quarta-feira, julho 10, 2013

O que este País precisa é de mulheres nos principais lugares de governação. Os homens geralmente são uns atados, uns medrosos, sempre com receiozinhos parvos do que os outros podem pensar deles, sempre atormentados com a perspectiva da rejeição e do ridículo. Como é que Portugal não há-de estar como está quando está enxameado de homens assim nos principais lugares de decisão?


No outro dia, numa daquelas revistas de referência nos domínios da gestão e da economia, explicavam-se as grandes diferenças entre homens e mulheres quando em funções de liderança.

Gostei de ler pois assentava em estudos ligados à neurologia, à neuropsicologia, à investigação ligada à prática diferenciada entre homens e mulheres.

Ou seja, referiam-se investigações ligadas à observação dos cérebros, da activação de neurónios, das sinapses, e a situações em que eram postos à experiência grupos comandados por homens e por mulheres e depois analisavam-se os diferentes comportamentos.

Imprimi esse artigo, enfiei-o na carteira para um dia destes falar nisso aqui. Não queria falar de cor e queria citar as fontes. Mas, entretanto, já mudei várias vezes de carteira e perdi-lhe o rasto. Deve estar por aí, as folhas já amachucadas. 

(Vou falar bem das mulheres mas estou a começar mal... Ora bolas...)

[Mas, já agora, para que não pensem que sou uma feminista fundamentalista, só a ver virtudes nas mulheres e defeitos nos cavalheiros, arrumo já o assunto. Não acho nada disso. Há áreas em que os homens são extraordinários e ninguém sabe o que eu os invejo nesses domínios. Um desses domínios é justamente este do transporte de bens pessoais. Não sei como conseguem viver sem transportarem nada. Uma carteirinha fininha com os cartõezitos, umas notas bem arrumadinhas e mais nada, chega-lhes. A minha haviam de a ver. Um caos. 

Uso agora carteiras amplas, uns malões de tipo saco. Mudo consoante a cor da roupa: ora uso a amarela com girassóis gravados na pele, que trouxe de Amesterdão, ora uma azul clara, ou uma encarnada, ou uma de pano em tons cinza e rosa, etc. E, de cada vez que mudo, passo coisas de uma para outra e ficam papéis para trás, coisas, ganchinhos, travessões, embalagens de lenços de papel, canetas, lápis do ikea, umas moedas que caíram do porta-moedas. 



Carteira de mulher (obtida na net)


E na que devia estar vazia também há despojos, alguns nem sei que lhes faça, deitar fora não, arrumar nem sei onde. Agora arranjei uma daquelas coisas grandes com bolsos - aquilo tem um nome mas não me estou em lembrar, comprei na Parfois e serve mesmo para ser simples passar coisas de uma carteira para outra. Pois não apenas isso está cheio como é apenas mais uma bolsa no meio de outra tralha. Quando estou a conduzir e quero achar qualquer coisa, jogo a mão lá para dentro e aparece-me de tudo menos o que quero. Um desespero. Consigo gerir situações complexas mas gerir a minha carteira é coisa para a qual confesso a minha inabilidade absoluta. 



Carteira de mulher (obtida na net)


De vez em quando resolvo fazer uma limpeza e começo a tirar facturas, papéis nem sei de quê, recibos de água já pagos, batons, ganchos, folhetos não sei de quê, tirinhas daquelas que se usam para testar perfumes, contas do supermercado que achei exorbitantes e guardei para ver se descobria um erro, etc. Se o meu marido assiste a esta operação e me vê a fazer montinhos de papel no chão à volta da carteira, para distinguir o que é para o lixo e o que é para guardar, abana a cabeça e diz o que costuma dizer nestas situações 'Eu já nem digo nada'. E é o melhor que faz porque irritada já eu estou. 



Carteira de mulher (obtida na net)


Adiante.]


Volto ao tema das mulheres em funções de chefia ou coordenação. Tenho longa experiência de trabalho em que tenho chefiado equipas e tenho também longa observação de equipas chefiadas quer por homens quer por outras mulheres que não eu.

O que posso testemunhar assenta desde logo numa grande constatação: não é o sexo, por si só, que determina a qualidade do comportamento. Há homens péssimos e homens bons, tal como essa gradação também se verifica nas mulheres.

