domingo, outubro 16, 2011

Pedro Marques Lopes na TSF confessa-se aldrabado por Passos Coelho. Martim Avillez Figueiredo no Expresso diz que as medidas do OE 2012 são loucura e um disparate. Nicolau Santos sente uma raiva a nascer-lhe nos dentes. Eu limito-me a perguntar: quem é, na actualidade, o maior mentiroso? Ou o maior incompetente?

1. Hoje vinha no carro a ouvir Pedro Marques Lopes - na era socrática, grande atancante da política socialista, grande atacante da pretensa falta de verdade de Sócrates e grande defensor de Passos Coelho - agora, chocado, audivelmente revoltado, a confessar-se 'pessoalmente aldrabado por Passos Coelho' que, num curtíssimo espaço de tempo, fazia o oposto do que tinha prometido, desdezia-se a cada dia, prometia num dia o que fazia ao contrário no dia seguinte.


Nisto apenas me surpreende como é que uma pessoa com a capacidade de análise de Pedro Marques Lopes se deixou enganar por tão fraca figura. Passos Coelho é do mais leviano, mais influenciável, mais inconsistente, mais incoerente que tenho visto na política nacional.

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2. Palavras de Martim Avillez Figueiredo, anteriormente apoiante do PSD e de Passos Coelho, em particular, no artigo do Expresso a que chamou 'Loucura' e que diz na introdução que 'um velho filósofo ajuda a perceber como o discurso de Passos Coelho é um absurdo no país em que vivemos': 'Robert Nozick comparava os impostos a trabalo forçado, dizendo que eram uma forma de confiscar o que pertence aos trabaladores. O Governo foi mais longe: aumenta impostos e obriga a trabalhar de borla. Nozick, que morreu em 2002, diria com inteira razão: que enorme disparate'.

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3. Nicolau Santos, escreve num notável artigo do Expresso: 'Eu direi que V. Exa. faz o que disse que não faria, faz mais do que deveria e faz sempre contra os mesmos. (...) Milhares de pessoas serão lançadas no desemprego e no desespero, o consumo recuará aos anos 70, o rendimento cairá 40%, o investimento vai evaporar-se e, dentro de dois anos, dir-nos-ão que não atingimos os resultados porque não aplicámos a receita na íntegra. Senhor primeiro-ministro, talvez ainda possa arrepiar caminho. Até lá, sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes'
 
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4. A (in)consistência de Passos Coelho numa breve resenha:
 
 
a). [Artigo do Passos Coelho no Wall Street Journal em Março sobre PEC4]


'A nosso ver, o último pacote de austeridade não iria potenciar o crescimento mas impor sacrifícios inaceitáveis aos membros mais vulneráveis da sociedade.'


b). [Compilação aparentemente efectuada por Fernanda Câncio mas que pode já ser vista em numerosos locais a partir de afirmações da Conta de Twitter de Passos Coelho, entre 6 de Março de 2010 e 1 de Junho deste anoiniciada a 6 de Março de 2010.  O que ele dizia, pois, antes de estar no governo]

"Estas medidas põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por precaução.”

“Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias.”

“O Governo está-se a refugiar em desculpas para não dizer como é que tenciona concretizar a baixa da TSU com que se comprometeu no memorando.”

“Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas.”

“Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português.”

“A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento.”

“A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos.”

“Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota”

“O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento.”

“Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?”


[Relembro: o que acabaram de ler são afirmações de Passos Coelho]

Nota minha: Entretanto, o grande cavalo de batalha da campanha eleitoral e que serviu para fustigar o PS que era contra, a descida da TSU, já foi deixada cair (e bem! porque era o maior disparate de que haveria memória - mas foi durante meses a fio enunciada pelo PSD e por Passos Coelho como a panaceia para aumentar a produtividade). É isto a consistência do nosso primeiro-ministro.


c). [Afirmações de Pedro Passos Coelho, no encerramento do fórum de discussão "Mais Sociedade", no Centro de Congressos de Lisboa]

'Nós calculámos e estimámos e eu posso garantir-vos: Não será necessário em Portugal cortar mais salários nem despedir gente para poder cumprir um programa de saneamento financeiro'


d). Em Março afirmava que o País tinha o compromisso dele em como não cortava salários nem aumentava impostos sobre rendimentos.



e) f) g) h)....... Poderia estar aqui o resto da noite a transcrever afirmações de passos Coelho em que dizia uma coisa e fazia o oposto no dia seguinte. Não sei se mente, se se esquece, se não tem tempo *, se não sabe o que diz, se não domina a língua portuguesa, não sei.


