segunda-feira, janeiro 30, 2012

Vitor Gaspar, o engraçadinho que nem orçamentos sabe fazer; Paulo Portas, o líder do outro partido da coligação que deve andar a bater com a cabeça na parede; Cavaco Silva que deve ser deixado em paz (noblesse oblige); António Costa que é bom que comece a perceber que tem que avançar; Merkel que tomara que vá à vida dela ou que seja forçada a mudar de ideias; e nós todos que temos que deixar de ser passivos e acríticos..

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Quando se faz um orçamento, estimam-se as verbas que se vão gastar e as que se vão receber, rúbrica a rúbrica, departamento a departamento (digamos assim, para simplificar). Está-se em Setembro ou em Outubro e, com os dados conhecidos, com as projecções internacionais de que se dispõe, 'adivinha-se' o que vai acontecer - e isto para cada mês do ano seguinte. Não se conhece nada de realidade nenhuma pois está-se apenas a prever, uns meses antes de o 'período' ter início.

Vem esta prelecção a propósito de quê?

Pois bem, vem a propósito da incompetência do Vítor Gaspar. E, se não é incompetência, é má fé, ou dele ou de alguém por ele.

Ainda o ano mal tinha começado e já eles andavam a dizer que se previa uma derrapagem e davam como justificação que o desvio tinha a ver com a incorporação do fundo de pensões que, obviamente, implica o pagamento das ditas aos bancários reformados. E adiantavam ainda mais: que a incorporação foi perto do final do ano e que, quando fizeram o orçamento, ainda não sabiam a verba exacta.

Tamanha ignorância, tamanha incompetência e tamanha cara de pau é coisa nunca vista.

Não sabiam a verba exacta (e deviam saber! Então como é que fizeram o acordo?!) mas podiam estimar. Não sabiam que eram 400 e não sei quantos milhões, punham lá ma verba aproximada, arredondavam para 500, qualquer coisa.

Ora o que se passou é que Vitor Gaspar se esqueceu. Esqueceu-se de 500 milhões.

E de que é que se esqueceu mais? Ou, como não é bruxo e não sabe as verbas exactas de coisa nenhuma, porque são coisas que ainda não aconteceram, não as colocou no orçamento? Valham-nos todos os santinhos, que nunca vi coisa assim!

O que me quer parecer é que o orçamento está mesmo todo ensarilhado, todo engatado.

De facto, a semana que passou ouviu-se outra. Ainda Janeiro não chegou ao fim e já andam a dizer que vai haver desvios em três ministérios, entre os quais o do Negócios Estrangeiros!

Não é possível. O que é que aconteceu nestes primeiros dias do ano para já saberem que não vão cumprir o orçamento?!

O que aconteceu, com certeza, foi que se enganaram outra vez e em vez de assumirem que o Gaspar não atina, já andam a sacudir a água para cima de três ministérios.

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E agora pergunto eu: o que diz Paulo Portas a tudo isto? Não apenas a isto dos desvios mas em relação a tudo isto?

Que Passos Coelho diz uma coisa e o contrário sem perceber sequer que se está a contradizer já a gente sabe. Mas Paulo Portas, que é diferente, o que pensa disto tudo?

É líder do segundo partido da coligação, tem assento no Governo - e vê que o que está a ser feito é a antítese do que foi dito e prometido na campanha eleitoral e atenta contra tudo o que se pensava serem os princípios do CDS/PP. E percebe - tem que perceber porque tem cabeça - que o País está a seguir a trajectória suicidária da Grécia, vê que o Governo está de gatas perante a troika, perante a Merkel, vê que o País, seguindo esta política insana, jamais conseguirá sobreviver. Então porque pactua com isto? Ou melhor, como é que consegue pactuar com isto?

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A situação do País é dramática. Grande parte dos analistas e investidores começa a dar de barato que Portugal vai encostar às boxes, vai reconhecer a insolvência, vai sair do euro. O País deveria crescer para gerar riqueza, para conseguir reduzir a dívida e, ao invés, está a regredir,  e os juros vão aumentando e a probabilidade de conseguir voltar ao mercado em breve é cada vez mais remota.


Talvez a Europa mude - estou em crer que sim, que em Abril começará a mudar -, talvez Christine Lagarde, entretanto, consiga pôr tino nos líderes europeus (e instruir os seus técnicos para mudarem também de estratégia, quando auxiliam os países uma vez que ela diz uma coisa e eles fazem o contrário), mas, até lá, Portugal deveria ser capaz de bater o pé, deveria ser capaz de mostrar que o que são precisas são medidas de estímulo ao crescimento e não reforço das políticas de austeridade.

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Ora o grande problema é que estamos a ser governados por pessoas incompetentes, que nem contas sabem fazer, nem um orçamento em condições são capazes de fazer, que não têm noção do impacto negativo das decisões que tomam - e, para agravar, temos um Presidente da República enfraquecido, que, de cada vez que fala de improviso, desata aos tiros nos próprios pés.

Cavaco Silva é um homem a quem não se conhece grandeza. Tende a mostrar alguma mesquinhez, tende a falar para o ar e a seguir vir dizer 'eu avisei'. Não é o líder de que precisaríamos, não é o referencial em quem nos deveríamos rever.

Quem aqui me acompanha, sabe que não nutro simpatia especial pela figura. Não votei nele.