Mas não me vou ocupar dos péssimos pois, de facto, uma pessoa péssima, sem jeito para liderar, pura e simplesmente não deveria liderar. Se está em posição de liderança sem jeito para tal, é um terrível erro de casting, daqueles que costumam sair caros (veja-se o prejuízo para Portugal de ter à frente do Governo um sujeito sem jeitinho nenhum para liderar o que quer que seja).

Ocupo-me aqui, agora, pois, apenas dos bons líderes. E, entre os bons, penso que, em determinadas áreas e em determinadas circunstâncias, pode ser muito melhor uma mulher que um homem.

Uma mulher é mais objectiva, mais concreta, mesmos ambígua. Os homens têm alguma dificuldade em verbalizar com exactidão o que querem. Se dizem uma coisa vaga, para eles isso já é suficiente e, se os outros não entendem, ele acha que o problema é dos outros e não dele. E acham que confirmarem que os outros perceberam exactamente o que quiseram dizer é desnecessário e, por orgulho ou por um qualquer motivo estúpido, não o fazem.

A torto e a direito me deparo com situações em que a coisa correu mal apenas porque os intervenientes não verbalizaram com limpidez o que queriam. E depois têm muito aquilo a que os brasileiros chamam 'orgulho besta'. Dizem uma parvoíce qualquer e depois não voltam atrás. Não querem dar o braço a torcer, não querem que se pense que ficaram por baixo. Parvoíces.

As mulheres são mais práticas, não se importam que as achem cuidadosas demais, não se importam de ouvir os outros, de concertar posições - e fazem-no sem esforço, com naturalidade.




E também com maior naturalidade pedem ajuda, dizem que não perceberam, pedem para os outros explicarem melhor, não acham que isso as rebaixa, e tentam evitar rupturas absurdas, estabelecem pontes, conseguem manter vários assuntos em paralelo e a todos dar um pouco de atenção.

Onde os homens são simples, binários, as mulheres percebem as subtilezas, usam a intuição, e funcionam melhor em rede, e esforçam-se por que as coisas corram bem, esforçam-se com cuidados e atenção, sem recearem mostrar esses cuidados.

Olho para o meu País tão maltratado, tão estafado, tão exangue e sinto que tudo poderia ser muito diferente se, em lugares de relevo, por exemplo à frente do Governo ou na Presidência da República, estivessem mulheres.

As mulheres são mais naturais, menos preconceituosas. E são mais corajosas, não temem que lhes caiam os parentes na lama.

Reparem, vou dar outro exemplo relacionado comigo. Como já aqui o disse várias vezes, trabalho numa empresa, ou melhor, num Grupo empresarial. Exerço funções de gestão. E, no entanto, não me incomodo nem um bocadinho de falar de aspectos que, se fosse um homem, temeria que isso me diminuísse, temeria ficar mal vista. Eu, pura e simplesmente, estou-me nas tintas. Mas qual o exemplo?, perguntam vocês, quiçá já fartos de tanta conversa. Eu conto. Ontem, depois de um dia um bocado sobrecarregado com reuniões presenciais, videoconferência, decisões um bocado complicadas, sabem onde fui?

Está bem, está bem, eu conto: fui cortar cabelos ao domicílio.




Saí do trabalho e fui a casa da minha filha. Ela estava com um cabelão enorme. Como o tem farto, agora estava a fazer-lhe muito calor, e estava a tornar-se pesado. Queria encurtá-lo mas não muito e queria escadeá-lo, torná-lo mais leve, dar-lhe movimento. Como é sabido adoro cortar cabelos. Haircuts mas dos literais (não dos finaceiros). Molhou-o e lá fomos para a varanda, ela com uma toalha pelos ombros. E lá o cortei, desbastei, danadinha por cortar o dobro - mas ela tinha-me pedido que me contivesse e lhe obedecesse e eu, bem mandada, assim fiz. 

Antes dela, foi a vez do ex-bebé. No outro fim de semana já tinha cortado o cabelo do irmão, mas ele, vá lá saber-se porquê, recusou-se. Ontem, mal me viu, veio logo pedir-me para lhe cortar os 'cocóis' que é, como quem diz, os caracóis.

