quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Às vezes gosto mesmo do meu País ( ... e a versão finlandesa, a cargo dos AGIT PROP, de Grândola, Vila Morena)


O meu País está entregue a um bando de incompetentes que, com as suas acções, provoca um desemprego crescente, destrói sistematicamente a economia, vende ao estrangeiro as suas maiores empresas.

Mas no meu País há um povo que protesta cantando. Às armas prefere flores, à pancadaria prefere abraços, aos desmandos prefere os cantares.




Fico comovida com isso. Há formas simples, eficazes e corajosas de mostrar a indignação e a força da resistência. Cantar deve ser, dessas, uma das mais criativas.

A população deste País não é imensa mas é seguramente muito, muito, muito mais do que o pequeno bando de incompetentes que parece estar empenhado na destruição do País. Que a população não se acobarde e se levante cantando acho lindo. Talvez desta forma os incompetentes comecem a perceber que se consegue enganar algumas vezes toda a gente, enganar sempre algumas pessoas mas que é impossível enganar sempre toda a gente.

Não sei se há organização partidária por trás destas iniciativas ou não. Isso é indiferente. O que não é indiferente é que, com uma acção tão simples, o de cantar um dos hinos de Abril, os incompetentes que nos governem sejam calados e tenham que aguardar a sua vez de falar. Imagino que, quando agora têm que se apresentar em público, devem estar numa ansiedade a pensar quando chegará a altura em que vão ter que ficar calados à espera que lhes seja dada a oportunidade de falar. Talvez assim aprendam perante quem devem apresentar contas: perante as pessoas que os elegeram e não perante os funcionários da troika ou perante 'os mercados'.

Já aqui o disse: num país normal, em que a democracia se exerça em legitimidade plena, o povo respeita aqueles que foram eleitos. O que acontece neste momento é que estes fulanos não estão a agir legitimamente pois não estão a executar o programa através do qual obtiveram o voto. Por isso, face ao descalabro, à evidência de incompetência e face à ilegitimidade com que estão a agir, é natural que o povo manifeste a sua indignação e lhes mostre que perderam o seu respeito.

Noutros países talvez o povo partisse montras, virasse carros, ocupasse as ruas, coisas assim como vemos em Espanha, na Grécia.

Aqui, nada disso. Aqui as pessoas levantam-se e cantam.

E o que eu digo é que tomara que cantem até que a voz lhes doa. E eu, se a ocasião se proporcionar, farei o mesmo.

E que as virgens ofendidas do costume, as beatas do regime, fiquem no canto da porta a pregar, entre-dentes, contra esta grande ofensa, cantar, é para o lado para onde me deito melhor.

(PS: Sobre o facto de não terem deixado o Relvas falar já escrevi aqui ontem, não vou repetir-me)

*

E agora, enviado por uma Leitora a quem muito agradeço, o Grândola, Vila Morena, por um grupo finlandês, o Agit Prop

*

A seguir a ver se ainda vou falar sobre o incompetente Gaspar.


12 comentários:

Anónimo disse...

