segunda-feira, janeiro 21, 2013

Tempo de Culinária. Duas receitas fáceis, económicas, saborosas, saudáveis. Arroz de salmão com legumes e robalo no forno com sabor frutado



Este blogue não segue uma cartilha, não tem agenda. Nada. Apenas o que me dá na bolha. E hoje - depois de ter lido a resposta da HSC a um comentário, no seu Fio de Prumo, no qual ela dizia que tinha estado a cozinhar para a semana, como eu fiz o mesmo - está a dar-me para aqui falar de culinária.

Tenho vários livros de culinária mas não consigo seguir uma receita. Sou indisciplinada por natureza. Na hora de fazer, só faço o que me ocorre no preciso instante em que estou a fazer. Por isso, tal como quando estou a escrever não gosto de ter gente por perto a atrapalhar-me os movimentos ou a perguntar-me o que estou a fazer, a cozinhar gosto de estar entregue a mim mesma, sem dar explicações. É que não sei, só fico a saber no preciso instante em que faço.

Se calhar o que faço não é original, mas como faço de cabeça, também pode acontecer que o seja. Mas isso pouco me interessa. O que interessa é que seja bom.

Assim, vou falar-vos de receitas em conta, fáceis, saborosas e saudáveis. Para tornar o texto menos maçador, vou intercalando com algumas fotografias da minha cozinha, ou melhor, do espaço de refeições.



Há tempos contei-vos como, tendo entrado numa loja de velharias em Amsterdão,
dei com um quadro em madeira pesada pintado à mão, com um galo;
e como o dono, sem saber a minha nacionalidade, me disse que eu era muito feliz
porque ia levar uma peça portuguesa.

Pois cá está ele, na zona em que tomamos as refeições, ao pé de um outro


Cá em casa, cada vez comemos mais peixe, acho que é mais saudável. Assim, é de peixe que vou aqui falar.

Para começar, refiro um Arroz de salmão que é rápido de fazer e fica muito bom (enfim... pelo menos, cá por casa merece apreço). 

Os produtos que usei, salmão (cerca de 5€), mistura de legumes para saltear ( 1 euro e picos) e arroz basmati foram da marca branca do Pingo-Doce pois são mais baratos do que os de marca e são bons. Não simpatizo com o homem do Pingo Doce, aquele convencido do Alexandre Soares dos Santos, e irrita-me pensar que lhe estou a fazer publicidade mas, enfim, é o que é. O Pingo Doce é o supermercado que me dá mais jeito para efeito de frescos e congelados e, por isso, é disso que falo. Se calhar no Jumbo ou no Continente há marcas brancas equivalentes e de igual qualidade.

Então aqui vai a receita para 2 pessoas, sabendo que ainda sobra o suficiente para uma outra refeição (no mínimo e para quem não coma como um desvairado) e, portanto, para mais pessoas, é fazer a proporção:

- Refogo 1 cebola média picada finamente. Junto também 1 dente grande de alho, picado e, se houver, 1 folha de louro.

- Junto 2 tomates bem maduros de tamanho médio (daqueles de cacho ou chucha) e deixo refogar um pouco, desfazendo-os com um garfo de madeira. Havendo salsa ou coentros, junto também. Se não houver, não há drama.

- Junto um saco pequeno de legumes congelados para saltear. Subo o calor. Deixo que descongelem no tacho e vou mexendo de vez em quando. Junto também 2 lombos de salmão congelados (lombos, não tranches que são mais secas e menos saborosas). Depois de levantar fervura, tapo o tacho, reduzo o calor e deixo cozinhar uns 4 ou 5 minutos. 

- Depois junto água, de preferência quente (mas só para ser mais rápido) na quantidade de duas vezes e meia a quantidade de arroz. Junto também um pouco de sal. Levanto o calor do fogão até ferver.

- Nessa altura, junto a quantidade de arroz que costumo fazer para 2 pessoas (eu usei uma chávena almoçadeira, que é a dose que uso; mas cada um sabe de si), mexo com o dito garfo para soltar o arroz (quem quiser mexer com outra ferramenta é livre de o fazer). Quando volta a ferver, volto a baixar o calor e tapo. 

- Provo a ver se está bom de sal e, se necessário, corrijo.

- De vez em quando espreito para ver se a água já não foi toda absorvida e, se isso estiver prestes a acontecer e o arroz ainda não estiver bom, junto um pouco mais de água quente e mexo.

- Quando o arroz está cozido, tiro do fogão e deixo estar tapado.

- Depois atiramo-nos a ele. Fica bem com um vinho branco fresquinho mas também não vai nada mal com um tinto frutado. Com água também vai.



