quarta-feira, março 06, 2013

Eu e o meu nome. E outros nomes femininos. Pode um nome condicionar uma vida? Contém um nome toda a personalidade de uma pessoa?








Eu poderia chamar-me Beatriz. Seria discreta, algo requintada, moderada, um toque de mistério. Feições correctas e sempre aquele charme discreto da burguesia. Roupas cuidadas, nada de roupas de proveniência popular que arrepiassem a mãe, nada de cortes de cabelos em casa, nada de amores clandestinos, nem sonhados, nada de voz rouca quando a noite cai.

Ou poderia chamar-me Laura. Mas, para isso, acho que deveria ter sobrancelhas espessas ou, pelo menos, bem marcadas, e seria talvez morena, quente, sensual, de uma sensualidade pesada, com a alma cheia de sombras. Profunda nos requebros do desejo, superficial nos requebros da alma. Talvez aparentasse uma vida normal mas, cá para mim, viveria na parte sombria do mundo.

Ou poderia chamar-me Ana Luísa, como chamei à minha primeira boneca. Mas, se me chamasse assim, seria talvez professora, talvez médica das coisas do pensamento, talvez dona de casa às vezes, fato de saia casaco, meia manga na meia estação, sapatinho de meio salto, bem comportada. Mas às vezes, mas mesmo só às vezes, não.

Os meus pais hesitaram em chamar-me Helena. Tive uma amiga na escola infantil e na escola primária que se chamava Helena, Leninha. Carinha de boneca. Diabruras inocentes, boa menina, nunca foi chamada à professora, nunca despertou paixões. Uma bonequinha quase irreal de tão perfeitinha. Foi para línguas. É professora de inglês e anda sempre muito arranjada mas fez-se como que deslavada, confessa a minha mãe que, antes, tantas vezes ma apontava como exemplo a seguir.

A minha professora tinha duas sobrinhas muito bonitas, uma chamava-se Vera e outra Vanda. Eu nunca antes tinha ouvido aqueles nomes. No verão ou no natal muitas vezes levava-as para a escola. Eram muito altas, tinham cabelos pelos ombros, muito lisos, muito bem cuidados (e naquela idade e naquele tempo as meninas tinham cabelos compridos, não cortados curtos), e tinham uns olhos muito claros, uma cor irreal, quase cinzento claro, e não me pareciam pessoas a sério, tudo nelas era diferente. Pareciam-me pessoas de outro planeta. Eram silenciosas, esguias e não brincavam com ninguém nem ninguém se aproximava delas, eram demasiado perfeitas e intangíveis. Lembro-me de ouvir alguém dizer que Vanda se escrevia com W e isso ainda reforçava mais a ideia de que eram seres especiais.

Quando na família nasceram mais duas meninas fui eu que sugeri o nome delas. Uma é Isabel. Aquele som final, ‘el’, transportava em si um volteio, uma vestido com folhos dourados, uma tiara de ouro com brilhantes. Pelo menos, assim achava eu. Parecia-me um nome de princesa, um nome de pessoa que iria ser respeitada, uma Isabel impõe sempre algum respeito. E assim é ela. Tem um porte ou uma expressão ou um tom de voz, não sei bem o que é, mas cria uma certa distância, impõe mesmo respeito. A outra é Margarida. As Margaridas podem ser radiosas, alegres, bonitas. Assim imaginei, desde o nascimento, que seria esta menina. E hoje, mulher feita, assim é. Tem a sua maneira de ser, tem as suas telhas, mas é muito afirmativa, muito livre. É uma flor que escolhe o jardim onde quer florescer. Recentemente entraram mais Margaridas na minha família. Solares, uma mais que outra mas trazem alegria e harmonia ao espaço que habitam. 

Tinha amigas que se chamavam Mafalda ou Francisca, esta era a Kika, e eu gostava destes nomes, mas parece que elas persistiam em ser pouco mais que produção materna. Boas famílias, famílias tradicionais, mas dava-me ideia de serem superficiais, como se enchessem a superfície por dentro para não parecerem ocas mas eu achava que o recheio era descartável, arbitrário, não sei bem dizer. Parece que não tinham identidade própria. 

Tive uma amiga no liceu que era Adelaide, e eu gostava deste nome, é um nome que tem música dentro. A minha amiga tinha cabelo muito preto, feições muito correctas, era mesmo boa pessoa. Vivia perto da minha casa, numa quinta, e a mãe era deputada. E ela podia ter servido de modelo às mulheres que apareciam nos azulejos das paredes do casarão onde vivia. Inofensiva, neutra, morna. Mas depois conheci uma outra Adelaide, a Lai, que é médica. Também de famílias tradicionais, muito tradicionais. E ela devia ter sido tradicional e queriam que tivesse sido rapaz e, por tantas coisas que esperavam dela, saíu com um desequilíbrio que fazia perder o equilíbrio a quem com ela convivia. Eu achava graça ao desequilíbrio dela e ela gostava de mim porque, segundo dizia, eu era a pessoa mais equilibrada que ela tinha conhecido. O meu marido ria-se quando eu lhe lembrava isto, dito por ela, uma maluca de primeira, não é grande elogio. Mas ela e o marido divorciaram-se e a amizade original era com o marido, pelo que quase lhe perdemos o rasto. Se calhar a Adelaide da minha meninice também acabou por sair dos painéis de azulejo. Mas acho que Adelaide não poderia ser o meu nome.

