Já aqui muitas vezes referi Mark Rothko, um dos meus pintores de eleição. É difícil explicar. Com frequência dou por mim sem saber defender, com argumentação lógica, porque gosto tanto destas pinturas, aparentemente tão simples. Grandes telas com manchas de duas, três, quatro cores. Mas depois olha-se e cada cor tem pequenas gradações. Mas não há a preocupação da perfeição, há apenas uma intuição, um feeling de cor.
Para quem se move em meios ligados à gestão sabe que é frequente, a propósito dos mais variados assuntos, alguém colocar a questão: "Qual é o racional?". Faço-me esta pergunta a mim própria e, de facto, não encontro. Mas olho estas manchas de cor e há uma ascese, uma pureza (ou melhor, uma depuração), uma indiferença face à opinião alheia, uma total ausência de artificialismo. É a alma sem disfarces. Não sei explicar.
Rothko fazia isto. Grandes telas cheias de cor. E depois as cores foram escurecendo. E depois eram enormes telas cinzentas, escuras, quase a ausência de cor.
E depois, quando a cor se acabou, quando a luz deixou de fazer sentido, suicidou-se. E neste percurso eu encontro um 'racional'.
E eu, que gosto de fotografar, dou por mim a tentar simplificar a imagem obtida, tentando que fique apenas uma sequência cromática simples, como as do Rothko. Sem pretensão, apenas como um exercício que me 'depura', se assim me posso expressar.
(Canteiro pintado e banco, in heaven)
(Chão de cimento, in heaven)
(Murete da vedação in heaven)
(...e até tapetes de Arraiolos a la Rothko já fiz...)
Enfim, gostos.
De qualquer forma, assunto que me interessa mais do que falar da chuva intensa que ouço cair, do Pinto da Costa, another great pretender, a elogiar o Jorge Jesus, da Ana Gomes, essa mulher feroz - mas avó extremosa - a quem andam a assaltar o correio electrónico, ou do Papa que reconhece a humilhação que é a pedofilia na Igreja.
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