quinta-feira, agosto 01, 2024

O que fazer quando uma separação não dá certo...?
E outros aspectos relacionados com isto de se ser mortal.

 

Tinha aqui um outro vídeo para partilhar apesar do que a minha filha já gozou comigo. Não acha nada que a voz seja parecida com a do Castelo Branco, acha até que o comentário de que estou mais para a voz da Lady Betty está certo. Diz ela que falo com um fiozinho de voz, quase a desfalecer. Explico que deve ser por estar a andar sozinha e não me dar jeito falar alto. Ela diz que quem está a narrar para um vídeo deve falar como se estivesse viva e não a dar as últimas. 

Mas, para fazer o teste, sugeriu que desse aos meninos para eles ouvirem. Nessa altura já só estavam cá os filhos dela, os outros meninos já tinham ido com o pai. Comecei por dar a ouvir ao seu mais novo. Ouviu até que se fartou, achou que cinco minutos a falar de abelhas era tempo a mais. Quanto à voz, achou normal, não achou estranha.

O mais velho parece que também não achou nada de mais, percebi que achou que a voz era a minha, mas não posso acrescentar mais, já apanhei a opinião meio de raspão quando já estavam a arranjar-se para sair.

Mas se não partilho hoje o terceiro vídeo não é por isso, é porque lá me atiro aos alienados do PCP que apoiam o Maduro como se não tivessem qualquer neurónio na cabeça. E hoje não me apetece falar nisso ou poluir o meu bloguinho com coisas que não me agradam. Até o PC venezuelano se demarcou da pretensa vitória do Maduro. O nosso PCP é que continua ao lado do Maduro. Não descansam enquanto o partido não tiver menos do que 1% nas eleições. 

Enfim.

Adiante.

Li o livro 'O meu pai voava' da Tânia Ganho e, apesar de ser um livrinho de apontamentos, li-o de gosto. E que não se pense que o diminutivo tem a ver com a qualidade do livro. Não será literatura da grande mas, ao contrário do lixo e das tretas que por aí circulam, este é genuíno e lê-se com prazer.

De certa forma relacionado com a temática, estou agora a ler o 'Ser mortal' de Atul Gawande que, por mero acaso, a minha nora me recomendou depois de uma amiga, médica no IPO, lhe ter recomendado a ela. 

Até há uns meses eu fugia a sete pés de livros sobre estes assuntos (lidar com a finitude da vida, a própria ou a alheia), achando que eram mórbidos, deprimentes. Agora não acho. Quando lidei com a situação terminal da minha mãe não sabia o que fazer, o que dizer. Quando um dia lá apareceu um padre, só não escorracei o homem a pontapé por falta de energia mas fiz de tudo para o interromper. Uns dias depois entrou outro padre e mais uma vez tentei pô-lo fora do quarto. Temi que a minha mãe percebesse que estava muito mal e que pensasse que tínhamos chamado o padre para a extrema-unção. O padre disse que, se a minha mãe quisesse, podia rezar com ela. E a minha mãe disse que queria. Quando o ouvi rezar a pedir para a Nossa Senhora receber a minha mãe tive outra vez vontade de o expulsar a pontapé. Não queria que ela pensasse que estávamos a desistir dela e que estávamos a aceitar que ia morrer.

Mas sempre fiquei na dúvida sobre o que dizer: animá-la? Dar-lhe falsas esperanças? Ou o quê? As enfermeiras diziam que ela lhes dizia que não queria morrer. E eu sei bem como ela queria viver até ao fim dos tempos. Não aceitava que um dia iria morrer. Por isso, até ao fim tentei fazer de conta que isso não iria acontecer.

Mas foi tudo tão difícil que me senti totalmente impreparada. Muito, muito impreparada para lidar com tudo. A minha mãe também estava impreparada para aceitar o que ia acontecer. Quando eu falava com os meus, lamentava que a minha mãe não aceitasse que o fim haveria de chegar. Mas pensava: se fosse comigo, estaria eu preparada para perceber que o fim estava a chegar e aceitá-lo-ia com serenidade?

Ainda estou no início do 'Ser mortal' pelo que não sei se vai ser esclarecedor em relação às minhas dúvidas.

O livro da Tânia Ganho não é exactamente sobre isso mas trata do luto, da aceitação de quem fica, da aceitação que a culpa não tem sentido.

E agora, quando estava por aqui a veranear, depois de um dia cheio de alegria e de brincadeiras e de juventude, apareceu-me o vídeo que aqui partilho. E gostei de ver e ouvir. É importante perceber que não estamos cá para sempre. Ou seja, o fim é natural. E é bom que saibamos lidar com isso. Talvez não seja forçoso que o fim seja triste, doloroso.

Este vídeo fala nisso.

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Dias felizes

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