Também tive uma colega na faculdade que era Alice e eu gosto deste nome. Mas, não sei se por influência do livro, parece-me que as Alices têm um lado frágil, um gosto por um certo mundo de fantasia, acho que precisam que alguém olhe por elas, eternas meninas. Podem até ser fortes mas há um lado qualquer nelas que parece ser de cristal, uma certa pureza que convive mal com a maldade do mundo, um lado que parece poder quebrar-se, um lado que tem que ser acautelado. Alice não seria um bom nome para mim. 

Não foi nenhum destes nomes que escolhi para a minha filha. Para a minha filha escolhi o nome que acho o mais bonito de todos, aquele que, para mim, é o verdadeiro nome de mulher. Soa-me bem e a ele associo tudo o que acho que uma mulher deve ser. Mas eu não me veria com esse nome.

Tenho um livro de nomes. Leio o que lá se diz sobre o meu e bate certo. Não poderia ter outro nome. Se tivesse outro nome, seria diferente do que sou. Podia, aqui na blogosfera, ter inventado um qualquer nome para mim e o blogue deixaria de ser anónimo. Podia ter escrito que a autora é a Rita ou a Mané ou a A. ou a M. ou a Maria Gabriela Soares. Seriam nomes credíveis, ninguém acharia estranho e tratar-me-iam assim, por esse nome, sem desconfiarem que eu me estava a disfarçar, a fingir. Mas não seria eu e, portanto, o blogue deixaria de ser meu. E eu só sei ser eu.

Gosto tanto do meu nome, assenta-me tão bem, é uma coisa tão minha, tão impossível de alterar, que me parece até redundante colocá-lo aqui. Ou talvez não seja isso. Talvez seja que o acho uma coisa íntima, daquelas que não se expõe assim, de qualquer maneira. Também não coloco aqui minha pele, o meu olhar, a forma como sorrio. Que quem aqui me conhece me adivinhe (se assim o quiser). Não me vou desvendar para além do que aqui vou partilhando convosco, seria excessivo. Já me desvendo tanto.

A minha família e amigos da família do tempo de infância ainda me tratam todos pelo meu diminutivo, a acabar em inha, como se eu tivesse ainda seis anos. Gosto, sou eu ainda. O meu pai é a excepção. Pessoa mais circunspecta, trata-me pelo meu nome tal e qual. O meu marido sempre abreviou o meu nome e é a única pessoa que me trata dessa maneira e eu gosto que assim seja porque para ele eu sou diferente do que sou com as outras pessoas. Aliás, com o tempo abreviou ainda mais e a maior parte do tempo usa apenas uma pequena sílaba. Curiosamente é também por uma sílaba, duas letras, que os meus meninos me tratam: Tá. Agora o ex-bebé já derivou para Ká e eu insisto: Tá!, e ele olha-me a rir, como se me estivesse a provocar e insiste, decidido: Ká! Seja. Nada disto tem a ver com o meu nome mas curiosamente eu acho que também se me adaptam muito bem. Nomes abertos, cheios de luz, irreverentes, fortes, simples. Não é o meu nome mas serve bem para me tratarem, Tá ou Ká também sou eu (ou se calhar é porque são eles que assim me nomearam).

Com o nome dos homens é a mesma coisa. Pode um homem ser até minimamente interessante mas, se tem um nome que não me diz nada, a coisa esmorece logo por ali (e isto, dito assim, até parece que eu estou sempre à pesca; não é o caso - estava a falar em sentido lato).

Os homens da minha vida têm todos o mesmo nome. Bem, há dois em que isso não acontece. O meu pai tem outro nome mas esse, não conta, é-me anterior. O outro é um dos menininhos, mas não havia alternativa, não dava jeito haver dois irmãos com o mesmo nome. Para ele eu abro uma excepção (- para além de que não sou eu que escolho o nome deles mas, felizmente, tem calhado).

Tive um namorado que tinha um outro nome, um nome que associo a um certo excesso de vida no mundo das palavras. Gosto muito de poetas mas não para viver com eles, especialmente porque eu era a musa dele e eu sou muito mulher de carne e osso para poder ser uma musa etérea e perfeita. Não deu certo, claro. 