* Na 5ª feira, na conferência de imprensa, fez o anúncio formal das medidas do Orçamento 2012, em que deu um tiro no Bispo D. Manuel Martins (tal como ele referiu no dia seguinte) e em todos quantos o ouviram. No dia seguinte na Assembleia anunciou mais um agravamento para as empresas, dizendo que no dia anterior não tinha tido tempo. Não teve tempo?! Não teve tempo de quê?...... ......Nem consigo comentar uma afirmação tão imatura, tão disparatada.

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Passos Coelho teve o tempo que quis para se preparar quando estava na oposição, tece acesso a toda a informação, por via da análise feita pela Troika teve acesso a todos os números. Teve quem quis para lhe preparar o programa eleitoral e o programa de governo. Nada justifica os erros graves que vem cometendo a cada dia que passa, sem perceber que os disparates que faz conduzem a mais e mais disparates (arrastando, a uma velocidade vertiginosa, o país para o precipício)

Passos Coelho derrubou o governo Sócrates por causa do PEC 4 e, desde que tomou posse já lançou medidas, novas medidas avulsas lançadas de mês a mês, que deixam o PEC 4 lá bem para trás, mas muito para trás, em austeridade, penosidade social, desumanidade, maldade. Pior que isso, está a deixar o País à beira de uma situação sem retorno, destruindo a economia, desfazendo-se de empresas estratégicas, deixando-nos impiedosamente na pobreza e no desepero.




Duvido que chegue, duvido que sirva para alguma coisa, mas assim como assim, vamos lá, meus amigos, a acender muitas velas, muitas, muitas, muitas, muitas, muitas, muitas, muitas.



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10 comentários:

Anónimo disse...

Concordo em absoluto. Não sei o que passa pela cabeça deste senhorito, mas a passar-lhe alguma coisa, terá consequências demasiado graves para o país. Se o "outro" nos arruinou com a sua economia de casino, este põe tudo no "prego" antes mesmo de lá entrar. Conseguiu o feito notável de virar contra ele a população que lhe poderia ser afecta, e um enorme ódio do povo em geral,o mesmo povo, que costuma pastar bovinamente, por estas coisas da política. Tudo isto em três meses, é obra considerável e ruinosa. Para nem falar, de todos os disparates que diz, das atitudes pirosas, (Lauras, Nobres, e outras tantas).Este homem é um perigo à frente dum país. Não existirão velas no mundo que se possam acender, nem santo que nos valha...
TBM

Um Jeito Manso disse...

TBM,

Habitualmente os governantes têm o chamado período de graça, durante o qual os 'não afectos' esperam para ver e os 'afectos' aplaudem generosamente.

Neste caso, este PPC conseguiu a proeza de que até os mais calorosos defensores, os que deram publicamente a cara por ele nas televisões, rádios, jornais e redes sociais, preferem engolir o natural orgulho (porque assumem que se enganaram na sua avaliação) e em três meses fogem dele como de diabo da cruz.

Nunca se viu alguém que tão rapida e estrondosamente exemplificasse o famoso princípio de Peter. Acho que o dito princípio poderá até ter uma variante: 'Peter Passos Coelho Principle' ou mais portuguesmente, o Princípio do Pedro das Farófias.

Mas a gente pode ficar-se pelos jogos linguísticos ou pelas apreciações aqui nos blogues ou pode tentar fazer com que rapidamente esta traject´´oria de desgraça seja inflectida.

Não é justo que todo o País seja 'posto no prego' por estar a ser governado por alguém que mostra, a olho nu, não estar preparado ou não ter competência, para o cargo a que conseguiu chegar.

O País a ser atirado, a grande velocidade, para o desemprego, pobreza e desespero não é justo, não é aceitável!

packar em rodagem disse...

Olhe, como sabe, há uns meses tinha-o por um simples tonto. Hoje, creio sinceramente ser um tipo perfeitamente consciente - e com um propósito - do q está a fazer. Regressamos à miséria do início dos anos 70, sem PIDE, é certo, mas com um regime manco, neoliberal, legitamado democraticamente. O q faz com q um tipo nem sequer possa agarrar num cacete e ir-se a eles à paulada. E isto tudo com mais uma diferença não dispicienda: Marcelo Caetano, por formação na doutrina social da Igreja, tinha uma muitíssimo maior preocupação social. É aguentar. E resistir dentro da legalidade. Parabéns pelo post, lê-lo foi um prazer.

