Na justiça o tempo é bissexto.
Isto do Freeport é de pesadelo. Quando parece que o assunto morreu, eis que, tempos passados, sai das trevas uma mão cadavérica para reacender o caso.
E, desta forma, os casos nem morrem nem saem de cena.
Passam meses, anos, e a gente já nem sabe se a coisa já teve desfecho, se ficou pelo caminho, se os arguidos foram os que estavam a ser investigados ou se os culpados eram, afinal, os investigadores.
Nesta never-ending-story do Freeport, agora já nem é o assunto em si que é notícia: agora a notícia já gira em torno das sinistros personagens que, ao longo de anos, têm andado a lamber-se com os despojos deste famigerado caso, ou seja, os procuradores.
Nesta never-ending-story do Freeport, agora já nem é o assunto em si que é notícia: agora a notícia já gira em torno das sinistros personagens que, ao longo de anos, têm andado a lamber-se com os despojos deste famigerado caso, ou seja, os procuradores.
Em Julho, Pinto Monteiro instaurou um inquérito para saber porque é que, tendo o processo decorrido ao longo de anos, não ouviram o sacrificado Sócrates.
Agora, finais de Dezembro, quando já ninguém se lembrava disso, eis que se sabe que o inquérito virou processo disciplinar e que Cândida Almeida, a directora do DCIAP, é ela própria visada num processo disciplinar autónomo. Isto é do além!
Mas em que terra vive esta gente, senhores?
Não têm mais que fazer (nomeadamente investigar bandidos) do que andarem a brincar às comadres uns com os outros?
E que organização é esta em que o responsável máximo manda instaurar um processo disciplinar a um director? Se não confia nele a ponto de avançar para uma coisa destas, como é que o mantém em funções? Um lugar de direcção é um lugar de confiança. Se não há confiança, não há condições para exercer o cargo. Ponto. E evita-se a perda de tempo do processo.
Pensamos que andam a ganhar o ordenado para trabalhar no que importa e, em vez disso, andam nesta guerra de vizinhas que já mete nervos.
Como é que a justiça pode readquirir dignidade com estes tristes espectáculos na praça pública?
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