Ao longo da minha vida profissional tenho lidado sobretudo com homens. Poderia aqui fazer um tratado sobre atributos de personalidade associados a nomes masculinos. Mas não vou agora entrar por aí porque o texto já vai outra vez longo demais. Talvez fique para outro dia.


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A música acima é La vie en rose na voz de Melody Gardot, alguém que, como sabem, é muito cá de casa.

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Hoje gostaria muito que viessem comigo até ao meu Ginjal e Lisboa, a love affair. As minhas palavras saíram-me muito sentidas, gostei de as escrever, de certa forma deram continuação a um texto anterior, e tudo porque um belo poema de um novo Poeta, o André Tomé, assim o motivou. A música é Mozart e é uma nova grande interpretação de Martha Argerich, hoje com Nelson Freire.

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E, por hoje, fico-me por aqui.

Tenham, meus Caros Leitores, uma quarta feira muito boa, e que sintam, mesmo que apenas por breves instantes, que a vossa vida é uma vie en rose (mas, se for por muitos e longos momentos, melhor).

33 comentários:

rosaamarela disse...

Embora a UJM me chame rosita, eu tenho o nome mais bonito da lista, sim um nome CONDICIONA uma vida, SIM o nome contém toda a personalidade das pessoas.

"Desde cedo pertenci a uma minoria, quando andava no liceu, só eu tenho tinha aquele nome, agora, no supermercado chamam por mim em todos os corredores."

abraço

Bartolomeu disse...

Ainda bem Tá Ká, que para nós te chamas, ou, te chamamos; Um Jeito Manso; U Jóta Éme.
"Um" de única e simultâneamente, universal.
"Jeito" (ía escrever de jeitosa, mas mesmo adivinhando que sejas, não menciono, sou um cavalheiro discreto)Jeito, de habil, de versátil e também de eficaz e precisa. Para tudo isto, é necessário jeito.
"Manso" porque possuis sagez em quantidade para conduzir mansamente mas sem concessões, a "água ao teu moinho".
Em tempos, tive o hábito de me corresponder com alguns escritores. A um deles, Saramago, enviei um dia uma carta, onde lidava esta questão dos nomes que também já me interessou sobremaneira e, sobre a qual, cheguei até a "fundar" uma teoria.
Nomeei esta teoria de "sequência alfabética dos nomes". Isto, porque nas minhas investigações, cheguei a concluir que a sequência alfabética dos nomes, ditava o sucesso que o seu portador iria obter, ou não, ao longo da vida.
Na maior parte dos nomes em que se não verifica esta sequência, mas que os seus detentores obtêm sucesso, dá-se frequentemente a coincidÊncia de serem conhecidos por dois nomes que são alfabéticamente subsequentes.
É obvio que não defendo esta o bservação como sendo uma regra, mas verifica-se com frequência.
Talvez o sucesso se deva à sonoridade que um nome alfabéticamente "alinhado", produz.
A musicalidade, mesmo dos nomes, influi muitas coisas, inclusive a empatia entre as pessoas.

Anónimo disse...

Olá jeitinho,
Adorei este post dos nomes.
É engraçada a descrição que faz
da Helena, tenho uma amiga que é
tal e qual e também estudou e deu
aulas de línguas.
E adorei o que disse do meu
segundo nome.
Beijinho solar Ana

jrd disse...

Todos os nomes.
No tempo em que tudo era cinzento e dos dias de chumbo, o "Podem chamar-me Euridice" de Orlando da Costa, significava uma forma de resistir e, também, de viver o amor.

Abraço

JOAQUIM CASTILHO (QUIM) disse...

Olá UJM!

Eu tenho dois filhos, dois rapazes, hoje dois homens!
Quando a minha mulher me comunicava que estava grávida a criança passava logo a ser tratada pelo seu nome próprio, Mafalda, até que a segunda ecografia mostrava que eram o João e o Luís. Porquê a minha fixação na Mafada? Talvez por gostar muito das tiras desenhadas do Quino, talvez pela sonoridade particularmente bela do nome Ma-fal-da!!!!
Se eu tivesse tido uma filha Mafalda talvez me dedicasse a fazer considerações especulativas sobre a ligação do nome e da personalidade e comportamento da minha filha Mafalda mas não o consigo fazer em relação aos meus filhos Luis e João.
O seu curioso e interessante texto, como sempre muito bem escrito, agradável de ler e, como sempre, muito bem ilustrado não deixa de ser uma simpática especulação sem qualquer base real e, exagerando, científica. O que dizer das mulheres que se chamam Pricipelina, Capitulina ou como a minha Mãe Hermengarda (que o meu Pai tratava amorosamente como Mariazinha)????
Trata-se do chamado “wishful thinking” tão querido, noutros campos, do nosso Moedinhas governamental que, no seu caso, contrariamente ao pequenote do Governo, me merece um sorriso e a minha melhor atenção. Continue serenamente a especular e a relacionar circunstâncias não relacionáveis que eu gosto ... e muito!!

um abraço

Tá???

