Mentenegro, que já em tempos, mais concretamente nos idos do seu guru Passos Coelho, apregoou que Portugal estava melhor, os portugueses é que não, afinal, anos decorridos, mantém a mesma filosofia: o Governo faz o que lhe dá na gana, faz esperar os sindicatos mesmo quando está em causa o atendimento urgente de doentes, por vezes doentes em situação limite, destitui conselhos de administração e directores de institutos ou serviços, por vezes quase correndo com eles a pontapé, assiste de galeria a mortes sucessivas por falta de atempado socorro (a ser verdade o que a comunicação social tem amplamente noticiado, parece que o número já vai em 11 (onze!) no prazo de uma semana) .... e a gente depreende das suas palavras que, se for preciso, para não ter que andar atrás dos avisos de greve, por ele assim pode continuar.
Se os que são escorraçados ficam sentidos, humilhados, e se os portugueses se transformam em vítimas impotentes... azarinho. O Governo não pode andar atrás da resolução dos problemas, segundo ele. Os problemas que esperem que Mentenegro e a sua inqualificável trupe têm mais que fazer.
É esta a pesporrência deste Governo de incompetentes, irresponsáveis e inconscientes.
E Marcelo, que apadrinha esta cambada, nada diz, nada faz.
Coitados de nós à mercê desta gentinha. Desta gentalha. Coitados de nós.
Ouvi que mais uma mulher grávida, no Algarve, depois de fazer mais de 100 km, acabou por dar à luz na ambulância, na autoestrada.
Imagine-se se um destes partos corre mal e é preciso intervir. O que se faz? Deixa-se morrer a mãe? Deixa-se morrer a criança?
Ouvi também agora que morreu a oitava pessoa. Um homem de 53 anos que se sentiu mal. Ligou, ligou e nada, ninguém o atendeu. Em desespero, meteu-se à estrada, tentando chegar ao hospital. Imagine-se a aflição, o sofrimento limite. Morreu. Morreu na estrada.
Entretanto, na televisão, vejo o Mentenegro a sorrir e a dizer que não se resolvem os assuntos com demissões de ministros nem indo a correr atrás dos problemas. Sorri, sorri. Não sei porque sorri. Mas sorri.
E não percebe que ele é que se devia demitir. Ele. Ele é o maior responsável pelo que está a passar. Ele é o maior irresponsável. Não percebe que o seu comportamento causa alarme social.
E vejo também que entrevistaram Marcelo que também sorri e também diz que não vai dizer nada. Também não sei porque é que Marcelo sorri. Sorri porquê, Presidente Marcelo?
Tanta cobardia, tanto cinismo e tanta indiferença perante a gravidade da situação chocam-me.
Vi também o presidente do INEM, escolhido por este Governo (na sequência de mais um dos vários 'caldinhos' arranjados por esta incompetente ministra: ou seja, esta pessoa, um médico de 42 anos, foi escolhido após a demissão de Luís Meira e a nega de Vítor Almeida). Não deve fazer ideia de como se gere uma coisa como o INEM. Nunca deve ter ouvido falar em Serviços Mínimos, só para dar um exemplo. É que não se espera que a pessoa que gere um organismo como o INEM vá ele próprio resgatar vidas, espera-se é que saiba gerir equipas, fazer escalas, ter indicadores que meçam o bom desempenho, saiba resolver assuntos de várias naturezas como controlar gastos, negociar contratos, fazer aquisições estratégicas, etc. Grave é quem escolhe gente inexperiente para organismos que, por lidarem com a vida humana, se não forem bem geridas, têm consequências dramáticas. Quem paga é quem fica caído no passeio, quem, em desespero e pelos seus próprios meios, morre ao volante tentando chegar ao hospital.
Tudo isto é demasiado preocupante para poder passar em branco. Preocupante e grave.
Tem que haver consequências. E as consequências têm que ser proporcionais à gravidade do que tem estado a acontecer.
Leio que Mentenegro (e Marcelo, na bancada, a apoiar?) diz que Ana Paula Martins e Margarida Fiasco (como ontem ouvi dizer que lhe chamam) só saem quando resolverem os problemas. Como? Pode ser Mentenegro tão destituído e irresponsável que não perceba que elas são parte do problema?!
Se ainda não percebeu, então é ele, Montenegro, o tangas que venceu as eleições vendendo jogo branco, que já se tornou também o problema, é ele o responsável por estas escolhas, por estas avaliações, pelas graves ocorrências que têm acontecido.