Foi um domingo calmo, intercalando a leitura e os banhos de sol por períodos de alguma sonolência. Também andei a regar, pois se há coisa que gosto de fazer é de regar, de preferência descalça para sentir os pés molhados.
Não tive que cozinhar: comemos restos e mais um ou outro complemento.
Ao almoço ligámos a televisão, mas não suportámos as más notícias. Bem sei que nos alienamos se nos afastarmos do que se passa no mundo. Só que se passam milhões de coisas boas mas se, no meio desse milhão, vier uma rajada de vento que levante uma telha, é nisso que os jornalistas se vão focar esquecendo tudo o que de bom aconteceu. O noticiário estava a ser uma sucessão de infelicidades, uma colecção de acontecimentos nefastos -- desistimos.
Agora à noite, depois da nossa caminhada, o meu marido quis ver o futebol, era uma final, parece que tinha que ser nesta televisão. Fui para a outra sala. Posicionei-me nos Casados à Primeira Vista. E adormeci. Não sou capaz de dizer se vi alguma coisa pois, se vi, varreu-se-me instantaneamente.
De tarde pensei que hoje poderia escrever sobre o livro que estive a ler pois, lendo aquelas crónicas, uma opinião se vai formando sobre o que é a motivação, o móbil de vida de um editor, em particular aquele que ali vai desfiando memórias, Manuel Alberto Valente. Creio que o que dali depreendo explica muita coisa. Mas ando com um espírito que não sei se é vadio, se é veraneante, se é simplesmente preguiçoso... Por isso, deixo essa conversa para outro dia. E talvez seja mesmo melhor adentrar-me mais na leitura para não correr o risco de tirar conclusões precipitadas.
Ney Matogrosso é um personagem extraordinário. E quanto mais o tempo passa mais extraordinário o acho. Há uns anos, embora gostasse muito de o ouvir, havia ali qualquer coisa que era tão extravagante que eu não sabia se era totalmente genuíno ou um certo gosto em provocar e essa dúvida levava-me a não aderir a cem por cento. Gostava, ouvíamos bastante, mas parece que ficava sempre ali a pairar a questão: ele é mesmo assim, tão superlativo e tão fora da caixa, ou há ali uma encenação que exagera o que ele é? Mas, quando evoluí, fui percebendo que isso era de somenos e que a dúvida, que era minha, não podia levar-me a olhá-lo com alguma reserva. Tinha era que aceitar sem questionar.
E escrevi que ele era, escrevi no passado, só mesmo por burrice, pois ele está vivo, bem vivo, em forma, jovem, ninguém diria tratar-se de um octogenário. Aliás, olha-se, ouve-se e não se acredita. Afinal tantos excessos não lhe causaram danos, parece que bem pelo contrário, deram-lhe foi saúde.
Mas o filme, que tenho visto na Netflix, misto de filme e de documentário, não apenas retrata a vida de Ney Matogrosso em todas as suas dimensões, não apenas a artística mas a pessoal -- e, neste domínio, a activa e algo louca vida sexual (como ele diz, marchava tudo) -- como tem um intérprete que é igualmente fabuloso.
E há algo nele que parece estar desenhado para encarnar o espírito e a carnalidade de Ney.
Ver para crer.
Pedro Bial entrevista Ney Matogrosso com participação de Jesuíta Barbosa | Conversa com Bial
No último Conversa com Bial (24/04/2025), Pedro Bial recebeu o icônico cantor Ney Matogrosso e o talentoso ator Jesuíta Barbosa, protagonista do filme Homem com H, cinebiografia que retrata a trajetória de Ney.
Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira
Be happy
1 comentário:
--- Bem sei que nos alienamos se nos afastarmos do que se passa no mundo. ---O noticiário estava a ser uma sucessão de infelicidades, uma colecção de acontecimentos nefastos ---desistiumos---Posicionei-me nos Casados à Primeira Vista. ---
Por um lado, o que nos torna alienados é assistir á propaganda da corja, e seus avençados comentadeiros, distorcendo os factos dos acontecimentos e barrando ou tentando desacreditar quem tenta ser coerente, e por outro, é assistir ao GRANDE IRMÃO ou A CASADOS Á PRIMEIRA TRETA.
Fez bem em desistir das break novas, e adormecer no resto.
Mas a maioria da maltinha gosta é de coisas que não impliquem ter de pensar muito, e eles sabem isso bem.
Retribuo o video do Ney, com este do saudoso George Carlin, que fazia rir chamando os bois pelos nomes. Cá temos o Guilherme Duarte, á nossa escala.
(Bad News) https://youtu.be/n2Grs4wODWY
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