A frase que referi no post anterior foi a frase que escrevi em epígrafe. Quando a li nas estatísticas de acesso, fiquei um pouco triste por pensar que alguém deveria estar a sentir-se infeliz e tentou encontrar algum amparo na internet, alguém que lhe dissesse que não tinha por que se sentir desgraçado(a).
Talvez a pessoa que escreveu isso queira esconder a sua orientação sexual e conviva mal com o disfarce ou talvez o tenha assumido e sinta alguma recriminação social. O que eu posso dizer é apenas a minha opinião mas o que diria se estivesse a falar com essa pessoa seria que assumisse e vivesse a sua vida sem vergonha ou constrangimentos. Com dignidade. Com segurança para que ninguém se sinta no direito de troçar.
Talvez a pessoa que escreveu isso queira esconder a sua orientação sexual e conviva mal com o disfarce ou talvez o tenha assumido e sinta alguma recriminação social. O que eu posso dizer é apenas a minha opinião mas o que diria se estivesse a falar com essa pessoa seria que assumisse e vivesse a sua vida sem vergonha ou constrangimentos. Com dignidade. Com segurança para que ninguém se sinta no direito de troçar.
É verdade que toda a gente sente uma vontadezinha infantil de dizer piada ou fazer sorrisinho perante algumas situações que fogem ao padrão: é com o vesgo (conforme o divertido vídeo do post abaixo deste), é com o gago, é com o baixote, baixote mesmo, é com o gay abichanado. Mas isso, de facto, é coisa sem importância. Pode magoar os visados, e acredito que magoe, mas o que eles têm que perceber é que quem ri o faz sem más intenções, por pura parvoíce.
Vou contar-vos. Aqui há uns anos eu estava a ter uma reunião com um grupo no qual se incluíam vários espanhóis. Às tantas, já no fim da reunião, antes de irmos almoçar e já todos cheios de fome, ficámos todos em círculo, de pé, conversando, num registo informal. E, às tantas, um dos espanhóis que tinha estado calado até então, um que tinha ar de mexicano, começou a falar. E, senhores... era gago, gago mas gago. Uma coisa desesperante. Para começar a falar dava balanço e ficava ali quase a gripar, aquilo não pegava de maneira nenhuma. Eu já aflita porque o homem de cada vez que abria a boca ficava ali g...ga....g....ga....ga....ga.... e nada. Todos em suspenso e nada. Por fim, com a língua a esbracejar-lhe dentro da boca, quase como que a pedalar, a coisa lá saía mas, logo a seguir, porque uma frase se faz de várias palavras, vinha mais outro suplício, p...p....pa....p...pa. E todos em círculo, cheios de fome e o mexicano a querer contar qualquer coisa que não saía nem por mais uma.
E então aconteceu aquilo de que tenho pavor. Começou a dar-me vontade de rir. Temo esses momentos. Começo a tentar conter-me e a vontade de rir vai aumentando quase descontroladamente.
Não dava para me rir, todos em volta do gago, convidados de cerimónia, uma situação sem escapatória. Podia sair dali a correr como se me tivesse dado uma vontade súbita de fazer chichi mas isso seria ridículo e, além do mais, o terror que acompanha esses momentos tolhe-me o raciocínio. O gago continuava a ganhar balanço para mais uma sílaba e eu vejo toda a gente de olhos postos nele a ver no que aquilo ia dar e ao olhar para os outros ainda mais aterrorizada eu ficava pois sabia, de certeza certezinha, que bastaria detectar algum sorriso contido para eu me desatar a rir descontroladamente.
