Transcrevo parte do artigo do Jornal de Negócios:
Nos últimos anos a Europa tem defendido que a austeridade e reformas estruturais vão resolver os problemas económicos e financeiros de países como Portugal, Espanha e Itália. Contudo, “todas as provas mostram que este remédio amargo está a matar o paciente”, defende o “New York Times”.
“Há mais de quatro anos, os líderes europeus defendem um cocktail de austeridade orçamental e reformas estruturais para países problemáticos como Portugal, Espanha e Itália, prometendo que isso vai ser a solução para curar as suas doenças económicas e financeiras. Todas as provas mostram que este remédio amargo está a matar o paciente”, refere o artigo do conselho editorial do jornal americano.
“Desde o início, foi claro que a austeridade económica – corte de gastos do Estado e apoios públicos – e as reformas estruturais – flexibilização das leis laborais e privatizações de empresas, por exemplo – não podem ser realizados em simultâneo durante uma recessão profunda. E essa realidade dolorosa está visível sem fim à vista”, adiantam.
O artigo recupera as medidas implementadas em Portugal, que passaram pelo aumento de impostos, cortes nos salários e pensões e salienta que estas medidas resultaram num aumento da taxa de desemprego para níveis “próximos dos 18%”.
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O artigo adianta ainda que esta postura tem beneficiado grupos como Movimento 5 estrelas, que rejeitam as soluções europeias para combater a crise e alerta para o risco de movimentos deste género começarem a ganhar mais força na Europa, considerando que isso pode “provocar o pânico” entre os europeus e a perdas de “milhares de milhões de dólares” por parte dos Estados-membro.
O artigo termina considerando que “vai ser difícil os líderes europeus admitirem que a sua abordagem está a falhar. Mas deviam perceber que ao permanecerem no actual caminho estão a minar a confiança pública no euro e no projecto europeu.”
E deixam um alerta: “Se deixarem que estas forças se fortaleçam, todos no Continente, não apenas os portugueses ou italianos, vão ficar piores”.
Transcrevo agora do Expresso:
O multimilionário e investidor George Soros, numa entrevista publicada hoje pelo jornal "El País", tece duras críticas ao papel da Alemanha na gestão das crises europeias e defende a necessidade de se recuperar o espírito de cooperação e solidariedade entre os países-membros da União.
"A Alemanha deve decidir se quer refazer a Europa da forma em que originalmente estava destinada a ser, que pressupõe aceitar as responsabilidades necessárias para avançar nessa direção, ou deve considerar sair do euro e deixar o resto dos países que acreditam nos eurobonds e podem combater a crise", diz George Soros ao "El País".
Segundo o investidor, que está na 30ª posição do ranking dos bilionários da revista "Forbes", só é possível parar a espiral recessiva na União Europeia alterando as políticas.
"A política atual leva a uma dinâmica que consiste em sofrer uma crise atrás da outra, porque só quando o quadro se torna muito feio os países credores liderados pela Alemanha estendem apoio aos devedores", acrescenta Soros, sublinhando que essa política não funciona porque peca por ser demasiado tardia.
Saída não significaria fim do euro
Questionado sobre se a saída da Alemanha da zona euro significaria o fim da moeda única, George Soros diz claramente que não, apontando para o papel importante do Banco Central Europeu. Na visão do investidor, os países devedores teriam necessariamente de seguir uma política comum para manter o euro, caso contrário pagariam um "preço terrível."
George Soros diz também acreditar que se a Alemanha saísse do euro, os países devedores de transformariam em economias competitivas e as suas dívidas diminuiriam fortemente face à desvalorização da moeda única. O principal prejudicado seria o próprio país, defende.
"O preço do ajuste recairia sobre a Alemanha, que teria que lidar com dificuldades, porque de repente os seus mercados seriam inundados por importações do resto da Europa", explica Soros.
Alemanha deve aceitar eurobonds
O investidor húngaro-americano volta ainda a defender a necessidade de converter a dívida existente em eurobonds para se sair da crise, frisando que cabe à Alemanha mudar de direção e aceitar os eurobonds o mais breve possível, a fim de evitar que a situação se deteriore ainda mais.
Neste sentido, George Soros defende a necessidade de se recuperar o espírito de "cooperação" na União Europeia, entre países credores e devedores, salvaguardando o futuro.