Um Jeito Manso disse...

Packard,

Tenho dúvidas que ele esteja a seguir um propósito. Quanto mais o vejo mais me parece ser do tipo maria-vai-com-as-outras. Não sabe o que quer, não sabe o que faz, não sabe o que diz. 'Embicou' para ali e para ali vai, sem se dar conta do disparate irreversível que está a fazer. É o que me parece.

O que fazer face a esta desgraça?

Resistir dentro da legalidade, sim, claro, mas resistir com o propósito de o tirar de lá antes que seja tarde demais.

(Obrigada pelas suas palavras.)

Anónimo disse...

Infelizmente, também partilho da opinião que PPC, não tem qualquer rumo e apenas optou pelo mais fácil Leiam a magnífica crónica de Alberto Tavares, no DN disponível na Net. É muito preocupante, ter à frente dos destinos duma nação alguém com o perfil de PPC e ainda a gente que o secunda, e está ávida de interesses a que ele obedece como uma marioneta. Caso , privatização das Águas de Portugal. Tudo isto é muito grave, e pode estar a dar-se o caso da maioria dos portugueses nem saber o que se passa, nem os indignados, ontem na rua, calcularem o justo valor que lhes permitiria a "indignação". Neste momento, e pelo que sei e acho que estou bem informada, passam-se coisas que permitiriam que a população passasse à insubordinação. Segundo a Constituição e pelo Código Penal. Não sou de esquerda, pelo contrário, e muito ao contrário mas, o que PPC e os seus aventais se preparam para fazer ao país, tem de ser parado. De qualquer forma. Isto deixou de ser Esquerda ou Direita. Tem de ser travado. Não quero empenhar o futuro dos filhos e netos que me restam na pátria, chorando os que já vi partir por esse mundo fora e que estão melhor que nós, até um dia...
TBM

Um Jeito Manso disse...

TBM,

Penso que as tontices deste PPC e Relvas e Moedas e quejandos são de tal calibre que algum dia se vão espalhar ao comprido e dar azo a que Cavaco Silva se veja forçado a agir. Não é que isso me dê muita confiança mas a que réstea de esperança é que a gente de haverá de agarrar?

Custa-me a crer que isto vá ao fundo, as empresas passadas a patacos, sem que eles antes façam algum disparate espalhafatoso que force o presidente a agir.

(Também jogo no euromilhões na esperança que me saia... Ou seja, temos que ir a jogo, temos que estar atentos, temos que não deixar passar em branco)

Carlos disse...

Que somos um país à beira da bancarrota, parece que não há dúvidas, right?
Que houve excesso de consumo nos últimos anos, também é um facto.
Que as pessoas deixaram os saudáveis habitos de poupança, ninguém questiona.
Que os governos deveriam ter travado os pedidos de empréstimos há anos atrás, pois estamos afundados em dívidas e asfixiados em juros elevadíssimos, is true...
Que os bancos não têm dinheiro para financiar as empresas porque estão descapitalizados pois o
Estado e as empresa públicas não pagam o que pediram, sabe-o quem tenta junto da banca de pedir financiamentos para as suas empresa.
Que o tempo urge e o governo tem que cumprir com urgência seus compromissos sabêmo-lo todos nós.

Diga-me lá minha Senhora, qual é então o caminho milagroso que este governo de incompetentes e patetinhas deveria seguir?

Carlos J. Costa

PS. Que pena, no tempo do primeiro ministro mais mentiroso de quanto nos governaram, (cujas mentiras nos levaram ao ponto em que hoje esta só, sem para tal estarmos sequer alertados), a Senhora não se ter dado ao trabalho de fazer uma grelha com todas as mentiras, como agora o faz. Já calculo porque não fez: o número de caracteres não lhe caberia num só post... Nem em vários...

Um Jeito Manso disse...

Carlos,

Já estava a estranhar que não aparecesse por cá a defender o seu Pedrocas e mais o seu Relvas e Cia. Que é feito de si? Tem estado em retiro a matutar como é que, perante as evidências, há de continuar a defender os seus competentíssimos amigos?

Ora então vamos lá, meu Caro Carlos - (quase) coincidimos no diagnóstico e isso já é um primeiro passo de aproximação.

Mas, pelos vistos, o meu Caro acha que é apettando o pescoço a estra tropa fandanga que para aqui andou a consumir, a ir de férias para o estrangeiro, a trocar de carro, que se resolve o problema?