A Matéria dos Livros disse...

Interessante texto sobre os nomes. Não sei são eles que marcam a nossa personalidade, se somos nós que lhes emprestamos qualquer coisa. O certo é que têm muito a ver com a identidade de cada um.
O facto de se sentir bem com o seu nome vem confirmar a ideia que nos transmite de si: não tem problemas de identidade, vive bem consigo e com os outros, quer se chame Tá, Ká, ou .....inha.
Eu também me sinto bem com o meu. Escolhi-o, pois aquele que os meus pais me deram é mais composto. Para os amigos e o resto do mundo, preferi o nome mais simples, tão banal que é quase um nome comum, nome de feminino, de anjo(inho)...

Um beijinho e bom resto de semana

Anónimo disse...

Olá UJM,

Interessante esta perspectiva dos nomes.
Gostei das descrições que associa aos nomes de que fala.
Também não me imagino com um diferente do meu.
Porém não foi linear a escolha.

Em tempos quando os padrinhos escolhiam o nome dos pobres afilhados, sucediam coisas sinistras, dignas daquelas listas de nomes de brasileiros.
Escapei por um triz, foi assim:

Os meus padrinhos foram também padrinhos de baptismo da minha mãe. A madrinha queria a toda a força chamá-la de Maria da Hora. O meu avô não deixou. Ficou Isabel. Quando eu nasci a madrinha voltou a atacar, vai chamar-se Maria da Hora (era o nome dela, decerto não queria carregar o fardo sozinha). Imperou o bom senso e o meu avô tornou a ser decisivo: mal por mal fica com o meu nome que sempre é mais bonito e assim foi!

Helena Sacadura Cabral disse...

Ó Jeitinho agora é que me tramou com essa Helena. Espero que fosse Maria Helena, o que felizmente não sou...
Mas, ao menos, sempre temos uma Helena de Troia...
E eu que gostava de ser Barbara!
:-))

Tété disse...

Ontem agradeci e comentei a oferta das rosas mas verifiquei agora que não ficou registado. Qualquer coisa se passou, mas não quero deixar de lhe agradecer o gesto tão simpático.
Quanto à MANIF também lá estive e coloquei as fotos no meu cantinho e embora a reportagem não se pareça com a sua, foi uma maneira de dizer Presente!
Mudando para hoje, porque é que faz segredo do seu nome? Para mim há já muito tempo que é Tá e obviamente que não é o mais importante nas nossas relações blogosferianas, mas seria "closest" tratá-la pelo nome.
Beijinhos Tazinha - "jeitosa mas não mansa".

Um Jeito Manso disse...

Olá Rosita,

Para mim é a Rosa amarela, a Rosita. Gosto de rosas amarelas, são elegantes e muito bonitas.

Concordo com o que diz embora me custe fazer afirmações relativamente às quais tenho dificuldade em perceber uma justificação científica.

Mas, seja, como for, achei engraçado o que escreveu. E é muito bom que gostemos do nosso nome.

Mas, apesar do seu ser com certeza um belo nome, ser uma rosa amarela é também uma boa coisa.

Um abraço, Rosita :)!

Um Jeito Manso disse...

Olá Bartolomeu!

Que palavras tão simpáticas. Um dia ainda me torno vaidosa...

O facto de se ter um nome cuja sonoridade prenda é importante, sem dúvida. Muitas vezes ponho a pensar no que poderia ser um pseudónimo para mim e, se escolhesse, escolheria um de duas palavras em que uma pegasse na sonoridade do primeiro. Memoriza-se melhor, é um facto.

No exemplo que dei, embora se trate de um nome que eu não escolheria para mim, Gabriela Sobral, acho que isso se verifica. Há o E aberto e o 'l' e no Sobral há também uma vogal aberta e um 'l'. Acho que se tornaria facilmente um nome 'fixável'.

E é também um facto que a empatia nasce também do nome das pessoas. Para mim isso é relevante.

Um abraço e, uma vez mais, muito obrigada, Bartolomeu que voa nas montanhas!



Um Jeito Manso disse...

Olá Ana,

Espero que, apesar da chuva, esteja aí no seu jardim, no que escolheu, enchendo-o de luz. Isto dos nomes, como a 'cena' dos signos e como a das cores, de que estou com vontade de falar hoje, tem que se lhe diga. Qual a razão para influenciarem a nossa vida? Não encontro explicação (e já falámos disto) mas lá que bate muito certo, lá isso bate, não é?

Gostei que se tivesse revisto no que disse do seu nome.

Um beijinho lunar, Ana!

