segunda-feira, janeiro 06, 2014

"Criaturas que, não sei porquê, me dão pena: economistas, gestores, administradores, directores, banqueiros. Deve ser triste ganhar dinheiro assim. O que sonhará um economista, a que brincava um gestor em criança?", isto pergunta-se António Lobo Antunes. E eu pergunto-me: terá ele dúvidas idênticas quando essas funções são exercidas por mulheres?


Bem, no post abaixo já falei no acontecimento que, ao longo de todo o dia, tem mobilizado as televisões de uma forma compulsiva: a morte de Eusébio. Mas, não me sentindo especialmente habilitada a falar dele nem gostando de fazer coro em situações destas, sobretudo escrevo acerca do que, em minha opinião, é o mundo perverso do futebol.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. Vamos lá.

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  • Criaturas que, não sei porquê, me dão pena: economistas, gestores, administradores, directores, banqueiros. Deve ser triste ganhar dinheiro assim. O que sonhará um economista, a que brincava um gestor em criança? Ou nasceram já crescidos?
  • O que sonhará um economista posso imaginar mais ou menos, agora o que sonha a mulher de um economista é que me preocupa.
  • Se eu fosse mulher de um economista sonhava com canalizadores ou mecânicos de automóvel, homens que usam as mãos e não lêem revistas de golfe nos domingos de chuva.
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É certo que gestores, administradores, directores, banqueiros, etc, é gente que anda com a fama pelas ruas da amargura. Não há sindicato que os defenda, não costumam ter spin doctors para lhes dourar a imagem como aos políticos (bem, alguns têm: o Mexia-dos-Chineses está aí para o provar) e, geralmente, a vox populi associa-os ao que de pior tem acontecido à superfície da terra (ok, alguns têm a fama e tiveram também o proveito, lá isso é verdade). Mas esse não é o ponto. O ponto aqui é outro.


Porque é que se acha que esta gente é toda do sexo masculino? E se, em vez de falarmos de economistas, gestores, administradores, directores, banqueiros, falarmos antes de gestoras, administradoras, directoras, banqueiras?

Será que inspirariam o mesmo desdém? E causaria a mesma curiosidade saber com que sonhavam elas quando eram crianças? E identicamente querer-se-ia saber com que sonham os maridos de mulheres assim? Imaginar-se-ia que sonhariam com coelhinhas da Playboy?

Será? E se as gestoras, directoras, banqueiras, etc, forem elas próprias umas verdadeiras coelhinhas da playboy? É que podem ser. Ou não? Terão que ser umas matafronas, machonas, que, em dias de chuva, se põem a ler revistas de golfe?

Não sei, não.

Por algum motivo que não percebo, a literatura e o cinema interessam-se muito pouco pelas gestoras, directoras, administradoras. O imaginário corrente associa estas profissões a homens frios, egoístas, ambiciosos, desprovidos de qualquer outro interesse na vida que não o de fazer dinheiro, homens que não são casados ou, se o são, traem inescrupulosamente as mulheres.

Mas, sendo uma mulher, o figurino será o mesmo?

Estive a ver se me lembrava de filmes com uma mulher executiva e não tenho ideia que haja muitos. As mulheres de que me lembro são megeras ou carentes e quase sempre trabalham em áreas ligadas à moda ou à edição. Parece que os autores têm dificuldade em imaginar uma mulher em funções de gestão que seja equilibrada, confiante, bem disposta, bem sucedida nas diferentes vertentes da sua vida.

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Em Disclosure, Demi Moore é uma mulher inteligente, sedutora, solitária e ressabiada que resolve envolver Michael Douglas numa acusação de assédio sexual, quase o destruindo. Do que me lembro assim de repente, é a única que não trabalha na indústria da moda ou edição: aqui ela é vice-presidente de uma empresa de informática.


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Em O Diabo veste Prada, Meryl Streep é Miranda Priestly, poderosa editora da revista Runway, uma mulher temível, implacável, que tem uma vida privada cheia de frustrações e tristezas.


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Ou seja, na ficção há, a este propósito, um vasto mundo por desbravar. Pode ser que algum escritor me esteja a ler e se inspire. Gostaria. Desde que não se chamasse Valter Hugo Mãe, é claro.

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E, para os maridos das economistas, directoras, gestoras e etc - que, sendo elas inevitavelmente umas sensaboronas, feias todos os dias, cinzentonas... - têm forçosamente que ocupar as mentes com coelhinhas (que não sejam da família do passos coelhinho, claro!!!!), aqui deixo de novo a Kate Moss. É certo que não terá as curvas voluptuosas que alguns apreciarão mas, ainda assim, tem um certo charme. E charme, meus Caros, vale mais que muita outra coisa.




Kate Moss, 40 aninhos, aqui é fotografada pela dupla Mert Alas e Marcus Piggott com styling de Alex White para a edição dos 60 anos da Playboy.


As citações lá em cima em itálico fazem parte de um pequeno livro de capa cor de laranja, uma coisa engraçada parecida com uma agenda, que tem 365 citações de António Lobo Antunes, uma para dia de 2014. As citações são extraídas dos Livros de Crónicas.


A citação de hoje, dia 6 de Janeiro, é: (não consigo gostar de uma pessoa que não respeite e admire)

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E, a propósito de admiração e respeito, tenho uma pessoa de que justamente gosto muito, Adélia Prado, a falar sobre o Amor no meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa. Convido-vos a irem até lá para a ouvir. É um prazer.

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E, por agora, é isto.
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma semana muito feliz a começar já por esta segunda feira.

8 comentários:

Anónimo disse...

água mole em pedra dura tanto bate, até que fura - ou seja a Kate até já parece melhor-))


se os tubarões fossem homens - https://www.youtube.com/watch?v=fziZE352V20

Anónimo disse...

O pai dos Vídeos jogos - https://www.youtube.com/watch?v=7vBZmzLXBK8

Anónimo disse...

sinopse livros - http://www.estantedelivros.com/ e http://www.teresacoutinho.com/registostc/ fazer http://www.teresacoutinho.com/registostc/sitemap.xml para ver todos os livros do site, todos os sites que têm sitemap, se fizerem isto vêm toda a sua estrutura.

Anónimo disse...

não se podia esperar muito de uma ciência que usa para justificar os seus modelos matemáticos a condição "ceteris paribus" e quando não a usa, os modelos dão uma merda a que chamam resíduo e que explica 70% do mesmo, mas não sabem o que é.Por isso, fazem como o Sr. Silva da mercearia, "+" e "-" e este Governo inaugurou o "x".Foda-se um curso para esta merda

Anónimo disse...

encontro de economistas, gestores,e afins - http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Vila+Real&Concelho=Vila+Real&Option=Interior&content_id=1647728

Anónimo disse...

suei para encontrar um vídeo simples para um economista,gestor perceber , aqui vai " a reter no 2min36seg

Anónimo disse...

ando a comer muito queijo - http://www.youtube.com/watch?v=8x98KFcMJeo#t=71

Um Jeito Manso disse...

Obrigada, Caro Anónimo,

Interessantes os sues links.

Sobre o "ceteris paribus" escrevi um post autónomo.

Obrigada!