segunda-feira, maio 30, 2011

Marcelo Rebelo de Sousa e as sondagens (ou melhor, o Prof. Marcelo e a campanha eleitoral): ou o mau serviço que a TVI está a prestar ao País. E a razão que dou a Henrique Raposo relativamente ao artigo do Expresso neste sábado



Com o ar doutoral de sempre, Marcelo Rebelo de Sousa - que é um nome incontornável na Comunicação em Portugal e que tem inegáveis dons pedagógicos sendo, por isso, ouvido com respeito por largas camadas da população - revelou na TVI, na sua charla dominical, que antevê agora que Sócrates tem 30% de probabilidades de ganhar as eleições.

Há uma semana, dizia que essa probabilidade não passava de 10%. Ou seja, segundo o Professor Marcelo, as probabilidades de Sócrates ganhar, numa semana, triplicaram.

Com isto, Marcelo pôs o pé em matéria que lhe é estranha e, hélas, escorregou.

Marcelo move-se bem em terrenos que são os da subjectividade, os da opinião, os do aconselhamento (embora não seja um aconselhamento bacteriologicamente puro: geralmente é tendencioso ou envenenado).

Mas já revela algumas dificuldades quando o tema envolve números.

Mas se o assunto, para além de números, ainda envolve cálculos, aí é que Marcelo torce mesmo o rabo.

Ora bem. De acordo com as sondagens (e para melhor acertarmos, tomemos a média das sondagens – para que a lei dos grandes números faça a estatística ganhar maior adesão à realidade), as tendências situam os resultados sensivelmente na fronteira do empate técnico entre o PS e o PSD.

Ou seja, independentemente das percentagens que cada partido (PCP, BE, CDS, PSD, PS, etc) venha a obter, o partido com maior número de votos será um dos dois, PS ou PSD mas, encontrando-se quase empatados, a probabilidade de qualquer deles vir a ser o vencedor da noite, será de… cerca de 50%. Lapaliciano.

 
E isto é o que as sondagens têm vindo a revelar nas últimas semanas.

Umas adiantavam o PS por uma unha negra, outras adiantam agora o PSD de outro tanto mas, em média, as diferenças entre um e outro situam-se no intervalo da margem de erro.

Hoje temos de novo uma sondagem em que o PSD se distancia mais do PS mas, ao mesmo tempo, temos outra com uma diferença de apenas cerca de 1%.

Depende dos métodos, das amostras.

Portanto, seria bom se Marcelo fosse um pouco mais rigoroso no que diz.

Além disso, o que ele disse pode ter uma leitura perversa: se a tendência fosse para Sócrates triplicar a cada semana a probabilidade de vencer, então para a semana a probabilidade seria de 3x30% ou seja 90%, isto é, já teria a vitória no papo. Errado.




Tem razão o Henrique Raposo (que, inteligente como é, quando for mais crescido ainda há-de perceber que o mundo não é tão a preto e branco como agora ainda o vê), quando, no Expresso deste sábado, se atirou com vigor a Marcelo Rebelo de Sousa referindo que é uma pessoa que não cria valor, que não acrescenta, que não traça um rumo, nada.

Nisto concordo com Henrique Raposo: semana após semana Marcelo faz críticas, dá as tácticas, tenta fazer coaching (mas sempre procurando favorecer o partido a que pertence e é compreensível – o que já não é compreensível é que se faça de santinho, fingindo que está ali a dar conselhos pro bono nem faz sentido que a TVI lhe dê a tribuna que está a dar).

Também eu, ainda um dia eu gostaria de ver Marcelo Rebelo de Sousa a olhar mais longe, a usar a sua inegável capacidade pedagógica para ajudar a descobrir um caminho para o País, a delinear uma estratégia de desenvolvimento sustentável para Portugal.

1 comentário:

packard em rodagem disse...

ele atá tropeça nas suas próprias elucubrações!
(só "come" aquilo quem quer!)