"A crise do euro transformou a União Europeia numa associação voluntária entre Estados iguais numa relação entre credor e devedor. E em situação de crise, os credores ditam o fim da relação, que leva a que os devedores fiquem sempre numa pior situação. E isso condena a União Europeia a um futuro muito sombrio", remata.
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Nunca antes fui defensora da queda de um Governo. Não sou esquerdista, radical, não vou em conversas. Penso por mim (e, por isso, nunca me filiei em nenhum partido).
Mas, no caso deste Governo, conduzido por um sujeito obstinado e impreparado (e nem sei se me estou a referir ao Passos Coelho ou ao Gaspar), não consigo ficar indiferente. Por isso, desta vez acho que este Governo tem que cair rapidamente antes que esfarele irremediavelmente o nosso querido País.
O que estão a fazer ao País é um disparate sem ponta por onde se pegue. Tudo o que fazem conduz a um precipício fatal.
Por todo o lado se levantam vozes a alertar para o absurdo e para a maldade que está a ser levada a cabo em países como Portugal - e os dois artigos acima, oriundos na imprensa internacional são prova disso.
Que a Alemanha e a Holanda e outros países fortes do centro/norte da Europa estão a impor condições que levam à sua hegemonia e ao esmagamento de países com economias débeis não tenho qualquer dúvida. Mas que a responsabilidade maior é dos cobardes, ignorantes, incompetentes, vendidos, que estão à frente dos países que se estão a deixar esmagar, disso também não tenho dúvidas.
E, por isso, correndo o risco de me tornar uma chata de primeira, estando sempre a bater nesta mesma tecla, sinto que não devo ficar passivamente a assistir ao que se está a passar, sinto que devo defender os interesses do meu País - pelo que não me canso de alertar para os erros crassos e em catadupa que estão a ser cometidos por este (des)Governo.
Penso também, como já muitas vezes o referi, que muita da passividade dos portugueses - que aceitam que se aplique uma receita errada (declaradamente errada, conforme assumido pelos seus autores) que os empobrece, enfraquece, e lhes retira a capacidade de uma vida tranquila e de um futuro digno - resulta da matriz de culpabilidade em que parte da educação religiosa assenta.
Meteram-lhes na cabeça que viveram como uns ricos quando deviam agir como uns remediados e que, por isso, agora têm que expiar tão grave pecado.
Tudo errado: não foram as pessoas, elas próprias, que 'pecaram'. O que se passou foi que houve políticas europeias (aceites por políticos de meia tigela, com Cavaco à cabeça) que propiciaram o abandono da actividade produtiva a troco de fundos para actividades não produtivas. A seguir houve uma política de integração monetária (que também não foi da responsabilidade das pessoas, elas próprias) que baixou as taxas de juro e incentivou o consumo, ou seja, que gerou negócio para a actividade bancária.
Não foram as pessoas que pecaram, pelo que não têm que ver as suas vidas estragadas como punição por pecados anteriores. O que houve foi um conjunto de políticas erradas e que importa corrigir. E a correcção não passa - mas não passa mesmo - por empobrecer e enfraquecer as pessoas. A correcção passa por fazer política a sério.
E o drama está aí: na porcaria de políticos que temos. E na vida que vamos aceitando, em que comemos tudo o que nos dão a comer, e na mediatização que leva papagaios e estúpidos para as televisões, que tudo infectam, que opinam e desopinam, fazem e desfazem, e que, com isso, afastam as pessoas de valor da Política, pois não estão para se sujeitar ao populismo barato que ocupa todas as televisões.
Temos que ser exigentes, criteriosos e perceber que temos o direito de mandar nas nossas vidas. Temos o direito a não ser governados por gente incompetente.
Temos que ser exigentes, criteriosos e perceber que temos o direito de mandar nas nossas vidas. Temos o direito a não ser governados por gente incompetente.
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Fico-me agora por aqui e vou até ao meu Ginjal e ver se espaireço. Talvez ainda cá volte depois.
1 comentário:
Olá UJM,
Estou inteiramente de acordo com o seu pensamento e subscrevo tudo o que diz. Este (des)Governo precisa de cair e de ser substituído por gente que faça política a sério e que defenda os interesses do País e dos seus cidadãos.
Gostei também de conhecer a opinião de George Soro.
Um beijinho e uma boa noite
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