sábado, março 15, 2014

A autosuficiência feminina. Mais uma aula prática com a minha assistente Martina Hill. Desta vez, o tema é bricolage: a colocação de prateleiras.


Faço de tudo cá em casa. Bem. Tudo, tudo não. Quase tudo. Usar o berbequim é pelouro masculino.  Não sei porquê mas não me ajeito. Escorrega na parede antes de se enfiar. Tirando isso, faço tudo. Quase tudo. Fazer ligações eléctricas (por exemplo para colocar candeeiros na parede) também não. Ou arranjar canos, ver se é o sifão ou não sei quê. Mas, tirando isso. Bem, arranjar estores que saem dos carris também não. Mas isso também é raro, não conta. 

Enfim.

Mas, em contrapartida passo uma camisa e umas calças na perfeição, cozinho, lavo cozinhas e casas de banho, aspiro, varro, lavo vidros. E prego pregos embora geralmente para aí uma meia dúzia voe antes de haver um que aceite enterrar-se na parede. E mudo lâmpadas. E sei lá que mais.

Ora bem. Vamos, pois, a mais uma aula prática. 


Colocar prateleiras
A utilização do berbequim



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1 comentário:

Anónimo disse...

Esta cena da Martina recorda-me uma minha, aqui há mais de uma dúzia de anos. Nós tínhamos iniciado pouco antes a nossa vivência naquela casa e coube-me a “responsabilidade”, por minha iniciativa, de procurar “instalar”, ou melhor, pendurar (na sala) um bonito painel japonês que nos tinha encantado e que em tempos tínhamos comprado. Tinha (e tem) cerca de 1,60 m de comprido e 1 m de largura e embora não seja pesado, digamos, tem uma dimensão complicada para que uma só pessoa (aqui o “je”) consiga perceber onde o colocar na parede. E, tal como a Martina, pus-me ao trabalho. Como não tinha comigo, na altura, um “black and decker”, pus-me a martelar a parede, buraco aqui, buraco ali, medindo ali e além, inclinando ou subindo o dito painel, sempre, mas sempre, errando. Começava a irritar-me, a perder a paciência. Minha mulher, lá do jardim, entretida com as flores, lá me ía perguntando, em alta voz: “então, isso vai, ou não?” E eu, mula, respondia: “sim! Lá vai, aos poucos!” Mas, não ía. A parede é que aos poucos se ía desfigurando, à custa de tanta martelada. E eu sem atinar com aquilo. Até que minha mulher entra na sala! Deu um berro, escandalizada: “mas, que diabo fizeste á parede? Deste cabo dela! Parece que houve aqui um tiroteio! Mas que coisa incrível! Mas, porque não foste capaz de parar?” E, encostada á parede oposta, emudeceu. Concluíndo: afinfei na pobre da parede uns 19, ou 20 buracos – sem ter conseguido pregar aquela treta na parede. De tal forma era o estado em que coloquei a pobre da parede que tivemos de mandar vir um pedreiro no dia seguinte. O homem, olhando para os estragos que eu tinha inflingido à parede perguntou: “mas, afinal o que é que se passou aqui? É estranho, não parece muito normal. Não se perecebe!” Humildemente, lá lhe expliquei, a pedido de minha mulher, como “castigo”. O homem só abanava a cabeça! Desde então, estou proibido de pregar um prego na parede, um quadro, um objecto qualquer. Nada! Tal foi o trauma na família! Dedico-me a outras coisas. Sou melhor em mexer em electricidade, por exemplo. Até já arranjei um frigorífico, há uns anos. E a black and decker que temos usam-na os meus filhos. É assim. Daí a minha solidariedade e compreensão para com a divertida Martina!
P.Rufino