A economia está de rastos, não há dinheiro para nada, as empresas estão à beira da falência, o desemprego a aumentar e o meu Caro Carlos acha que é acabando de vez com o consumo que a coisa se resolve? Acabar com eles todos? Com as pessoas, com as empresas, com tudo? Tirar-lhes o dinheirinho todo que quem não tem dinheiro, não tem vícios.

Linha dura, portanto?

Ora, Carlos, não seja assim...

Que é feito da sua costela cristã...? Ou não a tem?

Não viu você já o que esta cura espartana, de míngua, fome e desemprego, não resolve coisa nenhuma? Que só agrava? Olhe para a Grécia, Carlos?

Olhe, outra coisa - quanto ao Sócrates, se o caro Carlos acha tão mal dele, porque não se dá ao trabalho de elencar uma série de mentiras como eu fiz para o marido da D. Laura? Faça lá esse exercício que talvez tenha uma surpresa.

Mas, vá lá, seja lá sincero, ó Carlos: não acha extraordinário o que o seu amigo Pedrocas das Farófias já se desdisse em menos de 4 meses? Não se benzeu quando viu aquela listinha (que pecou por modesta)?

É que a procissão ainda nem saíu do adro - aquele homem ainda vai para o Guiness, não acha?

Olhe lá, Carlos, outra coisa: não esteja tanto tempo calado que eu gosto de ter por cá um defensor do PPC para me exercitar na dialéctica. Vá aparecendo.

PS: Não leve a mal estes epítotos que eu aplico ao PPC. Sabe o que é? Eu sei que isso o irrita, sei que você não gosta que eu traga para aqui a D. laura ou a habilidade pasteleira do homem... É que você aplica-se tanto na defesa do indefensável que eu me apetece irritá-lo um bocadinho. Mas não leve a mal que não é por mal. Já sabe que eu, por norma, até tenho um jeito manso. O PPC & Relvas & Gaspar & Álvaro & Cristas & Moedas & Carlos J. Costa é que me tiram do sério....

:)

Carlos disse...

Não, não apareço muito por cá, porque eu trabalho... ainda há quem trabalhe neste país!, e não me sobra muito tempo para este passatempo. Pelas mesma razão, não vou perder tempo a elencar as mentiras de Sócrates. Além de mais, é um sujeito que não me motiva a perder o meu tempo. Sim, sou intelectual e elitista e um sujeitinho que tira um curseco como o dele, e mesmo assim se serve dos estratagemas e influências políticas que foram sobejamente divulgadas e provadas, para o concluir, não entra no meu círculo de gente de referência... nem de bem.
Quanto a si, quero dizer-lhe que o seu lado "piroso", emerge quando o Pedro Passos Coelho aparece no seu horizonte: ele são apelidos do mais pindérico, ele são calões "foleiros"... É pena,porque a Senhora até vai disfarçando quando os temas são outros.
Relativamente às medidas do orçamento, já concluímos que o diagnóstico que fazemos é o mesmo. Insisto por isso consigo, que nos diga quais as medidas imediatas que propõe, porque não tem dúvidas de que são precisas medidas urgentíssimas, pois não?
Fico à espera!
Cumprimentos.
Carlos J. Costa

Um Jeito Manso disse...

Caro Carlos,

É quase 1 e meia da manhã. Estive a escrever no blogue. Como trabalho durante o dia (sim, Carlos, eu também trabalho!, e de sol a sol), depois chego a casa e trabalho e só pego ao serviço dos blogues lá para as 10 e tal ou 11 da noite.

Medidas concretas só quem disponha de muita informação e trabalhe em equipa mas, conforme pode ler no que escrevo e ainda hoje, (aliás, deve ter saído na 3ª pois devo ter acabado de escrever antes da meia-noite), escrevi, o que eu defendo é o oposto do que tem sido feito.

Aliás proponho o mesmo que a directora geral do FMI, que o Amadeu Altafaj e tantos, tantos outros: que não se esmague o país para endireitar primeiro as contas.

O que proponho é que se endireite o país e as contas, em simultâneo. Proponho que se faça aquilo que o seu protegido PPC prometeu fazer (aliás, ele propunha coisas utópicas, irrealistas - e nessa altura o Carlos também o defendia; ou seja, o Carlos defende uma coisa e o contrário, desde que protagonizadas pelo Pedrinho & amigos, não é?)

Bom trabalho, Carlos.