PS: É que os caranguejos parece que têm mais a ver com a lua...

Isabel disse...

Achei engraçado o texto e gostei do que diz do meu nome. Tenho um pequeno cartaz com qualidades atribuidas ao meu nome. Claro que isto é mais ou menos uma brincadeira, mas há nomes que podem condicionar de alguma forma a maneira de ser de uma pessoa. Nomes "feios" ou "estranhos".

Por algum motivo muitos artistas mudam de nome e escolhem um nome artistico mais "sonante". O nome tem algum peso. Penso eu...

(Gosto mais de ouvir a Vie en Rose cantada pela Édith Piaf, embora nesta voz também seja interessante.

Um beijinho

Um Jeito Manso disse...

jrd,

Gostei (como sempre acontece) do que escreveu. Todos os nomes, é isso. E gostei que tivesse lembrado esse belo nome do livro de Orlando Costa.

Por vezes na blogosfera enredam-se em discussões fúteis sobre anonimatos ou sobre nomes inventados como se isto aqui tivesse alguma importância. O que interessa, aqui, é sermos quem somos, independentemente do nome que nos deram ou que inventámos para nós. Vou aqui mostrar o meu BI para poderem comprovar que o nome que escrevo é o verdadeiro? Mesmo que pusesse o BI poderia manipular a imagem. Que importância tem, para quem me lê, qual o meu nome. Eu que gosto tanto do meu nome, convivo bem com todas as variantes mesmo com as que não têm a ver com o meu nome. E se me chamarem UJM ou Jeitinho também está bem, também sou eu.

Uma vizinha de quando eu era pequena chamava-me Jicas porque o filho, que era mais novo que eu, quando começou a falar me chamava Jicas. E eu gostava. Encontro essa vizinha, pequenina e gordinha, sempre risonha apesar das agruras da vida (o filho morreu cedo e ela ficou sempre com essa mágoa), nos enterros da minha família. Quando me vê, vem para mim, de braços abertos, 'olha a minha Jicas!' e eu fico completamente enternecida pois gosto de ser a Jicas dela.

Todos os nomes ou Eurídice. Tal e qual.

Um abraço, jrd!

Anónimo disse...

Olá de novo UJM,

percebi agora que não acabei o meu comentário,

Um beijinho,

(Maria da Hora)
MJ

Anónimo disse...

Curioso Post. Gostei de ler. Como nos dizia um velho tio-avô, “isto dos nomes é tramado, nascemos com eles e ou nos habituamos aos mesmos ou é uma chatice para a vida!” Tive umas tias avós, que possuiam uns nomes com os quais nunca se habituaram: “este nome que me deram, para minha infelicidade!”, ou “só Deus sabe o porquê deste nome com que me baptizaram!”, ou “com tanta escolha logo me havia de calhar este nomão!”, etc. Uma coisa que sempre evitámos foi aquela chumbada de se ter um filho ou filha com o nome do pai, da mãe, do avô, da avó, ou do Diabo que os carregue. A cada nasciturno era dado um nome diferente e inexistente na família. Mas, ás vezes, há sempre um que resolve furar o esquema, e eu aplico uma receita para o caso. Por exemplo: “António o velho, ou o novo?” –para diferenciar entre o pai ou o filho, etc. Minha Mulher não aprova, mas que raio, havendo tanto nome, porque Diabo se há-de dar o mesmo, ou seja, o nosso, a um filho, filha? Que falta de imaginação! Os nomes, quero crer, não influenciam as personalidades dos que os recebem. Um tipo habitua-se, ou não, ao seu nome e o melhor é habituar-se. O que me foi dado, cá o recebi, nem gosto, nem desgosto, é o que me foi dado, habituei-me, é coisa que não me preocupa nada. Poderia ser Joaquim, ou José Maria, como os meus avós, não sou, poderia ser Aniceto, Clementino, Zulmiro, felizmente não sou, mas, julgo que acabaria por me habituar. Ou seria um infeliz. Agora compreendo e concordo consigo em querer preservar na Blogosfera o seu nome e optar por “outro”, como “Um Jeito Manso”. Acho a escolha deste seu “nome” um achado! Excelente! E, com jeito, lá lhes vai malhando nos ossos (a quem merece), mas igualmente, abordando, mansamente, uma série de outros temas interessantíssimos. Um Jeito Manso, bem vistas as coisas só poderia ter sido uma escolha feminina, não sei bem porquê, mas é o que me soa, e foi o que também pensei, ainda que sem saber ao certo, quando descobri este seu Blogue. Uma bela escolha, devo dizer. Gosto, francamente, desta designação, Um Jeito Manso – ou UJM, para abreviar, quando ns dirigimos directamente a si. “Jeitinho” não me sai. Prefiro UJM. Já quanto a determinado nome nos poder “esmorecer”, bom, aí, talvez não concorde. Em tempos, conheci uma, digamos para despistar (mas nao está longe), “Crispina”. Pois, a dita era levada do Diabo, quer bonita, quer isso mesmo...”levada do Diabo”. Ao princípio não manifestei interesse em a conhecer (por causa do nome), mas depois de “devidamente” convencido, deixei-me de “pruridos” e “foi um prazer conhece-la”. A verdade é que nós vamo-nos, mais dia menos dia, e os nomes cá ficam. Ainda outro dia um tio nosso, irmão mais novo de meu pai, que está a escrever uma espécie de história da família (do lado paterno) nos explicava isso mesmo, ao falar e comentar as aventuras de uns nossos antepassadso - e que aventuras! – e associamos esses nomes já antigos ás suas facetas e vidas, que foram bem recheadas e divertidas. E ficaram os nomes, já que, muitos de nós, nunca os conhecemos.
P.Rufino




