Bom, depois de, nos posts abaixo, já ter falado do perigo que são as mulheres ciumentas (as mais infalíveis investigadoras à superfície da terra) e de ter falado da mais recente perigosa, a Michelle Obama (o Barack que se cuide), e depois de ter apresentado uma série de sinónimos a la Lídia, agora vou falar de uma outra coisa.
Num comentário lá mais para baixo, uma Leitora cujo nick me causa brotoeja e que portanto aqui trato por JV (tal como ela me sugeriu), escreveu:
Não tenho comentado nada porque estou assoberbada de trabalho e sono e acho que o meu paleio também é um pouco limitado: a minha conversa é sempre a mesma! Às vezes não se farta de si própria?
Acha mesmo que o princípe Andrea é mesmo muito bonito? Segundo as conceções dominantes, ele é de facto muito belo, mas tem cara de quem, precisamente, se acha bonito. Nunca gostei muito desse género, sou mais Don Draper, sério e charmoso.
As perguntas talvez fossem retóricas mas eu, como hoje estou para o paleio, vou responder. Ora, então, vejamos:
1. Às vezes não se farta de si própria?
Por acaso não é muito frequente. Tenho uma razoável auto-estima.
No outro dia estive a ver os signos e, por ser caranguejo, isto da auto-estima e da auto-motivação bate certo.
E tento fazer tudo (ou quase tudo) o que gosto. Se de dia me maço um bocado, desforro-me aqui à noite. Ou vice-versa. Ou arranjo maneira de descomprimir, passeando, indo às compras, mandando vir com alguém.
No outro dia estava mesmo um bocado farta (mas isto de dizer um bocado é porque é mesmo um bocado, é coisa que dura no máximo umas horas). Cheguei a casa, pus-me em frente do espelho e estava mesmo farta, até do meu visual. Peguei na tesoura e foi um ver se te avias, um desbaste que só visto. Mudei completamente de look. Depois pus-me debaixo do chuveiro e, quando me voltei a ver ao espelho, estava tão outra que nem me lembrei de que, minutos antes, estava farta. Só agora é que me voltei a lembrar disso.
Isto dito assim, deve dar a ideia de que sou completamente fútil. Ora não é bem assim. Sou mas só um bocadinho.
E, para o comprovar, faço notar que nem sempre a coisa se resolve com auto corte de cabelo e chuveirada. Acontece por vezes que, em vez disso, pegue num livro e arranje maneira de me alienar. Tenho o meu lado (secreto) de intelectual.
2ª Acha mesmo que o príncipe Andrea é mesmo muito bonito?
Acho-o lindo, perfeito. Tal como referi, faz-me lembrar o rapazinho de Morte em Veneza, aquela beleza andrógina que por vezes desperta sentimentos ambíguos.
No entanto, como mulher, confesso: a beleza de Andrea deixa-me indiferente.
Já antes aqui o disse algumas vezes. O género que eu prefiro é outro. Sou mais dada a sarrafeiros (como o meu filho um dia, escandalizado ao ouvir-me exprimir a minha opinião, chamou a um dos que vou agora referir). Gosto de bad boys. Homens imperfeitos. A perfeição nos homens maça-me. Aliás maça-me a perfeição nos homens e em quase tudo nesta vida. Mas nos homens ainda mais. Gosto de homens desalinhados, que a gente perceba que não se ensaiam nada para se portarem mal. Mas que saibam sorrir com travessura, que saibam ser meiguinhos (mesmo que só em privado), e - muito importante! - que tenham carradas de sentido de humor.
O Don Draper é um giraço, lá isso é, mas não sei se não será demasiado bem comportado, certinho, ambicioso, talvez um bocado convencido, não sei.
Mas que se note: se tivesse que ser, não tinha problema nenhum.
Mas o meu género é mais como o Zidane ou como o Bruno Alves, isto para me ficar pelo mundo do futebol.
Acho-os com muita pinta, raçudos, têm punch, devem ter uma boa pegada (no sentido brasileiro do termo, do verbo pegar), e gosto da cara e do físico deles, gosto de homens que pareçam ter algum sangue árabe.
Ou seja, resumindo: como mulher, o meu género é o anti-Andrea.
Mas, de qualquer maneira, reconheço que ele é uma gracinha, especialmente quando se despenteia e anda mal vestido. E com barba ruiva, desportivo, e todo querido no seu papel de pai, começa a densificar e a ficar mais interessante. Mas, enfim, é o que é.
