Com que palavras ou que lábios
é possível estar assim tão perto do fogo,
e tão perto de cada dia, das horas tumultuosas e das serenas,
tão sem peso por cima do pensamento?
Pode bem acontecer que exista tudo e isto também,
e não só uma voz de ninguém.
Onde, porém? Em que lugares reais,
tão perto que as palavras são demais?
Agora que os deuses partiram,
e estamos, se possível, ainda mais sós,
sem forma e vazios, inocentes de nós,
como diremos ainda margens e como diremos rios?
[O poema de Maria Teresa Horta, uma mulher on fire, chama-se Segredo e é lido por Pedro Lamares; a mulher de longos cabelos e corpo de intangível pássaro é Sylvie Guillem; a mulher ardente como costumam ser as ruivas é Patricia Petibon interpretanto Giulio Cesare de Antonio Sartorio; e o poema é 'Passagem' dedicado a Inês de Manuel António Pina in 'Como se desenha uma casa']
Tenham um belo fim de semana! Divirtam-se!
(E que ninguém se sinta só)
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