Há quem se insurga contra este novo fenómeno. Não é o meu caso. O que aqueles não querem aceitar e entender é que este governo dilacera contribuintes, empresas, trabalhadores, a economia do país e está a pôr em causa o futuro de Portugal. As manifestações anti-ministros com a Grandola Vila Morena são a continuação de outras como a de 15 de Setebro passado e como as que têm continuado a suceder. Os moralistas que condenam a atitude de se cantar Grandola Vila morena (e, para “mostrar” que “compreendem” o povo dizem preferir o Hino Nacional) no fundo preferem é que tudo isto, este enorme protesto sempre a crescer, contra esta cambada de malandros e incompetentes que nos governa, morra, desapareça e que tudo “volte á normalidade” da anormalidade em que vivemos e se deixe o bando de S.Bento continuar a trucidar a economia e o País.
Estes autistas, os nossos ministros, não conseguem perceber que estão vada vez mais isolados. Que o povo, e muito do que ajudou a elege-los, já não está com eles, mas veementemente contra eles. Acham que se trata de casos isolados e manipulados. Pior do que o cego é aquele que não quer ver.
E quando alguns ministros nem sequer conseguem falar, lá vem um idiota dizer-nos que a “Democracia foi abalroada”. Não, quem está a ser abalroado, são os nossos direitos, a nossa saúde, educação, o nosso PIB, o nosso emprego, as nossas empresas, os pensionistas, o investimento interno, o consumo privado, a nossa esperança num futuro melhor, nós todos, com a excepção do capital financeiro.
E a esfinge de Belém a tudo assiste, impávido e alheio, esquecendo-se que, como PR, deveria representar a última esperança deste povo abalroado por este famigerado governo.
Que se seguirá a Grandola Vila Morena? Temo que um dia a paciência deste nobre e pacífico povo se esgote. E depois como será?
P.Rufino

Anónimo disse...

Cara UJM,
Subscrevo na integra as suas palavras.

Também me comovo com esta forma de expressão, também cantarei surgindo a oportunidade.

Que bom ter gostado da música que lhe enviei! Com o que ouço pelo Ginjal é ousado dedicar-lhe música.

Acho que estou a tornar-me comentadora habitual.

Um beijinho para si,
MJ

jrd disse...

Sem pedir licença porque o impulso foi mais forte, o bth fez parte do coro.

Abraço

O Puma disse...

Cantemos

em riste

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

Mas o que deu nestes tipos? Abalroar a democracia? Mas então estes ministros não conseguem esperar uns minutos e falar a seguir? Ficam tão a tremer que já não conseguem falar a seguir? Que meninas.

E estes fulanos como o Assis são tão politicamente correctos que até enjoam, credo.

Querem todos ter um povo abúlico, passivo, dormente, anestesiado? Que gente esta.

Temos que assistir a enganos de contas, aldrabices, piruetas e temos que nos manter de boca calada?

Muita sorte têm é eles.

Fico doida com estes fulanos todos.

Bom, fico por aqui para não dar cabo da minha beleza... que o stress faz mal à pele...:)

Um Jeito Manso disse...

Olá MJ,

Fico muito contente que dê dois dedos de 'prosa'.

E, olhe, para ver que eu, na música como em tudo no resto, não sou elitista hoje, lá no Ginjal hoje, de propósito para lhe mostrar isso, escolhi uma música que não tem nada a ver com as restantes. O violoncelista Yo-Yo Ma numa música imprevista...!

beijinhos.

Um Jeito Manso disse...

jrd olá,

Todos somos poucos para um coro que se quer alargado. Fico muito contente que tenha gostado.

Esta versão do Grândola foi-me enviada por uma Leitora, pela Ana de Sá e é uma maravilha.

E é tocante vermos como uma música do Zeca se mantém tão viva, tão para além do próprio país.

Um abraço!

Um Jeito Manso disse...

Olá Puma,

Cantemos de pé, de frente, com força, sem medo.

Obrigada!

lino disse...

Não conhecia. Obrigado por dar a conhecer!

anamar disse...

m jeito manso,

uma belíssima descoberta através de jrd.

Partilhei para que o seja lido tão belo texto sobre tão bela maneira de pôr o nosso canto cá para fora.

Em qualquer língua... Grândola se canta bem...

Abraço

Um Jeito Manso disse...

Olá Lino,

Fico contente que me tenha descoberto e que tenha gostado do que aqui encontrou.

Muito obrigada.

Um Jeito Manso disse...

Olá Anamar,

Fico contente que, pela mão do jrd, tenha chegado até aqui onde será sempre muito bem vinda.

Grândola é um símbolo, é uma memória colectiva e é uma grande canção de um grande compositor. Quanto mais pessoas cantarem melhor.

Um abraço!