Ele de pé em cima de uma cadeira, a minha filha levou um tupperware com água e então eu ia-lhe molhando os cocóis para ser mais fácil cortar, e ele todo satisfeito, também molhando o próprio cabelo e, por fim, já metendo os caracóis na água, na maior diversão: ... cocóis na ahba!!!

Ora, digam-me lá vocês se estão a imaginar um executivo a contar proezas destas... É o contas...! Não apenas achariam desnecessário contar inutilidades como não arriscariam sujeitar-se a serem ridicularizados.

Ora eu acho que não faz mal nenhum mostrar que sou uma pessoa igual a qualquer outra, não quero parecer nem melhor nem pior, sou o que sou - e não é por ser assim que me torno menos apta para exercer funções de liderança. Pelo contrário, acho que é por me aceitar como sou que também aceito os outros, tento que dêem o melhor de si próprios, compreendo as suas contingências e circunstâncias, tento que se aceitem mutuamente e trabalhem bem em equipa, tento evitar clivagens, conflitos inúteis. Quero é bons resultados e bom ambiente. 

Pensemos: quantas das lusas parvoíces a que assistimos nos últimos dias não são tão tipicamente masculinas?

Claro que têm muito a ver com carácter, com falta de jeito. Mas têm também muito a ver com escrúpulos duvidosos, com jogadas de bastidores, fretes, coisas a que se assiste mais no universo masculino que no feminino. Mas há também muito de falta de boa comunicação, falta de clareza, ambiguidades, falta de coragem - nem sei.

O que sei é que estou farta destes homens que nos governam. Bem que os mandava para casa coserem meias, lavar cuecas. 

Em contrapartida, cada vez gosto mais de ver e ouvir a Heloísa Apolónia, a Ana Drago, a Catarina Martins. Grandes tribunas. Ao princípio a Ana Drago era uma pespineta, mas agora está uma mulheraça, sem papas na língua, raciocínio bem articulado. Dão uma lição aos coerentes mas maçadores (de tão repetitivos que são) do PCP, ao bem comportadinho do Tozé, um atadinho, (já para não falar no Passos com a sua conversa embrulhada que espelha o raciocínio igualmente ensarilhado, no Paulo Portas para o qual não tenho nem palavras tal a perplexidade que me causa, no Cavaco sobre quem não me apetece pronunciar pois é mau demais para ser presidente da República).

Por isso, não sei se não me meta mas é a formar o Partido das Mulheres. Claro que admitiria homens porque não quereria que a Sede do Partido parecesse um mosteiro cheio de noviças e madre superiores - não faria o meu género. 


Além disso, se há coisa que estimula uma mulher a superar-se é poder agradar aos homens e, claro, a bem do País quereríamos que as mulheres andassem sempre motivadas. 

