quinta-feira, março 13, 2014

O prometido é devido: 'Os meus queridos pimentinhas in heaven'. Ou: 'Um domingo feliz no campo'. Ou: 'A alegria dos afectos partilhados'.


Bem, no post a seguir a este já expliquei o estado algo depauperado em que me encontro a esta hora da noite. São umas a seguir a outras, senhores. Reuniões, negociações, andar para cima e para baixo, de um lado para o outro, engarrafamentos, trapalhadas, e isto em cima de uma faringite e constipação ou lá o que é mas que não ficou bem curada, e tudo em regime non stop - e, por isso, chego a esta hora já sem grande pedalada.

Como se tudo isto fosse pouco, amanhã à hora de almoço tenho prova de avaliação de uma formação que ando a frequentar. Claro está que, como sempre, vou para lá sem ter tido tempo para estudar o que quer que seja. Pior: nem para almoçar decentemente eu vou ter tempo, lá terá que ser uma sandocha mal aviada, a correr.

Ai... que isto é uma coisa... Como diria a tal mãe do tal meu amigo 'Não tenho idade nem posição social para ter que aturar isto'.

Mas, enfim, ela era condessa e eu não passo de uma mera plebeia. Portanto, é comer e calar.

Enfim. Sobre isto falo no post a seguir.

*

Aqui, agora, vou dar cumprimento ao que tinha falado no outro dia.



Mas, antes, que entre Pedro e o Lobo


)


Isto de dizer que se vai fazer uma coisa e depois invocar alteração de circunstâncias e desculpas que tais não é coisa que me agrade e, portanto, embora já me pareça uma coisa muito afastada no tempo (aliás, até parece que já nem vem a propósito), aqui vos mostro os meus amorzinhos pequeninos quando, no domingo passado, passámos o dia todos juntos in heaven.

De manhã estava frio, o céu encoberto.

As crianças chegam e partem em direcção aos seus pontos preferidos, às suas actividades de eleição. O velho carrinho de mão. Apanhar caruma, bolotas. O ancinho. A pá. Descobrir bichinhos. Alguém descobre uma minhoca da terra, todos vão ver. Uma casca de caracol. Tudo é motivo de curiosidade.

Depois o meu filho resolveu fazer um abrigo, uma cabana junto a uma árvore e todos transportam ramos, folhas, paus, e logo todos nos instalamos lá debaixo.

E entre brincadeiras, descobertas, leituras (a minha filha levou um livro que transportou ao longo do dia tentando ler), almoço, alegrias, brigas, pazes, lanche, momentos de sossego e de conversa, se passa um belo dia.


O ex-bebé ainda não fez 3 anos mas tem uma destreza e uma força que só vista.
Um verdadeiro homem de trabalho.
Quis usar as botas que tinham sido do irmão e que lhe estão uns dois números acima e a mãe deixou.
Estava todo contente, sentindo-se um grandalhão por estar montado numas botifarras que faz-favor




Ainda há pouco tempo era o tio que por aqui andava, trepando pelas muralhas.
Aliás ainda anda, parece ser mais forte que ele.
Agora é o sobrinho que o imita e lhe faz companhia.

(Aqui ainda tinha um cabelão.
Ao fim da tarde levou uma carecada das valentes, coisa que acho que não repito
pois, com uma cabeleira forte e densa, só mesmo com máquina.
Mas como não pára sossegado, diz que a máquina lhe arrepela os cabelos 

e, então, só quer corte à tesoura.
Agora, deixar direito um cabelo cortado à tesoura 

quando o dono não pára sossegado e perde a paciência antes dos acertos finais...? Impossível)



Os três rapazes mais pequenos.

O mais crescido em cima da mesa,
o irmão, o ex-bebé, do lado de cá
e, junto à mesa, o bebé que alinha com os mais crescidos
e que, portanto, já tem uma desenvoltura e independência que não dá para acreditar.

(E ervas a despontarem por todo o sítio. A natureza renasce com uma força incrível)

- Já agora. Como vêem: Imagens de Modigliani e poemas em cada pequena parede -



Enquanto os rapazes se dedicam a actividades mais aventureiras ou arriscadas,
a minha menina mais linda deita mãos ao trabalho, varre, organiza brincadeiras,
brinca ao faz-de-conta e tenta que os outros alinhem,
chama por eles 'meninos...! venham...!' e, mesmo quando eles não lhe ligam,
 ela não desiste, 'vá, vamos para dentro'


'Cá para dentro! meninos...!' - refere-se ela à casinha junto à árvore onde estava a organizar uma festa de anos imaginada.

Os rapazes querem lá saber disso, querem é andar à procura de ramos
(e até um tubo que descobriram no meio do mato) mas ela não desiste.
Um tronco é um bolo e o que sei é que acabámos todos a cantar os Parabéns a Você e o bebé a soprar para um ramo seco a fingir que era uma vela.

No fim do dia ninguém se queria vir embora e agora já andam a dizer que estão com saudades. Pudera. Também eu.



***

Recordo: sobre a forma como me refugio em jardins secretos ou vilas românticas para me abstrair dos dias tempestuosos que tenho vindo a atravessar com uma intensidade que não dá tréguas, falo no post a seguir a este.

Depois desse, tenho ainda um post sobre a reestruturação da dívida, o manifesto integral e uma pergunta a Cavaco sobre a sustentabilidade de Bagão Félix no Conselho de Estado.


***

A música lá em cima é 'Pedro e o Lobo' de Sergei Prokofiev numa coreografia de Matthew Hart, interpretada pelo Royal Ballet School e narrada por Anthony Dowell


***

Bem (... cada vez que escrevo 'bem' significa que estou a soltar um longo suspiro). 
Por agora, resta-me desejar-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta feira. 
Be happy. 
Enjoy.

4 comentários:

Traçados sobre nós disse...

Cara UJM:

Aproveitando a "boleia", que agradeço, uma "Flor brava", no meu blog. Saudações, J. Rodrigues Dias.

http://joserodriguesdias.blogspot.com

Olinda Melo disse...


E eles não param!
Queridos pimentinhas, não é?

Bj

Olinda

Um Jeito Manso disse...

Olá Caro José Rodrigues Dias,

Belo poema o seu, como sempre, palavras rente à terra. Permito-me transcrever aqui para os mais preguiçosos que não queiram ir ler lá no seu canto:


As palavras nascem
de um olho de semente
pelo toque do tempo aberto
em qualquer terra e sítio
e logo de tão enraizadas
medram naturais
como ervas,
quase daninhas,
intemporais…

Das palavras
de que o tempo cuida
e mais das mais bravas
nascem versos
como frutos maduros
para as noites de inverno…


É bom termos a nossa terra cheia de vida: plantas a despontar, pássaros, crianças.


Obrigada. Um abraço!

Um Jeito Manso disse...

Olá Olinda,

Se não param...? Sabe lá, Olinda... O pior agora é o bebé que, com ano e meio, ainda não mede bem o risco. Chega a um sítio mais alto e alça logo a perna para trepar. Temos que andar sempre de olho nele. Num ápice abala a correr e quase o perdemos de vista, especialmente em espaço aberto. Mas são todos. O mais crescido vai à aventura, mete-se pelo meio das árvores, sobe as barreiras de pedra.

Há sempre algum a fazer das suas. O bebé agora, quando não lhe dão o que quer, morde. Morde e magoa. Temos que nos zangar e depois faz beicinho. Mas não há nenhum de nós que já não tenha sido atacado.

Enfim...

Mas tão engraçados, tão divertidos, tão queridos.

Um beijinho, Olinda, e espero que já esteja tudo bem consigo.