Um Jeito Manso disse...

Olá Joaquim,

João e Luís são dois belos nomes. Claro que, entre um e outro, não hesito por um deles...!

Mafalda também é um nome musical, bonito, mas eu que acho que as Mafaldas têm o seu quê de ficção...? Que nunca hão-de ser mulheres de trabalho...?

Quanto ao nome dos filhos, quando a minha filha nasceu eu soube logo o nome que ela teria. Era um nome que vivia dentro de mim. Mas, quando o meu filho nasceu, eu só tinha uma ideia: não ter o mesmo nome que o pai para não haver confusão lá em casa. Além disso já havia primos, tios, filhos de primos tudo com o mesmo nome. Mas os dias iam passando e não estabilizávamos. Começou por ser Manel, mas depois 'não pegou', depois Diogo e o meu cunhado quando lá chegava perguntava, 'então como está o Diogo Freitas do Amaral?'. Tantas vezes o disse, que deixou de ser Diogo. Depois eu pensava em Gonçalo ou André ou Tiago e a minha mãe dizia que tinha a sala de aulas cheia deles. A minha filha, que ainda não tinha 3 anos, resolveu que o mano se chamaria Frederico e chamava-lhe assim mas também 'não pegou'. Os dias passavam e não estabilizávamos. Depois estava mesmo a chegar ao último dia em que podíamos registar o rapaz e, então, resolvemos que não havia mesmo volta a dar: haveria de chamar o mesmo nome do pai. Agora já tenho dois netos que também têm esse nome e dos primos que têm nascido também vêm com o mesmo nome.

No outro dia, estava um deles a jantar e só a querer levantar-se e eu a inisitir para se manter sossegado. Entretanto o ex-bebé levantou-se a correr e eu dei um grito pelo meu marido 'agarra-o' e o meu neto mais crescido levantou-se a correr e eu gritei por ele, 'onde vais?'. E ele muito admirado, 'vou agarrá-lo, Tá, como tu mandaste...'. Lá lhe disse que era com o avô, não com ele.

E, no outro dia, esse mais crescido fez um disparate qualquer e eu dei-lhe um grito pelo nome. E o meu filho, que estava afastado, virou-se muito admirado, 'o que é que eu fiz?'.

Uma confusão. Mas estão muito bem com esse mesmo nome, que lhes assenta muito bem. O filho do meu filho, o último bebé, também tem o mesmo nome.

A cabeleireira onde a minha mãe ia chama-se Princepilina e toda a gente lhe chamava Pipina. Hermengarda impõe respeito, parece nome de pessoa austera. Mariazinha é mais ternurento.

(O meu marido às vezes também me chama Mariazinha... Quando eu estou doente, costuma perguntar, 'então, Mariazinha...?').

Um abraço, Joaquim!

Um Jeito Manso disse...

Olá Leitora,

A ideia que transparece da leitura do que escreve ou das suas escolhas é a de que é uma pessoa também bem consigo própria, alguém em construção, em processo de descoberta, receptiva ao que é novo e diferente. Nesse sentido, acho que um nome curto que deixa espaço para as novidades que queiram entrar, é um nome muito certo para si.

O nome que temos diz muito sobre nós, eu acho, mas acho também uma coisa muito natural que o adaptemos ou transformemos para que se cole melhor à nossa pele.

Também me parece uma coisa natural que, se achamos que há um outro nome que se adequa melhor à nossa personalidade (ou, pelo menos à personalidade da persona que, por vezes, encarnamos), o adoptemos. Não nos parece natural que o Miguel Torga seja Miguel Torga?

Beijinhos Miss Pearls!

Um Jeito Manso disse...

Olá Cara Anónima,

Engraçada essa história. Nunca tinha ouvido Maria da Hora. Não desgosto mas imagino que, na escola e pela vida fora, seria um castigo, com toda a gente a perguntar para ver se tinham percebido bem.