Mas, para poderem ser admitidos homens, estes teriam que ser especiais. 

~~~~~~~

E por aqui me fico antes que borre a pintura. 


Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta feira! E bons banhos para os sortudos!

Eu vou passar o dia a imaginar que estou de molho.

3 comentários:

Pôr do Sol disse...

Olá Jeitinho!
Ai as malas das mulheres, queixam-se os homens, e não há um que se aventure a procurar lá alguma coisa.

O meu marido, creio que o faz por caturrice, pois mesmo o telemovel, que-está-sempre-na-bolsinha-do-lado-interior-da-mala-ou-saco-E QUE SE ILUMINA ENQUANTO TOCA, ele prefere trazer-me a mala, a pegar no telemovel. Contudo sabe-lhe bem quando pede alguma coisa, mesmo inesperada que seja, e eu tenho na mala. Ontem por exemplo era fita gomada(e não serve um penso rápido, porque práticos tambem não são).
Já tentei aliviar o peso do saco mas sempre que retiro alguma coisa, é exactamente isso que me vai fazer falta. E o peso agrava-se quando se é avó de não bebes(esses tiveram sempre o seu próprio saco):toalhetes humidos, um boneco pequenino tem de haver sempre.

Mas nós somos mesmo boas, e em S.Bento vê-se bem, os exemplos que nomeia são prova disso, razão pela qual não nos deixam ser mais.

Desinteressada com ministros e deputados tenho-me divertido com as canções do V. Palmeirim na RC.

Olhe, pobrete mas alegrete, que remédio.



Anónimo disse...

havia uma banda desanhada chamada Sport Bill, um tipo que tirava tudo o que precisava do saco, é do que me lembro quando penso numa bolsa feminina.Algumas até podiam ser consideradas armas, dado o peso, os tipos que caem das motas por roubo por esticão devem perceber o que digo.Em relação a serem melhores gestores(as), tudo depende dos telhados de vidro que têm e menos do género.

Anónimo disse...

Mulheres na governação? Porque não? Diferem dos homens em vários aspectos. Há uma coisa, estou em crer, que uma mulher nunca faria. Nunca. Que era a cena triste, lamentável, reprovável, etc, etc que Paulo Portas fez. E tem feito – ao longo da sua vida. Desde o Independente até hoje. Nenhuma mulher seria capaz de descer tão baixo. Numa mulher, há limites para a falta de carácter, falta de decência, irresponsabilidade, falta de palavra, de princípios, etc. O homem já tem uma noção desses parâmetros "mais alargados". E depois dá no que dá. É certo que há igualmente muita mulher cuja verticalidade é ínfima, mas acredito que esse defeito é claramente superior no homem. E há mais homens com complexos de todo o tipo do que mulheres. Quanto ás malas de senhora...bom, é uma caso que merecia um estudo aprofundado. Minha Mulher padece igualmente desse sintoma, de nunca conseguir encontrar o que quer sempre que ali enfia mão. Sobretudo quando vai a guiar. E aqui julgo que falta método ás mulheres. Não são capazes de pensar naquilo que pode ser urgente a determinado momento, quando vão utilizar o carro. Por exemplo: sempre que entro na viatura, ponho sempre quer o telemóvel, quer os óculos (para ler) ao alcance imediato da minha mão. Nunca nos bolsos do casaco, ou das calças. Assim, não perco tempo e não me distraio. Se toca o TLM páro, se for o caso (se puder, caso contrário não atendo) e de imediato pego no dito. Outro exemplo de falta de método das mulheres é que esquecem com mais frequência do que os homens determinados objectos em casa. Ou os óculos, ou o relógio, ou a chave de casa, ou o TLM, etc. Por exemplo, antes de sair de casa, faço sempre este raciocínio rápido, que minha Mulher nunca faz, nem as nossas amigas e familiares do sexo feminino, ao que apurei: óculos, TLM, carteira, chaves de casa. E assim, nunca me esqueço do que preciso. Aprendi isto depois de me esquecer. Ou seja, encontrei um método para não me voltar a suceder. Mas, curiosamente, as mulheres que conheço, continuam a esquecer-se (e com a idade mais vezes) e não procuram combater isto com uma solução. Mas, se não fossem assim, perdiam o encanto! Tantas vezes: “Oh, lá me esqueci dos óculos!” Ou, “Bolas, lá ficou o TLM em casa!”, e por aí. Sorrio-me sempre e “pico-a”: “Fofinha (muitas vezes chamo-lhe assim, uma ternurinha que tenho), que tal um pouco de método, hem!” Resposta: “Se tu tivesses de pensar em tantas coisas como eu, verias!” É assim, nunca dão o braço a torcer! Mas sem elas que seria de nós homens? Já no trabalho, tenho encontrado mais sabujos do que sabujas. Sem dúvida. Quanto ao método de apresentar um assunto, uma vez mais, aquilo que ensino aos mais jovens é que se deve ter capacidade de síntese, conseguir dizer muito em pouco tempo, mas com substância e evitar abstrações. E, por fim, na medida do possível, não ultrapassar os 15 (20) minutos. Meia-hora ou mais e quem nos ouve perdeu parte do que dissemos, pois ninguém, sem esforço, está ali a ouvir-nos demasiado tempo. Se necessário, então recorre-se a uns tópicos (num papel) para servir de orientação ao que dizemos. E resulta. Quanto ao parlamento, concordo com o que diz dessas tribunas, que mencionou. São excelentes. Não engonham, como a maioria dos seus pares masculinos na A.R.
P.Rufino
PS. E se, logo ás 20.30 horas, o PR deitasse abaixo este governo, assacando as culpas a...Portas (por ser pouco confiável e irresponsável), deste modo, destruindo-lhe a sua já fragil carreira política? A vingança serve-se fria, lá diz o ditado e Cavaco, ao que dizem tem boa memória e nunca esqueceu os maus trato de PP quando era director do “Indy”.