solo, as mulheres do YPG têm protagonizado episódios de bravura, destacando-se o de Arin Mirkin que, no passado domingo, enfrentou vários combatentes do EI nos arredores de Kobane e os surpreendeu com um ataque-suicida, aproximando-se da sua posição e lançando granadas de mão que acabaram por tirar a vida a vários inimigos.



Arin Mirkin, uma menina que sorria como se tivesse toda a vida pela frente


Mais do que morrer, os islamitas fanáticos, esses facínoras, têm um terror bem pior: temem morrer às mãos de uma mulher pois acham que isso seria uma morte desonrosa que os impediria de entrar no paraíso. E é essa fragilidade que as mulheres curdas estão a explorar. E é essa fragilidade que tem mostrado a força incrível destas mulheres que, entre sorrisos, se batem até à própria morte. A elas ficaremos a dever o exemplo da coragem quando, por todo o lado, se vêem cercadas de maldade e cobardia.

O seu sorriso e coragem é a vergonha de todos quantos mudam de canal, viram a página, fecham os olhos, lavam as mãos. 



The 19-yr old Kurd fighter who can send ISIS militants to hell






Kurdish Women fight against ISIS







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Acho que não precisa de apresentações mas, ainda assim, digo: a primeira imagem é Guernica de Picasso.


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Relembro: Nos posts seguintes o clima é mais ameno embora, à nossa pequena e muito doméstica escala, também não seja grande coisa. Mas, enfim, o vídeo do terceiro post tem cenas bem divertidas.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo domingo.


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5 comentários:

Concha disse...

Olá UJM
Um arrepio esta gente sedenta de sangue!Nem consigo imaginar o que seja viver com tão tremenda ameaça sempre a pairar sobre a vida!Uma grande preocupação que de um momento para o outro, todos os aderentes resolvam voltar aos seus países e agir sem dó nem piedade sobre todos aqueles que decidam ser inimigos a abater.No meio de tudo isto uma luz,a coragem de mulheres muito bonitas e que não se importam de dar a vida para defender o seu povo,o seu país.
Aonde é que falharam, os pais destas raparigas e rapazes que de olhos fechados se entregam assim a
uma causa que não é causa coisa nenhuma?
Bom resto de domingo e um bom início de semana.

Anónimo disse...

Como é possível em pleno Séc. XXI assistir-se a um crescendo do fanatismo religioso islâmico, liderado por loucos facínoras (como diz e bem), por assassinos miseráveis, é coisa que me pergunto. Gente cuja única formação é essa treta do Islão, sem preparação cultural nenhuma, sem princípios, sem respeito por ninguém, gente abjecta, gente fanática, bando de criminosos, que deviam era ser exterminados. O Ocidente, liderado pela incapacidade norte-americana de compreender aquela região e aqueles povos e países, levou a que Sadham fosse substituído pelo caos e agora, aos poucos, pelo dito E.I, que a Síria também ela aos poucos se desintegre, para dar lugar aos fanáticos do E.I, ambos aqueles regimes que sempre controlaram ferreamente os extremisnmos religiosos, que agora explode e se propaga rapidamente. Não teria sido melhor ter apostado em sanções económicas e políticas em vez do recurso a intervenções militares, cujo resultado é o que vemos hoje? E resta saber quando se espalhará este sinistro e criminoso movimento pelo Norte de África. É só uma questão de tempo. A Europa e as suas patéticas preocupação com as minorias (pelo menos certas minorias), não soube compreender que deveria ter seguido uma política menos permissiva relativamente a certas minorias, como as de raíz muçulmana, cujo objectivo, no país onde se instalam, é o de um dia, pouco a pouco, virem a controlar largos sectores populacionais e as regiões onde vivem, para poderem impor mais tarde as suas convicções politico-religiosas. Ainda se vai a tempo de repensar toda a política de imigração para a Europa, designadamente proveniente dos países muçulmanos, com vista a prevenir situações futuras potencialmente perigosas. Há países que não têm medo de assumir esse tipo de posições, tão variados como por exemplo a Austrália, Rússia, Angola, etc. Embora se saiba que são normalmente os filhos de estratos sociais mais desfavorecidos que são os que mais facilmente se juntam ao E.I integrando as suas hostes, mesmo assim espanta-me que não sejam sensíveis à barbárie que esses assassinos fanático-islamitas praticam, não se horrorizem, não se choquem com os eus actos criminosos abjectos. E se tivessem sido as suas famílias? E ver raprigas a aderir ainda me espanta mais, sabendo que ali os seus direitos quase que desaparecem, ás mãos daqueles energúmeros. Alguma coisa de radical tem de ser feita para travar toda esta loucura que progride cada dia que passa. E não é só no Médio Oriente que esss horrores diários sucedem, mas também em alguns países africanos, onde o Islão se impôs, que matam civis de outros credos barbaramente e sem piedade. Quem recuar no tempo, é só ir ao Wilkipedia, poderá comparar como as pessoas viviam em alguns daqueles países, há 4, 5 ou 6 décadas atrás, como no Afeganistão, Irão (então Pérsia), Egipto, Iraque, etc.
P.Rufino



Anónimo disse...

Queria deixar uma palavra, separada do meu anterior comentário, de admiração relativamente a estas extraordinárias jovens, estas mulheres corajosas, de espantosa bravura, pela luta que travam contra esses assassinos do E.I mais a treta do seu Islão, um bando de homúnculos criminosos, que elas enfrentam, ainda tão novas, sem medo! Ainda bem que há mulheres e gente assim que tentam travar a barbárie islâmica.
P.Rufino

FIRME disse...

Tenho grande respeito,por quem luta por ideias,sua terra,suas famílias!Não posso branquear,aqules que armaram o caos,desde a LÍBIA,IRAQUE,SIRIA,PALESTINA ETC.HÁ O TPI,PARA OS CRIMINOSOS,DA EX.JUGOSLÁVIA...E OS BUSHES?,PADRASTOS DESTA MISÉRIA QUE SE REPETE,DIA A DIA,POR ESTE MUNDO FORA? QUEREM PETRÓLIO? AÇO?MATÉRIAS PRIMAS VALIOSAS? COMPREM-NAS A PREÇO JUSTO, COMO OS POBRES COMPRAM O SEU PÃO! Verão que os extremistas ao chegar ás suas tendas ,barracas,ou casas,simples ao ver a sua famiília tranquila sem fome,frio...deitam-se na sua manta mais as suas mulheres,farão até o ato amoroso e dormirão! APOSTO!!!

FIRME disse...

Eu também pergunto:Saberão,quem é o inimigo???