Mas, de qualquer maneira, reconheço que ele é uma gracinha, especialmente quando se despenteia e anda mal vestido. E com barba ruiva, desportivo, e todo querido no seu papel de pai, começa a densificar e a ficar mais interessante. Mas, enfim, é o que é.
Espero ter respondido cabalmente às duas perguntas...
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Relembro: Por aí abaixo há mais um pouco de tudo. Hoje estou estafada demais para me estar a maçar com Medinas Carreiras, Poiares Maduro, Palermas a metro e outros Papagaios que por aí andam. Tenho mais que fazer.
Se vocês, meus Caros Leitores, estiverem como eu, terão pano para mangas nos dois posts seguintes.
Se vocês, meus Caros Leitores, estiverem como eu, terão pano para mangas nos dois posts seguintes.
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E há ainda o Ginjal e Lisboa. Hoje, por lá há Inquietação com o Camané e os Dead Combo sobre uma maravilhosa animação. As minhas palavras e uma fotografia estão a condizer com o ambiente. Deve ser porque me inquietei por lá que, a seguir, vim para aqui jardinar.
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Bem, e com tanta escritura já passa outra vez das duas da manhã. Santa paciência comigo mesma: ando a ver se me domestico para ir cedo para a cama e, afinal, é sempre esta pouca vergonha.
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa terça feira!
9 comentários:
http://cruzeiro.org/blog/tri-covarde/
Credo, o Bruno Alves!
Vou fazer-lhe uma confidência que nunca fiz a ninguém: sempre imaginei ter um caso com o Camus! Acho que ele é (era) mesmo muito bonito. E aquela resposta do "estrangeiro" à namorada que lhe pergunta se o ama: "Não. Não se é só por seres tu ou se nunca vou amar mulher alguma, mas sei que não te amo.", corta-me a respiração, quero ter um caso com um homem assim. E não é para lhe dar a volta, com aquelas mulheres que gostam de bad boys porque os querem transformar em good boys! Não, credo! Quero dizer-lhe "ainda bem, isso seria uma maçada. Dá-me um beijo..." Oh, que máximo!
JV
Olá UJM!
Gostei da definição que nos fez de si própria e que não é só literatura. Tudo cabe em si e quando não está satisfeita procura a satisfação procurando-se. E o espantoso é que se reencontra e se assume sempre como sendo a mesma, a UJM que nos enche de palavras e não nos satura.Com temas sérios , temas loucos , temas fúteis , temas ricos , temas pobres, temas assim assim mas sempre em boa e bela prosa, assumida, afirmativa , sua ! A UJM está nos seus textos, os seus textos são uma afirmação de SI, um retrato SEU! Obrigado por ser assim!
Tenho dito e não me “ contrareie”!
Um abraço
Cara UJM,
embora não me deixe embalar por horóscopos, acredito que quem não se farta um pouco de certas coisas, incluindo o seu próprio modo de ser e “modus vivendi”ou transpira robotização ou é asno. Como definiríamos a nossa constante mutação de aspecto, tentando fugir à monotonia da repetição se não germinasse no nosso cérebro uma pitadinha de fartação das coisas. Claro que é sadia esta fartação dos outros e de nós mesmos, pois não somos máquinas desprovidas de sentimentos, nem farsantes de qualquer auto-elogio da loucura.
Quanto à beleza masculina obviamente sou um crítico suspeito e não me imiscuo em apreciações femininas. Gostei imenso da sua expressão: “raçudos” com “punch”.
“Delas” gosto sempre, “deles” nem gosto nem desgosto, aturo-os no meu quotidiano e não lhes fujo, pois não sou preconceituoso, nem machista.
E tenha muita saúde e o “speed” habitual! Eu gosto…não me farta!
Olá JV,
Com o Camus? Credo. Isso ter um caso com um fulano complicado, difícil, cheio de inquietações é uma chatice... Nada como um que remate bem à baliza e se deixe de filosofias.
Fulanos cheios de dúvidas existencialisitas, hesitações, desânimos e tal são bons é para se ter como amigos, dão boas conversas, são sensíveis, etc.
Agora a regatearem amor...? Ora. Homens há muitos.
Eu, com um assim, que me dissesse uma dessas, havia de o fazer vir comer-me à mão. (Claro que a língua portuguesa é traiçoeira e eu deveria reescrever a frase).
Quanto aos bad boys, da minha parte não é nada para os transformar em good boys. Perderiam a graça. Não, eu gosto mesmo é deles bad, bad, bad.
