Um package de medidas estruturantes é um conjunto de medidas que, articuladas entre si, conduzem a um resultado que, previamente, se fixou como o objectivo a alcançar.
Nenhuma medida vale de per se. Apenas quando se conhecerem todas, se poderá ajuizar da bondade do package.
No entanto, face aos comentários que entretanto se ouvem, nomeadamente os de directores de jornais económicos, posso conduzir que há quase uma unanimidade relativamente à conclusão de que este package é harmonioso (se o termo é aplicável a matérias desta natureza), menos gravoso do que se temia, perspectivando algum reacendimento da economia apesar de arrefecer algum consumo, permitindo uma progressiva desalavancagem financeira, sem ser à bruta, não atirando ao tapete, de morte súbita, as empresas mais frágeis, não exponenciando as taxas de desemprego. Se assim for, respiremos de alívio.
Porque, se assim for, é menos mau. Se, à pala disto, nos virmos obrigados a reestruturar alguns sectores anquilosados e ineficientes, haja deus.
Mas não nos alienemos mais do que é razoável: estamos tecnicamente falidos, estamos de mão esticada a pedir apoio, é bom que rezemos a todos os santinhos para que os finlandeses não venham estragar a festa, é bom que nos lembremos que temos uma classe política incapaz, abaixo dos mínimos, a maioria nem para presidentes da junta seriam capazes, é bom que não esqueçamos que vamos pagar caro estas medidas, a classe média deve sair ainda mais esmifrada, e, sobretudo, não nos alheemos do facto de que demonstrámos ao mundo a nossa incompetência total.
Ou seja, ninguém de bom senso pode vir cantar grandes vitórias em cima disto.
Por isso, se já me arreliou um bocado que Sócrates na sua habitual onda zen, quase que só tenha dito que este acordo é bom, tão bom, ai é tão bom, ainda mais me custou ver Catroga, com ar de quem nadava em seco, um peixe afobado a quem, de repente, faltou a água depois de um dia inteiro a secar à espera que o chamassem, desatando, quase em delírio, a dizer que o acordo é bom, ai é tão bom e é por causa de mim, fui eu que disse aos senhores da troika para fazerem um acordo tão bom, que já não corta as pensões, que não despede ninguém, fui eu, fui eu! O mérito é meu, a mim ninguém mo tira!
Tão ridículo. Custa ver uma pessoa que se tinha por minimamente respeitável assim, esgrouviado, desaustinado, baralhado, desdizendo o que antes tinha sido dito (que o PEC IV era brando demais, por exemplo). Está de cabeça perdida, até dói.
Ainda por cima, nas televisões, toda a gente a dizer que o acordo é bom e toda a gente a apontar o dedo ao desnorte do PSD...
A esta hora devem estar todos lá na S. Caetano à Lapa a ver como se vão agora sair desta.
Devem estar: 'O sacana do Sócrates antecipou-se, aquele c.., amanhã temos que dar cabo dele, bora lá escrever mais uma carta. Sacana do Sócrates, e agora o que é que a gente faz? Ó Catroga diga lá aí que é que a gente agora lhes vai perguntar, é pá, puxe pela mona, qualquer coisa. Ah, já sei, vamos perguntar ao tipo porque é que o Teixeira dos Santos estava com ar de quem tinha vontade de lhe dar um estaladão, vá escreva lá, pá, é boa a pergunta, então não é? E olha lá, ó Relvas, põe lá aí o avental e liga aos teus amigos, ao Lello, ao Coelho, a esses, vê lá o que é que eles dizem, vê lá se eles se descaem com qualquer coisa para a gente ter onde pegar, o sacana do Sócrates, a pata que o pôs, safa-se sempre, rais-parta! Vamos mas é dizer que se chateiam muito não assinamos porcaria nenhuma, assinem eles, caraças para isto tudo'
E, enquanto isto, enquanto o destravado Catroga, o marrãozinho Moedas, o perplexo Macedo, o Frasquilho da pulseirinha fatal, a Teresa Morais desvairada aos gritos, quiçá o blasé Duque, o Relvas, a brasileira e os outros se matam a ver o que amanhã vão dizer, o boca doce, o doce jota, anda numa fona na cozinha a preparar farófias para servir daqui a nada, que já estão todos varados de fome, por esta conferência do Sócrates é que não estávamos à espera, deixa-me lá escalfar aqui mais uns ovos, já tenho é pouco açúcar e isto ficava melhor com uma casquinha de limão, mas, olha, vai mesmo assim que em tempo de guerra não se limpam armas, comem as farófias sem o gostinho do limão, olha, paciência e ainda tenho que ir avisar a Laurinha que vou chegar mais tarde.
MR gosta de andar de avental mas na cozinha da S. Caetano à Lapa não entra: papos de anjo, queijadas ou farófias, isso é pelouro do DJ PPC ! |
1 comentário:
excelente, o post!
é o acordo possível, o gajo não iria dizer cobras e lagartos de uma coisa q assinou. é como os gatos, ganda Sócrates, por este andar ainda ganha as eleições! (deprimente o Catroga, coitado, e de vómito aquele Gomes Ferreira da SIC)
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