Aqui há tempos queria fazer um pequeno quadro com azulejos tradicionais, pintados à mão.
Para  isso, na oficina, fizeram várias provas de cada motivo, para testar as cores.
Quando os vi, trouxe todos e lembrei-me de fazer este grande quadro
que agora está junto à mesa onde tomamos as refeições.


Agora falo do que fiz hoje para o almoço, Robalo no forno com sabor amaciado. Tinha comprado um robalo grande, com quase 900 gr. Estava em promoção e ficou-me num pouco menos de 6 €.

- Liguei o forno no máximo para estar bem quente quando lá introduzisse o peixe.

- Pus duas batatas grandes a cozer, cortadas aos cubos, e um ramo de brócolos (destes, mergulhei o pé na água e deixei a 'flor' fora de água para não se desfazer).

- Entretanto, num pirex grande, pus um pouco de azeite no fundo. Depois cobri com duas folhas grandes inteiras de alho francês, abertas. Salpiquei-as, ao de leve, com sal. Em cima deitei o robalo. Salpiquei-o com sal. Coloquei na sua barriga o fígado e as ovas (que, por acaso, tinha). Coloquei ainda lá dentro um bocado de banana e um bocado de maçã descascada. Por cima coloquei o resto da banana e rodelas de maçã. 



Aqui está o robalo antes de ser tapadinho para ir para o forno


- Depois reguei com um pouco de azeite e cobri com mais duas folhas abertas de alho francês.

- Introduzi, então, o pirex no forno e, passados uns 3 minutos, baixei o calor para 200º e, passado um pouco, baixei para 180º. Deixei ficar uns 10 minutos.

- Entretanto, quando vi que as batatas estavam quase cozidas, escorri o tacho e tirei o pirex para fora. Coloquei dos lados do peixe as batatinhas e os brócolos. Reguei com um pouco de azeite e levei de novo ao forno, talvez mais uns 15 minutos.

- Depois, quando as batatinhas já estavam lourinhas, quase estaladiças, retirei o tabuleiro e levei-o à mesa. Destapei-o, retirando as folhas de alho francês que não aproveitei. Serviram apenas para proteger o peixe, para não secar.

Para quem goste do sabor da fruta (como é o meu caso), pode comer a maçã e a banana conjuntamente com o resto, quase como se fosse peixe assado à madeirense. Para quem o não aprecie (como é o caso do meu marido), é não comer as frutas pois o que interessa é que o peixe terá ficado muito agradavelmente perfumado, muito saboroso, macio com o suco da fruta (mas não fica doce!).

Devo dizer que fiz a pensar ser dose para 2 mas sobrou, era muito peixe.



Este jarrão é de louça artesanal mexicana, um peso monstro, e os ramos são uns que,
há muitos anos, apanhei na Praia da Comporta. Têm durado que só visto e eu gosto deles.
As flores são uns girassóis artificiais que há algum tempo resolvi enfiar ali.
Só agora reparo que estão virados para a janela e não para o interior da casa.
Na volta, pensam que são verdadeiros e viram-se para a luz.


Espero que, se repetirem as receitas, as aprovem. E bom apetite!

*

Gostaria ainda de vos convidar a visitar o Ginjal e Lisboa. Hoje as minhas palavras passeiam por um certo lugar que se alojou no meu coração. O mote veio dos lugares e dos nomes, tal como Maria do Rosário Pedreira evoca. A música é um novo momento feliz, Ana Moura e Pedro Abrunhosa. Eu não sei quem te perdeu.

Caso queiram saber que filme fui ver este domingo desçam, por favor, um pouco mais. É já aqui abaixo.

*

E tenham, meus Caros leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda feira!


8 comentários:

JOAQUIM CASTILHO disse...

Olá UJM!

Como estou já na segunda meninice, uno a minha voz à justificada indignação de milhares de jovens e mini-jovens deste país na sua justa campanha contra o peixe. Faço votos para que os seus netos também já tomem parte nas manifestações que aos almoços e jantares têm vindo a ter lugar por todo o país e só admitam, quando muito, comer os palitos do Capitão Iglo, sem pele e sem espinha dois atributos piscícolas destinados a evitar que estes simpáticos seres aquáticos sejam retirados ao seu habitat natural para serem deglutidos por humanos!
Será que a troika, a bem do défice e da dívida, não terá já proibido o consumo do peixe ou então sugerido o aumento do IVA de tão nefasto produto para 30%?
Já lá diziam os nossos coevos: Peixe não puxa carroças???
Como é que o consumo de peixe poderá assim aumentar a nossa produtividade e competitividade de forma a facilitar a retoma e o milagroso investimento estrangeiro!?