Com uma das minhas avós aconteceu uma coisa muito bizarra. A irmã mais velha dela chamava-se Maria e depois os apelidos.

Os meus bisavós gostavam muito do nome Maria. Quando a minha avó nasceu, a madrinha quis que ela se chamasse também Maria e os meus bisavós, como gostavam tanto do nome, concordaram e não se atrapalharam: baptizaram-na Maria Segunda.

Como é bom de ver, a minha avó tinha um desgosto de todo o tamanho pois os outros miúdos gozavam com ela até mais não poder e ela própria achava um absurdo.

Casou-se Maria Segunda mas, tamanho era o desgosto que tinha, que, algum tempo depois, o meu avô 'meteu os papéis' para ela trocar de nome e, depois de percorrer muitas capelinhas, lá conseguiu. Passou a chamar-se Maria da Piedade que era a Santa da devoção dela.

Depois passou a ser apenas uma história engraçada, já se ria de se ter chamado Maria Segunda.

Sempre gostei de nomes de raparigas que têm uma componente masculina. A minha filha tem, o primeiro nome é o que eu sempre quis para uma filha e o segundo é o tal nome que existe 'a pontapé' na minha família. Mas gosto muito também de, por exemplo, Maria Luís, Maria Manuel, Maria Eduardo. São nomes com raça.

Um abraço!

Um Jeito Manso disse...

Olá Helena,

Sabe que já me tirou um peso de cima... Eu estava a escrever sobre a Leninha que, com o tempo, se fez deslavadinha, e a pensar que não era nada que se aplicasse a si, pelo que a teoria de que os nomes encerram a personalidade de quem os tem, caía um bocado por terra.

Mas então a diferença está no Maria. Era Maria Helena, sim. Aliás, conheci depois uma outra Maria Helena que é também como a primeira. Muito bem comportada, muito bem arranjada, muito boa dona de casa, muito perfeitinha em tudo. Para alguns isto é do melhor que há. Mas a mim tanta perfeição faz-me pensar que falta ali qualquer coisa. Parece-me que só com algumas bizarrias, algum grão de imperfeição, alguma irreverência, é que a coisa fica completa.

Um abraço Bárbara Helena!

Um Jeito Manso disse...

Olá Teresa-Teté,

Já lá tinha visto a sua reportagem. Quando lá estive, estive a ver se a via, mas no meio daquela multidão era impossível. Foi uma bela manifestação, não foi? A cidadania faz-se de momentos assim.

Quanto ao meu nome é o que expliquei. Prefiro assim, que me conheçam pelo que escrevo, pelas músicas que escolho, pelas fotografias que tiro (na fotografia que coloquei neste post estou lá eu, reflectida no vidro, justaposta ao santo).

O meu nome não ia acrescentar nada. Além disso, agora que os meus meninos me baptizaram de Tá ou de Ká passei a gostar muito de ser tratada assim. Quando estou ao telefone com os meus filhos e ouço do outro lado uma vozinha a chamar por mim 'Tá...!!!' fico logo derretida. Parece que sou mesmo Tá, um nome feito à minha medida pelos meus amorzinhos. Pode haver melhor?

Beijinhos, Teresa-Teté!


PS: O comentário sobre as rosas não chegou cá. Mas este chegou bem a tempo. Obrigada!

Um Jeito Manso disse...

Olá Isabel,

Também pensei em si quando falei na 'minha' Isabel que é altiva e um pouco distante. De si não a imagino assim, parece-me uma pessoa bem próxima. Talvez tenha a ver com o Maria, como a Helena refere. Esta 'minha' não é Maria. Mas eu também não a conheço, não é? Na volta é mesmo alguém que gosta de guardar uma certa distância. E que impõe respeito isso tem mesmo que ser, não é?, senão a criançada 'pintava a manta' lá na escola...

Beijinhos, Princesa Isabel!

Um Jeito Manso disse...

Olá MJ,

Não sabia quem era apesar de, pelo tom, me parecer que já aqui tinha escrito.

Se o seu nome é o que eu penso então só posso dizer que é um nome de que gosto muito.

Um abraço!

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino!

Mas, então, já viu a barafunda que é na minha família em que quase todos os nomes masculinhos, dos velhos, aos novos e aos bebés são o mesmo? Uma dinastia ou mais que isso.

Quando estou a falar deles com a minha mãe, por exemplo, e ela quer saber deles, tenho que ir dizendo 'o filho', 'o pai', 'o mais pequeno', etc. Mas, se na mesma casa, calham a juntar-se com primos e tios, então a confusão é generalizada. Mas que quer? Parece que não há outro nome que se aplique tão bem...