Mas, meus Caros, neste momento de aflição, quem não tem cão que cace com um gato. Cavaco não é flor que se cheire mas Passos Coelho, Vitor Gaspar, Relvas, Moedas, Cristas, Pastel de Nata e quejandos são bem piores. Por isso, acho que o melhor, numa altura destas, é relevar a 'cena' das pensões de Cavaco, perdoar tudo o resto, esquecer, pôr para trás das costas, e esperar que ele consiga reabilitar a imagem para os mínimos para estar pronto para nos valer, se for caso disso.

Este Governo é uma nódoa e pode muito bem acontecer que um dia destes, por excesso de disparates internos e por mudança da conjuntura internacional, se chegue à conclusão que o País não pode continuar a ser destruído e, nessa altura, será necessário que Cavaco se chegue à frente. Não vejo de que outra forma se pode sair deste buraco, antes que seja tarde demais, antes que andemos desgraçados pelas ruas.
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Paulo Portas está numa posição ingrata mas não acredito que naquela cabeça fervilhante não estejam já a forjar-se planos de 'salvação' - dele, do partido dele e do país. Pena é que Paulo Portas não tenha equipa. Era o que eu dizia antes das eleições e é o que digo agora. Numa altura em que teve que indicar nomes, atirou com miúdos inexperientes e desconhecedores das matéras para os ministérios que lhe saíram na rifa. Uma complicação, uma equação de difícil resolução. Requer engenho - porque não é um caso perdido.



Quanto a António José Seguro tenho muita dificuldade em trazê-lo para a arena. Estivesse António Costa no lugar dele e outro galo cantaria. Agora o Tozé mal consegue dizer um quase inaudível piu-piu e, numa altura destas, não é com piu-pius que se vai a algum lado.



Mas António Costa é um homem inteligente, sabe certamente que um dia destes será chegada a hora de dar o passo em frente, aquele passo que o País espera dele.


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Outra coisa. A Alemanha, como contrapartida para uma nova tranche de esmola e um novo pacote de austeridade, quer obrigar a Grécia a render-se, entregando o controlo da execução orçamental a um comissário europeu. A Grécia não aceita. Mas vamos ver como isto acaba.

Vamos ver quanto tempo demora a que vexame idêntico aconteça connosco - os indigentes da Europa e serem tutorados e geridos a partir dé fora. E a seguir a serem corridos a pontapé. Mendigos incómodos. Foi a isto que chegámos, é a isto que estamos a ser conduzidos por este Governo incompetente.


Talvez Sarkozy vá ao ar em Abril, talvez a estrela de Merkel comece a empalidecer, talvez tudo isto se reajeite de uma maneira diferente, talvez todos percebam que é melhor que povos inteiros não sejam maltratados e humilhados, talvez tudo isso.

Mas nós temos que estar preparados para fazermos frente aos desafios que temos pela frente. E o maior desafio é impedir que Portugal seja destruido.

Não quero envelhecer na pobreza, não quero que os meus filhos tenham que ir para um país estrangeiro para conseguirem sobreviver, não quero que os meus netos cresçam fora do meu País, longe de mim, e não quero isto para mim e não quero isto para todos os meus concidadãos, tal como não quero que os velhos do meu País morram sozinhos, como cães abandonados de que ninguém dá pela falta. Este não é o meu País.

E não me calarei enquanto não sentir que o País está no caminho do futuro e não a andar a alta velocidade para um passado de fome, desemprego e miséria.

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E hoje já não tenho tempo para escolher um poema, uma bela fotografia, um emocionante apontamento de dança. Daqui por 4 ou 5 horas tenho que estar a pé, que amanhã rumo a norte e já devia estar a dormir.

Ah meus amigos, como tupo isto me preocupa e arrelia... Mas não deixem que esta minha conversa vos estrague o princípio da semana. Não, nada disso. Respirem fundo, olhem para a janela, sorriam... e tenham, meus Caros Leitores, uma boa segunda-feira!

4 comentários:

Maria disse...

Jeitinho amiga
A foto do Cavaco e da senhora dele, não tem preço. Estará ela a pôr ou a tirar, uma moedinha para as poupanças do casal? A bolsinha deve ser chinesa, pela aparência.
A inefável Merkle está onde? pelo aspecto contorcido, parece estar na casa de banho. Onde já chegam os paparazos!
Também gostei da foto do Tó Zé. Está garboso, o moço!
Olhe querida, tristezas não pagam estas coisas tristes mas, gozar com as desgraças, sempre anima. Claro que tomo tudo o que diz, a sério e, fico preocupada mas, as fotos dão-me para esquecer a tristeza.
Beijinho
Maria

Traçados sobre nós disse...

Cara UJM:

A secura está grande!

J. Rodrigues Dias

Um Jeito Manso disse...

Olá, Maria,

Pois é, o tema é uma tristeza mas os personagens são engraçados.

Eu, quando escrevo isto, muitas vezes já estou com sono porque só pego nisto à noite, tarde, e perco ainda um tempo dos diabos a escolher fotografias, mas o que me divirto...

Mas que isto está a ficar uma preocupação está... e com gente tão impreparada ao leme deste barco...

Mas, olhe, tentemos manter a boa disposição.

Um beijinho, Maria.

Um Jeito Manso disse...

Caro J. Rodrigues Dias,

O tempo está, de facto, uma seca, até a água nos abandonou...

Já agora: fantástico o seu post de hoje sobre o tema...!

Quando é que voltaremos a acreditar no futuro?