Então pus-me de olhos no chão e já estava a ver o caso mal parado. Percebia que era absurdo o homem estar a falar e eu de olhos no chão. Às tantas, um colega meu, o que estava ao meu lado, percebendo que alguma coisa se passava comigo (e sem discorrer que tinha a ver com o patinanço do gago), pergunta-me 'Passa-se alguma coisa?'. Claro. O mal nestas coisas é alguém me dar o pretexto. Eu queria ser capaz de lhe dizer em surdina 'passa-se que o gago nunca mais vai chegar ao fim da frase' mas desatei a rir, a rir, mas de lágrimas mesmo. Virei-me de costas e o meu colega virou-se também para me encobrir e para fingir que estávamos a conversar. Eu chorava a rir e até já estava era mesmo cheia de vontade de fazer chichi, e ria, ria, sem me conseguir controlar. E o meu colega, os homens conseguem ser mesmo parvos, não percebia o que se passava 'mas o que foi...?' mas só de me ver rir assim já ele se ria também à gargalhada.
Juro que não sei como foi que a coisa acabou porque estive lavada em lágrimas a rir feita maluca, eu e o meu colega, de costas, um pouco afastados, nem sei quanto tempo.
Por fim, lá vimos o grupo deslocar-se para a saída e lá nos dirigimos para o almoço. Quando respirei ar puro até me parecia mentira, refresquei, passou-me aquela pancada. Ao meu colega também. E lá me voltou a perguntar 'mas o que foi?'. A custo lá consegui articular 'o gago...' e desatei-me outra vez a rir. E ele, ainda sem perceber: 'o que é que tinha o gago?'. Desisti de explicar. Aliás não tinha explicação.
E agora que estou aqui a escrever e a relembrar-me estou outra vez na mesma, a chorar a rir.
Mas digam-me lá: que vontade de rir é que isto dá? Nenhuma, não é? Maluquices, que se há-de fazer?
E até me sinto ainda mais maluca por parecer que estou a comparar a gaguez com a homossexualidade. Sei que não tem nada a ver. Mas a questão é que não há que ter vergonha, esconder, reprimir, etc. Há é que estar psicologicamente preparado para reacções parvas dos outros. E rir com essas reacções, encarar com bom humor, reverter a situação a seu favor.
Mostro-vos um exemplo: uma entrevista de Jô Soares com Cláudio Gaspar Dottori, Claudinho, um político gago com um fabuloso sentido de humor.
E, como já aqui o disse tantas vezes, quanto a políticos gays: sejam eles políticos, deputados, ministros, o que forem, o que interessa é que sejam inteligentes, decentes, competentes e honrados.
Drama é serem parvos, manipuladores, incompetentes.
Ainda se fossem umas bichas descaradas como o Sebastian... ao menos far-nos-iam rir. Agora estes que por cá temos dão-nos é vontade de chorar.
Ora vejam o bom do Sebastian nos EUA com um presidente giro e negro (does it ring a bell?) e um presidente francês, fraca figura (a bon entendeur, salut !).
É Little Britain, uma série that I love, love, love.
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Se descerem um pouco mais, poderão ver mais uma prova do que são preconceitos inaceitáveis, desta vez contra os vesgos. É na Porta dos Fundos, o sítio onde se passam coisas impróprias para consumo.
NB: Hoje não consigo responder a comentários nem a mails (ando uma gazeteira imperdoável, eu sei, mas não tenho mesmo conseguido) porque ainda tenho que ir trabalhar. A sério. Dá para acreditar? Aliás, entre o post que se segue e este também estive a trabucar.
[Dantes, quando havia trabalho para todos, costumava dizer-se: quem não trabuca não manduca. Velhos tempos.]
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E, assim sendo, despeço-me apressadamente, desejando-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta feira.
Nem sei se vai estar de chuva ou não.
Mas como desde que saio de casa de manhãzinha até que regresso à noite não ponho um pé ao ar livre, na prática nem me faz diferença.
Isto é que é uma vida... Deve ser por isso que fico com os fusíveis meio curto-circuitados.
2 comentários:
as pessoas têm que abrir as portas -https://www.youtube.com/watch?v=umfvm8I9_oU , quando encontrar janelas comento aqui -))
O Ronaldo tem que aprender como é ser vedeta - https://www.youtube.com/watch?v=dSEmCUDgzEE
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