Quanto escolhi o nome do blogue andava a ouvir no carro a Bethânia com 'o meu amor tem um jeito manso que é só seu' e eu gosto muito desta canção e andava sempre a cantá-la. Por isso, foi o nome que me ocorreu e pareceu-me mesmo a calhar. Depois temperei-o com as palavras do ONeill 'há palavras que nos beijam' e acrescentei que 'outras nem por isso' porque, por vezes, sei bem, escrevo aqui palavras que são mais dentadas do que beijos.

Mas gosto que me tratem por UJM, é uma coisa só minha.

De resto, uma coisa lhe digo. Nem todos os nomes são retratos, nem todos os nomes são avisos. Mas há que ter cuidado com as Cristinas, costumam ter dons secretos, tentadores e, por vezes, há jardins proibidos dos quis não se vê bem a saída... (estou a brincar! :))))

Um abraço, P. Rufino. (E ainda bem que não se chama Zulmiro Rufino senão a nossa conversa acabava já aqui...)

Bartolomeu disse...

Olha, gostei bué do comentário da Sô Dona Helena Sacadura Cabral, pessoa por quem nutro um "gostinho especial" com fundamento naquele que julgo ser o seu carisma. Nunca me passaria pela môna que ela pudesse preferir chamar-se Bárbara.
Assim de repente, Bárbara, lembra-me o tema do Xico Buarque da Holândia, aqui interpretado pla Bethânea porque não dei com ele na vox Xicus.
http://www.youtube.com/watch?v=YjFSOrjNv20

Barbara... Barbara... nunca é tarde, nunca é de mais... onde estou... tra-la-rá-lá.
;))

isabel disse...

São tão bons estes bocadinhos de vida que partilha connosco todos os dias! Passo sempre,em silêncio. Mas hoje não resisto e vim aqui dizer-lhe que a 1ª fotografia deste artigo me encanta. Como muitas outras que nos vai mostrando. Parabéns
Uma Isabel

Helena Sacadura Cabral disse...

Jeitinho
Cheira-me que esta virgindade das Marias faz toda a diferença...

Caro Bartolomeu
Gosto imenso dessa canção. Que diz bem comigo "nunca é tarde, nunca é demais...no fim da noite serei tua"!
Julgo que, num ponto de vista pessoal, poderia ser mais "no fim da tarde...".
Sempre achei os fins da tarde mais propícios ao amor do que os fins da noite!

Helena Sacadura Cabral disse...

Bartolomeu
Esqueci-me de acrescentar que dois nomes que prefiro são Rodrigo e Bartolomeu.
Gosto de nomes grandes.
Sou uma megalómana onomástica!

Bartolomeu disse...

Oh!!! Barbara Helena, iguala-nos o gosto pelo amor e pelos fins-de-tarde e pelos Rodrigos, se bem que, suspeito que os meus preferidos não sejam os mesmos... eu aprecio imenso os "doces" aristocráticos, envoltos em pratas de várias cores, aqueles que são antecedidos por um "Dom". O dom de me fazer sentir flanar sobre as águas do imenso oceano, levado pelas asas de um hidroplano, como um certo aeronauta, um século atrás.
;)

Um Jeito Manso disse...

Olá Isa, uma outra Princesa Isabel,

Fico contente que tenha gostado. Há tanta coisa séria para se falar e a mim agora só me anda a dar para estas ligeirezas. É que mesmo quando vou à procura de coisas para ler, só me apetece ler coisas 'nesta base'... Apetece-me ver revistas de decoração, coisas de moda, restaurantes, sítios para passear... É que tudo o que leio relativo à vida política já me enjoa: tanta nabice, tanta ignorância. Mas vou estar sempre a bater na mesma tecla...? Não me apetece.

Mas, quando escrevo estas ligeirezas, penso que, quem me lê, me deve achar uma frivolazinha de meia tigela... Mas, enfim, paciência...

Gostei de a 'ver' por cá.

Um beijinho!

Um Jeito Manso disse...

Bartolomeu & Bárbara Helena,

Gosto de os ver na cavaqueira. A internet tem destas coisas fantásticas. Imagino-os num fim de tarde a conversarem animadamente um com o outro.

Um abraço aos dois e vou sair de fininho para não atrapalhar. :))))

Bartolomeu disse...

Obrigado minha amiga UJM.
Agradeço-te a cedência do espaço e a discrição.
;)))
Mas olha, antes de saires de fininho, não queres "acompanhar-nos" num Dom Rodrigo, uma champanhe e "dois dedos de conversa"?

Um Jeito Manso disse...

Olá Bartolomeu,

Gulosa como sou, aceito já o D. Rodrigo e só de pensar nele já estou a salivar. Que saudades. Há séculos que não como nenhum. Só se vende no Algarve, acho. pelo menos, nunca os vejo à venda por estas bandas.

Champanhe bem geladinho também vai muito bem.

E a uns dois dedos de conversa com pessoas tão interessantes também não digo que não. Mas só dois... :)))