Mas cuidado, tenham em atenção o seguinte facto científico que muita vezes é esquecido, mesmo por eminentes biólogos marinhos: BACALHAU NÃO É PEIXE!!!

Tenho dito!!!

Um abraço

Anónimo disse...

Um tema que sempre me conforta, o da gastronomia. É que é realmente uma das coisas que desfruto desta vida. Comer qualquer coisinha boa!
Peixinho é sempre agradável e a saúde agradece. E o salmão faz muito bem ao nosso colestrol. Se bem que já gostasse mais, mas como e assim, se calhar, até comia mais.
Quanto ao robalo, diria que é receita, excelente, mas talvez mais para Inverno – delicioso, bem entendido! Pois o grelhado dá com outro tipo de clima. Mas qualquer deles, no forno, ou na grelha, é uma delícia.
E, na verdade, indo o robalo – um peixo apetitoso! – ao forno, um tinto neste caso não cai nada mal, mesmo nada.
Bom apetite! Fez-me crescer água na boca!
Por falar em peixe, se um dia UJM ou algum dos seus leitores/as for até à Azóia, recomendo o “Sr.Luís”(há lá moutros igualmente bons e com preço, enfim, aceitável), boa gente, restaurante rústico e onde se come um excelente peixe fresco, acompanhado um bom vinho da casa. Quando me dá na real gana vou até lá (não fica ao lado, mas come-se bem), por vezes, ainda que menos do que antes. A crise!
Quanto ao Pingo Doce, em tempos tinha uns bons nacos de porco-preto, a bom preço, mas não mais, pelo menos por onde moro. Eu cá gosto de carne. Vermelha. Há quem a recuse, mas não adiro. Se bem que igualmente aprecie um bom peixe, em qualquer altura.
Aquela gente que nos governa saberá apreciar estas coisas boas da vida? Saberá cozinhar? Saberá o que é uma gastronomia agradável? Preocupa-se com o palato? Quero crer que não.
P.Rufino

Um Jeito Manso disse...

Olá Joaquim,

Não sou grande adepta destas coisas mas não resisto: lol! Ou eheheheheh!

Como me fez rir!

Com que então alinha é em douradinhos quando tem que ser peixe porque, fora de obrigações, alinha mas é num Big Mac...?

Pois desde já lhe digo: como cada vez mais peixe mas no outro dia, ao almoço, deixei a minha companhia bem admirada: 'Mas o que é isso?!?!".

Pois bem, dava pelo nome de prato mineiro e tinha um bocado de tudo: arroz, feijão preto, salsicha, entrecosto, perna de frango e picanha (uma pequena porção de cada), mais banana frita e, ainda, imagine, um ovo estrelado. Por uma questão de decoro, prescindi das batatas fritas. Pois olhe: comi tudo, só sobraram os ossinhos. E que bem me soube.

Não sou fundamentalista em nada, muito menos na comida.

E, no que se refere àquele híbrido, a meio caminho entre o petisco, o peixe e o manjar dos deuses, adoro bacalhau. Mas adoro mesmo, cozido com grão, ou assado com batatas a murro, ou à Braz, ou à Gomes de Sá, ou seja como for. Gosto, gosto, gosto.

E mais não digo senão ainda tenho que ir à cozinha ver o que há por lá que se coma que esta conversa está a abrir-me o apetite!

Um abraço!

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

Pois, bem sei que gastronomia é consigo pois já vi que é um bom cozinheiro e um bom garfo. Cozinhar é uma coisa boa, é uma alquimia, uma arte, uma descoberta.

Sabe que os meus filhos, quando viviam cá em casa, ansiavam por ir almoçar a casa da minha sogra pois ela fazia-lhes um bife frito com arroz branco. A coisa mais simples e desinspirada que há. Mas ele queriam isso, uma coisa simples, banal. Por vezes imploravam-me: mãe, hoje uma coisa simples, não inventes nada.

E ainda hoje o meu filho (que gosta muito de cozinhar mas segue as receitas religiosamente mesmo aquelas muito complicadas que o levam a ir Lisboa fora à procura de ingredientes estranhos), quando vem cá almoçar, coisas que faço a dormir, como cozido ou coisas assim, me recomenda: mãe, tenta seguir a receita...

Mas não dá. Claro que no cozido não tem que saber mas, mesmo assim, se puder acrescentar qualquer coisa acrescento. E eles gostam.

Mas não gosto de fazer doces. Se uma pessoa se mete a improvisar, há o risco daquilo não ligar na perfeição e não é coisa que se corrija facilmente. Ná... sobremesas compro, ou faço salada de frutas ou espero que alguém traga.