Já agora um conselho: não peça um beijo. Dê-o. É que já viu se diz 'dá-me um beijo' e o agoniadinho diz que não quer, que não lhe apetece...? Seria uma situação delicada. Mais vale arriscar e dá-lo logo. E a seguir, pelo sim, pelo não, virar as costas. Se ele gostar, agarra-a por um braço e não deixa ir. Se não o fizer e não a retiver, olhe, azarinho o dele.
Um abraço, JV!
Olá Joaquim,
Ri-me com o que escreveu. E agora estou a rir-me porque o que acabei de escrever, de resposta ao comentário da Leitora JV, vai na mesma onda.
É que nem as penso.
Os meus filhos, às vezes é que ficam um bocado de cara à banda, dizem que eu escrevo cada coisa e, de certa forma, quase apelam a que o meu marido exerça alguma censura. Mas ele já desistiu à muito tempo de me domesticar.
Obrigada pelas suas palavras! Um abraço!
Leitor Anónimo dos links,
Não publiquei um seu comentário porque já corrigi o texto e, portanto, o comentário ficaria deslocado.
Quando o li, liguei à minha amiga em casa de quem tinha estado a ler uma carta com a descrição do animal do horóscopo chinês a dizer-lhe que aquilo estava tudo marado. Afinal eu é que não percebi. Ela estava a ler e achou que aquilo tinha mais a ver comigo do que com ela e deu-me para eu ler mas eu não devo ter captado o início da conversa. E ela é de outro ano, é uma jovem.
Eu afinal sou um bicho que nem me parece tão adaptado como o outro mas, às tantas, aquilo bate certo é a oriente. A ocidente deve ser outra coisa.
Por isso, lamento o engano. E, se julgou que eu era daquela idade, lamento desiludi-lo... tenho mais do dobro... Mas ainda tenho a cabeça em bom estado (enfim, salvo alguns lapsos)... :)
Ai dbo... que eu, quando estou para soltar os cavalos, não há quem me ponha rédea e depois, quando vejo por perto pessoas bem comportadas, fico até um bocado atrapalhada... Muitas vezes é até quando estou mais aborrecida que me dá para esparveirar, para dizer o que me vem à cabeça e seja o que Deus quiser. Mas acho que nem foi bem o caso de ontem: ontem e hoje é mais o estar farta não de mim mas de ter que viver num país governado por gente tão parva, ter que aturar tanta parvoíce. Por um lado, quero escrever sobre os mil disparates de que tomo conhecimento todos os dias mas, por outro, já estou farta de perder tempo com tanta parvoíce. E, vai daí, viro-me para temas mais animados, mais leves.
PS: Gosto mais de apreciar homens mas também gosto de apreciar mulheres mas aí, tenho que confessar, mais numa perspectiva mais de ver como estão vestidas, arranjadas, penteadas, etc.
Um abraço, dbo.
Desejo-lhe saúde e alegria. Ao menos isso, não é?
Cara UJM,
Qual conversa, qual amigos! Um caso, um caso fugoso, mas sem deslumbramentos e maluqueiras!
O Albertinho é um querido, um homem a sério, romântico até à 5ª casa, só que não mente a si próprio e como é um tipo decente, também não engana os outros. Não ama diz que não ama, pronto, aliás o que ele diz é que não há amor. É o que toda a gente pensa e ninguém admite, e depois vêm, a esses sim, as depressões, a procura de um estado de felicidade que não existe e os suicídios, ao que ele responde: amigo, isso é uma parvoíce, puseram-te no mundo para agora te suicidares? Vai à luta, seja ela qual for!
Oh, sim, ele é romântico e apaixonado, agora amor... Achei piada a essa do "agoniadinho". Mas ele não diria que não, senão não pediria... E se não pedisse, pedia ele... (Repare que isto se passa tudo na minha cabeça, tudo é perfeito). Agora depois de ler o corcunda de notre dame, acho que toda a gente fica a saber que essa coisa do amor não existe. O padre coitado tem falta de sexo, a rapariga convence-se de que um tipo reles, mas bonitito, é um herói de contos de fadas (amor? Não, pura ilusão de mulher que enfia as qualidades que quer ver num homem no primeiro que lhe aparece), o amigo poeta ou dramaturgo, ou lá ou que ele é, gosta mais da cabrinha do que da rapariga, o corcunda também tem falta de sexo e de afeto maternal...
Um encantamento, um deslumbramentozito, uns calores, uma ternura especial, tudo em graus diferentes consoante as pessoas... Agora amor...
JV
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