E, bem entendido, um bom vinho é essencial. Já nem entendo como se acompanha uma boa comida com sumo ou, muito menos, com coca-cola. Até parece que fico a olhar de lado a pessoa se a vejo a fazer uma coisa destas...

E também mais não digo porque, se começo a falar destas coisas, deixo-me ficar de gosto. Gosto de falar de comida e bebida (e de todas as coisas boas da vida).

E a dica do Sr. Luís já está registada. Lá irei um dia destes.

Obrigada!

Maria Eduardo disse...

Olá UJM,
Estas duas receitas de peixe que nos trouxe hoje devem ficar muito apetitosas. Gosto muito de peixe, mas para mim o peixe grelhado é o que me sabe melhor, talvez por não ter muita inclinação para a culinária, mas um dia destes vou experimentar estas suas receitas pois foram tão bem explicadinhas, passo a passo, que vão sair bem, pela certa.
Obrigada por me incentivar para as lides gastronómicas.
Um beijinho grande
maria eduardo

Pôr do Sol disse...

Cara Jeitinho,

Parece-me que poucas mulheres, não param/ resistem a uma receita culinária, nas revistas, nos jornais, na TV e nos blogs.

Já tenho seguido as suas e que apreciadas são!

Assim, dou por vezes com receitas recortadas de jornais e revistas , dentro de livros, gavetas e junto a uma prateleira da despensa onde guardo os meus livros de culinaria. Desde o Pantagruel,com mais de 35 anos, oferta de casamento, A Cozinha Tradicional Portuguesa e muitos muitos outros, entre os quais um caderno escrito à mão, com "aquela caligrafia" pretença de minha mãe e do qual não consigo desfazer-me. Poucas coisas faço dali, visto não serem muito práticas.

Quando me farto de ver a prateleira desarrumada, faço uma escolha. Classifico-as, arquivo e deito muitas fora, encontro algumas em duplicado, mas passado algum tempo volta ao mesmo.

Ultimamente quando me apetece inovar procuro a ajuda do Sr Google e até ja encontrei bolos sem ovos.E não é que resulta?

Adoro fazer bolos e doces e para isso tenho uma "ajudante" que só peca nos ingredientes, todos eles têm de levar chocolate. O ultimo bolo de laranja que fizémos teimou em regá-lo com chocolate derretido. E muito "importante" dizia. fui eu que tive a ideia!

A cozinha é compensadora, mas ver a minha pequena doceira sentada olhando o bolo a crescer no forno, é uma gracinha.

Tem razão, falar de comida faz crescer agua na boca, lá vou eu acompanhar o meu chazinho da meia noite(?) com alguma coisa doce...

Um beijinho e uma boa terça feira.

Um Jeito Manso disse...

Olá Maria Eduardo,

Espero que fiquem bem e que goste. São receitas muito simples e saudáveis. Cá por casa agora usamos pouco sal, nada de gorduras animais para cozinhar (banha, manteiga), apenas azeite, e muitos vegetais. E sentimo-nos muito bem assim, são refeições sempre de fácil digestão.

E são económicas.

E ao jantar comemos sempre sopa. Tenho sempre sopa, adoro uma sopinha quente ao jantar. dantes o meu marido não comia sopa. Agora já é fã.

Um beijinho e bom apetite!

Um Jeito Manso disse...

Olá Pôr do Sol,

geralmente as pessoas preferem fazer uma de duas coisas, ou salgados ou doces. Não tenho ideia de conhecer de quem goste igualmente de fazer as duas coisas. Só se for a minha mãe. A minha mãe faz doces muito bons. Faz um bolo de cenoura coberto de chocolate que os miúdos adoram. Mas faz tortas com doce de ovos, faz mousse de laranja, merengue com maçã e coisas assim. Eu zero. Só salgados.

A minha filha não saíu grande cozinheira. Está agora a descobrir o prazer de criar receitas próprias mas faz mais por necessidade do que por prazer. Mas o meu filho é um cozinheiro de mão cheia.

O meu neto mais velho gosta de ajudar a mãe a fazer bolo de iogurte e acho que vai sair ao tio pois a culinária desperta-lhe muito interesse. Tomara que sim, a bem da mulher que casar com ele.

Eu também tenho esses livros todos e o da Maria de Lurdes Modesto e os 12 meses de cozinha da Reader's Digest e outros de cozinha de cada país e sei lá que mais. Folheio, e guardo, quanto muito tiro uma ideia. Mas depois desato a inventar.

E até amanhã que já são 2 da manhã, credo...!

Um beijinho, Sol Nascente, e bons bolos com a sua princesinha doceira (doceira ou docinha...)!